Morro do Castelo, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia - Cartão Postal
O Morro do Castelo foi um acidente geográfico que existiu na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil.
O morro foi um dos pontos de fundação da cidade no século XVI e
abrigou marcos históricos de grande importância, como fortalezas coloniais e os
edifícios dos jesuítas. Apesar disso, foi destruído numa reforma urbanística
em 1922.
Nele foi reinstalada, em 1567, a cidade inicialmente fundada
por Estácio de Sá na entrada da baía da Guanabara, no sopé do Morro Cara de Cão (1565), no contexto da
expulsão definitiva dos franceses da região.
Depois de batidos os franceses e seus aliados indígenas no
morro da Glória e na ilha do Governador, os portugueses, sob o
comando de Mem de Sá, acharam por bem que a cidade ficasse
instalada em plano elevado, num dos morros fronteiros à ilha de Villegagnon, então denominado como
*Morro* do Descanso, e que permitisse a construção de bastiões que
defendessem a cidade e seu ancoradouro, a ilha, e que também vigiassem a
entrada da baía da Guanabara.
Para tanto construíram uma cidadela murada e fortificada que
incluiu, ao longo do tempo o fortim sob a invocação de São Tiago (ver Forte de São Tiago da Misericórdia),
uma bateria sob a invocação de Sant'Ana e
uma fortaleza chamada de
São Januário (ver: Fortaleza de São Sebastião do Castelo),
que acabaram por serem responsáveis pelas diversas denominações do morro como
de São Tiago, de São Januário, de São Sebastião e finalmente do Castelo.
No local foram construídas as primitivas Casa da Câmara e a da
Cadeia, a Casa do Governador, Colégio dos Jesuítas, os Armazéns, e também as
Igreja dos Jesuítas e a Igreja de São
Sebastião, onde foi instalada a primeira Sé Catedral da
cidade, e junto à qual estava o marco de pedra da fundação da cidade, trazido
do primitivo estabelecimento no sopé do morro Cara de Cão, assim como os restos mortais
do fundador, Estácio de Sá. Estas relíquias encontram-se
hoje na Igreja de São Sebastião dos
Capuchinhos, na Tijuca. Ao pé, na praia, a Santa Casa de Misericórdia -
primeiro hospital.
Após a ocupação do morro do Castelo, a população da cidade
começou a ocupar a chamada Várzea, área plana compreendida entre os outros
três morros (morro de São Bento, morro de Santo Antônio e morro da Conceição) que
delimitavam, junto com o do Castelo, a cidade no período colonial.
O acesso ao morro do Castelo inicialmente era feito pela Ladeira da Misericórdia, primeira via
pública da cidade. Posteriormente surgiram as Ladeira do Castelo, Ladeira do
Poço do Porteiro (para a região da atual Cinelândia)
e a Ladeira do Seminário. Com a expansão da
cidade na parte plana suas construções que incluíram também o Colégio dos Padres Jesuítas da Companhia de Jesus, posterior Hospital Militar
da Corte, e Observatório Nacional
No século XVI, o Morro do Castelo estava saturado,
era pequeno demais. A população foi obrigada a ocupar a várzea, que era cheia
de riachos. Foi-se aterrando lagoas, charcos, derrubando matas morro acima.
Desde o tempo de Dom João VI era considerado prejudicial à
saúde dos cariocas porque dificultava a circulação dos ventos e impedia o livre
escoamento das águas. Ao longo dos séculos foi gradativamente considerado
inviável para o progresso e urbanismo da cidade.
Foi arrasado em 1922 pelo prefeito Carlos
Sampaio com a desculpa de ser um espaço proletário, repleto de
velhos casarões e cortiços, no centro da cidade e necessário para a montagem
da Exposição
Internacional do Centenário da Independência.
Suas terras foram usadas para aterrar parte da Urca, da Lagoa Rodrigo de Freitas, do Jardim
Botânico e outras áreas baixas ao redor da Baía da Guanabara.
A “Lenda do Morro do Castelo”:
A lenda do morro do Castelo refere-se a um fabuloso tesouro oculto
em galerias secretas
em suas entranhas pelos Jesuítas em tempos coloniais. Originada
talvez à época das invasões francesas de 1710 e 1711,
tal crença ganhou força a partir da expulsão da Ordem do Brasil, em 1759, por
determinação do Marquês de Pombal, rezando:
"Tudo o que de dentro sair, como o que de fora se lhe
introduzir, será bem revisto e nada fechado e ainda as frutas como melancia, melão, abóbora, repolho e
outras quaisquer desta criação e feitio, serão abertas para que de dentro não
saia ou entre carta ou escrito algum."
Em resposta, o Governador e Capitão-geral da Capitania do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade,
informou à Metrópole:
"O dinheiro que se achou pertencente ao Colégio [dos
Jesuítas] foi tão somente a quantia de quinhentos mil duzentos e vinte réis, o
que é quantia diminuta à proporção do grande rendimento desta casa."
A lenda foi explorada em fins do século XIX por
nomes consagrados na literatura brasileira como Machado de
Assis, Joaquim Manuel de Macedo e Lima Barreto. Este último cobriu, como
repórter, para o Correio da Manhã em 1905, por ocasião
das obras para a abertura da Avenida
Central (atual Av. Rio Branco), a descoberta de um túnel.
Pesquisadores, atualmente, acreditam que os túneis realmente
existiram, embora sem conexão com o suposto tesouro. Documentos do século XIX
resgatam informações curiosas como a denúncia de um morador contra um vizinho
que escavava nos fundos da casa, na esperança de encontrar algumas das moedas de ouro dos Jesuítas, ou
o pedido manuscrito do bacharel mineiro Nominato
de Assis, que, em 1863, tentou junto ao Marquês de Olinda, então presidente do Conselho
de Ministros do Império, um emprego ou uma concessão para fazer escavações no
morro. Posteriormente, em 1875, o pernambucano Trajano
de Martins conseguiria licença para realizar as escavações: um dos
financiadores do empreendimento foi o Barão de Drummond.
Com a descoberta de um túnel em
1905, as antigas histórias retomaram força, tendo mesmo surgido um mapa das galerias e
um inventário do tesouro, que dava conta de 67 toneladas de ouro além de uma
imagem em tamanho natural de Santo Inácio de Loyola, também em ouro, com olhos de brilhantes e dentes de pérolas.
Seis anos mais tarde, as informações do mapa seriam confirmadas nas páginas
da Revista Ilustrada, que, em Julho, publicou uma
reportagem sobre os subterrâneos do morro do Castelo, visitada pelo
repórter Pires do Rio em companhia de um fotógrafo,
que acessaram as galerias a partir de uma cisterna do
antigo Colégio dos Jesuítas, percorrendo-a até a
antiga praia de Santa Luzia (atual rua de
Santa Luzia).
A rede seria integrada por outros três túneis, que partiriam de
um salão de pedra, popularmente referido como "Sala dos Concílios",
um em direção à ladeira da Misericórdia (cujo troço inicial subsiste até hoje),
outro em direção à Rua da Quitanda e o último em direção à atual Av. Rio
Branco. Estas duas últimas seriam ligadas por outro túnel, totalizando assim
cinco vias. O repórter de 1911 não conseguiu, entretanto, apurar nenhum
vestígio do precioso ouro.
As modernas hipóteses para a finalidade dessas galerias são:
seriam utilizadas para o deslocamento dos religiosos, de um
ponto a outro da antiga cidade, em caso de perigo;
serviriam como rede de abastecimento de água potável
para o Colégio dos Jesuítas, o Seminário São José e a Fortaleza de São Sebastião do Castelo;
e
serviriam como depósitos de víveres.
Nota do blog: O cartão postal acima tem um evidente erro de português, o que o torna raro e interessante.

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