Manneken Pis / Manequinho, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia - Cartão Postal
O Manneken Pis de Bruxelas significa, em língua popular
local, "o garoto que urina." A história conta que um garoto que se
perdeu foi encontrado pelo pai, rico burguês, cinco dias depois, nu e urinado
em público, e o pai teria mandado esculpir uma estátua de pedra no local aonde
foi encontrado.
A estatueta é mencionada em um texto de 1452. Em 1689 as
autoridades locais solicitaram ao escultor Jêrome Duquesnoy que realizasse essa
estatueta em bronze. Célebre hoje em dia, o Manneken Pis é vestido por ocasião
das festividades da cidade de Bruxelas, podendo-se visitar um museu situado na
praça principal da cidade cujo vestiário do “garoto que urina” contém mais de
780 vestimentas.
A estátua foi roubada por soldados ingleses em 1745 e
encontrada na cidade de Gramont, roubada por granadeiros franceses em 1747 e
abandonada em frente a uma taberna. Informado do acontecido, o rei Luiz XV deu-lhe
uma roupa de marquês e nomeou-o ‘Chevalier de l´Ordre de Saint Louis’. Era
brigadeiro de honra de vários regimentos e essa nomeação obrigava a tropa a
prestar-lhe continência.
Em 1817 verificou-se novo roubo da estátua. Antoine
Lycas, autor da ‘façanha’, foi condenado perpetuamente a trabalhos forçados.
Muito popular e querida, a estatueta é o símbolo mais significativo da cidade
de Bruxelas.
Pensa-se, erradamente, que a estatueta do ‘Manequinho’
existente em frente à sede do Botafogo de Futebol e Regatas seja uma réplica
absoluta do Manneken Pis, que habita numa esquina da Rue de l'Etuve
com a Rue de Chêne. Porém, há algumas diferenças significativas: a estatueta
belga é muitíssimo menor, já que possui apenas vinte centímetros, enquanto o
Manequinho possui cerca de um metro de altura; a estatueta belga representa um
menino que tem uma cabeça enorme, desproporcional ao corpo, enquanto o
Manequinho tem as proporções do corpo de um menino perfeito; a estatueta belga
usa a mão esquerda para orientar o jato de urina, enquanto o Manequinho possui
as duas mãos livres e urina livremente.
O Manequinho foi esculpido em 1906 por Belmiro de
Almeida. O próprio autor narra como nasceu a sua obra num livro sobre o Rio
Antigo (Correa, s/d: 164):
“Há dias, encontrando-me com o Belmiro de Almeida, na
Tabacaria Lourdes, pedi-lhe o histórico da sua fonte e, prontamente, me
satisfez o desejo.
Quer que fale do meu boneco, que o povo carioca batizou
de ‘Manequinho’? Pois então escuta: foi em casa de um amigo que observei a sua
filhinha ensaiando os primeiros passos na alameda do jardim e notei uma coisa
curiosa na proporção das crianças, nessa idade; têm o tronco muito maior do que
as pernas, o que não se verificava na formosa menina. Assim, pensei no
“Mannekin Pis”de Bruxelas e comecei a modelar o meu Manequinho, servindo-me do
modelo da menina.
Terminado o trabalho e passando o gesso, pensei em
fundi-lo a cera e retocá-lo para o bronze; não encontrei, porém, nessa época,
quem pudesse executar o meu desejo, e quando fui a Paris, em 1911, levei o
referido gesso, que foi elogiado pelo professor La Vernne e outros, em meu
atelier à Rua de Bagneux nº 7; nessa ocasião recebi também a visita do saudoso
Nilo Peçanha e de outros caros brasileiros. Aí mandei fundir em bronze a
estátua e quando retocava a cera, fiz as alterações onde achei conveniente. A
primeira fundição perdeu-se no momento de ser vazada em bronze. Depois ainda
fundi outro exemplar, em cuja cera modifiquei a expressão do rosto.
Lembrando-me que os artistas do mundo civilizado
dedicavam as suas obras às pessoas gratas e amigas, como fazem entre nós os
poetas e escritores, dediquei uma ao meu amigo e a outra ao Prefeito Rivadávia
Correia. Em 1912, expus a estátua no edifício de Cinema Pathé, na Av. Rio
Branco, e no dia da inauguração compareceu o Marechal Hermes da Fonseca,
Presidente da República.
Em 1914 foi colocado o Manequinho na praça Floriano,
sobre dois degraus, conforme manda a estética; sob minha orientação colocaram
também uma torneira, a fim de regular a pressão da água, que deverá ser
inconstante."
Na peça original estava gravada a seguinte inscrição:
“Homenagem ao carácter reto e independente do Dr. Rivadávia Correia”.
No período de 1919, o prefeito Paulo de Frontim, como seu
primeiro cuidado, foi retirá-lo, mandando-o para um depósito. Num país
tropical, onde se bebe água todos os instantes, a imprensa falou, a Sociedade
Brasileira de Belas Artes protestou, mas tudo em vão.
Contudo, na gestão do Dr. Aloar Prata (1922), foi
novamente colocada a fonte na praça pública, mas no fim da praia de Botafogo,
pois o lugar antigo estava tomado pelo “Manecão”, e a inteligência artística da
Prefeitura instalou a fonte sem os dois degraus, parte integrante da composição
artística. Assim, jaz a minha fonte, o meu querido Manequinho, num canto sujo
de Botafogo.”
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