São Paulo - SP
Fotografia
Palimpsesto é uma palavra de origem grega, que em sentido literal significa “aquilo que se raspa para escrever de novo”.
O Google nos ensina que a origem do termo tem a ver com o uso do pergaminho como suporte para a escrita, na antiguidade e na idade média. Um palimpsesto é um escrito que guarda vestígios de outro escrito anterior, que existiu sobre a mesma superfície. Essa prática de apagar para reescrever era comum por razões de economia: o pergaminho era um material escasso e caro, por isso o costume de raspar um texto para fazer outro em cima, sobre seus restos.
Cidades também podem ser lidas como palimpsestos: elas resultam do acúmulo de sucessivos “textos” parcialmente apagados, que guardam sentidos e memórias materiais de diferentes épocas. Compreender uma cidade exige habilidade para reconhecer e decifrar essas diferentes camadas de historicidade, em geral pouco visíveis ao olhar comum.
São Paulo é uma cidade que se desenvolveu marcada por sucessivas demolições e reconstruções, ou apagamentos e reescrituras, e por isso se apresenta como palimpsesto. Uma demonstração disso surgiu em meio à tragédia do Largo do Paissandu. O desmoronamento do edifício Wilton Paes de Almeida fez ressurgir um pequeno vestígio de texto anterior, de uma época em que a cidade era menos brutal e beber Caracu era beber saúde. Texto de M. Jayo.
Nota do blog 1: A existência desta propaganda não trata-se de mera coincidência. Havia uma razão para estar naquela parede. Localizado na rua Antônio de Godói, o Edifício Caracu foi construído em meados da década de 1950 e abrigou os escritórios da cervejaria rioclarense na capital paulista.
Com a construção do edifício Wilton Paes de Almeida, a propaganda acabou escondida. Anos depois, com a tragédia ocorrida no referido edifício, os resquícios da propaganda ficaram à mostra.
Nota do blog 2: A propaganda já não existe mais, substituída por um grafite conforme imagem abaixo.
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