terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Convento Nossa Senhora da Conceição, Itanhaém, São Paulo, Brasil


 



Convento Nossa Senhora da Conceição, Itanhaém, São Paulo, Brasil
Itanhaém - SP
Fotografia - Cartão Postal


Registro vivo da história do País, o Convento Nossa Senhora da Conceição será reaberto para a comunidade. De uma pequena ermida de barro até a igreja erguida em homenagem à padroeira de Itanhaém, o Convento é templo de fé e devoção há mais de 480 anos. É tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e representa um dos bens mais memoráveis do litoral paulista.
No alto do Morro do Itaguaçu, local que hoje abriga o Convento Nossa Senhora da Conceição, foi erguida uma das primeiras edificações da história do Brasil. Provavelmente no mesmo ano de fundação de "Conceição de Itanhaém", em 1532, o povoado deu início à construção de uma pequena capela dedicada a padroeira da nova vila. É considerada uma das primeiras igrejas do Brasil.
Foi também o primeiro templo dedicado a Nossa Senhora da Conceição erguido no País. Na época, o local se tornou um dos principais pontos de peregrinação do Brasil, recebendo romeiros de todas as vilas do litoral paulista, e também da capital, interior e de outros estados.
Somente em 1553 foi encomendada a imagem da padroeira, conhecida como a Imaculada Conceição ou "Virgem de Anchieta”. O eminente padre Jesuíta José de Anchieta esteve pelo litoral paulista entre 1563 e 1595. De acordo com historiadores, o padre escreveu o poema ‘Virgem de Anchieta’ ao passar pela segunda cidade mais antiga do Brasil.
Segundo relatos do Frei Basílio Röwer, publicado no livro Páginas de História Franciscana no Brasil (1941), “a pequena ermida no morro de Itanhaém tornou-se célebre já no século XVI por causa da imagem miraculosa que nela se venerava”. Entre as histórias marcantes, conta-se que em 1610 o Jesuíta P. Banhos foi curado por Nossa Senhora da Conceição, na ermida, após sofrer enfermo por 20 anos. Outra história relatada afirma que a ermida foi palco do armistício entre as tribos Tamoios e Tupis, em 1563, que selaram a paz em um abraço fraternal.
Até 1752, a subida do Santuário era feita por meio de uma escadaria bastante íngreme de 83 degraus. De acordo com relatos do Frei Basílio Röwer, era muito comum fiéis subirem o convento de joelhos. “Assim homens como mulheres, e meninos, quando se veem em trabalhos, pela muita fé que têm nesta Senhora de Conceição”, escreveu.
A Igreja Nossa Senhora da Conceição com a forma como conhecemos nos dias atuais teve sua conclusão em 1713, portanto, sua estrutura atual completa exatamente 300 anos. A Igreja começou a ser erguida entre 1699 e 1713. Apesar disso, a data considerada de fundação oficial do Convento é 2 de janeiro de 1654, quando o título de posse do local foi dada a Ordem Franciscana.
Entre 1733 e 1734, o local foi ampliado por frei Rodrigo dos Anjos, com a construção do Convento Nossa Senhora da Conceição. A construção marcou não apenas a história da Cidade, como também passou a ser popularmente a denominação do local. O convento foi erguido à frente do edifício da Igreja, do lado direito, onde suas ruínas podem ser vistas atualmente.
Ainda segundo relatos de Frei Basílio Röwer, nesta época, o Convento era muito estimado pelos antigos frades, não somente por ser de Nossa Senhora, como a calma e a solidão tornavam o local apropriado para ser casa de noviciado. O Convento Nossa Senhora da Conceição se tornou assim também um retiro para religiosos que quisessem levar uma vida de oração e penitência.
Em março de 1833, um grande incêndio destruiu grande parte do Convento. O Guardião local, Frei Manuel de Santa Perpétua, que além de sacerdote era uma espécie de professor particular para menores e adultos (não havia escola pública na época), costumava com seus alunos adultos afugentar os morcegos e suindaras que infestavam o local.
Porém, em uma das caçadas, o Frade e seus alunos usaram de modo imprudente tochas com folhas secas de bananeiras. A madeira empregada na construção do local há mais de um século se achava ressecada e carcomida pelo cupim, o que tornou combustível para que as chamas se propagassem e destruíssem o primeiro templo construído no Brasil sob a invocação da Virgem da Conceição.
Por mais de 20 anos, as ruínas da Igreja e do Convento ficaram em completo abandono. A situação muda com a criação da Irmandade Nossa Senhora da Conceição, em 1860, com o fim de restaurar a Igreja. A entidade tomou posse do local em 1862.
Com a ajuda do povo e de contribuições que vieram de São Paulo, a Igreja foi reconstruída em 1865. Em 12 de dezembro daquele ano, as imagens, que haviam sido transladadas para a Matriz de Sant'Anna, foram recolocadas nos seus respectivos altares. O convento, porém, não foi reconstruído.
Em 1916, a Igreja e as ruínas do Convento Nossa Senhora da Conceição passaram para a propriedade da Diocese de Santos, que a mantém até os dias atuais. Em 1921, Washington Luís, então presidente do Estado de São Paulo, realizou uma restauração parcial, renovando o madeiramento do telhado e o assoalho.
Nesta época, outra história curiosa marcou o histórico lugar. Soube-se que um dos vigários tinha enterrado há muito tempo diversas imagens do Convento, logo atrás da Igreja Matriz de Sant'Anna. A busca teve êxito e quatro dessas imagens ainda são conservadas no Convento.
Em 1948, outro episódio infeliz ocorre na Igreja. Parte do telhado e do forro ruiu por um raio, destruindo completamente a torre. O monumento histórico, a partir de 1952, foi objeto de restauração, executada então pelo órgão de preservação federal, porém foi optado por conservar parte dos edifícios conventuais arruinados. O Convento passou ainda por muitas pequenas restaurações e, em 1941, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em 23/11/2013, após quase dois anos sem receber missas e religiosos, o Convento Nossa Senhora da Conceição foi reaberto para a população. O local passou por manutenção no telhado, troca de toda a fiação elétrica e pintura interna e externa.

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