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sábado, 16 de novembro de 2024

Como os Ingleses Levaram as Esculturas do Partenon na Grécia - Artigo

 



Como os Ingleses Levaram as Esculturas do Partenon na Grécia- Artigo
Artigo

O Partenon, aquele magnífico templo em homenagem à deusa Atena que coroa a acrópole da capital grega, continua a surpreender o mundo 2 mil anos após sua construção.
E também segue gerando debates sobre os verdadeiros donos de seus vestígios arqueológicos.
Em outubro deste ano (2022), o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse durante uma reunião com seu colega grego, Kyriakos Mitsotakis, que não cabia ao governo britânico decidir devolver os frisos do Partenon em exposição no Museu Britânico, em Londres — mas, sim, à instituição.
Os frisos do Partenon foram levados da Grécia no início do século 19 por Thomas Bruce, mais conhecido como o conde de Elgin — por isso, também são chamados de mármores de Elgin.
No total, são 15 painéis e 17 esculturas de mármore que fizeram parte da decoração original do Partenon, construído há cerca de 2,5 mil anos e que muitos gregos apontam como o principal patrimônio cultural do país.
A resposta de Johnson foi ao pedido do premiê grego de se buscarem opções para devolver os mármores.
O governo britânico indicou em várias ocasiões que não devolverá as peças à Grécia.
Em março deste ano, o próprio Johnson havia descartado qualquer possibilidade de devolução ou troca.
"Entendo os fortes sentimentos do povo grego em relação ao tema, mas o governo do Reino Unido mantém há muito tempo uma posição firme sobre as esculturas — que foram legalmente adquiridas por Lorde Elgin sob as leis vigentes na época e têm sido propriedade legal dos curadores do Museu Britânico desde sua aquisição", disse o primeiro-ministro britânico ao jornal grego Ta Nea.
O museu, por sua vez, afirmou em diferentes ocasiões que os mármores foram adquiridos legalmente e que "as esculturas do Partenon são uma parte vital da interconexão global que existe dentro do museu, porque tem elementos das culturas grega, egípcia, persa e romana".
Mas como os famosos frisos chegaram ao Museu Britânico e quais foram as outras tentativas de levá-los de volta a Atenas?
Estima-se que o Partenon tenha sido concluído em 430 a.C. e sempre despertou admiração entre o povo local e estrangeiros.
No entanto, com o passar dos anos, deixou de ser um templo para a adoração de Atena e se tornou uma área de ruínas.
A impressionante estrutura sofreu grandes avarias ao longo do tempo, sobretudo durante os séculos 16 e 17, quando a Grécia era governada pelo Império Otomano.
O monumento foi atingido pela guerra Otomano-Veneziana, no final do século 17, quando recebeu um tiro de canhão que causou uma grande explosão e destruiu seu teto.
Depois, ao longo do século 18, grande parte das peças restantes foram gradualmente destruídas ou saqueadas.
E é exatamente no início do século 19 que entra em cena o conde de Elgin. Naquela época, ele era o embaixador britânico no Império Otomano, que controlava o território grego.
Segundo a versão apresentada por vários diretores do Museu Britânico, Lorde Elgin conhecia não só o imenso valor artístico dos frisos, como também a sua história, e queria levá-los ao Reino Unido no intuito de protegê-los da destruição.
Desta maneira, ele negociou com as autoridades otomanas a permissão para levar os frisos e capitéis para Londres.
O processo de transferência foi feito a duras penas — várias obras sofreram danos significativos ​durante o trajeto até o Reino Unido. Demorou quase quatro anos para chegarem a Londres.
Na verdade, a iniciativa foi criticada por alguns no Reino Unido desde o início: o famoso poeta Lord Byron se opôs à ideia de retirar os famosos mármores da Grécia e chamou Elgin de "vândalo".
Em 1805, também foram encontradas contradições no discurso de Elgin, como apontam vários historiadores. O conde havia dito aos otomanos que um dos motivos para a retirada dos frisos da Grécia era para serem apreciados por pessoas de todo o mundo.
Mas a primeira coisa que Elgin fez foi levar as famosas esculturas para casa.
O enorme custo da transferência e um divórcio levaram o conde à falência — e ele se viu obrigado a vender os frisos ao Museu Britânico por US$ 438 mil em 1816.
E é lá onde estão em exibição desde 1839.
Vale esclarecer, no entanto, que não são as únicas peças do Partenon que estão expostas fora de Atenas.
Continuando, após o fim da ocupação otomana da Grécia em 1832, teve início uma campanha de busca pelas relíquias que haviam sido tiradas do país.
Por volta de 1925, várias organizações gregas indicaram que as peças que o conde Elgin havia levado deveriam ser devolvidas à Grécia, seu lugar de origem e pertencimento.
Elas observaram que a entidade que havia concedido permissão a Lorde Elgin para levar os famosos frisos era um agente invasor e, portanto, não tinha autoridade para conceder tal permissão.
Mas, em 1983, houve uma reivindicação oficial. Melina Mercuri, a primeira mulher a ser nomeada ministra da Cultura da Grécia, fez um pedido formal ao governo britânico para que os frisos fossem devolvidos a Atenas.
E ela fez isso em frente aos mármores de Elgin, no coração do próprio Museu Britânico.
"O que o Taj Mahal significa para a Índia? O que as pinturas da Capela Sistina significam para a Itália? Os mármores do Partenon são nosso orgulho. São nossa identidade. São o vínculo atual com a excelência grega. São nossa herança cultural. Nossa alma", ela argumentou na ocasião.
Mas, novamente, tanto a direção do Museu Britânico quanto o governo defenderam que a instituição era a proprietária legítima dessas obras.
Outro argumento que vem sendo repetido em Londres há décadas é que a Grécia não tinha um local adequado para guardar os famosos mármores. Mas a alegação perdeu força com a inauguração do moderno museu da Acrópole, em 2009.
Embora o pedido de Mercuri não tenha surtido o efeito desejado, deu origem a uma série de campanhas de organizações como a Associação Internacional para a Reunificação das Partes do Partenon e, em várias oportunidades, o governo grego tentou recuperar as obras.
O esforço atual promovido por Mitsotakis contempla uma espécie de intercâmbio entre obras que nunca saíram da Grécia para serem expostas no Museu Britânico em troca da devolução dos frisos.
Até a renomada advogada de direitos humanos Amal Clooney fez recomendações sobre como o país poderia exigir a devolução dos frisos, apelando para o direito internacional.
Mas a Grécia afirmou que não entrará com nenhum processo judicial e que se limitará aos esforços diplomáticos para chegar a uma decisão sobre o futuro dos cobiçados frisos. Texto da BBC Brasil.
Nota do blog: Imagem de 2005 / Crédito para Andrew Dunn.

sábado, 2 de dezembro de 2023

Cabeça de Meroé / Cabeça de Augusto / The Meroë Head / The Head of Augustus, Museu Britânico, Londres, Inglaterra

 














Cabeça de Meroé / Cabeça de Augusto / The Meroë Head / The Head of Augustus, Museu Britânico, Londres, Inglaterra
Londres - Inglaterra
Museu Britânico, Londres, Inglaterra
Fotografia

Texto 1:
The Meroë Head, or Head of Augustus from Meroë, is a larger-than-life-size bronze head depicting the first Roman emperor, Augustus, that was found in the ancient Nubian site of Meroë in modern Sudan in 1910. Long admired for its striking appearance and perfect proportions, it is now part of the British Museum's collection. It was looted from Roman Egypt in 24 BC by the forces of queen Amanirenas of Kush and brought back to Meroë, where it was buried beneath the staircase of a temple.
The head was excavated by the British archaeologist John Garstang in December 1910 at Meroë, which had been the capital of the Kingdom of Kush for several centuries. It was found near a mound (M292) under what was once a temple staircase. The statue had been purposely buried over 1900 years prior and had been well preserved due to the hot, dry conditions. His excavation report states, “Just outside the doorway of this chamber, and buried in a clean pocket of sand [two and a half meters from the surface] there was a Roman bronze portrait head of heroic size.” Garstang was eager to share his findings with the world, so he shipped it off to London as soon as possible. The bust was donated to the British Museum by the Sudan Excavation Committee with the support of the National Art Collections Fund in 1911.
The excavation covered the entire lost city of Meroë. It took two excavations of the area to come across the head. Among other structures, the excavation team uncovered the ruins of a temple of Ammon, the ornately decorated temple in which the head was buried, and two large buildings speculated to be palaces.
This large undertaking was financed by the Sudan Excavation Committee, composed of the National Museum of Scotland, the Ny Carlsberg Glyptotek, and the Royal Museums of Fine Arts of Belgium. According to Thorston Opper's The Meroë Head of Augustus (Objects in Focus), the "committee was an international consortium of museum professionals, academics, and wealthy individuals, united by a desire to partake in the thrill of archaeological adventure and a share in the prospective finds." However, most of the excavation's sponsorship came from a wealthy group of Britons (including pharmaceutics entrepreneur Henry Solomon Wellcome) and one avid German collector and scholar, Baron von Bissingen.
As soon as the excavators unearthed the head, they immediately knew of its classical Roman origin and speculated that it was from the time of Augustus. Garstang was a specialist in Middle Eastern and Egyptian art, so he conferred with colleagues in Liverpool via mail, and erroneously concluded that it depicted Germanicus, Augustus' great-nephew.
The head was first offered for publication to the expert German Professor Franz Studniczka. He, along with the curators at the British Museum in London, proposed that the head portrayed Augustus himself. When compared with the Augustus of Prima Porta, there was no doubt it was Augustus' head depicted by the portrait.
The head had clearly been hacked off a large statue made in honour of the Roman Emperor Augustus. The Greek historian Strabo mentions in his chronicles that numerous towns in Lower Egypt were adorned with statues of Augustus before an invading Kushite army looted many of them in 24 BC, when Roman forces were away fighting in the Arabian campaign. Romans used statues to remind the empire's largely illiterate population of the emperor's power. Although the Roman military under Petronius successfully invaded Kushite territory and reclaimed many statues, they were unable to reach as far south as the Kushite capital itself. The sculpture was buried beneath a monumental stairway that led to an altar of victory. The placing of the Emperor's head below the shrine's steps was designed to symbolically denigrate the reputation of Augustus in the eyes of the Meroitic aristocracy and Kushite queen Amanirenas.
The wall paintings of temple M292 may support this hypothesis. Although the frescoes of temple M292 now are faded completely, the scene can be reconstructed based on Garstang’s German assistant Shliephack’s series of watercolor drawings. On the east wall were two enthroned figures, of which the footstool depicted with a number of bound prisoners of foreign race. This may indicate that this building used to serve as a victory shrine. The earliest evidence of a foot graffiti proves that the Meroitic temple served throughout history as a pilgrimage center. The fact that these temples attract visitors indicates that everyone who enters the temple is welcome to step on Augustus’ head buried under the doorstep, symbolizing Meroe’s triumph over the emperor.
There are several other theories regarding the origins of the Meroë Head. One suggested scenario states that the statue from which the head originates was given to the Meroites as a gift from Gallus. This, however, is quite unlikely because Gallus was more keen to place portraiture of himself in Egypt rather than that of Augustus. A second scenario states that the head once belonged to a statue located in the Roman fort, Qasr Ibrim. A specific podium in the fort has been pointed out as the potential spot where the statue once stood. This theory has since been disproved due to radio carbon dating and architectural grounds suggesting the podium is from the Ptolemaic period.
The Meroë Head is larger than life-size and mimics Greek art by portraying Augustus with classical proportions; it was clearly designed to idealize and flatter the Emperor. This was the case for most Augustan portraiture, especially the earliest, which evoked both youthfulness and the long-admired Grecian techniques of depicting young men. Made of bronze, the eyes are inset with glass pupils and calcite irises. It is the preservation of the eyes (which are frequently lost in ancient bronze statues) which makes this statue so startlingly realistic. The emperor's head turns to his right and gazes powerfully into the distance. His hair falls onto his brow in waves that are typical of Augustus's portraits. The three locks of hair consisting of two parted at the center and a third on the right approximate those of Prima Porta type. The British Museum has several other notable bronze heads of Roman Emperors including an image of Claudius. The heads are thought to have been made locally but based on moulds created in Rome.
Texto 2:
Es un rostro milenario cuasi intacto, una pieza de exquisita técnica, ejemplo único del bronce antiguo, con su mirada intensa, dramática, ajena al tiempo. Hoy en día se la conoce como la cabeza de Meroe, y es una de las joyas más celebradas del Museo Británico en Londres. De un tamaño superior al natural, en su momento formó parte de una estatua de cuerpo entero de uno de los líderes más famosos de la historia: Augusto, el primer emperador de Roma.
El lugar del descubrimiento de esta pieza, más allá de los límites meridionales del Imperio, la convirtió en aclamado hallazgo arqueológico a nivel internacional. Meroe, donde permaneció enterrada miles de años, fue una ciudad del antiguo reino de Kush descubierta en 1772 por James Bruce a la vuelta de su viaje al nacimiento del Nilo. Nadie imaginaba que los restos de obeliscos que por entonces afloraban sobre las dunas de los desiertos de Sudán salvaguardaban respuestas sobre una parte de la historia de la antigua Roma.
En 1909, tras más de cien años de saqueos, destrucción y excavaciones arqueológicas, John Garstang, de la Universidad de Liverpool, tomó el relevo de las excavaciones en distintas zonas de Meroe. La empresa arqueológica que iniciaba fue posible gracias al Comité de Excavación de Sudán, financiado a través de una colaboración internacional en la que participaron, entre otros, profesionales del Museo Nacional de Escocia, de la Gliptoteca Ny Carlsberg de Dinamarca y del Museo de Bellas Artes de Bélgica, además de conocidos investigadores y filántropos.
Todos buscaban unirse a la carrera internacional que desde hacía décadas protagonizaban distintas potencias europeas en su afán por el descubrimiento de culturas antiguas perdidas. Se desconocían los tesoros que podía esconder la que durante varios siglos había sido la capital del reino de Kush.
Durante la campaña arqueológica de 1910, Garstang halló en el denominado sector 292 de la ciudad los restos de un templo rectangular de unos 14 x 14,5 m con una dilatada cronología. En su penúltima fase, ejecutada en torno a mediados del siglo I d. C., el templo añadió un porche en su entrada y su interior fue ricamente decorado con pinturas.
Gran parte de estas, halladas en buen estado durante las excavaciones, mostraban deidades entronizadas, una figura masculina y otra femenina –interpretados como gobernantes o personajes de la realeza de la ciudad– y enemigos cautivos postrados ante el conjunto como prisioneros. Uno de ellos, de tez más clara, presentaba una túnica y un casco de indudable apariencia romana. Aunque Garstang protegió el edificio con una cubierta para preservar las pinturas, una tormenta las destruiría por completo años después.
En diciembre de 1910, Garstang excavó un pequeño promontorio en la parte exterior de la sala principal del templo, justo a su entrada, sobre el que en su momento habría existido una escalera. A unos 80 cm de profundidad dio con una cabeza en bronce, en excelente estado de conservación y de técnica romana. Lo insólito del descubrimiento atrajo la atención internacional y la visita de personalidades importantes, como lord Kitchener, que aprovechó su tour por Sudán para visitar in situ el hallazgo poco después.
El busto fue inicialmente identificado por Garstang –con la ayuda de sus compañeros de Liverpool– como Germánico, el famoso general romano contemporáneo de Augusto. Sin embargo, el estudio detallado del busto fue confiado al catedrático Franz Studniczka y a los conservadores del Museo Británico, quienes concluyeron que se trataba del propio Augusto, el primer emperador de Roma.
La pieza fue donada a esta institución por el Comité de Excavación de Sudán en 1911. Es allí donde sigue expuesta.
El contexto la dotaba de un valor excepcional. El hecho de haber aparecido en un nivel estratigráfico jamás alterado desde su enterramiento podría aportar más información para desvelar el misterio que emergió con su hallazgo: ¿qué hacía la cabeza de Augusto en un lugar tan remoto?
El episodio clave de la carrera militar del entonces conocido como Octaviano, episodio que le catapultó al futuro Imperio, fue la derrota de Marco Antonio y Cleopatra en la batalla de Accio en 31 a. C. Después se anotó la conquista Egipto, la preciada joya del Nilo. Con ello aseguró su supremacía en Roma, reconocida por el Senado en 27 a. C. con el nuevo título honorífico de Augusto.
Acababa de convertirse en el primer emperador romano. Se forjó así su nueva faceta victoriosa y se creó una nueva imagen –a la que pertenece la cabeza de Meroe– que fue copiada y expuesta en diferentes lugares del Imperio, entre ellos, Egipto.
Augusto nombró primer prefecto de este territorio a Cayo Cornelio Galo, que aseguró el control del Alto Egipto y la frontera sur. Sin embargo, su ambición de poder y la ineficaz gestión administrativa le llevaron a ser destituido en favor de Lucio Elio Galo, que empleó las tropas establecidas en Egipto para emprender una expedición militar contra Arabia Felix entre 26 y 25 a. C., en la que fue derrotado.
No todos los pueblos de la Baja Nubia –territorio más allá de la frontera meridional– estaban dispuestos a aceptar el nuevo orden establecido por Roma, ni a sus conquistadores y colonos. En este contexto, según narra Estrabón en el libro XVII de su Geografía, un ejército kushita proveniente de la Baja Nubia aprovechó la ausencia de Lucio Elio Galo para hacer una incursión y conquistar Siena (actual Asuán) y las cercanas Elefantina y Filé.
Se cree que la propia Meroe participó en la acción para establecer la frontera del reino de Kush más al norte, en la primera catarata. Durante el ataque esclavizaron a sus habitantes, derribaron estatuas y las capturaron como botín.
La hipótesis que se maneja es que la cabeza de Augusto proviene de una de las estatuas derribadas en Siena, Elefantina o Filé. Su transporte hasta Meroe y su sepultura en un recinto religioso, bajo la escalera de acceso, han llevado a sugerir un enterramiento ritual de humillación a Roma. Todo aquel que entrase en el templo lo haría pasando sobre la cabeza del enemigo vencido. Quizá los meroítas veían en ella la representación del prefecto de Egipto, o del césar, o de un dios extranjero.
El valor simbólico que las imágenes tenían para los romanos se manifiesta en que, tras el ataque, Estrabón narra cómo Publio Petronio, tercer prefecto de Egipto, respondió y atacó la Baja Nubia entre 25 y 24 a. C. Aparte de una gran victoria y la ocupación de la Baja Nubia hasta la segunda catarata, Petronio envió legados a Meroe para que se restituyese lo que había sido saqueado –incluidas las estatuas– de Siena, Elefantina y Filé.
Pero no todas las obras fueron devueltas. En el denominado templo M 292 de la ciudad, bajo su acceso, el busto de su máximo enemigo permanecería oculto casi dos milenios.
John Garstang encontró en 1910 la cabeza de Meroe en un óptimo estado de conservación, con apenas una rotura a la altura del cuello. Mide 46,20 cm de alto y 26,50 cm de ancho, y pesa unos 17 kg. El gran realismo de sus ojos se consiguió con incrustaciones de vidrio en las pupilas y calcita en el iris. Las pestañas, algunas de ellas conservadas, se elaboraron con diminutas tiras de bronce. El busto girado hacia la derecha y la comisura del labio hacia abajo son rasgos de la escultura de época helenística tardía (mediados del s. II-31 a. C). La técnica del pelo con los mechones sobre la frente, abiertos en direcciones opuestas, es idéntica a la de las primeras representaciones de Augusto.
La cabeza se consideró parte de una escultura del tipo conocido como “Augusto de Prima Porta”. El nombre se debe al hallazgo de un ejemplar en mármol, perfectamente conservado, en la Villa de Livia en Prima Porta, un suburbio de Roma. Esta clase de representación oficial de Augusto lo muestra como jefe del ejército, con una coraza militar ricamente decorada, y con el brazo levantado arengando a las masas. Es el tipo escultórico del emperador más numeroso, con unos 150 ejemplos – bustos y figuras de cuerpo entero – identificados.