Banco Italiano, Rua XV de Novembro, Santos, São Paulo, Brasil
Santos - SP
N. 358
Fotografia - Cartão Postal
Ela ainda é uma das vias públicas mais importantes da cidade de
Santos, embora seu brilho já tenha sido muito mais intenso e radiante no
passado. Mesmo assim, os seus cinco quarteirões de extensão (da Praça dos
Andradas à Praça Barão do Rio Branco) insistem pulsar alguns batimentos
importantes da economia local, seja como carona no passo apressado dos bravos e
sobreviventes corretores de café ou participante fiel nas rodas de conversa de
negócios entre os influentes membros da Associação Comercial ou do Santos e
Região Convention & Visitors Bureau.
A via onde nasceu o maior filho ilustre da cidade, José
Bonifácio de Andrada e Silva, fora batizada originalmente como rua Direita,
ainda na época colonial. Era passagem praticamente obrigatória dos santistas
que transitavam do Valongo para o bairro dos Quartéis, onde ficavam importantes
casas comerciais e templos religiosos, como a velha Matriz. De alma nobre, a
rua Direita abrigava casarões dos mais abastados e com o tempo, as melhores e
mais importantes casas comerciais, agências bancárias e escritórios de toda
sorte. Era ali, na confluência com a rua Frei Gaspar que ficava o que os
santistas chamavam de “Quatro Cantos”, o espaço mais garboso da cidade, onde
desfilavam elegantes homens trajados de terno e gravata e chapéu panamá. Com a
Proclamação da República, a via teve a honra de ser rebatizada com o dia que
transformou o país, sinalizando novos e promissores tempos para os brasileiros.
A Rua XV de Novembro não decepcionou. Com o passar dos anos foi
ganhando tamanha força, que se tornou a via mais importante da cidade, a ponto
de ser chamada de a “Wall Street” santista, quiçá brasileira, pois nela
aconteciam a negociação internacional do mais importante produto nacional, o
café.
Os principais bancos se estabeleceram por lá (como a Casa
Bancária Ribeiro Carvalho, o Royal Bank of Canadá, o Banco Português do Brasil,
o Banco de Comércio e Indústria de São Paulo, o London & Brazilian Bank
Limited, o Brasilianische Bank Für Deutschland e o British Bank of South America)
, assim como a Associação Comercial, a Bolsa do Café, a Bolsa de Valores de
Santos, além das confeitarias e bares mais frequentados da cidade. Até quem ia
em busca de lazer, ali encontrava, nos cinemas Excelsior (instalado no nº 88),
ou o “Salon Bijou” (no nº 94), que oferecia mais de 400 cadeiras para o
público. Ainda havia o “Salão Smart” (nº 46) e o “Pathé”, que exibia filmes
ousados trazidos da França.
Ao longo do dia a movimentação era intensa, como a de um
verdadeiro formigueiro humano, só interrompida ao passar do bonde.
Em 1929, com a crise instaurada pela quebra da Bolsa de Nova
Iorque e a consequente queda do comércio do café, a Rua XV de Novembro passou a
testemunhar uma lenta queda de sua aura nobre. Sobreveio a 2ª Grande Guerra e,
com ela, mais desalento e tempos negros. Parecia que os bons tempos não
retornariam, como de fato jamais foram retomados como no auge. A via entrou em
decadência, assim como seus símbolos.
Entre o final dos anos 1990 e o novo milênio, no entanto, um
suspiro pareceu empurrar novamente a Rua XV de Novembro para frente, com uma
revitalização estética que lhe devolveu a aparência dos áureos tempos. Foi o
pontapé que faltava para estimular a revitalização dos imóveis que abriga, como
o prédio do antigo Banco Italiano, ocupado pela Construtora Phoenix; o prédio
da Associação Comercial, entre outros. Até a Câmara Municipal de Santos passou
a ocupar espaços na velha rua que orgulha os santistas.
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