Columbo / Série de TV - Artigo

 

Columbo / Série de TV - Artigo
Artigo


Columbo é uma premiada série policial dos anos 1970 estrelada pelo ator Peter Falk. A série revolucionou as histórias de detetives. Ao contrário do que geralmente ocorre em filmes policiais, cada episódio sempre começa mostrando claramente quem é o assassino, e os pormenores de como cometeu o homicídio. Todos os crimes da série têm um ponto em comum: o criminoso monta um alíbi que parece perfeito. Depois entra em cena Columbo (o seu primeiro nome nunca foi revelado), um tenente da divisão de homicídios da polícia de Los Angeles, sempre vestindo um jaleco de gabardine surrado e dirigindo um carro velho, um Peugeot. Embora fale sempre na mulher e em um sobrinho, estes não aparecem nunca. Columbo é educado e faz de tudo para não ofender os suspeitos e, aparentemente dispersivo, dá a impressão que não tem a mínima chance de resolver o crime. Passa ao assassino uma falsa sensação de segurança, pois faz perguntas tolas e sem pretensões. Apesar disso, aos poucos e metodicamente, junta os pedaços do quebra-cabeça a partir dos mínimos detalhes e sempre consegue desmontar o álibi e desvendar o crime, para espanto do assassino. Resolve os crimes pela lógica.
Certamente um dos grandes personagens do gênero policial de mistério, Columbo tem uma legião de fãs pelo mundo todo que não o esquecem jamais, tanto pela qualidade engenhosa dos roteiros, quanto pela fina interpretação do ator Peter Falk, falecido em 2011. Criado por William Link e Richard Levinson, Columbo era um tenente da polícia de Los Angeles trabalhando em homicídios, resolvendo os casos através de uma busca extremamente obstinada e cuidadosa de todas as pistas.
A série tinha uma fórmula definida, um padrão seguido por cada episódio, e ao contrário da maioria dos programas de detetive da época, funcionava como mistério invertido, e ao início de cada filme, víamos o assassino executar cuidadosamente seu plano e, já sabendo quem era o responsável, ficávamos à mercê da batalha de inteligência que se seguiria: Columbo versus assassino. Mas sua análise afiada sempre estava oculta por uma natureza aparentemente desorganizada e trêmula, que sempre fazia o criminoso subestimá-lo e cometer erros.
Algumas coisas ajudaram a formar a aura do personagem. Primeiro, os vagos comentários de Columbo sobre sua esposa e seu passado. Reunidos, talvez estes pudessem ser usados ​​para desvendar o mistério do próprio tenente, cujo primeiro nome nunca foi oficialmente revelado, existindo uma teoria entre os fãs que seria Frank, mas Falk costumava dizer que o primeiro nome era simplesmente "Tenente", assim como seu cachorro também simplesmente se chamava "Cão". Segundo, as perguntas de “apenas mais uma coisa …”, apresentado quase sempre como uma reflexão tardia por Columbo, elas quase sempre pegavam sua vítima desprevenida e faziam o assassino tropeçar em alguma contradição ou insegurança. E terceiro, algumas coisas que sempre víamos a nos marcar nos episódios, como seu carro modelo europeu caindo aos pedaços, um contraponto aos carrões usados pela maioria dos detetives da época, como o Gran Torino de “Starsky & Hutch – Justiça em Dobro”; seu velho cão que o acompanhava em alguns episódios, um Basset Hound que realmente era velho e morreu durante a segunda temporada, sendo substituído por um cachorro mais novo, tendo que ser maquiado para parecer mais velho como o anterior; os charutos sempre a sujar as casas dos ricos suspeitos; os pratos de chilli em lanchonetes populares; assim como uma marcante musiquinha que o detetive costumava assobiar ou cantarolar para si mesmo, uma velha canção para crianças chamada “This Old Man”.
Em sua primeira fase, Columbo foi inserido numa antologia televisiva chamada The NBC Mystery Movie, que introduziu um sistema rotativo entre séries policiais, em um primeiro momento no horário nobre das quartas feiras à noite, alternando com McCloud, com Dennis Weaver, e Casal McMillan, estrelada por Rock Hudson e Susan Saint James, e em sua primeira temporada, Columbo foi indicado a oito prêmios Emmy e ganhou em quatro categorias. O sucesso levou a Rede NBC a transferir as séries para o mais nobre dos dias, o domingo à noite, sendo que com o passar do tempo, várias outras séries passaram por essa sessão, com Columbo se mantendo sempre entre elas, até o fim da rotatividade, no ano de 1977. Columbo foi além, sendo produzido por mais um ano, mas descontinuado em 1978; e quando terminou, era um dos filmes mais populares da televisão; e Falk, uma estrela indiscutível.
Os episódios mais conhecidos, e sem dúvida os melhores, foram os produzidos entre este período de rotatividade. Isso significava que Columbo era exibido apenas uma vez por mês e aparecia praticamente como um filme de TV, em vez de uma série de televisão episódica. Indiscutivelmente, isso contribuiu para os pontos fortes do programa, trazendo sempre os melhores atores de ponta da época e os melhores escritores e padrões de produção disponíveis por episódio, tornando-o um evento e não um fluxo constante de histórias. Isso tudo trouxe a Peter Falk não só fama, mas também poder e fortuna. Nada passava à frente sem sua aprovação, desde roteiro, diretores e atores convidados, tendo o perfeccionismo de Falk até com sua atuação, repetindo várias cenas à exaustão, até que achasse uma que o convencesse. Isso o fez ganhar a fama de “difícil”, e também um alto custo de produção para a série, onde só o salário do ator girava em torno de 500 mil dólares por episódio, uma fortuna à época para os padrões televisivos. Na parte técnica, o alto padrão se mantinha, com diretores escolhidos a dedo por Falk, inclusive no primeiro episódio da temporada, um promissor jovem iniciando, Steven Spielberg, bem antes do seu sucesso "Tubarão". Na pós produção, um outro ponto forte da série, sua trilha sonora contava com um tema marcante de “Mystery Movie”, por Henry Mancini, que era comum aos demais seriados da rotatividade, mas em especial aos temas criados para cada episódio e que davam a atmosfera adequada, com compositores como Billy Goldenberg, Gil Mellé, Dick DeBenedictis, Patrick Williams e até o brasileiro Bernardo Segall, grande pianista e cunhado de nossa famosa atriz Beatriz Segall.
Columbo no Brasil:
A TV Tupi de São Paulo foi a responsável por estrear Columbo no Brasil, em abril de 1973, e como era geradora da rede, entende-se que logo após a estreia em São Paulo, as retransmissoras de todo o Brasil começaram a receber as fitas com os episódios, visto que na época ainda não havia rede via satélite. As exibições aconteciam às segundas-feiras, 21h, dentro de seu programa original, "Os Detetives" (NBC Sunday Mistery Movie), onde, inicialmente, também eram exibidas as séries Casal McMillan e McCloud, em sistema de rotatividade. Em uma nota publicada no jornal Folha de São Paulo, em agosto de 1973, a série de maior sucesso no programa "Os Detetives", na TV Tupi, era Columbo, seguida por Casal McMillan e McCloud. Segundo Cláudio de Souza Machado, do departamento de cinema da TV, a emissora havia adquirido 41 episódios de "Os Detetives" ao preço de 1 milhão de Cruzeiros (o exemplar do jornal custava à época Cr$ 1,00), sendo que quando começaram as exibições, o programa ainda estava em produção.
O primeiro dublador do Tenente Columbo foi Nílton Valério, mas o jornal Folha de São Paulo publicou uma matéria sobre a série Columbo em agosto de 1973, sobre o sucesso no Brasil, e destacando o segundo dublador brasileiro de Columbo, o carioca Afonso Celso Vasconcellos, então com 29 anos, e de acordo com a reportagem, Celso foi escolhido pela Herbert Richers para entrar na 2ª temporada de Columbo por ter um jeito de falar semelhante ao do ator Peter Falk. Na época, o dublador também cursava o terceiro ano de veterinária e embora Vasconcellos tenha entrado na 2ª temporada, a distribuidora da série (MCA) havia gostado tanto do seu trabalho que quando o dublador disse que iria mudar-se para Minas Gerais, para terminar o curso, fez com que a Herbert Richers pagasse as passagens de ida e volta de Vasconcellos para o Rio de Janeiro, para que ele continuasse a dublar Columbo.
Além do Tenente Columbo, Celso dublou Dan Moroboshi, em "Ultraseven", Robert Wagner, em "O Rei dos Ladrões", John Boy em "Os Waltons", entre outros. Entrou para a dublagem por acaso, em 1968, nos estúdios paulistanos da AIC – Arte Industrial Cinematográfica – São Paulo. Com boa entonação, o rapaz ganhou seu primeiro papel principal naquele mesmo ano, dublando o ator Edmond O’Brien ainda bem jovem, no filme clássico “O Corcunda de Notre Dame”. Mesmo trabalhando no Rio, Vasconcellos sempre manteve sua clínica veterinária em Belo Horizonte, intercalando seu trabalho de veterinário e de dublador até o final dos anos 80, quando saiu da dublagem para se dedicar por completo a profissão de veterinário.
Durante os anos 1980, a TV Record exibiu Columbo às sextas-feiras, 23h. Ficou fora do ar em 1982 e voltou pela Record no início de 1983, às quartas-feiras, 23h, passando posteriormente paras as quintas-feiras, no mesmo horário, onde permaneceu até meados de 1983. Em outubro de 1984, a série mudou-se para as quartas, 23h35. O canal pago Universal Channel a exibiu em 2004, com dublagem original, mas, depois disso, até hoje Columbo não voltou a ser reprisado na TV brasileira.