Blog destinado a divulgar fotografias, pinturas, propagandas, cartões postais, cartazes, filmes, mapas, história, cultura, textos, opiniões, memórias, monumentos, estátuas, objetos, livros, carros, quadrinhos, humor, etc.
sábado, 16 de maio de 2020
História do Livro: Do Glifo ao Alfabeto - Artigo
História do Livro: Do Glifo ao Alfabeto - Artigo
Artigo
O que conhecemos como “livro” chegou ao seu aspecto atual após passar por várias transformações, tanto materiais quanto no que diz respeito ao significado. Bem antes dele, porém, já existia a escrita, que pode ser entendida como um conjunto de sinais estabelecido e usado por uma comunidade para representar a língua falada.
As formas mais antigas de registro são as pinturas rupestres, deixadas em cavernas desde o Paleolítico Superior (há cerca de 40.000 anos), e os petroglifos, sinais gravados em pedra. Trata-se de representações da linguagem, mas ainda não se definem como escrita. Esta viria a surgir muito depois, em vários pontos do mundo – China, Índia, Mesopotâmia, América Central -- e ao longo de milênios, obedecendo a formas e sistemas diversos.
Uma das escritas mais importantes para o estudo das civilizações antigas é a cuneiforme, encontrada na Suméria a partir de 3.200 a. C.; serviu para registrar quinze diferentes idiomas do Oriente Médio, tendo como suporte (superfície) mais comum a argila cozida na forma de tabuinhas. Já no Egito, os famosos hieróglifos e a escrita simplificada conhecida como hierática eram aplicados sobre peças de cerâmica e folhas de papiro, material obtido a partir do caule de uma planta aquática.
Evidências arqueológicas encontradas em antigas inscrições, notadamente as de Biblos e Ras Shamra (antiga Ugarit), na região da Síria, apontam os fenícios, habitantes do atual Líbano e grandes navegantes, como criadores do primeiro alfabeto. Este surgiu por volta da segunda metade do segundo milênio a. C., com 22 sinais gravados da direita para a esquerda, repreentando as consoantes, e teria dado origem às primeiras formas do hebraico e do aramaico. A escrita se espalhou pela região do Mediterrâneo e, segundo a opinião mais aceita pelos estudiosos, foi transmitida aos povos da Grécia diretamente pelos fenícios; isso é atestado pela comparação entre os sinais, bem como pela tradição histórica. Heródoto (ca. 485 – 425 a. C.) se refere às letras como phoinikeia grammata, ou seja, “escrita fenícia”. Por sua vez, as lendas atribuem a introdução do alfabeto a Cadmo, filho do rei de Tiro, uma cidade fenícia.
Na escrita grega mais antiga (séculos VIII e VII a. C.), os sinais eram basicamente os mesmos usados pelos fenícios, com algumas adaptações. A grande inovação foi a inclusão das vogais, que representou uma verdadeira revolução cultural. O alfabeto grego teve muitas variantes, mas a forma que prevaleceu foi o jônico, que chegaria até nós como o alfabeto “clássico”, escrito da esquerda para a direita e composto de 24 sinais. Por outro lado, variantes foram desenvolvidas para registrar outras línguas, particularmente o etrusco, por intermédio de quem o alfabeto chegou até os romanos.
As primeiras inscrições em escrita latina foram encontradas em monumentos datados do final do século VII ou do início do século VI a. C. O alfabeto, porém, só foi fixado no século I a. C., quando os romanos já estavam avançados em sua expansão militar e cultural. Assim como o latim se tornou a base da língua de muitos dos povos conquistados, também o alfabeto latino de 23 letras foi o precursor de todas as escritas da Europa Ocidental, que viriam a se desenvolver em diferentes estilos ao longo da Idade Média.
Muitos textos escritos na Antiguidade foram preservados em monumentos de pedra. A parede do templo funerário do Faraó Ramsés III (1217 – 1155 a. C.) que ilustra o post tem inscrições hieroglíficas e cenas de uma batalha naval. A fotografia pertence à Coleção Thereza Christina Maria. Texto de Ana Lucia Merege.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário