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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Esplanada do Theatro Municipal, 1910, São Paulo, Brasil


 

Esplanada do Theatro Municipal, 1910, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

Esplanada do Theatro Municipal (parte que atualmente é a praça Ramos de Azevedo) em 1910.
À direita dos bondes o Theatro São José, onde hoje está o edifício Alexandre Mackenzie (Shopping Light).
Nota do blog: Autoria não obtida / Crédito da postagem São Paulo Antiga.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Viaduto e Theatro, São Paulo, Brasil


 

Viaduto e Theatro, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia - Cartão Postal

Nota do blog: Vista do Viaduto do Chá, Parque do Anhangabaú, Theatro Municipal e Theatro São José.

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Chalé de Abilio A. S. Marques / Atual Shopping Light, São Paulo, Brasil


 
Chalé de Abilio A. S. Marques / Atual Shopping Light, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

Nota do blog 1: Chalé ao centro da imagem. Futuramente seria construído o Theatro São José no local e, posteriormente, o edifício Alexandre Mackenzie, que atualmente hospeda o Shopping Light.
Nota do blog 2: Embora não haja menção a data, como ainda não existia na imagem o Viaduto do Chá, podemos estimar algo entre 1860-1890.

segunda-feira, 6 de junho de 2022

O Fim do Theatro São José, São Paulo, Brasil

 







O Fim do Theatro São José, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


As obras do Theatro Municipal, iniciadas em 1903, estavam em pleno andamento, quando a empresa Guimarães Aragão & Cia., sob a supervisão do arquiteto sueco Karl Wilhelm Ekman, começou a cravar quase em frente, os alicerces de outro teatro, que se chamaria São José — o historiador Antônio Barreto do Amaral, em 'Velhos Teatros de São Paulo', atribui a construção, ao engenheiro Regino Aragão.
Projetado em estilo eclético, era um gigantesco teatro, capaz de abrigar comodamente mais de 2000 espectadores (387 cadeiras na plateia, 39 camarotes, 28 frisas, 356 lugares no anfiteatro, 415 nos balcões e 629 nas galerias). As portas se abriam para o Viaduto do Chá e para a Rua Xavier de Toledo. Dispunha de muitas salas para a administração, sala de espera dos espectadores, instalações do bufê, sanitários e outros. O palco, um dos maiores que São Paulo já teve, era adequado a qualquer tipo de espetáculo e tinha um poço de orquestra capaz de abrigar 70 músicos, treze camarins e quatro salas de comparsaria. A platéia, na forma tradicional de ferradura, aproveitava o declive para o Vale do Anhangabaú e oferecia excelente visibilidade do palco, que se situava ao fundo, no lado da Rua Formosa.
Naquela época, São Paulo recebia — procedentes da Europa e Rio de Janeiro —, a visita de diversas companhias teatrais, de ópera e de operetas. Antonio Barreto do Amaral considera que o ano de 1909 foi dos melhores para o cenário paulistano das artes e espetáculos. Funcionavam na época, bem próximos, os teatros Politheama, Moulin Rouge e Cassino. No Brás, foi inaugurado o Colombo, em 1908.
O Teatro Municipal estava em fase de acabamento quando, a 28/12/1909, o São José foi entregue ao público. Supunha-se, que uma inauguração desse porte, iria merecer grandes comemorações. A realidade foi diferente. A visita de Rui Barbosa a São Paulo atropelou os preparativos e os festejos. O candidato civilista à Presidência da República e famoso tribuno vinha à capital do Estado e às principais cidades precedido por intensa campanha jornalística. O Correio Paulistano, durante quase todo o mês de dezembro não fez outra coisa senão descrever, nas primeiras páginas, as homenagens que o candidato recebia e os banquetes de que participava.
De qualquer forma, tudo leva a crer que os próprios donos do empreendimento não estavam interessados em quaisquer pompas na inauguração do teatro. Anunciada para a noite de 27 de dezembro, a abertura deu-se no dia seguinte, sem os discursos usuais, sem brindes ou flores. Apenas a execução do Hino Nacional, sucedida pela protofonia do "Guarany", de Carlos Gomes.
Seguiu-se a apresentação da ópera "Gueisha", de Howen Hallo e Sidney Jones, com elenco da Cia. Ernesto Lahoz que estava fazendo temporada no Teatro Politheama e que se mudara, a partir daquela data, para a nova casa. O espetáculo de estréia do São José, um musical de aceitação pública, já havia sido representado na cidade, pela mesma companhia, 12 dias atrás. Na noite seguinte à estreia, o São José anunciou "I Saltimbanchi", do maestro Ganné, sucedendo-se "Sonho de Valsa", de Strauss e "A Viúva Alegre", de Franz Lehar, que fechou a temporada de 1909.
No início de 1910, apresentaram-se no local: o transformista Donnini, as companhias 'De Variedades Irmãos Giordano', a 'Silva Pinto' e a de operetas 'La Teatral'. No dia 3 de maio, quando era encenada a opereta "Vida Bohemia", de Herchmann, estava presente na plateia o poeta Olavo Bilac que, antes do espetáculo, ressaltou o progresso de São Paulo. Posteriormente, seguiram-se temporadas de outras companhias conhecidas..
De 29 de agosto até 16 de setembro de 1910, o Teatro São José permaneceu fechado, reabrindo com a Companhia de Operetas Zarzuelas Espanholas Sagi-Barba, que foi sucedida pela Cia. Dramática Grand Guignol. Após a despedida do elenco, ocorrida a 18 de outubro, o São José acolheu o mágico Watr, até 20 de novembro, entrando novamente em recesso até 23 de dezembro, quando estreou a Cia. Lírica Italiana Ratoli-Biloro, conjugada à Cia. Schiaffino que, em uma temporada admirável, encenou uma após outra, as seguintes óperas: Aída, Manon Lescaut, Cavalleria Rusticana, I Pagliacci, Rigoletto, Werner, Amico Fritz Il Guarany, La Traviatta, Tosca, La Gioconda, La Bohéme, Carmen, Il Trovatore, Faust, Um Ballo in Maschera e Mefistófele. Essa temporada acabou sendo o ponto mais alto de toda a programação do teatro. Após duas semanas de interrupção, o São José recebeu a Cia. Italiana de Operetas, Óperas Cômicas e Féeries Gattini-Angelini.
Depois de nova interrupção, em junho apresentaram-se as Companhias Du Théàtre Du Châtelet et de Paris, seguida pela Dramática Italiana, da atriz siciliana Mimi Aguglia. O começo do declínio: em 12/09/1911, o Teatro Municipal abriu suas portas em noite de gala, causando o primeiro engarrafamento de trânsito na cidade.
Como era de se esperar, o novo teatro oficial passou a atrair toda a vida cultural do município e o São José teve a sua programação drásticamente alterada. Depois de curta temporada com elencos de segunda linha, mal divulgados e assistidos por plateias reduzidas, foi obrigado a recorrer a uma fonte de renda alternativa e minguada: o aluguel das suas dependências para pequenas lojas, ateliês, oficinas de alfaiates e até mesmo como residências. Em 1919, o teatro já estava inteiramente desativado e agora, tendo a Assunção e Cia. como proprietária.
Nesta mesma época, a Light procurava um lugar onde pudesse instalar o seu escritório. Sediada inicialmente na Rua de São Bento, a empresa canadense se transferiu depois para a Rua Direita e em fins de 1907, mudou-se para a Praça Conselheiro Antonio Prado. A diversidade de empreendimentos que foram se acumulando (serviços de bondes, luz, força, telefone, gás e calefação) obrigaram-na a aumentar o seu quadro funcional e, consequentemente, sua sede. Além dos 920 metros quadrados de que dispunha na Praça Antonio Prado, mantinha no edifício da Companhia de Gás e Luz, o seu Departamento de Eletricidade; na Casa dos Carros, na Alameda Glete, tinha o seu setor de Tráfego e, nas salas da Companhia de Gás, parte do departamento jurídico.
Decidida a se mudar para um prédio próprio, que pudesse abrigar a totalidade da administração, a Light iniciou a procura do lugar ideal. Só durante o ano de 1916, a empresa havia recebido três propostas: a primeira foi a tentativa frustrada de adquirir o Palacete Prates na Rua Líbero Badaró; a segunda, datada do mês de junho, envolvia um prédio da Rua de São Bento e finalmente em agosto, surgiu a oferta de alguns imóveis sobreviventes das demolições durante a remodelação do Largo da Sé. A proposta inicial de negociar o Teatro São José, aconteceu em 03/06/1919. Três dias depois, a direção da Light respondeu laconicamente, não mostrando nenhum interesse. Contudo, 10 dias depois, reatou negociações que evoluíram lentamente até 27/06/1920, quando houve o desfecho.
Como proprietária do Teatro São José, a Light solicitou em juízo uma notificação aos locatários, concedendo 2 meses para que desocupassem o prédio. Com Madame Ravidadt, uma inquilina do teatro que sublocava quartos para encontros amorosos, a Light foi mais severa: apenas 30 dias. No mesmo pedido judicial requeria também, a retirada dos painéis de propagandas pertencentes às marcas Água Platina e ao Cimento Rodovalho, afixados na fachada. Não obstante a eficiência do seu departamento jurídico, a empresa só se viu livre dos moradores que herdara, em maio de 1923.
De posse do imóvel, tratou de adaptar o teatro às suas necessidades. Algumas das alternativas, arquivadas no departamento de patrimônio histórico da Light, previam a abertura de frestas laterais em todo o corpo do prédio, de maneira a permitir a entrada de luz e ar. Premida pela urgência, a Light transferiu para a ala administrativa do São José, o setor de recebimento de contas de luz — exatamente em 01/11/1923, dia de Todos os Santos. Esgotadas todas as possibilidades de adaptação do prédio, a Light concluiu que o melhor seria demolir o teatro e erguer no local sua sede central, o GOB, como passou a ser chamado o General Office Building da Light.
Em 1924, os arquitetos norte-americanos Preston & Curtis foram requisitados e apresentaram o projeto para a Light: um grande edifício capaz de conter o cérebro da organização canadense. Este, foi rapidamente elaborado, prevendo a possibilidade de ser construído em quatro fases distintas: na primeira, com cinco andares de escritórios e dois níveis intermediários, de frente para o Viaduto do Chá e fazendo esquina com a Rua Xavier de Toledo; na segunda, com andares equivalentes, voltados para a Rua Formosa; na terceira, com a construção de outra ala de andares, utilizando o lote de terreno na Xavier de Toledo, anteriormente ocupado pelo Bar e Restaurante Pan-Americano e por último, sobre esse derradeiro bloco, mais dez andares de escritórios.
Para a sua execução, foi contratado o Escritório Técnico Ramos de Azevedo, Severo&Villares S.A. A vantagem do projeto era a possibilidade de ser executado à medida que a empresa fosse se desenvolvendo e então, necessitando maiores espaços. A Light terminaria a primeira fase em 1929 e a segunda em 1941. O restante do projeto não seguiu adiante. Inicialmente, em 29/08/1924, foi assinado o contrato para a demolição do São José. A empresa encarregada foi a de Ramos de Azevedo. O valor do contrato foi de 80 contos de réis e o prazo 90 dias.
Rápidamente, a paisagem paulistana foi destituída de um edifício a que os pedestres já estavam acostumados a contemplar por 25 anos: o Teatro São José. Era o segundo com esse nome, pois existira anteriormente um homônimo no centro velho da cidade. Inaugurado inacabado em 1864 e concluido após mais de uma década, foi destruido por um incêndio em 15/02/1898.
O entulho resultante da demolição do segundo teatro São José (propriedade da Light), foi utilizado para o aterramento da área onde o mesmo Ramos de Azevedo seria o responsável pela construção do Mercado Central de São Paulo. Algumas peças decorativas — muitas de gosto duvidoso — como os mascarões e as esculturas em cimento que guarneciam as fachadas do Teatro São José, foram aproveitadas na decoração do exótico (ou seria excêntrico) aglomerado arquitetônico idealizado por Francisco de Castro, mestre de obras português que viria a ser denominado como Vila Itororó, situada à Rua Maestro Cardim, com os fundos para a Rua Martiniano de Carvalho, no Bexiga. O conjunto de casas resiste precária e valentemente às sucessivas ocupações, depredações e vandalismo. Os planos para sua eventual restauração estarão esquecidos em alguma gaveta burocrática? Será que o custo compensaria o benefício?
A imagem frontal, a partir da Esplanada do Municipal, foi tomada em circa 1908 e integra o Acervo do Instituto Moreira Salles. As outras 3, foram registradas em 10/1920 e sob ângulos diferentes, mostram o efêmero Theatro São José a partir do Viaduto do Chá, da Rua Formosa e Xavier de Toledo, respectivamente.

domingo, 3 de março de 2019

Theatro São José, São Paulo, Brasil


Theatro São José, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
N. 3
Fotografia - Cartão Postal

O Theatro São José foi um importante teatro existente na cidade de São Paulo. Inaugurado em 4 de setembro de 1864, seu primeiro edifício tinha capacidade para 1200 pessoas e estava localizado no Largo São Gonçalo, atual Praça Doutor João Mendes. Após um incêndio ocorrido às vésperas do carnaval de 1898 que destruiu o edifício, um novo Theatro São José foi construído ao lado Viaduto do Chá.
O novo teatro projetado pelo arquiteto Carlos Ekman tinha capacidade para 3000 pessoas e foi inaugurado em 28 de dezembro de 1909. Depois da inauguração do Theatro Municipal de São Paulo em 1911, o Theatro São José sofreu impacto em sua programação, permanecendo em atividade até 1919. Posteriormente foi adquirido pela Light São Paulo que passou a utilizar suas instalações até 1924, quando foi demolido e deu lugar ao Edifício Alexandre Mackenzie, inaugurado em 1929.
A criação do teatro foi decidida em 1854 na Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo, que autorizou por lei o governo a contratar a construção de um novo teatro para a cidade, pois a antiga Casa da Ópera, o primeiro teatro da cidade localizado no Pátio do Colégio, estava muito deteriorada.
No início houve uma indefinição sobre a localização do novo teatro. Havia a possibilidade de inaugurá-lo no Largo de São Francisco, onde hoje está a Escola de Comércio Álvares Penteado. Por fim foi decidido que o edifício seria localizado no Largo São Gonçalo, atual Praça Doutor João Mendes.
A construção ficou a cargo de Antônio Bernardo Quartim, mesmo empreiteiro responsável pela reforma da Casa da Ópera. Seriam sócios o governo e Quartim, que ficaria com a concessão do teatro por vinte anos. De acordo com o contrato assinado, o teatro teria “72 camarotes, cada um com 6 palmos de frente e 13 de fundo, uma tribuna decente para o Presidente, tudo cercado por corredores com suficiente largura, uma plateia com 350 assentos e 100 cadeiras, e, além disso, salas espaçosas para recreio, bem como para pintura e guarda-roupa, e 2 botequins no saguão, sendo as paredes do edifício de pedra”.
A pedra fundamental foi lançada em 7 de abril de 1858 com grandes comemorações e o engenheiro Francisco Antônio de Oliveira ficou responsável pelo projeto do edifício. O prazo inicial para a obra era de três anos, porém os constantes atrasos e solicitações de verbas adicionais provocaram a crítica da imprensa.
O teatro foi inaugurado em 4 de setembro de 1864 com apresentação da peça Túnica de Nessus, do estudante de direito Sizenando Nabuco. As instalações do teatro comportavam 1200 pessoas e foram inspiradas nas grandes casas europeias de espetáculo, porém o edifício ainda permanecia inacabado e em precárias condições, com a plateia ainda em chão de terra, permanecendo assim por um bom tempo. Quem quisesse sentar para melhor apreciar os espetáculos levava sua própria cadeira de casa.
Em 1868 o presidente da província de São Paulo, Saldanha Marinho, irritado com as obras infindáveis do edifício, determinou ao Procurador Fiscal do Tesouro que tomasse providências. Em 1870, por força de uma lei provincial, foi determinado a encampação do teatro. O efeito prático da lei surgiu somente em 1873, no governo de João Teodoro, quando foram constatadas todas as irregularidades na obra. Após ser encampado pelo governo, o Theatro São José passou para a administração de Antônio da Silva Prado, que reformou o edifício e concluiu o trabalho em março de 1876, quando o teatro foi inaugurado novamente.
Com o passar dos anos, o Theatro São José se consolidou como um importante polo cultural da cidade e passou a receber importantes companhias internacionais, como a famosa companhia de Ermete Novelli, que apresentou dez peças no local. Passaram pelo São José malabaristas japoneses, mágicos alemães, companhias dramáticas italianas e artistas como o maestro Arturo Toscanini, a atriz Sarah Bernhardt, Eugênia Câmara e o poeta Castro Alves, que fazia declamações de seu camarote. Além disso, o teatro passou a ser palco para as pregações abolicionistas de Antônio Bento.
Na madrugada de 15 de fevereiro de 1898, às vésperas do carnaval, um grande incêndio acabou destruindo o tradicional teatro. Dizem que um funcionário, preparando o teatro para o baile de carnaval, havia esquecido uma um bico de gás aberto. Ao amanhecer, o edifício ficou em ruínas, permanecendo apenas as paredes externas.
Após o incêndio que destruiu o edifício do teatro no Largo São Gonçalo, foi ordenada a construção de uma nova sede para o São José no começo do século XX, porém desta vez em outro local: ao lado do Viaduto do Chá.
Projetado em estilo eclético pelo arquiteto Carlos Ekman, o novo teatro foi inaugurado em 28 de dezembro de 1909. Em sua reabertura, foi executado o Hino Nacional, sucedido pela abertura da ópera Il Guarary, de Carlos Gomes. Seguiu-se com a apresentação da ópera Gueisha, de Howen Hallo e Sidney Jones, com elenco da Cia. Ernesto Lahoz. No dia seguinte foram anunciadas I Saltinbanchi, do maestro Ganné, sucedendo-se Sonho de Valsa, de Strauss e A Viúva Alegre, de Franz Lehár, que fechou a temporada de 1909.
O novo São José tinha capacidade para 3000 espectadores, distribuídos em 387 cadeiras na plateia, 39 camarotes, 28 frisas, 356 lugares no anfiteatro, 415 nos balcões e 629 nas galerias. Todos os lugares da plateia, que tinha forma tradicional de ferradura, possuíam uma visão privilegiada do palco, pois o projeto do edifício aproveitou o declive para o Vale do Anhangabaú, que se situava ao fundo, nas vizinhanças da rua Formosa. O local contava com salas para administração, sala de espera dos espectadores, instalação de bufê, sanitários e outros. O palco, um dos maiores de São Paulo até então, era adequado a qualquer tipo de espetáculo e tinha fosso de orquestra capaz de abrigar 70 músicos, treze camarins e quatro salas de comparsaria.
O teatro teve uma temporada de sucesso em 1910, trazendo artistas internacionais. Em 23 de dezembro estreou a Cia. Lírica Italiana Ratoli-Biloro, conjugada à Cia. Schiaffino, que encenaram, seguidamente, uma após a outra, as óperas: Aida, Manon Lescaut, Cavalleria Rusticana, I Pagliacci, Rigoletto, Werther, L'amico Fritz, Il Guarany, La Traviata, Tosca, La Gioconda, La Bohème, Carmen, Il Trovatore, Faust, Un ballo in maschera e Mefistófele. Essa temporada de óperas acabou sendo o ponto mais alto de toda a programação do teatro.
Após a inauguração do Theatro Municipal de São Paulo, em 1911, o Theatro São José teve sua programação fortemente alterada, passando a contar com temporadas curtas, elencos de segunda linha e plateias reduzidas. O teatro foi obrigado a recorrer às fontes de renda alternativa: aluguel das suas dependências para pequenas lojas, ateliês, oficinas de alfaiates e, até mesmo, residências. Em 1919 foi desativado como teatro e passou a pertencer à Assunção e Cia.
Neste Período, a Light São Paulo estava procurando um novo local para sediar suas atividades. Paulo Assunção, proprietário do teatro, ofereceu o edifício no dia 3 de junho de 1919, porém a empresa demonstrou desinteresse na proposta. Posteriormente as negociações foram retomadas e a empresa adquiriu o edifício 27 de junho de 1920.
Após comprar o teatro, a Light solicitou em juízo a notificação dos inquilinos, oferecendo 60 dias para que desocupassem o prédio. Houve um prazo especial de apenas 30 dias para Madame Ravidadt, uma inquilina do teatro que sublocava quartos para encontros amorosos. Foi também solicitada a retirada dos painéis de propagandas pertencentes à Água Platina e ao Cimento Rodovalho, afixados na fachada do teatro. A empresa só se viu livre dos inquilinos em maio de 1923.
Inicialmente a Light tentou adaptar o prédio às suas atividades, transferindo em 1 novembro de 1923 o setor de recebimento de contas de luz. Foram traçadas algumas alternativas para adaptação do prédio, porém a empresa concluiu que o melhor seria demolir o teatro e construir um edifício novo em seu lugar.
Em 29 de agosto de 1924 foi assinado o contrato para a demolição do edifício. O entulho resultante da demolição do Theatro São José serviu para o aterramento da área onde hoje existe o Mercado Municipal de São Paulo. As peças que ornavam as fachadas do teatro, como os mascarões e as esculturas em cimento, foram reaproveitadas na construção da Vila Itororó, então construída pelo comerciante português Francisco de Castro, onde permanecem decorando o local até hoje.
No local do Theatro São José foi construído o Edifício Alexandre Mackenzie, que durante muitos anos abrigou as atividades da Light São Paulo e posteriormente da Eletropaulo. Atualmente o edifício abriga Shopping Light.