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segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Planos de Saúde: Cancelamentos São Ponta do Iceberg de Modelo Insustentável - Artigo

 


Planos de Saúde: Cancelamentos São Ponta do Iceberg de Modelo Insustentável - Artigo
Artigo


Os cancelamentos de planos de saúde são apenas a ponta do iceberg de um problema maior enfrentado pela saúde suplementar no Brasil. O modelo atual é considerado insustentável, com mais da metade das operadoras trabalhando no vermelho e uma explosão no número de reclamações por parte dos consumidores, insatisfeitos com os serviços oferecidos.
Raio X:
Tanto operadoras de saúde como consumidores estão insatisfeitos com o modelo de saúde suplementar que existe no país. Os consumidores enfrentam cancelamentos mais frequentes e reajustes altos em planos coletivos e empresariais, enquanto as operadoras lidam com prejuízo operacional e aumento da sinistralidade (uso dos planos).
Este é o pior momento para a saúde suplementar. É o que diz Vitor Asseituno, cofundador e presidente da healthtech Sami. O setor teve prejuízo operacional de R$ 5,9 bilhões em 2023 — grande, mas melhor do que o registrado em 2022, quando o resultado negativo ficou em R$ 10,6 bilhões, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Houve aumento no número de beneficiários de planos nos últimos anos. Em março deste ano, havia 51 milhões de beneficiários, maior número desde dezembro de 2014 (50,5 milhões). No entanto, as pessoas passaram a contratar planos com custo mais baixo, segundo Asseituno, enquanto os gastos das operadoras seguem altos.
O uso dos planos aumentou após a pandemia e não voltou a cair. O indicador é medido pela sinistralidade, que contabiliza quanto do valor arrecadado pelo plano é gasto com atendimento à saúde. No quarto trimestre de 2023, a sinistralidade média dos planos foi de 87%, ante 84,5% no mesmo período de 2019, pré-pandemia. Os maiores índices de sinistralidade ocorrem nos planos coletivos por adesão, segundo dados da ANS.
Mais da metade das operadoras de saúde hoje opera no vermelho. Segundo a Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), em 2019, cerca de 20% das empresas do setor fechavam no negativo. Em 2023, esse número saltou para 54%. "A maior parte das empresas está desequilibrada, com despesas maiores que as receitas. Agora, o outro grupo é que é a exceção", diz Marcos Novais, diretor-executivo da Abramge.
O número de reclamações contra planos de saúde explodiu. Em 2019, a ANS recebia uma média de 11 mil reclamações por mês. Em 2023, a média mensal saltou para 29,4 mil. Até abril de 2024, a média estava em 31,8 mil reclamações por mês, quase o triplo do registrado em 2019.
O modelo de atendimento atual é insustentável. Asseituno afirma que o consumidor acaba usando mais vezes o plano por não saber qual o melhor caminho para ter um tratamento assertivo, o que faz com que o plano tenha gastos mais altos com aquele paciente. A Sami e outras empresas, como a Alice, tem um modelo de atenção primária, em que o cliente tem um atendimento inicial para definir quais os próximos passos do tratamento.
O que explica a situação:
O tamanho do rol da ANS é um problema para o setor de saúde. O rol é o documento que determina quais os procedimentos que devem ser cobertos pelas operadoras. No entanto, uma lei de 2022 determinou que ele é exemplificativo, o que significa que a lista de procedimentos é apenas uma referência (e não a regra) de cobertura para os planos.
Isso dificulta a definição do preço dos planos de saúde. Asseituno diz que, dessa forma, o risco para as empresas de saúde é "infinito", já que não existe nem um limite de valores e nem de procedimentos que devem ser cobertos pelos planos de saúde.
"Nos últimos anos, a ANS ganhou foco em atenção ao consumidor de todo tipo de necessidade. Ao mesmo tempo não tem uma avaliação econômica se a conta fechava para o setor. O que estamos vendo hoje é que a conta não está fechando." Vitor Asseituno, co-fundador e presidente da healthtech Sami.
Regra também determina inclusão de medicamentos milionários:
A mudança na lei do rol determinou que basta um procedimento ou medicamento ser recomendado pela Conitec do SUS (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) para que ele possa ser solicitado ao plano de saúde. Isso inclui medicamentos como o Zolgensma, recomendado para pacientes com AME (Atrofia Muscular Espinhal), e que custa cerca de RS 6 milhões a dose.
Os planos reclamam que não podem negociar preços como o SUS. "O Zolgensma no SUS é R$ 5 milhões pagos em cinco anos, e só paga se a criança melhorar. E, se ela falecer, para de pagar. Na saúde suplementar, é R$ 10 milhões à vista", diz Novais.
A Novartis procurou a reportagem para dizer que o Zolgensma não custa R$ 10 milhões. Segundo a empresa, a fabricante do medicamento, o custo para a saúde privada é de R$ 7,9 milhões. A Novartis afirma que vende o remédio pelo preço definido pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), que é a responsável por definir quais valores máximos podem ser cobrados na venda de remédios.
Mudança nas regras garantiu terapias ilimitadas aos pacientes:
Em 2022, uma decisão da ANS derrubou o limite para sessões e consultas de especialidades como fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e terapia ocupacional. Segundo a Abramge, isso também está pesando na conta dos planos. "Colocamos na cobertura algo que a sociedade não estava preparada para oferecer", diz Novais.
As mudanças abriram caminho para bilhões de reais em fraudes e desperdícios, diz a Abramge. A entidade estima um gasto de R$ 30 bilhões ao ano em fraudes e desperdícios. Parte dessas fraudes ocorre via reembolso. O gasto dos planos com pedidos de reembolso saltou de R$ 5,7 bilhões em 2019 para R$ 11,4 bilhões em 2022.
O número de casos na Justiça explodiu:
Com essas mudanças, os pacientes que tiveram algum procedimento negado pelos planos começaram a procurar a Justiça. Os gastos com pedidos de pacientes feitos na Justiça aumentaram 30% em 2022 e 50% em 2023. No ano passado, o setor pagou mais de R$ 5 bilhões em casos na Justiça.
"Sempre tivemos aquela situação em que o médico dava dois recibos para uma consulta. Agora a gente criou uma legislação que acabou por institucionalizar o processo. Por que agora a gente tem fraude de reembolso em cirurgia? É porque agora a gente não pode nem questionar o procedimento cirúrgico. Bastou ter uma indicação médica, você tem que cobrir. Virou um salvo conduto para fraudar. É uma minoria que gera um dano financeiro muito grande."Marcos Novais, diretor-executivo da Abramge.
Alguns contratos coletivos ficaram inviáveis:
O equilíbrio dos contratos depende dos usuários no contrato, diz Novais. Se o uso aumenta muito, o reajuste para todos fica maior. Se o reajuste aumenta muito, quem usa menos desiste do plano, e sobram aqueles que usam mais, tornando o contrato ainda mais insustentável, diz.
A decisão de algumas operadoras foi então cancelar o contrato todo:
O cancelamento do plano coletivo por adesão é permitido pela lei, com algumas ressalvas (não pode cancelar contrato de quem está em tratamento, por exemplo). "Chegou num nível de desequilíbrio porque as pessoas boas pagadoras vão saindo e os contratos vão ficando insolventes", diz Novais.
Os problemas são antigos, mas agora estão mais frequentes:
Esta é a avaliação de Rafael Robba, sócio do Vilhena Silva Advogados, escritório especializado em direito à saúde, que afirma que os cancelamentos e negativas de tratamentos estão ligados a uma tentativa das operadoras de reduzir os custos, dizendo que as decisões são tomadas pensando na sustentabilidade do negócio.
Houve um compromisso dos planos de rever o cancelamento de contratos:
No final de maio, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que as empresas de planos de saúde se comprometeram a suspender os cancelamentos unilaterais recentes para algumas doenças e transtornos, como pacientes em tratamentos graves e TEA (transtorno do espectro autista). Apesar deste compromisso público, Robba diz que o escritório em que trabalha não para de receber casos de pessoas que tiveram os planos cancelados.
Os próximos passos:
Apesar do acordo com Lira, não há ainda definições sobre os próximos passos. A expectativa é que ocorram mudanças na legislação sobre os planos de saúde. Há um projeto de lei em discussão na Câmara, cujo relator é o deputado Duarte Jr. (PSB-MA). O texto deve passar por mudanças antes da votação prevista para ocorrer no segundo semestre. Para o setor, as mudanças necessárias passam pela revisão da lei do rol e da liberação ilimitada de terapias.
A coparticipação e o reembolso são duas estratégias usadas pelas operadoras para reduzir os custos: Asseituno afirma que, quando o consumidor precisa pagar pelos procedimentos, há um uso mais racional do plano e barateia a mensalidade. A diminuição de reembolsos foi uma alternativa encontrada pelos planos para diminuir os custos. "O setor está mudando mais por desespero do que planejamento, infelizmente", afirma Asseituno.
Deveria existir uma legislação mais dura para planos coletivos:
Hoje os planos individuais e familiares não podem decidir pelo cancelamento unilateral do contrato. Isso é autorizado para os planos coletivos, que podem ser descontinuados de acordo com a estratégia de negócio de cada uma das operadoras.
Os reajustes dos individuais são definidos pela ANS:
Já os coletivos são definidos pelas operadoras sem nenhum tipo de limitação, o que prejudica os consumidores, para Robba.
"A legislação precisaria, de alguma forma, regulamentar essas questões para trazer uma maior proteção do consumidor. Não precisa necessariamente ser a mesma regra que é aplicada aos individuais e familiares, mas precisa ter uma regulamentação mínima que proteja, pelo menos, as pessoas mais vulneráveis, os idosos ou quem está em tratamento." Rafael Robba, advogado.
Texto de Mariana Desidério e Giuliana Saringer.
Nota do blog: Eu sou usuário de plano de saúde. Cada dia o serviço está pior!

sábado, 22 de abril de 2023

Qual é a Diferença Entre o Leite Pasteurizado e o UHT? - Artigo

 


Qual é a Diferença Entre o Leite Pasteurizado e o UHT? - Artigo
Artigo


São processos de esterilização diferentes. O pasteurizado, geralmente de saquinho, é aquecido a mais de 70 °C por até 20 segundos, e então resfriado muito rapidamente a -4 °C. Esse método, chamado pasteurização, mata apenas as bactérias que causam doenças – e conserva o leite por até sete dias.
Já o processo UHT (ultra high temperature, em inglês), típico do leite de caixinha, é mais radical: o leite é aquecido a 140 °C por até 8 segundos. Como praticamente nenhuma bactéria sobrevive, ele dura quatro meses em temperatura ambiente.

Por que Salsicha Faz Mal Para a Saúde? Tem uma Porção Segura Para Consumo? - Artigo

 




Por que Salsicha Faz Mal Para a Saúde? Tem uma Porção Segura Para Consumo? - Artigo
Artigo


Ingrediente principal do cachorro-quente, a salsicha é um embutido e seu consumo é bastante controverso. O alimento industrializado contém grandes quantidades de gorduras, conservantes, aditivos, sódio e colesterol. Porém, pelo fato de seu preço estar mais acessível do que a carne vermelha, é comum que ela esteja presente com frequência na dieta de muitos brasileiros.
"A salsicha é um ultraprocessado, mas fornece uma grande quantidade de proteínas. Isso pode contribuir para reduzir a desnutrição calórica. No entanto, é importante lembrar que é preciso consumir com moderação e este alimento deve fazer parte de uma dieta equilibrada para não ser prejudicial ao organismo", destaca Paulo Henkin, nutrólogo e diretor da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).
Veja abaixo tabela nutricional da salsicha não aquecida (50 g, equivalente a uma unidade):
Calorias: 109 Kcal
Proteínas: 6,9 g
Gorduras: 7,35 g
Cálcio: 17 mg
Sódio: 597 mg
Magnésio: 9,65 mg
Fósforo: 110,5 mg
Potássio: 95 mg
Selênio: 3 mcg
Do que é feita a salsicha?
Há diversos tipos de salsichas disponíveis no mercado. De forma geral, é possível encontrar as que são produzidas com carne bovina, suína ou de frango. Elas costumam ser feitas daquela carne que sobra e fica presa no osso do animal e também de miúdos moídos.
"O alimento é obtido por meio da emulsão de carne de uma ou mais espécies de animais de açougue e submetido a um processo térmico adequado. Portanto, ocorre uma mistura de carne com a umidade da gordura. Como todos os ultraprocessados, ela apresenta mais calorias, sódio, corantes e conservantes do que o recomendado."Andrea Pereira, nutróloga do Hospital Israelita Albert Einstein e cofundadora da ONG Obesidade Brasil
Os conservantes e aditivos são incorporados na salsicha para garantir seu aspecto, textura, sabor e cor.
Quantidade recomendada:
Não existe uma quantidade recomendada. De acordo com os especialistas consultados, o ideal é que seja uma comida de exceção, ou seja, a salsicha deve ser consumida em pequenas quantidades e, de preferência, uma ou duas vezes por semana, no máximo.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), consumir cerca de 50 g de carne processada diariamente já é arriscado para a saúde. Neste caso, a quantidade seria equivalente a ingerir uma salsicha por dia.
"Vale destacar que um cachorro-quente ou um espaguete com salsicha, em uma dieta equilibrada, não oferece risco à saúde. A hipótese do risco aparece no consumo quase diário de dietas pobres em variedade de nutrientes."Paulo Henkin, nutrólogo e diretor da Abran
Riscos do consumo em excesso:
Consumir salsicha regularmente, com outros ultraprocessados, como mortadela, linguiça, hambúrguer e frango empanado (nuggets), aumenta o risco de diversas doenças e compromete bastante a saúde.
Um dos riscos citados com frequência pelos pesquisadores é o aumento do risco de câncer. De acordo com um estudo divulgado no periódico American Journal of Preventive Medicine, o consumo de ultraprocessados está relacionado à morte prematura de 57 mil pessoas por ano no Brasil.
Os principais problemas de saúde que podem surgir com o consumo excessivo de salsicha são:
Diabetes;
Obesidade;
Doenças cardiovasculares;
Hipertensão;
Depressão e distúrbios do humor;
Síndrome metabólica;
Asma;
AVC.
Esses problemas de saúde acontecem porque as carnes processadas possuem grandes quantidades de compostos químicos que são adicionados na sua produção. Entre eles, destacam-se os nitritos e nitratos. Esses itens podem alterar o DNA do organismo, que fica mais propenso a doenças, como o câncer.
"A salsicha é considerada uma fonte de calorias vazias, ou seja, é um produto alimentício que não possui uma composição capaz de nutrir o indivíduo. Porém, é fonte de aditivos alimentares e excesso de calorias, em contraponto ao baixo valor nutricional."Jamile Tahim, nutricionista mestre pela UECE (Universidade Estadual do Ceará)
Dá para tornar a salsicha mais saudável?
As salsichas costumam ter a mesma composição e nutrientes, independentemente do tipo escolhido. No entanto, as de frango e as versões lights são consideradas um pouco mais saudáveis. Há ainda opções que não levam a carne mecanicamente separada.
"A composição da salsicha é considerada desbalanceada e fonte de substâncias pró-inflamatórias. No entanto, pensando no contexto de insegurança alimentar de pessoas induzidas ao consumo pelo baixo preço, o recomendado é ferver o alimento antes do preparo", indica Tahim.
Veja abaixo algumas dicas na hora da compra e preparo da salsicha:
Na hora de escolher a salsicha, é fundamental olhar os rótulos e comparar os ingredientes. É importante lembrar que quanto menos itens tiver, melhor a qualidade do produto.
Cheque o prazo de validade e verifique se há um selo que indique que o alimento foi inspecionado e produzido em um local adequado.
Escolha as salsichas que estão embaladas a vácuo em plástico e sem muita água. Isso garante que o produto esteve em temperatura de refrigeração adequada e evita o risco de contaminação e deterioração.
Evite comprar as salsichas "soltas", que são embaladas nos mercados --o manuseio pode ter sido realizado de forma inadequada.
As opções fervidas, refogadas, assadas no forno são as mais saudáveis. Evite preparar a salsicha frita ou queimar na grelha por muito tempo.
Quem deseja aumentar o teor de proteínas na alimentação sem o consumo de embutidos pode utilizar fontes vegetais de aminoácidos, como o arroz integral com feijão e ovos.
Sempre que possível, opte por refeições caseiras, com legumes, verduras e frutas.

6 Mitos Sobre Comida que Você já Deve ter Acreditado - Artigo

 


6 Mitos Sobre Comida que Você já Deve ter Acreditado - Artigo
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No mundo da alimentação, as notícias falsas também brotam e se multiplicam. Há de tudo, desde as que instituem os novos alimentos milagrosos, até as que, por exemplo, creditam a adição de cítricos aos refrigerantes a incidências de doenças —já desmentida.
A verdade é que quando se fala em nutrição, não existe ingrediente que possa ser mocinho ou vilão; o alimento industrializado tem o seu papel, assim como as substâncias adicionadas nos processos, e o impacto negativo pode ser consequência da frequência do consumo, assim como as quantidades ingeridas.
"Qualquer substância, mesmo uma simples erva, é suscetível a efeitos colaterais e sempre precisa da orientação de um especialista", diz Durval Ribas Filho, nutrólogo e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).
Segundo ele, há uma citação antiga que diz que a versão de um fato científico não pode ser maior que o fato científico. "Assim, os trabalhos científicos elaborados com rigor, junto a instituições de ensino e pesquisa, e publicados em revistas que tenham um bom impacto científico, são os canais adequados para se pesquisar as verdades científicas."
Antes de repassar ou repetir uma informação, é fundamental pesquisar e certificar-se da sua veracidade. A seguir, veja os mitos mais comuns envolvendo alimentos:
1. Fórmulas mágicas, como tomar água com limão em jejum ou comer abacaxi após as refeições para emagrecer:
O presidente da Abran explica que, apesar dos nutrientes vitais que compõem cada um desses alimentos, o limão não tem propriedades de aumentar a quebra de gorduras ou elevar o gasto energético, assim como o abacaxi não tem capacidade de reduzir o peso corporal.
"A cada ano, surgem produtos, alimentos, nutrientes com superpoderes, mas o que as ciências nutricionais demonstram é que a diversidade na alimentação e a ingesta alimentar personalizada favorecem a longevidade com saudabilidade, sem o desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas não transmissíveis."
Durval Ribas Filho, nutrólogo e presidente da Abran
2. Culpar certos alimentos e excluí-los da dieta:
Segundo os especialistas, não é raro as pessoas excluírem determinados alimentos da dieta por conta própria, como frutas, por acharem que a frutose presente nelas é a responsável por provocar malefícios ao organismo. Porém, de acordo com Patrícia Anno, nutricionista funcional, comportamental e esportiva, a frutose que pode fazer mal não é da fruta, mas a obtida de maneira artificial e adicionada a alimentos industrializados.
"O carboidrato também foi excluído por muitas pessoas de suas dietas pelo medo de engordar, por não entenderem que é a principal fonte de energia para o corpo", exemplifica a nutricionista.
3. Achar que opções sem glúten são mais saudáveis:
Muitos acreditam que alimentos sem glúten são mais saudáveis. Mas uma pesquisa realizada pela nutricionista Tainá Fernandes Drub, para identificar a percepção dos consumidores frente aos produtos sem glúten, encontrou desinformação, como confundir glúten com carboidrato, sendo na verdade uma proteína; achar que possui menor índice glicêmico —que não depende da presença do glúten.
Há muitos que também acreditam que ao retirar o glúten irão reduzir o risco de doenças da tireoide —algo que não tem comprovação científica. Na verdade, o glúten só faz mal mesmo para quem tem doença celíaca.
4. Acreditar em vilões, como o leite:
O leite figura entre os itens sobre os quais mais circulam notícias falsas, incluindo adição de substâncias, como formol, e a ideia —também mentirosa— de que há escalas coloridas no fundo das caixas de leite UHT para marcar quantas vezes o produto voltou para o reprocessamento.
Na primeira situação, até houve problemas de adulteração do leite em 2013, por empresas do RS, mas somente por um caso não faz sentido que a informação ainda esteja sendo divulgada de forma vaga e alarmista. Quanto ao segundo caso, as barras coloridas se referem à impressão das embalagens.
Fábio Moura, endocrinologista e diretor da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), lembra que também não há comprovação científica sobre a relação entre a ingestão de leite e derivados e o risco de câncer.
5. Aditivos e conservantes são sempre ruins:
Renata Faraco Fantaccini, engenheira de alimentos e vice-presidente da ABEA-SP (Associação Brasileira de Engenheiros de Alimentos do Estado de SP), esclarece que aditivos e conservantes são ingredientes que auxiliam na manutenção da estabilidade do produto processado, garantindo que chegue à mesa do consumidor livre de qualquer alteração que coloque em risco a saúde.
"Todos os aditivos têm suas especificações de uso e quantidades estabelecidas pela Anvisa e, rigidamente, seguidas pelas indústrias, que têm licença de funcionamento, inclusive atrelada às boas práticas de fabricação, obrigatoriedade de realização de análises laboratoriais em estabelecimentos habilitados pela Agência e mais a apresentação de uma infinidade de documentos técnicos que são elaborados, implantados e acompanhados sempre por um profissional responsável técnico pela operação industrial."
Renata Faraco Fantaccini, engenheira de alimentos e vice-presidente da ABEA-SP
A engenheira de alimentos cita que entre os aditivos estão gomas como a carragena, que é um gel extraído de algas marinhas, e a lecitina, extraída da soja. Entre os conservantes: o ácido ascórbico (vitamina C), ácido acético (vinagre), sal, ervas aromáticas.
Na opinião dela, muitas vezes essas informações são apresentadas por meio de nomenclaturas nos rótulos o que pode levar a divulgações equivocadas devido ao desconhecimento. "Existem, sim, os aditivos chamados sintéticos, não encontrados na natureza, mas todos produzidos com ingredientes de graus alimentícios e regulamentados pela Anvisa", enfatiza.
O problema, como qualquer alimento, é exagerar na dose. Diversos estudos em animais mostram associação entre o consumo excessivo com o surgimento de algumas doenças crônicas.
6. Glutamato monossódico é maléfico:
O glutamato monossódico é um aditivo usado pela indústria para realçar o sabor dos alimentos. Apesar de ser relacionado à obesidade constantemente por perfis nas redes sociais, não há resultados conclusivos sobre essa associação. O problema, de novo, é a dose. Isso porque os estudos disponíveis têm resultados inconclusivos quanto à quantidade diária permitida para consumo.
Sabe-se, entretanto, que o excesso a longo prazo pode trazer danos à saúde, como dor de cabeça, alteração na memória, na cognição, além de agitação.
Mas estudos realizados pela FEA (Faculdade de Engenharia de Alimentos) da Unicamp sugerem que a substituição do sal de cozinha pelo glutamato traria benefícios à saúde pela redução do sódio.