sábado, 8 de fevereiro de 2020

O Fantasma de Botujuru - Artigo







O Fantasma de Botujuru - Artigo
Artigo

O Fantasma de Botujuru é uma lenda sobre o fantasma de um engenheiro assassinado, Henry J. Beeck, que supostamente assombraria parte da linha 7- Rubi da CPTM, mais especificamente o túnel entre as estações de Francisco Morato e Botujuru. A lenda é baseada em diversos fatos reais, contando, por exemplo, com uma placa in memoriam colocada em uma das entradas do túnel.
A lenda diz que quando a ferrovia estava sendo construída, a construção do túnel de Botujuru era chefiada pelo engenheiro chefe Henry J. Beeck, inglês e empregado da São Paulo Railway. Conta-se que o sistema de trabalho imposto por Beeck era particularmente enérgico, sendo pequenas faltas dos empregados punidas com medidas disciplinares, humilhações e ofensas pessoais. A maneira de Beeck lidar com os trabalhadores levou o engenheiro a ser odiado por todos que trabalhavam em sua equipe. A raiva dos funcionários levou ao sentimento de vingança e a um complô para eliminar o chefe que tanto os atormentava. Finalmente, no dia 23 de abril de 1898, os trabalhadores teriam realizado uma emboscada e, próximo ao túnel, o engenheiro teria sido surpreendido e assassinado a sangue frio. Depois do assassinato, os trabalhadores teriam enterrado seu corpo na mata. Existem diferentes versões para o paradeiro do corpo do engenheiro, uma delas diz que o corpo nunca foi encontrado. Outra de que o corpo foi encontrado e posteriormente sepultado ao lado do leito da linha férrea, onde hoje existe uma lápide com o nome do engenheiro e na entrada do túnel um local para serem colocadas velas para a alma atormentada. Diz-se ainda que, devido ao crime bárbaro, desde de datas antigas, fatos sombrios ocorrem na região do Túnel de Botujuru. Ainda hoje, em altas horas da noite, pessoas relatam ouvir os ruídos das batidas de uma pá contra a terra, gemidos e o barulho de um corpo caindo em uma cova. Outros relatos dizem que no trecho compreendido pelo túnel de Botujuru, em noites com muita neblina, pode ser visto o vulto de Beeck, que flutua sobre o leito da ferrovia, como se estivesse procurando por algo ou inspecionando a ferrovia. O mesmo vulto já foi visto parado na entrada no túnel, como se vigiasse a entrada e as pessoas que adentram o local.
Assim como várias lendas, a lenda do engenheiro assassinado é baseado em fatos reais. Na entrada do túnel, ao lado da linha férrea, existe uma lápide onde lê-se em inglês, “In Memorian - Henry J. Beeg - Assassinated April 23, 1898”.
Embora a datada de 1898 seja bem posterior à construção da ferrovia (foi finalizada em 1867) e não corrobore a versão do engenheiro supervisionando a construção, de fato, no final do século XIX, o Túnel de Botujuru, então conhecido como Túnel Belém, passou por uma duplicação, sendo construído um segundo túnel paralelo ao original.  E, assim como na lenda, havia um o engenheiro inglês responsável pela obra chamado Henry J. Beeg e não "Henry Beeck". Outro fato que bate com a lenda é o assassinato deste engenheiro por um funcionário, possivelmente motivado por atritos trabalhistas. Beeg foi morto em seu escritório, próximo ao túnel, com um tiro no tórax e outro na cabeça, na noite de 23 de abril de 1898. O inquérito do crime apontou o italiano Antônio Madaloni, que trabalhava como carpinteiro pro-empreitada, como possível autor. Segundo uma notícia veiculada no jornal Estado de São Paulo, a investigação constatou que antes do assassinato Beeg havia demitido Madaloni e cancelado o contrato de empreitada sem qualquer ressarcimento e uma espingarda encontrada próxima a cena do crime foi apontada por pessoas interrogadas como sendo pertencente ao empregado demitido.
Ao contrário do que diz a lenda o corpo do engenheiro foi encontrado e levado a São Paulo.
Outro fato que corrobora a lenda é a ocorrência de vários acidentes fatais durante a construção do túnel, situação que indica condições de trabalho precárias.
A São Paulo Railway foi a primeira estrada de ferro construída no Estado de São Paulo, entre 1862 e 1867, por investidores ingleses. Tinha inicialmente como um de seus maiores acionistas o Barão de Mauá. Ligando Jundiaí a Santos, transportou durante muitos anos o café produzido no Estado e outras mercadorias, além de passageiros do interior para o porto, sendo um verdadeiro funil que atravessava a cidade de São Paulo de norte a sul.
Outro fato que colabora com a lenda é a ocorrência de vários acidentes fatais durante a construção do túnel, além dos que acontecem ali até os dias de hoje. Frequentemente se lê nos jornais notícias sobre corpos encontrados naquela área. Devido a esses fatos, dizem que o túnel é amaldiçoado e que o engenheiro chefe é o responsável por estas mortes; que faz isso por vingança ao que aconteceu a ele, e que seu espectro vaga eternamente pelo túnel atrás dos vivos.
Texto do relatório oficial da São Paulo Railway de 25/04/1898:
“ Para evitar o perigo de um eventual colapso do túnel, que resultaria na paralisação completa do tráfego, foi resolvido injetar-se com uma bomba comum, argamassa de cimento puro e água, na proporção de 1:10, com a densidade homogeneizada por meio de um misturador com palhetas de madeira, construídos no local.
Este serviço foi executado à noite, pois na época não havia tráfego noturno e deu excelentes resultados, mas perdurou por todo o mês de agosto de 1897. A referida parede transformou-se num bloco monolítico com aproximadamente 30m de comprimento, e a saliência surgida foi cortada à ponteiros, restabelecendo-se o gabarito primitivo do túnel velho.
Após esse fato, foram tomadas as necessárias precauções para que outros acidentes dessa natureza fossem evitados e, mesmo na parte em pedra do lado de Jundiaí, onde estava se procedendo ao alargamento do túnel novo, intimou-se a firma contratada a empregar três cartuchos de dinamite em cada mina, no máximo.
A princípio, os empreiteiros protestaram alegando que isso lhes causaria prejuízos e, em lugar de pleitear cavalheiristicamente um reajuste de preços que compensasse os efeitos daquela restrição, continuaram a empregar maior número de cartuchos do que havia sido recomendado.
Então o Engº Beeg nomeou um fiscal para obrigá-los ao cumprimento da ordem restritiva que havia sido emitida. De nada valeu, no entanto, esta última medida e o Engenheiro, cansado das burlas dos empreiteiros e evitar que algo anormal pudesse acontecer ao túnel velho, veio à São Paulo e conseguiu do Engenheiro Chefe a rescisão de contrato com a firma referida, e a continuação do serviço por administração utilizando o mesmo pessoal da ex-empresa.
Jubilante de satisfação, retornou o Engenheiro ao acampamento e, reunindo seus auxiliares explicou a situação pedindo a cada um que auxiliasse na execução da tarefa.
Isso se deu no fim de março de 1898 e a firma Cassina & Madaloni recebeu prazo de 15 dias para liquidar os seus negócios e retirar-se do acampamento.
O serviço não ficou prejudicado no princípio, apesar de terem continuado a trabalhar todos os empregados do sócio Antônio Madaloni, mas, a seguir, incitados pelo ex-patrão, começaram a dar sinais de negligência em todos os setores de trabalho.
Como estava em jogo o brio de ambas as partes, foi dispensada uma parcela do pessoal culpado e engajados novos elementos.
Tal fato dava assim, a certeza à ex-firma que o caso estava liquidado e exacerbou o sócio Antônio Madaloni que, cego de ódio, planejou a eliminação do Engenheiro Beeg.
Às 20 horas da noite de 23 de abril de 1898, o citado indivíduo, da crista do corte fronteiriço ao barracão de madeira situado junto ao poste do Km 122, que servia de escritório, alvejou o Engenheiro com uma espingarda de caça, carregada com chumbo grosso, no momento em que ele estava parado à porta, falecendo na hora..."
Seu corpo foi enterrado com honras da Diretoria da São Paulo Railway no local de sua morte, próximo ao Túnel no qual exerceu com determinação o seu último trabalho. 
Nota do blog: As versões estão acima. Acreditar é por conta de cada um...



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