quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Moinho Central / Moinho Fluminense, Anos 70, São Paulo, Brasil




Moinho Central / Moinho Fluminense, Anos 70, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


Localizado ao lado da linha férrea, o Moinho Central está presente na região desde a primeira metade do século 20.
Ele é oriundo de um período de ouro da atividade fabril paulistana, quando a cidade ainda tinha por toda sua extensão, chaminés fumegantes e um ritmo frenético de operários que faziam mover a indústria nos mais variados ramos e segmentos.
Pouco conhecido do paulistano atual, o Moinho Central é de longe o maior moinho da capital. Em tamanho, só pode ser comparado ao Moinho São Jorge, que ainda está em atividade, na vizinha cidade de Santo André.
O período áureo deste moinho é compreendido entre os anos 1930 e 1955, quando sua atividade esteve no auge. Entretanto, seu declínio acompanhou o declínio industrial da capital e logo esta enorme construção foi abandonada. Nos anos 1990 o local foi invadido e tornou-se uma grande favela que não se ocupou apenas dos terrenos laterais da construção, mas também do prédio principal e até dos silos.
O Moinho Central chegou até a ter uma estação de trem própria e na sua plataforma, hoje destruída, havia até alguns anos uma placa amarela com a inscrição “Estação Moinho Central”. O trem provavelmente não era para embarque de passageiros, mas para embarque dos produtos do moinho.
A soma da deterioração do espaço, a ocupação ilegal e a incapacidade do poder público em remover os moradores da “favela do moinho” para um lugar mais digno, foi a fórmula perfeita para o desastre que veio a acontecer no final de 2011: o trágico incêndio provocado por uma própria moradora do local.
A negligência de anos foi revelada em poucos dias. O incêndio escancarou a população da cidade o despreparo de Gilberto Kassab em conduzir a cidade e em resolver seus problemas mais urgentes. A rapidez e eficiência do Corpo de Bombeiros contrastava com a morosidade da Prefeitura de São Paulo em resolver o que fazer com o edifício.
A solução para o problema não poderia ser a menos indicada: implodir o edifício. Optaram por mandar abaixo um prédio que visivelmente ainda resistia bravamente e que poderia ser recuperado e transformado em algo útil a sociedade. Não adiantou, a opção pela demolição estava certa e o que se viu a seguir foi uma sucessão de erros, números que mudavam a cada entrevista e o prédio continuando de pé.
O primeiro espanto foi a contratação às pressas de uma empresa sem licitação. O segundo, a quantidade de TNT anunciada para a implosão: 800kg. Em 1987, por exemplo, para a demolição do edifício da CESP, na avenida Paulista, foram utilizados 40kg.
Bastou alguns segundos após a implosão para a população que assistia vibrar com o fracasso da operação. Pouco depois, um desconcertado Prefeito Gilberto Kassab dava nota 10 para a implosão. No dia seguinte os 800 quilos de dinamite viraram 400 e até o Ministério Público estranhou.
Começou então, a demolição por máquinas do velho moinho.
Hoje sem mais o edifício em pé, percebe-se que pouco está se falando na imprensa sobre o Moinho Central. A urgência da mídia com outros fatores já levou a tragédia e a implosão para lá de suspeita ao esquecimento. Qual será o destino do local? E das famílias?
Chama a atenção que até o momento não há qualquer movimentação em demolir os silos do moinho. Espero que algo seja feito e que os silos não fiquem por ali esperando uma próxima tragédia.
Mas enfim, qual o nome do Moinho? No dia do incêndio e nos dias que se sucederam a tragédia, a imprensa chamou o local dos mais diversos nomes, como “Favela do Moinho”, “Moinho do Bom Retiro” etc. Mas o nome real do local é Moinho Central e o nome da empresa que operava ali era Moinho Fluminense S/A com escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro.







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