Campo Maior - PI
Fotografia - Cartão Postal
Texto 1:
Ocorreu no dia 13 de março de 1823 uma batalha decisiva para a independência do Brasil: A Batalha do Jenipapo. Cearenses e maranhenses se juntaram ao povo do Piauí nessa importante data histórica para lutar contra resistentes tropas portuguesas lideradas pelo Major João José da Cunha Fidié. A data é geralmente esquecida nas aulas de história do ensino fundamental e médio, e apesar de ter sido de grande importância para todo o país, não é facilmente encontrada em livros sobre o assunto. Mesmo no estado onde aconteceu a batalha, o Piauí, poucas pessoas tem conhecimento sobre a grandeza dela, mas alguns historiadores e alguns políticos já estão tentando mudar a situação e já está em curso a implantação da Batalha do Jenipapo na disciplina de História.
A batalha aconteceu às margens do Rio Jenipapo, onde atualmente encontramos a cidade Campo Maior, no Piauí. A batalha se iniciou após terem sido descobertas as intenções do comandante das tropas portuguesas: manter a região sob o domínio português para abafar os movimentos de independência que se desenvolviam na área.
Os brasileiros decidiram então impedir que o plano dos portugueses fosse realizado e travaram uma luta entre o Império do Brasil e o Reino Unido de Portugal.
Do lado brasileiro estavam pessoas simples, lavradores, artesãos, escravos, roceiros, vaqueiros, etc. Enquanto do lado português haviam soldados bem treinados, bem armados e à cavalo.
A batalha do Jenipapo é conhecida como uma das mais sangrentas batalhas realizadas no solo brasileiro, isso se deve ao fato de que os brasileiros não foram para a luta com armas de guerra, e sim com facões, machados, porretes e armas artesanais. Cerca de 200 brasileiros foram mortos e outros 542 foram feitos prisioneiros por Portugal, enquanto 116 portugueses morreram e 60 ficaram feridos.
Os brasileiros perderam a batalha, mas fizeram a tropa mudar de percurso e evitaram que o exército português fosse até a capital, onde, por não haver exército de prontidão, seria muito fácil tomar o comando de tudo.
Embate, que foi crucial para o processo de emancipação do Brasil, é lembrado até hoje como um gesto de coragem, onde o bem da maioria se sobrepôs ao medo de perder a vida. Em 1973 foi criado um monumento na cidade de Campo Maior para homenagear as pessoas que se sacrificaram na Batalha do Jenipapo.
Texto 2:
A província do Piauí passava, assim como suas vizinhas em todo o Brasil, por um complicado processo de lutas pela independência em 1823. Desde a Revolução do Porto em 1820, e mais especificamente com a determinação das cortes portuguesas de que deveriam ser criadas Juntas Governativas nas províncias, que jurassem lealdade à Portugal, houve um alvoroço de disputas entre separatistas e conservadores.
No Piauí, a Junta pró-lusitana foi criada em 7 de abril de 1822, e seu governador das armas era João José da Cunha Fidié, português experiente que havia lutado nas guerras napoleônicas. Ao longo da província, no entanto, algumas vilas foram contra ao processo, como Parnaíba, Campo Maior e até uma parte da capital Oeiras.
No dia 19 de outubro de 1822, pouco mais de um mês após o Grito do Ipiranga dado pelo novo Imperador Dom Pedro I, Parnaíba declara adesão ao movimento de independência. Fidié vai com suas tropas para lá conter o movimento rebelde mas acaba recebendo a notícia de que Oeiras também se encontra em polvorosa. No caminho de volta, é surpreendido por uma coluna de brasileiros às margens do rio Jenipapo, em Campo Maior.
No dia 13 de março de 1823 ocorre a Batalha do Jenipapo, que configura um dos momentos mais importantes do processo de independência brasileiro. Apesar de terem perdido, os brasileiros conseguem debandar levando os suprimentos de guerra portugueses, e com isso os enfraquecem.
As tropas portuguesas são obrigadas a recuar para o Maranhão e os rebeldes piauienses acabam conseguindo dominar a província. Essa tendência se espalha também no próprio Maranhão e Fidié acaba preso, sendo enviado ao Rio de Janeiro e de lá indo para Lisboa.
O complexo processo de emancipação brasileiro passou por diversas batalhas regionais, que envolveram disputas sociais, militares e políticas que não se restringiram à Corte do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas. Tampouco se encerraram com o "grito do Ipiranga" em setembro de 1822.
Disputas importantes ocorreram em províncias mais afastadas, como a formação do popular Exército Libertador, o cerco às tropas portuguesas na Bahia em 1823 e, no mesmo ano, a batalha às margens do rio Jenipapo no Piauí, que juntou as forças locais às cearenses e maranhenses. No entanto, é apenas em 1825 e depois de muitas colisões entre os dois lados que Portugal finalmente reconhece a derrota por meio do Tratado de Paz, Amizade e Aliança.
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