O Gol Mais Bonito de Pelé, Juventus x Santos 02/08/1959, Estádio Conde Rodolfo Crespi, Rua Javari, Mooca, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
Seria muita pretensão definir qual o gol mais bonito de Pelé. Ele os fez de todas as formas, dezenas deles de beleza ímpar, driblando vários adversários em arrancadas irresistíveis, em espaços exíguos, de cabeça, de ponta-cabeça, de fora da área, com toques sutis por cima do goleiro, etc.
Mas este marcado em 2 de agosto de 1959 contra o Juventus na Rua Javari, é o próprio Rei quem escolhe como a sua obra mais bela.
Jogava-se o início Campeonato Paulista e o Santos já era o grande furor da competição. Nos três jogos anteriores tinha feito 18 gols, média de seis por partida. Naquele domingo, 10 mil pessoas superlotaram a Rua Javari para assistir à partida contra o Juventus, um time mediano, que terminaria a competição em décimo lugar entre 20 participantes. A renda, de 622 225 cruzeiros, foi recorde no estádio.
O Santos era um timaço, com craques na defesa e no ataque, mais no ataque, claro. Naquele dia o técnico Lula escalou a equipe com Manga, Pavão e Mourão, Formiga, Ramiro e Zito; Dorval, Jair Rosa Pinto, Coutinho, Pelé e Pepe.
Obviamente, Pelé era a grande atração. Artilheiro dos Paulistas de 1957 (17 gols) e 1958 (recorde ainda não batido de 58 gols), ele seria também o maior goleador daquele Estadual, com 44 gols. Sem contar que tinha sido o grande astro da Copa do Mundo da Suécia, em 1958, quando marcou seis gols em quatro partidas e levou o Brasil ao seu primeiro título mundial.
Porém, é bom que se saiba, naquele começo de agosto de 1959 o garoto Coutinho, de 16 anos, também despontava como um superatacante. Tinha cinco gols marcados na competição, um a mais do que o próprio Pelé.
Superior desde o início, o Santos marcou aos 23 minutos do primeiro tempo: Pelé. Voltou a marcar aos oito do segundo: Pelé. E alargou aos 27 minutos: Dorval. Mas, apesar da vantagem no marcador, o jogo era tenso. Nas arquibancadas havia se juntado uma enorme torcida a favor do Juventus. Além dos juventinos de fato, torcedores de outros clubes da capital foram apreciar o jogo e infernizar o Santos e Pelé.
Mesmo após ter feito dois dos três gols do Alvinegro, o dez do Santos continuava perseguido pela torcida adversária. Quem conhece Pelé sabe que ele crescia nos momentos de dificuldade. Se ficasse com raiva, então, jogava melhor ainda. E ele estava com raiva.
Assim, aos 42 minutos, Dorval avançou pela direita e lançou Pelé, que começaria ali a esculpir o gol perfeito. Mas aqui há muitas controvérsias. Há quem diga que ele driblou quatro jogadores, incluindo o goleiro Mão de Onça, sem deixar a bola tocar no gramado.
Na recriação cinematográfica, Pelé mata a bola já driblando o primeiro defensor. A bola dá um quique no chão antes de ele aplicar um chapéu no segundo jogador de defesa, pegar a bola do outro lado e dar um outro chapéu em um terceiro zagueiro, dominar novamente a bola, tudo isso sem ela cair no chão, matar com a coxa, dar mais um chapéu, dessa vez no goleiro Mão de Onça, e depois só cumprimentar para o gol.
Testemunha ocular da jogada, o jornalista Ari Fortes, do jornal A Tribuna, descreveu assim o lance:
Aos 42 minutos ocorreu o tento joia de Pelé, que fez vibrar a grande assistência. Em manobra de Dorval e Coutinho, a pelota se ofereceu ao scrathman que, num de seus lances característicos, encobriu Homero, colhendo a bola à frente. Clóvis interveio e também foi superado com idêntico golpe. Por último, saiu da meta o arqueiro Mão de Onça e igualmente Pelé o encobriu, ficando com o arco vazio à sua disposição. Antes da aproximação de qualquer outro defensor juventino, o atacante santista lançou o corpo ligeiramente para diante e, com sutil golpe de testa, atirou a esfera às malhas.
O golaço de Pelé, como já o fizera antes e faria ainda inúmeras vezes, produziu o milagre de seduzir a todos. Enquanto ele ainda socava o ar já começaram os aplausos, que tomaram toda a Rua Javari. Reduzidos a súditos, os jogadores adversários também fizeram fila indiana para cumprimentar o atacante santista.
O gol valeu um busto de Pelé no estádio do Juventus. Passado tanto tempo, a lenda continua. Uma curiosidade desse gol é que tantos jornalistas e torcedores dizem ter visto a obra-prima de Pelé naquele 2 de agosto, que se todos estivessem dizendo a verdade o pequeno campo do Juventus, na Rua Javari, teria se transformado, naquele domingo iluminado, em um estádio bem maior do que o Maracanã.
No aniversário de 80 anos de Pelé, é sempre bom relembrar os momentos marcantes. Por isso, o dia 2 de agosto de 1959 foi uma data eternizada na história do futebol. Não só pelo gol mais bonito da carreira de Pelé, mas também pela comemoração com um “soco no ar” que o Rei, de forma espontânea, criou. Naquela oportunidade, todos que estavam presentes no Estádio Conde Rodolfo Crespi, localizado na Rua Javari, na zona leste de São Paulo, tiveram a oportunidade de presenciar a primeira vez em que Pelé comemorou daquela forma.
A partida contra o Juventus da Mooca, válida pelo Campeonato Paulista de 1959, terminou 4 a 0 para o Santos. Os três gols de Pelé, sendo o terceiro o mais bonito entre os seus mais de mil gols, não foram filmados. As testemunhas oculares variam entre torcedores – que abarrotaram o estádio para ver o Rei -, jogadores em campo e os poucos jornalistas esportivos. Uma foto, feita pelo fotojornalista Rafael Dias Herrera, mostra o exato momento em que Pelé cabeceia para o gol, sendo um dos únicos registros daquele momento.
Garoava em São Paulo naquele dia 2 de agosto. O estádio da Rua Javari tinha cerca de 10 mil torcedores que se apertaram para ver o Juventus jogar, em casa, contra Pelé. Mas a torcida não aliviou. Vaias ecoavam sempre que o Rei, com 19 anos, pegava na bola. Mesmo com dois gols na partida, o atacante santista queria mais. E foi assim que saiu o terceiro e mais antológico gol de sua carreira.
Em um contra-ataque, Pelé deu uma meia-lua (drible da vaca) em um jogador adversário, deu dois chapéus dentro da área e, sem deixar a bola cair, amorteceu com o joelho para encobrir o goleiro. Para a finalização, apenas pulou para cabecear a bola para o gol vazio. Então, foi nesse momento que houve a comemoração.
Pepe, um dos companheiros de ataque de Pelé, foi um dos privilegiados que viram o gol de perto. Em entrevista o atacante falou sobre o lance:
– Pelé driblou, pelo menos, quatro jogadores. O último foi o goleiro. A bola ainda estava um pouco alta depois de ter dado um chapéu e ele foi lá e fez de cabeça. Foi uma pintura. Um gol incrível para um jogador normal e um gol normal para um jogador incrível como o Rei – relembrou.
Após fazer um dos lances mais geniais do futebol, Pelé, sem pensar muito, correu em direção à torcida e pulou dando um soco no ar. Cansado das vaias, o Rei disse, em entrevista que foi uma forma de desabafar.
– Às vezes a gente fazia uma jogada que não dava certo e o pessoal vaiava os jogadores do Santos. E aí, quando eu fiz o gol, eu fui pra torcida e dei um soco no ar. Foi uma coisa espontânea. Saiu o gol, e eu fui lá: ‘Tá vendo?!’ – declarou Pelé.
E surtiu efeito. As vaias se converteram em aplausos. Aplausos, estes, que duraram minutos e se estenderam até os jogadores do Juventus. Ali estavam sendo testemunhas de um momento histórico.
Jogava-se o início Campeonato Paulista e o Santos já era o grande furor da competição. Nos três jogos anteriores tinha feito 18 gols, média de seis por partida. Naquele domingo, 10 mil pessoas superlotaram a Rua Javari para assistir à partida contra o Juventus, um time mediano, que terminaria a competição em décimo lugar entre 20 participantes. A renda, de 622 225 cruzeiros, foi recorde no estádio.
O Santos era um timaço, com craques na defesa e no ataque, mais no ataque, claro. Naquele dia o técnico Lula escalou a equipe com Manga, Pavão e Mourão, Formiga, Ramiro e Zito; Dorval, Jair Rosa Pinto, Coutinho, Pelé e Pepe.
Obviamente, Pelé era a grande atração. Artilheiro dos Paulistas de 1957 (17 gols) e 1958 (recorde ainda não batido de 58 gols), ele seria também o maior goleador daquele Estadual, com 44 gols. Sem contar que tinha sido o grande astro da Copa do Mundo da Suécia, em 1958, quando marcou seis gols em quatro partidas e levou o Brasil ao seu primeiro título mundial.
Porém, é bom que se saiba, naquele começo de agosto de 1959 o garoto Coutinho, de 16 anos, também despontava como um superatacante. Tinha cinco gols marcados na competição, um a mais do que o próprio Pelé.
Superior desde o início, o Santos marcou aos 23 minutos do primeiro tempo: Pelé. Voltou a marcar aos oito do segundo: Pelé. E alargou aos 27 minutos: Dorval. Mas, apesar da vantagem no marcador, o jogo era tenso. Nas arquibancadas havia se juntado uma enorme torcida a favor do Juventus. Além dos juventinos de fato, torcedores de outros clubes da capital foram apreciar o jogo e infernizar o Santos e Pelé.
Mesmo após ter feito dois dos três gols do Alvinegro, o dez do Santos continuava perseguido pela torcida adversária. Quem conhece Pelé sabe que ele crescia nos momentos de dificuldade. Se ficasse com raiva, então, jogava melhor ainda. E ele estava com raiva.
Assim, aos 42 minutos, Dorval avançou pela direita e lançou Pelé, que começaria ali a esculpir o gol perfeito. Mas aqui há muitas controvérsias. Há quem diga que ele driblou quatro jogadores, incluindo o goleiro Mão de Onça, sem deixar a bola tocar no gramado.
Na recriação cinematográfica, Pelé mata a bola já driblando o primeiro defensor. A bola dá um quique no chão antes de ele aplicar um chapéu no segundo jogador de defesa, pegar a bola do outro lado e dar um outro chapéu em um terceiro zagueiro, dominar novamente a bola, tudo isso sem ela cair no chão, matar com a coxa, dar mais um chapéu, dessa vez no goleiro Mão de Onça, e depois só cumprimentar para o gol.
Testemunha ocular da jogada, o jornalista Ari Fortes, do jornal A Tribuna, descreveu assim o lance:
Aos 42 minutos ocorreu o tento joia de Pelé, que fez vibrar a grande assistência. Em manobra de Dorval e Coutinho, a pelota se ofereceu ao scrathman que, num de seus lances característicos, encobriu Homero, colhendo a bola à frente. Clóvis interveio e também foi superado com idêntico golpe. Por último, saiu da meta o arqueiro Mão de Onça e igualmente Pelé o encobriu, ficando com o arco vazio à sua disposição. Antes da aproximação de qualquer outro defensor juventino, o atacante santista lançou o corpo ligeiramente para diante e, com sutil golpe de testa, atirou a esfera às malhas.
O golaço de Pelé, como já o fizera antes e faria ainda inúmeras vezes, produziu o milagre de seduzir a todos. Enquanto ele ainda socava o ar já começaram os aplausos, que tomaram toda a Rua Javari. Reduzidos a súditos, os jogadores adversários também fizeram fila indiana para cumprimentar o atacante santista.
O gol valeu um busto de Pelé no estádio do Juventus. Passado tanto tempo, a lenda continua. Uma curiosidade desse gol é que tantos jornalistas e torcedores dizem ter visto a obra-prima de Pelé naquele 2 de agosto, que se todos estivessem dizendo a verdade o pequeno campo do Juventus, na Rua Javari, teria se transformado, naquele domingo iluminado, em um estádio bem maior do que o Maracanã.
A partida contra o Juventus da Mooca, válida pelo Campeonato Paulista de 1959, terminou 4 a 0 para o Santos. Os três gols de Pelé, sendo o terceiro o mais bonito entre os seus mais de mil gols, não foram filmados. As testemunhas oculares variam entre torcedores – que abarrotaram o estádio para ver o Rei -, jogadores em campo e os poucos jornalistas esportivos. Uma foto, feita pelo fotojornalista Rafael Dias Herrera, mostra o exato momento em que Pelé cabeceia para o gol, sendo um dos únicos registros daquele momento.
Garoava em São Paulo naquele dia 2 de agosto. O estádio da Rua Javari tinha cerca de 10 mil torcedores que se apertaram para ver o Juventus jogar, em casa, contra Pelé. Mas a torcida não aliviou. Vaias ecoavam sempre que o Rei, com 19 anos, pegava na bola. Mesmo com dois gols na partida, o atacante santista queria mais. E foi assim que saiu o terceiro e mais antológico gol de sua carreira.
Em um contra-ataque, Pelé deu uma meia-lua (drible da vaca) em um jogador adversário, deu dois chapéus dentro da área e, sem deixar a bola cair, amorteceu com o joelho para encobrir o goleiro. Para a finalização, apenas pulou para cabecear a bola para o gol vazio. Então, foi nesse momento que houve a comemoração.
Pepe, um dos companheiros de ataque de Pelé, foi um dos privilegiados que viram o gol de perto. Em entrevista o atacante falou sobre o lance:
– Pelé driblou, pelo menos, quatro jogadores. O último foi o goleiro. A bola ainda estava um pouco alta depois de ter dado um chapéu e ele foi lá e fez de cabeça. Foi uma pintura. Um gol incrível para um jogador normal e um gol normal para um jogador incrível como o Rei – relembrou.
Após fazer um dos lances mais geniais do futebol, Pelé, sem pensar muito, correu em direção à torcida e pulou dando um soco no ar. Cansado das vaias, o Rei disse, em entrevista que foi uma forma de desabafar.
– Às vezes a gente fazia uma jogada que não dava certo e o pessoal vaiava os jogadores do Santos. E aí, quando eu fiz o gol, eu fui pra torcida e dei um soco no ar. Foi uma coisa espontânea. Saiu o gol, e eu fui lá: ‘Tá vendo?!’ – declarou Pelé.
E surtiu efeito. As vaias se converteram em aplausos. Aplausos, estes, que duraram minutos e se estenderam até os jogadores do Juventus. Ali estavam sendo testemunhas de um momento histórico.
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