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sábado, 12 de setembro de 2020
Propaganda "O Que Vai Acontecer Agora Que a Volkswagen e a Vemag Trabalham em Conjunto?", 1967, Volkswagen, Brasil
Propaganda "O Que Vai Acontecer Agora Que a Volkswagen e a Vemag Trabalham em Conjunto?", 1967, Volkswagen, Brasil
Propaganda
Nota do blog: A peça publicitária acima foi publicada pela Volkswagen em 1967, poucos meses antes de fecharem a fábrica da Vemag. Foi criada para tentar acalmar o mercado e diminuir os rumores do fechamento. Não passava de uma mentira deslavada...rs.
Abaixo público uma versão do motivo do fechamento, versão contada pelo presidente da Vemag:
Após a venda da Vemag para a Volkswagen em 1967 seu ex-presidente Lélio de Toledo Piza (1913-2008) foi nomeado pelo ex-governador de São Paulo Abreu Sodré para a presidência do Banespa – Banco do Estado de São Paulo. Nos idos de 1968, Lélio veio a Florianópolis para fazer uma visita à agência do Banespa da cidade. Para apanhá-lo no aeroporto Hercílio Luz, foi designado pelo Gerente da agência um funcionário que a pouco tempo havia adquirido uma Vemaguet 1967 0 Km de cor azul tramandaí, um azul bem clarinho. Ao desembarcar Lélio e o funcionário se dirigiram ao carro para guardar as malas no porta malas da Vemaguet. Ao chegar na Vemaguet, Lélio ficou muito constrangido e deu um sorriso desconcertado. Embarcaram na Vemaguet e rumaram ao centro de Florianópolis. Timidamente Lélio tomou a iniciativa de começar uma conversa:
- Bonita Vemaguet!
Ao que respondeu o funcionário:
- Pois é seu Lélio, eu acreditei na Vemag e comprei essa Vemaguet 0 Km recentemente, pouco tempo depois vocês venderam a Vemag para a Volkswagen e prometeram de que a fabricação do DKW continuaria. Agora, estou com um carro semi-novo desvalorizado que ninguém quer.
Lélio vendo o inconformismo do proprietário da Vemaguet pediu que ele encostasse no acostamento e disse-lhe:
- Vou lhe contar o que houve meu filho. Em 1964 fomos à Alemanha conversar com o presidente da Volkswagen alemã Heinz Nordhoff, pois a Volks havia comprado da Daimler Benz o Grupo Auto Union, que foi quem nos deu a licença para produzir o DKW no Brasil por 10 anos. Chegando lá, ele nos avisou que a produção do DKW seria encerrada na Alemanha e que a Volkswagen não renovaria a concessão para a Vemag, concessão que se encerrou no ano passado (1967). Ele nos ofereceu a concessão dos carros da Audi, mas a Vemag estava muito endividada e os carros DKW já não vendiam tanto no Brasil, não tínhamos capital de giro para adequar o maquinário da fábrica para a fabricação dos Audi, portanto a Vemag estava inviabilizada comercialmente. Daí num domingo de 1966 eu estava no Jóquei Clube de São Paulo onde também se encontrava o Presidente da Volkswagen do Brasil. Circulando entre os convidados se encontrava um colunista social importante da cidade de São Paulo que veio me cumprimentar e me perguntou se eu tinha alguma novidade sobre o desfecho das negociações da Vemag com a Volkswagen. Eu respondi que as negociações com a FIAT estavam concluídas e que todo o parque industrial da Vemag a partir de 1967 passaria a produzir os carros FIAT no Brasil sob o comando da FIAT. Na mesma hora o tal colunista foi contar ao Presidente da Volkswagen que ficou branco, pois eles têm muito medo que a FIAT se instale no Brasil e prejudique a hegemonia deles no mercado brasileiro. Na 2ª feira ele me ligou e chamou para uma conversa em que fez uma proposta irrecusável pela Vemag, pois com o montante pagaríamos todas as dívidas da Vemag e ainda saímos com algum dinheiro para os acionistas da companhia. Se não tivesse feito isso, eles teriam feito uma proposta ridícula pela Vemag. Durante a negociação eles prometeram que por um período manteriam o DKW em linha no Brasil, bem como suas peças de reposição, mas infelizmente não honraram a palavra empenhada. Então meu filho, foi isto que aconteceu.
De fato, a Volkswagen adquiriu a subsidiária argentina da DKW para produzir peças de reposição e entregaram a terceiros a fabricação das peças do DKW no Brasil, porém as peças produzidas eram de péssima qualidade e isto acabou eliminando ainda mais rapidamente os DKWs das ruas.
A FIAT instalou-se no Brasil na década de 70, em Betim, Minas Gerais, e em 1977 lançou seu primeiro carro no Brasil, o FIAT 147, que faria concorrência com o Fusca carro chefe da Volkswagen no Brasil até o final dos anos 70. E daí em diante a história da indústria automobilística do Brasil conta o resto: a FIAT teve um enorme sucesso (ainda que com um começo capenga por causa dos problemas do Fiat 147, o que lhe rendeu má-fama) conseguindo, inclusive, superar a Volkswagen em vendas por muitas vezes.
Depois de comprar a Vemag e encerrar a produção dos DKW, a Volkswagen, anos depois, também comprou a Chrysler do Brasil e encerrou a fabricação dos Dodge nacionais.
Portanto, se a Volkswagen comprar alguma montadora que você gosta no Brasil, não acredite em propagandas, vai fechar...rs.
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