Desinfectório Central, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
O Desinfectório
Central foi um prédio construído em 1893 pelo governo estadual de São
Paulo, com o objetivo de realizar processos de desinfecção e de controle das
epidemias existentes no século XIX. O patrimônio histórico foi tombado em 1985 e,
desde então, é preservado para que a memória do local não se perca. Atualmente,
a construção abriga o Museu de Saúde Pública Emílio Ribas, que possui um grande
acervo sobre a saúde pública do estado de São Paulo, catalogado pelo Conselho
Nacional de Arquivos (Conaq). O desinfectório foi uma das companhias
precursoras no segmento do serviço sanitário, realizando a retirada de enfermos
para hospitais de isolamento e de cadáveres de pessoas mortas por doenças
infecto-contagiosas, além disto, realizava significativa função no combate às
epidemias.
Na época da
criação do Desinfectório, o Brasil vivia um cenário de muitas epidemias,
necessitava de controle de pragas, doenças e saneamento básico. Precisava-se de
um ambiente público onde pudesse alojar doentes que necessitavam de isolamento,
assim como remoção de cadáveres de pessoas que foram vítimas de doenças infecto-contagiosas.
A partir de 1887, uma grande quantidade de imigrantes estrangeiros chegava ao
estado de São Paulo. No ano citado, cerca de 40.000 desembarcaram no local e,
em 1895, o número já era de 140.000. Enquanto o processo de urbanização
melhorava à medida que chegavam mais imigrantes, o saneamento local e a saúde
pública não acompanhavam o mesmo ritmo, aumentando a quantidade de epidemias.
Portanto, em
1887, o doutor Marcos de Oliveira Arruda, então Inspetor de Higiene, determinou
que os serviços de saúde precisavam ser regulamentados, incluindo os processos
de desinfecção. Na época, saneamento e saúde eram temas muito ligados, porque
várias doenças eram causadas pelas precárias condições de vida as quais a
população de São Paulo – e do Brasil como um todo – eram submetidas.
Assim, em 1891
o governo do estado de São Paulo começou a estruturar um serviço sanitário,
criando e implementando políticas públicas de saúde, por meio do Serviço
Sanitário do Estado. A década de 1890, quando as medidas ainda estavam
sendo tomadas e os serviços sanitários tomando forma, foi o período em que as
mortes por doenças transmissíveis representava um terço de todas as registradas
no estado. Dentro do cenário, o governo era cada vez mais influenciado a
criar políticas públicas que resolvessem o problema das epidemias e mortes em
massa.
Antes da
chegada de imigrantes em São Paulo a urbanização era menor. Na segunda metade
do século XIX, com o aumento crescente da população local, os problemas também
foram ampliados. No começo, os chafarizes colocados nas cidades eram essenciais
para que a população tivesse água potável, mas o grande contingente
potencializava o risco de doenças contagiosas se propagarem. Além disso, o
esgoto não tinha um destino certo, por problemas de saneamento da época,
ajudando no processo de expansão das doenças.
O prédio do
antigo Desinfectório Central está localizado na Rua Tenente Pena, nº 100, no
bairro do Bom Retiro, na cidade de São Paulo (SP). Antes da construção, o local
era um sobrado pertencente à Manfredo Meyer e sua esposa Elvira Isabel de Sousa
Queiroz Meyer, que foi adquirido pelo governo estadual em 1882. Nesse
mesmo sobrado, houve as primeiras hospedagens de imigrantes, na qual
provavelmente estimulou as ruas próximas a se chamarem "rua dos
italianos" e "rua dos imigrantes", (a agora renomeada como
"rua José Paulino").
Antes do atual
prédio tombado ter sido construído, o Desinfectório Central funcionou na
Travessa das Flores, 4, na cidade de São Paulo. Isso aconteceu, porque era
necessário combater as epidemias e ainda não havia um espaço da saúde pública
destinado para tal finalidade.
O governo de São
Paulo foi o responsável por determinar a construção do prédio, que seria
localizado no bairro do Bom Retiro, em fevereiro de 1893. Nesse período, a
Secretária de Agricultura do Estado de São Paulo ficou responsável pelas obras,
coordenadas por Paul Rouch e J.E. Damergue. Outro órgão público que teve
importante papel neste processo foi a Superintendência de Obras Públicas da
Comissão de Saneamento – João Ferreira Ferraz era o encarregado responsável
pela direção da construção do Desinfectório.
Após cerca de
nove meses de obras, a edificação foi inaugurada no dia 01 de novembro do mesmo
ano, oficializando o início dos processos de desinfecção na cidade de São Paulo.
Assim que o prédio foi inaugurado, a direção e organização ficou à cargo do Dr.
Diogo Teixeira de Faria, que permaneceu no cargo até 1926.
No entanto, por
conta da situação da cidade e das epidemias da época, os procedimentos já
aconteciam desde 1891, sob a supervisão do Dr. J. J. Torres Cotrim,
enquanto a desinfecção ainda era um complemento a polícia sanitária da época.
Quando foi
criado, o local era um importante espaço de Serviço Sanitário, em um período
que trabalhos como este eram fundamentais para evitar a transmissão de doenças.
As principais funções do Desinfectório e da equipe que o compunha eram realizar
desinfecções na cidade, recolher cadáveres vítimas de doenças
infecto-contagiosas e, principalmente, o combate à epidemias, muito comuns na
época por causa das precárias condições de saneamento básico.
Os processos
de desinfecções poderiam acontecer tanto dentro do prédio como nas casas em que
havia pessoas doentes. O primeiro passo dos desinfectores era analisar o estado
das peças que iriam realizar o procedimento. Ao levar os objetos ao
Desinfectório, podiam usar autoclaves e estufas, buscando exterminar os agentes
das doenças epidêmicas. Todos os membros das equipes de desinfecção
utilizavam vestimentas próprias, para evitar que fossem contaminados com
qualquer tipo de doença que estivessem expostos enquanto trabalhavam para
extinguir as epidemias
Além disso,
havia procedimento realizados nas casas da população. Um grupo levava alguns
materiais importantes, como o enxofre, sacos de areia e placas de ferro. Ao
entrar nas residências, os profissionais realizavam os métodos necessários para
impedir que as epidemias se alastrassem.
Outra prática
convencional na época foi a remoção de pessoas doentes das casas,
encaminhando-as ao hospital de isolamento. A partir do recebimento da
informação da localização do doente, a equipe do Desinfectório levava a pessoa
ao hospital e fazia uma ficha sobre a doença do paciente, a fim de monitorá-la.
A saúde
pública da época foi ganhando novas áreas, potencializando a capacidade do
Estado de conter doenças e lidar com o grande montante populacional. Houve, por
exemplo, a criação da Seção de Epidemologia e Profilaxia Gerais em 1938,
responsável pelo combate à moscas e mosquitos, serviços de imunização, entre
outros.
Em 1979, o
prédio do Desinfectório recebeu uma nova função, com a inauguração do Museu de
Saúde Pública Emílio Ribas.
O edifício do
Desinfectório Central, atual prédio que abriga o Museu de Saúde Pública Emílio
Ribas, foi tombado no dia 27 de agosto de 1985, com a determinação publicada no
Diário Oficial da União (DOU), sendo a resolução 50. A decisão foi
publicada na sessão de cultura e na época, José Cunha Lima era o secretário da
pasta.
O bem fica sob
responsabilidade de Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico,
Artístico e Turístico (Condephaat), órgão estadual responsável pela manutenção
de patrimônios históricos. Ao tombar o prédio do Desinfectório, assim como os
outros patrimônios tombados, o órgão se responsabiliza por impedir que a
edificação seja destruída ou descaracterizada.
Os motivos que
fizeram com que o prédio do antigo Desinfectório Central fosse tombado foram a
história por trás da construção, bem como as características arquitetônicas do
prédio, que ainda se destacam das outras construções da região do Bom Retiro.
Atualmente o
local é composto por uma série de prédios, sendo que um dos mais antigos deles
abriga o Museu de Saúde Pública Emílio Ribas. O terreno possui galpões, o
prédio principal e outras instalações, pertencentes ao governo do estado.
A obra tem uma
imagem de construção reforçada e, quem passa, tem como primeira impressão um
quartel militar, que, na verdade, antes de ser o desinfectório, os militares da
força pública lá se hospedaram.
Segundo
documentos oficiais do Condephaat, além do edifício ser tombado, há outros
locais na região que também estão sob os cuidados de um órgão público,
assegurando que haja respeito e cuidado pelo bem e seu redor. Além disso, há
delimitações do bem tombado principal e dos secundários, sendo que todas as
informações estão explicitadas em um mapa.
O prédio
passou por uma reforma no ano de 2006, com o objetivo de manter o patrimônio
bem conservado. Na época, a mudança acarretou em uma reformulação da estrutura
local, ampliando o espaço.
Localizado no
número 100 da Rua Tenente Pena, o belo edifício fica numa área um tanto quanto
“escondida” do bairro, logo após o término da Rua José Paulino. Inaugurado em
1893, o Desinfectório Central foi construído em uma época que o controle de
pragas e doenças, bem como o saneamento básico, não eram lá os melhores, e
havia-se a necessidade urgente de um prédio público onde fossem deliberadas as
funções do serviço sanitário, tal como remoção de doentes para hospitais de
isolamento, remoção de cadáveres de pessoas vitimadas por doenças
infecto-contagiosas e combate a epidemias.
A construção
do Desinfectório Central ficou a cargo da Secretaria de Agricultura do Estado
de São Paulo e foi projetada pelos construtores Paul Rouch e J.E. Damergue. O
local da construção do imóvel era ocupado por um antigo sobrado, chamado de Bom
Retiro. Neste velho sobrado que antecedeu o desinfectório havia a primeira
hospedaria de imigrantes da cidade, que possivelmente estimulou as ruas
vizinhas a se chamarem Rua “Dos Italianos” e “Dos Imigrantes” (posteriormente a Rua dos Imigrantes seria
renomeada para Rua José Paulino).
O imóvel tem
uma arquitetura bastante peculiar, e lembra uma construção fortificada. A
primeira vista, a impressão que passa aos pedestres que desconhecem a história
do lugar é que ali funcionou algum tipo de quartel militar. O mais curioso é
que no período após a hospedaria dos imigrantes e antes da construção do
desinfectório ali funcionou a hospedaria militar da Força Pública. Teriam sido
os construtores especializados na arquitetura militar?
Com a reforma
do sistema estadual de saúde, iniciado na década de 60, ocorreu a partir de
1967 uma descentralização administrativa e uma reestruturação dos serviços de
saúde pública o que esvaziou consideravelmente as atividades do outrora
movimentado prédio público. Com isso, surgiu-se um debate a favor da construção
de um museu da saúde pública e da figura do antigo diretor do Serviço Sanitário
do Estado, Dr. Emílio Ribas. E foi assim que em 1979 foi inaugurado o Museu da Saúde Pública – Emílio Ribas.
Desde sua
criação consagrou-se como depositário de um dos mais importantes acervos
documentais da saúde brasileira, composto por documentos textuais,
iconográficos, sonoros, audiovisuais e objetos, e representados por séries
históricas de documentos da Secretaria de Estado da Saúde, fundos
institucionais e pessoais, públicos e privados, referentes à saúde, desde o
final do século 19 até o presente. Mantém uma área de exposição com temas
relacionados à história da saúde, concebida a partir de seu acervo, cuja
visitação a grupos de interesse é feita mediante agendamento.
Enfim, no Bom
Retiro encontra-se um dos prédios mais importantes da história da saúde pública
em São Paulo e um importante pedaço da memória paulistana. Bem conservado e
funcional merece a visita. Foi tombado como patrimônio histórico paulista pelo
Condephaat em 1985.










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