sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Jeep Renegade, Estados Unidos - Jeremy Clarkson

 












Jeep Renegade, Estados Unidos - Jeremy Clarkson
Fotografia


Cerca de uma semana após o início do último lockdown, decidi sair de férias. Chega! Fazia semanas que não via o sol, meses que não sentia calor e tive o Covid-19. Então não corria o risco de pegá-lo novamente ou transmiti-lo.
Sim, eu sabia que não deveria ir embora e que teria sérios problemas com algum “espião” se fosse pego, mas decidi colocar uma grande máscara facial e uma camiseta dizendo “Eu sou Piers Morgan”e correr o risco.
Fiz algumas pesquisas, encontrei um local no Caribe que estava aberto para turistas e até alguns voos. Portanto, diria às autoridades que precisava fazer pesquisas importantes para o trabalho, embalar um frasco de remédio e cair fora.
Eu estava muito animado. Gosto de mexer com autoridades. Muito cedo em minha carreira escolar, decidi que, antes de sair, quebraria todas as regras disciplinares. E então, tendo conseguido isso aos 16 anos, decidi quebrar algumas que eles não haviam sequer imaginado.
Fumar na capela, presenciar uma aula inteira de química nu da cintura para baixo e dar uns “cavalos-de-pau” nos novos campos esportivos no Audi 80 da minha mãe. Uma noite, até coloquei araldite nas fechaduras de cada porta da escola inteira.
Tive essa atitude toda a minha vida e, por isso, quando me dizem para usar máscara, manter distância e ficar em casa, acho mais fácil pensar: “Certo. Boa ideia. Estou indo para uma ‘ilhota’ no Caribe”.
De jeito nenhum eu teria sido pego. Eu até descobri que não tinha trabalho na televisão até abril, então ninguém veria o bronzeado. Mas então, apenas dois dias antes da partida, percebi que, na verdade, minhas férias seriam eticamente erradas. Então, por mais que eu não goste de ser o idiota da escola, desistir de ir.
Tem mais. Não fui ao Barnard Castle e não fiz orgia num apartamento de Manchester com um colega e alguns jovens entusiastas do Instagram. E, na maior parte do tempo, não saí a menos fosse absolutamente necessário.
Isso fez com que, por muitos dias, não conseguisse dirigir o Jeep Renegade que estava testando. É o carro que mais demonstra virilidade já produzido. É um Jeep, o que significa ser possível rastrear sua herança genética até a máquina da Segunda Guerra Mundial que o General George Marshall descreveu como “a maior contribuição da América para a guerra moderna”.
E é chamado de Renegade, o que significa ser o tipo do carro que fuma um charuto, usa poncho e pergunta aos rivais se eles acham estar com sorte.
Até mesmo os níveis de acabamento foram baseados diretamente do catálogo de Clint Eastwood: tem o Longitude, o Night Eagle e o Trailhawk, e tudo isso é muito estranho, porque se você arrancar os emblemas e a carroceria, o que se encontra debaixo é um Fiat 500X…
Portanto, não me importei em não dirigi-lo. Porque alguém iria querer dirigir um rato em roupa de pistoleiro?
No entanto, nevou e mudou tudo. Sim, o governo ainda dizia que todos nós deveríamos permanecer em casa, lavando as mãos e usando preservativo no rosto sempre que falássemos, mas quando você tem um carro com tração nas quatro rodas e neva, nenhuma diretriz governamental vai mantê-lo dentro de casa.
Você suportou o consumo de combustível, a culpa e o péssimo comportamento durante todo o ano. Então, no único dia em que o tempo realmente faz esse carro valer a pena, você inventa uma razão para simplesmente sair e dar uma voltinha nele.
Portanto, decidi ser essencial dirigir o “Clint Rato” a uma aldeia próxima para comprar uma comida. E no caminho testemunhei um estranho fenômeno que a neve proporciona aos motoristas de 4×4.
Em um dia normal, se você estiver em uma estrada de pista única e um grande off-road estiver vindo na direção oposta, espera-se que você se afaste. Mas quando está nevando, ocorre exatamente o contrário. Pessoas com 4×4 irão prazerosamente até a beirada, ou cercas-vivas e margens quase verticais para te deixar passar. É uma maneira de mostrar que foram sábios ao comprar um “SUV de shopping”.
Eu encontrei um homem vindo na direção oposta em um BMW X5 e foi divertido. Ele estava tão determinado a demonstrar a destreza off-road de seu 4×4 que quase o capotou. Outro acenou alegremente e foi parar num lamaçal com seu Mercedes Classe G.
Agora, a esta altura, você provavelmente está esperando eu afirmar que estava no perfeito controle do meu pequeno Jeep e não precisava de motoristas se aproximando e se suicidando por minha causa. Mas isso seria inútil, porque o Jeep, realmente, não inspirava confiança.
Dá para escolher entre muitos modelos e diversos motores. A maioria tem apenas tração nas duas rodas, o que significa não serem realmente Jeeps. Mas o meu era um híbrido plug-in com tração nas quatro rodas chamado Trailhawk 4xe.
Vamos começar com os pontos negativos. Custando 36,5 mil libras (R$ 271,2 mil em conversão direta), é mais caro do que se imagina e, com quase 1,6 tonelada, também mais pesado. Além disso, a direção não é precisa, o motor é áspero, a caixa de câmbio está sempre indecisa, o barulho do vento chega a ser engraçado e o interior parece um centro musical Sanyo do final dos anos 1970.
E agora é hora de passar para os pontos realmente ruins. Não há nenhum lugar confortável para apoiar o pé esquerdo ao dirigir, os assentos têm o mesmo conforto de uma cadeira de rodas e, embora o desempenho tenha bons números na ficha técnica, não há evidência disso na vida real.
E o mesmo com o consumo de combustível. A informação é de que faz cerca de 54 km/litro, mas os registros sugerem que no mundo real ele dificilmente roda a metade disso.
Mas, e quanto à habilidade off-road? Bem, o distintivo Trailhawk significa que completou com sucesso a trilha Rubicon de 35 km que atravessa grande parte das montanhas de Sierra Nevada na Califórnia, e isso parece impressionante.
Mas eu dirigi por essa rota e posso relatar que é principalmente granito, que tem um nível de aderência entre cola e as luvas de Tom Cruise em “Missão Impossível – Protocolo Fantasma”. Se uma roda estiver tocando o solo, mesmo que ligeiramente, você será capaz de continuar.
Oxfordshire na neve é ​​uma proposta totalmente diferente e, como resultado, o Jeep continuou acelerando como se eu tivesse selecionado inadvertidamente o modo “relaxante intestinal” em vez de “Neve” nas configurações. E, é claro, pneus normais significam serem inúteis quando as coisas se complicam.
Também me preocupo com as complexidades de um sistema híbrido em que um motor elétrico e uma bateria de íon-lítio são usados ​​para impulsionar as rodas traseiras e o motor a combustão para mover as dianteiras. Isso dura muito tempo? O que acontece se você tentar cruzar um curso d’água? Você vai acabar eletrocutando todas as trutas?
Na verdade, apague isso. Eu não me preocupo definitivamente com isso. É irrelevante, porque você não vai comprar esse carro. Aliás, ninguém, a menos que seja alguém completamente louco.
Nota do blog: Embora tenha um acabamento relativamente bom, é uma compra que foge completamente do aspecto racional no custo-benefício. E olhe que esse das fotos é muito superior aos vendidos no mercado brasileiro. Um carro com um consumo de combustível excessivamente alto, um "pinguço". Não consigo entender como consegue ser um dos líderes de vendas no Brasil (país onde o preço do combustível é absurdo), para mim um verdadeiro mistério, o cara compra porque gosta, acha bonito, não tem outra explicação...

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