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quinta-feira, 3 de setembro de 2020
Manneken Pis / Manequinho, Rio de Janeiro, Brasil
Manneken Pis / Manequinho, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia - Cartão Postal
O Manequinho iniciou a sua trajetória sobre dois degraus, em 1914, na Praça Floriano Peixoto, antes mesmo da demolição do Convento da Ajuda, tendo sido instalado de frente para o Palácio Monroe. Na peça original estava gravada a inscrição “Homenagem ao carácter reto e independente do Dr. Rivadávia Correia”.
Em 1919, durante o mandato do prefeito Paulo de Frontim, a estátua foi retirada e mandada para um depósito. Contudo, na gestão do Dr. Aloar Prata (1922), foi novamente colocada a fonte na praça pública, mas sem os dois degraus artísticos e no fim da praia de Botafogo, pois o lugar antigo estava tomado pelo ‘Manecão’. À época, o autor da estátua pronunciou-se do seguinte modo: “Assim jaz a minha fonte, o meu querido Manequinho, num canto sujo de Botafogo.”
Esta transferência para bem longe deveu-se ao escândalo que causou a existência de um menino nu, e ainda por cima urinando, em plena Praça Floriano Peixoto. O furor e espanto tomaram conta da Igreja e as Ligas de senhoras acharam um absurdo aquela estátua com o “dito cujo” de fora a urinar. Uma indecência! A bem da moralidade pública, os prefeitos restauraram a decência no Rio de Janeiro…
É claro que o alarido do assunto espalhou e, como sempre, caiu na gaiatice de cronistas geniais da época, que consideravam um absurdo o proclamado ‘escândalo’. Um dos cronistas que tratou de dilacerar a falsa moral puritana foi o genial J. Carlos.
Numa das suas charges, um mendigo chega a um guarda e com flagrante cara de aperto pergunta: – “Mas seu civil, é proibido?” O guarda responde: – “Sim, é infração!” O mendigo então logo pergunta: – “E ali… perto do Manequinho?”
Em outra charge que criticava a famosa dança de monumentos na cidade, já em meados da década de 1940, dois amigos comentam animadamente a medida da prefeitura e dizem: – “Pois é, até o Manequinho irá ser mudado de lugar.” O outro pergunta: – “Ah… é? Para onde?” E o primeiro responde: – “Sei lá, talvez para um canto de parede!”
O Manequinho continuou nas suas andanças pela cidade, tendo mudado de local com a construção da nova Park Way do Túnel do Pasmado, bem como do viaduto Pedro Álvares Cabral.
A adoção do Manequinho como símbolo do Botafogo de Futebol e Regatas só ocorreu definitivamente em 1957, com a conquista do Campeonato Carioca. Consta que em 1948 um torcedor havia vestido o Manequinho com a camisa alvinegra em comemoração do campeonato carioca conquistado nesse ano, mas somente com Didi é que o ritual se consolidou.
Cumprindo uma promessa, Didi foi vestir a estátua logo após o jogo com a sua camisa suada, virando tradição botafoguense desde aí, e sempre que o Glorioso conquista um título em futebol. Desde então o Manequinho tornou-se mascote oficial do clube e talismã nas decisões.
Porém, as atribulações do Manequinho não pararam por aí. Diversos atos de vandalismos foram perpetrados contra a estátua, desde “capações” até ao furto total dela a 27 de julho de 1990, o que causou grande comoção na cidade, obrigando a Prefeitura a realizar uma réplica da escultura, que foi doada pelo botafoguense José de Almeida Coimbra.
A réplica da estátua foi refundida pela Fundação Zani, usando o molde original que estava guardado, a qual foi transferida, logo após a sua conclusão, por critérios de preservação, para a frente da sede do nosso clube em General Severiano.
Em 4 de novembro de 2002, o Monumento foi tombado pelo Município pelo Decreto nº 2221-02. Em setembro de 2008 o Manequinho foi novamente alvo de vandalismo, tendo sido quebrada novamente a parte da peça que esguicha a água, chamada pela imprensa de ‘bilau’.
Na data da recolocação do ‘bilau’, o Botafogo de Futebol e Regatas assumiu a posse do monumento.
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