Calçamento de Paralelepípedos, Rua Inácio Ribeiro com Duque de Caxias, 1959, Santa Rita do Passa Quatro, São Paulo, Brasil
Santa Rita do Passa Quatro - SP
Fotografia
Em 1959 quando meu pai e mais cinco servidores da Prefeitura trabalhavam
no calçamento de paralelepípedos no quarteirão da Casa Renato, Casa Espanhola e
Farmácia do Palhares, numa tarde quente, passou um vendedor de bilhetes de
loteria, talvez de Pirassununga (Santa Rita não possuía casa lotérica na época), oferecendo-lhes uma fração do
bilhete que correria no sábado vindouro.
O bilheteiro, moço
novo, bem vestido e aparentando algum problema físico, foi enxotado por eles:
“Vai trabaiá seu vagabundo. Nós aqui dando duro no
trabáio e você bem vestido, sem fazer força. Vem trabaiá aqui no pesado pra ver
se você tem vontade de comprá bilhete de loteria?”
O bilheteiro, acostumado a esse tipo de tratamento, lentamente seguiu seu curso e foi oferecer as outras pessoas. Entrou na Casa Renato e na Farmácia do Palhares, conseguindo vender os bilhetes.
Chegou o sábado, dia da extração. Adivinhem o que aconteceu?
Bilhete sorteado...
Quando os homens ficaram sabendo, correu uma enxurrada de lágrimas pelas sarjetas da Avenida, foi aquela choradeira. Por muitos dias, as lamentações se fizeram presentes.
Um deles lamentava:
“Deus castigô nóis! Nóis chamemo ele de alejado (termo que naquela época era utilizado para os deficientes físicos). Ele tava trabaiando pra sustentá seus fios. E nóis toquemo embora!”
Passados alguns dias, um deles disse:
“Oi cumpadre (todos se tratavam de compadres), da outra veis que esse “benedeto” home passá, nói vai comprá um bilhete! E pedí discurpa pra ele!”
Porém o tempo foi passando e nada do vendedor passar.
“Será que esse home num vai passá hoje?” Era a pergunta frequente deles...
Porém, um belo dia, lá vem o “home”. Eles correm ao seu encontro e pedem desculpa. Compram um bilhete, e até o dia do sorteio foi àquele festival de planos e esperanças.
Diziam um para o outro:
“Oi cumpadre, si nós tirá na sorte grande (como era chamada a premiação da loteria), nóis compra uma caminhonete e a primeira viagem vai sê pra Parecida do Norte!”
Chegou o dia da extração e adivinhem o que aconteceu?
É, um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar. Prevaleceu essa teoria.
Nem “Parecida” do Norte, nem caminhonete e muito menos a sorte grande.
A lamentação continuou por dias, semanas, meses e anos.
O mais doloroso da história foi suportar as gozações...
Na foto acima, estão eles, calçaram quase a cidade inteira, nos anos 50 e 60. Da direita para a esquerda: David Pelegrin, João Tacon, Primo Terassi, Onélio Carnielli, Fortunato Octaviano – meu pai, Manoel Cardoso – todos já falecidos e a menina Iara Crott. Texto de Argemiro Octaviano adaptado por mim.
O bilheteiro, acostumado a esse tipo de tratamento, lentamente seguiu seu curso e foi oferecer as outras pessoas. Entrou na Casa Renato e na Farmácia do Palhares, conseguindo vender os bilhetes.
Chegou o sábado, dia da extração. Adivinhem o que aconteceu?
Bilhete sorteado...
Quando os homens ficaram sabendo, correu uma enxurrada de lágrimas pelas sarjetas da Avenida, foi aquela choradeira. Por muitos dias, as lamentações se fizeram presentes.
Um deles lamentava:
“Deus castigô nóis! Nóis chamemo ele de alejado (termo que naquela época era utilizado para os deficientes físicos). Ele tava trabaiando pra sustentá seus fios. E nóis toquemo embora!”
Passados alguns dias, um deles disse:
“Oi cumpadre (todos se tratavam de compadres), da outra veis que esse “benedeto” home passá, nói vai comprá um bilhete! E pedí discurpa pra ele!”
Porém o tempo foi passando e nada do vendedor passar.
“Será que esse home num vai passá hoje?” Era a pergunta frequente deles...
Porém, um belo dia, lá vem o “home”. Eles correm ao seu encontro e pedem desculpa. Compram um bilhete, e até o dia do sorteio foi àquele festival de planos e esperanças.
Diziam um para o outro:
“Oi cumpadre, si nós tirá na sorte grande (como era chamada a premiação da loteria), nóis compra uma caminhonete e a primeira viagem vai sê pra Parecida do Norte!”
Chegou o dia da extração e adivinhem o que aconteceu?
É, um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar. Prevaleceu essa teoria.
Nem “Parecida” do Norte, nem caminhonete e muito menos a sorte grande.
A lamentação continuou por dias, semanas, meses e anos.
O mais doloroso da história foi suportar as gozações...
Na foto acima, estão eles, calçaram quase a cidade inteira, nos anos 50 e 60. Da direita para a esquerda: David Pelegrin, João Tacon, Primo Terassi, Onélio Carnielli, Fortunato Octaviano – meu pai, Manoel Cardoso – todos já falecidos e a menina Iara Crott. Texto de Argemiro Octaviano adaptado por mim.
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