terça-feira, 2 de junho de 2020

O Fim do Grande Hotel, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, Brasil




O Fim do Grande Hotel, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, Brasil
Santa Cruz do Rio Pardo - SP
Fotografia


Um símbolo de uma época de “glamour” em Santa Cruz do Rio Pardo vai desaparecer. O “Grande Hotel”, cujo prédio já foi considerado imponente, fechou as portas há alguns dias. O empresário Carlos Henrique Raimundo, do grupo “Assess”, atual proprietário, não foi encontrado para comentar a decisão. Porém, funcionários da empresa confirmaram que o hotel já não funciona mais e que o grupo tem outros planos para o imóvel.
O “Grande Hotel” possivelmente foi construído na década de 1930. A partir da década de 1950 foi administrado por uma sociedade entre dois irmãos, Feres e Felipe Saliba. Para a época, foi um estabelecimento imponente e luxuoso, embora com nenhuma suíte, segundo tradição naqueles tempos. Existia praticamente um banheiro em cada corredor, que servia a todos os quartos. Para se ter uma ideia, seu concorrente direto, o enorme “Hotel Scazzola”, na avenida Tiradentes — cujo prédio já foi demolido —, possuía apenas dois banheiros.
O “Grande Hotel” ficava na rua Marechal Bitencourt e o prédio praticamente não mudou desde a construção, há quase 80 anos.
Sabe-se que o “Grande Hotel” foi erguido pelo construtor Guido Salomão, o mesmo que também deixou sua marca na construção do Icaiçara Clube e muitas residências luxuosas. Guido era um “prático”, mas quem o conheceu garante que ele sabia mais do que muitos engenheiros formados.
O ator santa-cruzense Mário Persico, hoje coordenador de um teatro-escola em Sorocaba, contou que passou os primeiros quatro anos de vida dentro do “Grande Hotel”, que pertencia aos seus pais antes de ser vendido aos tios.
Feres Saliba administrou o hotel durante muitos anos com o irmão Felipe. Ele é o pai da empresária Nelinha Saliba, que morreu no mês passado em Santa Cruz do Rio Pardo.
O “Grande Hotel” também era palco de encontros políticos, festas e até bailes. Há registros fotográficos de personalidades como Jânio Quadros e Juarez Távora almoçando com grupos de correligionários no restaurante do estabelecimento.
Na década de 1950, um anúncio em jornal local dizia que o hotel oferecia “quartos confortavelmente equipados com colchões de mola”.
Como curiosidade, de acordo com os registros do historiador Celso Prado, em janeiro de 1940 a “Companhia Luz e Força Santa Cruz” cortou a energia do hotel depois de denúncias de que havia “desvios de luz” a partir do prédio. O então prefeito de Santa Cruz do Rio Pardo, Leônidas Camarinha, pediu a religação. São histórias, porém, que já pertencem ao passado. Texto do Debate.
Nota do blog: Desde pequeno, sempre que ia para Santa Cruz do Rio Pardo visitar os parentes com minha mãe, passava em frente ao Grande Hotel. Inclusive, se não me falha a memória, existia um ponto de serviços telefônicos da Telesp perto dele (íamos sempre para fazer ligações interurbanas para meu pai). Admirava aquela construção, achava grandiosa e bonita em relação ao entorno. O tempo passou e já em sua década final de operação, tive a oportunidade de passar uma noite como hóspede. Não foi uma estadia memorável, o Grande Hotel já apresentava um declínio evidente, com inúmeros sinais de falta de manutenção e cuidados, quebrando muito do encanto que eu mantinha em relação ao local. De qualquer forma, fica a minha lembrança como forma de homenagem ao extinto estabelecimento.

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