sexta-feira, 5 de junho de 2020

Bonde Reboque 38, Santos, São Paulo, Brasil




Bonde Reboque 38, Santos, São Paulo, Brasil
Santos - SP
Fotografia


Já vai longe no tempo aquela São Paulo "da garoa", onde os bondes reinavam pelas ruas, transportando todo tipo de pessoa, do rico e ilustrado engenheiro até o operário, armado de sua marmita.
 A linha de bonde que circulava pela Rua Visconde de Parnaíba, passando em frente à Hospedaria de Imigrantes, funcionou de 18 de outubro de 1902 à 5 de dezembro de 1937, com 5 carros percorrendo quase 9 quilômetros de trilhos. O bonde "Bresser – via Piratininga", percorria ruas históricas de São Paulo: Saindo do Largo do Tesouro, passava pelas Ruas General Carneiro, Gasômetro, Travessa do Brás, Piratininga até a Visconde de Parnaíba, virava no Hipódromo e depois Santa Cruz, Bresser, Silva Teles, Maria Marcolina, alcançando a Avenida Rangel Pestana e retornando pela Travessa do Brás, Gasômetro e General Carneiro, voltando ao ponto final/inicial no Largo do Tesouro. O ponto final foi deslocado para o Largo da Sé em 1920.
 Em 1937, mais precisamente no dia primeiro de março, ocorreram mudanças no itinerário: da Praça da Sé o bonde percorria a Rua Floriano Peixoto, Ladeira do Carmo e Avenida Rangel Pestana, seguindo depois pelas ruas Piratininga, Visconde de Parnaíba e Hipódromo, pela Ipanema atingia a Bresser, Silva Teles, Maria Marcolina, São Caetano, Cantareira, Itobi, Avenida Exterior, voltando a General Carneiro e Largo do Tesouro. Algumas ruas mudaram de nome, foram interrompidas pelos trilhos dos trens e do Metrô, mas continuam cheias de memórias.
O Bonde Nº 38, – da fábrica inglesa Hurst Nelson, ano 1912 – tipo aberto, foi totalmente recuperado nas Oficinas da Estrada de Ferro Campos do Jordão, de acordo com seus padrões originais: aberto nas laterais, com bancos em madeira de lei reversíveis e capacidade para 35 pessoas. Somente os sistemas de tração e freio foram modificados. Tração: no original ela era elétrica, mas agora é usado um motor à gasolina turbo com 165cv de potência e injeção eletrônica, que aciona uma bomba de vazão variável cujo fluxo de óleo alimenta um motor hidráulico. O motor hidráulico é um dispositivo que recebe um fluxo de óleo sob pressão e transforma em energia mecânica ou seja, "gira um eixo" responsável pelo movimento do bonde. Freio: no sistema de freio foram adaptados dois discos solidários ao eixo e pinças de aplicação automotiva da camioneta C–20, acionado através de pedal, composto por discos, pinças, pastilhas, burrinho mestre e servo-freio.
Esse Bonde pertenceu à extinta "The City of Santos Improvements Company" e, posteriormente, à "SMTC – Serviço Municipal de Transportes Coletivos", da cidade de Santos.
Atualmente este veículo está cedido em comodato para a Prefeitura de Santos.
O Bonde 38 esteve operacional por cerca de dez anos, no período entre 1998-2008, em caráter cultural no bairro paulistano da Mooca.
Ele circulava aos domingos e feriados pelos trilhos da Rua Visconde de Parnaíba, que foram recolocados no trecho entre a estação Bresser – Mooca e o Memorial do Imigrante (Antiga Hospedaria dos Imigrantes), resgatando a história deste antigo meio de transporte coletivo urbano da cidade de São Paulo.
Este veículo pertence ao acervo da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária – ABPF e era operado e mantido pela Regional São Paulo desta entidade, em parceria com o Memorial do Imigrante, época em que existia uma parceria entre a ABPF/SP e o Memorial, que mantinham o Núcleo Histórico dos Transportes. Núcleo este que compunha o próprio Bonde, o Trem Cultural dos Imigrantes – Maria Fumaça e a Estação Ferroviária da Antiga Hospedaria, onde a ABPF/SP  além de operar o Trem Cultural, mantinha uma exposição permanente com expressivo acervo de peças antigas e painéis com fotos, que resgatavam uma parcela da história da ferrovia no estado de São Paulo.
Entretanto, depois do ano de 2008, foi invertida a mão de direção da Rua Visconde de Parnaíba nas proximidades da estação Bresser – Mooca do Metrô, o que veio impossibilitar a circulação do Bonde com segurança neste trecho. Visto que o mesmo passou a circular no contrafluxo dos demais veículos, quando retornava da estação Bresser do Metrô para o Museu. Além do fato de que foram instalados três pontos de ônibus no local onde era a parada do bonde.
Não obstante a este fato, em 2010 o Memorial do Imigrante foi fechado para reforma.
Assim, o Bonde 38 que já estava fora de operação, mas mantido em exposição junto a portaria do Memorial do Imigrante, passou a sofrer com a ação do tempo, bem como teve peças furtadas, visto que não havia mais o apoio por parte da equipe de segurança do Memorial do Imigrante na vigilância do mesmo.  
Diante desta situação, a ABPF firmou uma parceria com a Prefeitura de Santos no litoral paulista, cedendo o bonde 38 em comodato para aquela cidade, visando a preservação do mesmo.



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