Fotografia
Durante a apresentação da Volkswagen Saveiro 2024, a maioria dos comentários criticava o fato de a picape ter mudado muito pouco após tanto tempo sem nenhuma alteração significativa.
E estão cobertos de razão: as modificações no design foram sutis e não houve melhoras do conjunto mecânico. Após 14 anos da última mudança de geração, na linha 2010, era esperado que a Saveiro tivesse uma atualização mais profunda (até porque a concorrência está com o pé no fundo do acelerador). A Saveiro rivaliza com a Fiat Strada, líder de mercado, com versões manuais, automáticas e agora motor turbo.
A plataforma continua a mesma do último Gol (de 2008), aposentado no fim do ano passado. E, graças a ela, a Saveiro permanece com duas portas e com o motor 1.6 aspirado (o EA211, que chegou ano passado para atender a fase L7 do Proconve) combinado unicamente com câmbio manual. Segundo a marca, a adoção da transmissão automática e das duas portas extras encareceria muito o projeto.
A Saveiro recebeu uma pequena barra cromada na grade dianteira, para-choque novo (ampliando a área vazada, além de não agregar mais os faróis de neblina). As lanternas ganharam fundo preto na parte inferior.
As dimensões continuam as mesmas, assim como a capacidade de carga. As versões cabine dupla levam 638 kg – 12 kg a menos que a Strada. E na cabine simples, enquanto a Fiat leva até 750 kg, a Saveiro leva até 664 kg – diferença significativa em versões mais voltadas para o trabalho.
O desempenho, como havia de ser, ficou igual. Em nossa pista, a aceleração de 0 a 100 km/h foi realizada em 12,7 segundos, tecnicamente empatado com os 12,4 segundos do modelo anterior. E um pouco superior ao teste da Fiat Strada Volcano 1.3 firefly (107 cv e 13,6 kgfm), com 13,1 segundos.
O reverso veio nas medições de consumo, em que o quatro-cilindros da Strada manual se mostrou mais econômica, com as médias de 12,9 km/l na cidade e 17 km/l na estrada; contra 12 km/l e 15,6 km/l, da Saveiro, respectivamente.
A picape da VW traz uma vantagem histórica em relação à da Fiat que são os freios a disco nas quatro rodas, presentes em todas as versões desde 2015, e que permanecem na linha 2024. A Strada traz discos ventilados na dianteira e tambores na traseira.
Na prática, por ambas terem tração dianteira, entre 70 e 80% da frenagem é realizada pelos freios das rodas dianteiras, portanto não houve uma diferença significativa entre as provas de frenagem das picapes. De qualquer maneira, em uma situação de emergência os freios a disco também no eixo traseiro garantem mais segurança.
Outro atributo superior histórico da Saveiro é a suspensão traseira com eixo de torção e molas helicoidais de dupla ação, enquanto a Strada é equipada com feixe de molas semielípticas.
O comportamento dinâmico da Saveiro é mais estável e a suspensão filtra melhor as imperfeições do piso, desempenho acompanhado pela direção firme. Por optar por usar o eixo rígido, de concepção mais antiga, a Strada filtra menos as irregularidades do pavimento e os movimentos verticais de uma roda afetam diretamente o outro lado – proporcionando aquele sacudir característico de picapes maiores e montadas sob chassi.
O motor 1.6 entrega bom torque em baixas rotações, mas é inegável que se sai melhor em alta rotação, por conta do cabeçote multiválvulas. O câmbio manual segue com os engates precisos, próprios dos VW. Mas faz falta uma sexta marcha para reduzir a rotação em rodovias, por exemplo.
A cabine remete ao passado, pois não houve mudança alguma. A Extreme é a única que traz a multimídia de série, o modelo Composition Touch de 6,5”. Essa versão pode contar ainda com ABS off-road, que atua de forma diferente em pisos sem pavimento.
Sem apelo de novidade, do ponto de vista comercial, a intenção da VW é oferecer um produto mais acessível e focar nas vendas das versões de entrada. Assim, a Saveiro é cerca de R$ 5.000 mais barata que as versões de entrada da rival Strada. A versão Extreme, mais completa, já não se defende tão bem, custando R$ 114.580, são só R$ 410 de diferença para Strada Volcano 1.3 quatro-portas.
Fica difícil competir e a VW sabe disso. Segundo fontes, existe a possibilidade de vir uma nova geração da Saveiro que poderia até mudar de tamanho como a GM fez com a Montana. Mas isso não é oficial. Uma coisa é certa: a Saveiro sente o peso dos anos e, sem novidades, pode terminar por seguir o mesmo caminho do Gol e Fox: a aposentadoria.
Veredicto Quatro Rodas:
Saveiro clama por uma nova geração ou deve seguir o mesmo caminho do Gol.
Ficha técnica:
Motor flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16V, 1.598 cm³, 106/116 cv a 5.750 rpm (gasolina/etanol), 15,4/16,1 kgfm a 4.000 rpm (g/e); câmbio manual, 5 marchas, tração dianteira; direção hidráulica 12,3 m (diâmetro de giro); suspensão independente McPherson (diant.), eixo de torção (tras.); freios disco ventilado (diant.), sólido (tras.); pneus 205/60 R15; peso 1.135 kg; dimensões comprimento 449,3 cm, largura 172,1 cm, altura 156 cm, entre-eixos 275,2 cm, caçamba 580 litros, capacidade de carga 638 kg. Texto de Isadora Carvalho / Quatro Rodas.
Nota do blog: Data 2023 / Crédito para Fernando Pires.
Nota do blog: Data 2023 / Crédito para Fernando Pires.
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