Volkswagen Kombi Cabine Dupla, Brasil
Fotografia
Os anos 80
consagraram um mercado que já existia desde os primórdios da nossa indústria: o
das picapes de cabine dupla. Praticamente restrito ao universo das
transformações, ele se apoiava nas picapes grandes da Ford e da Chevrolet como
base.
Entre as
exceções, havia raras opções desenvolvidas a partir de furgões, ou seja, com a
dianteira de um monovolume. Foi assim com a Gurgel G-800, nascida como o
elétrico Itaipu E-400, e com a Fly, derivada da Poá Caravelle, produzida pela
Sulamericana a partir da mecânica Ford.
De série mesmo
só havia um representante, a VW Kombi de cabine dupla, apresentada em 1981.
Ela levava
além a praticidade do transporte da Cabrita, apelido da picape de cabine
simples, que existia desde 1967. Com espaço para seis pessoas mais carga,
atendia tanto a chamados profissionais quanto a missões de lazer.
Do lado
direito ficava a única porta de acesso ao banco de trás, a exemplo da antiga
Chevrolet Amazona – e que três décadas depois soaria como novidade no Hyundai Veloster.
A cabine dupla
veio com outras inovações técnicas. Se o motor 1.6 era oferecido desde 1975,
quando a Kombi sofreu a maior reestilização, a linha 1981 inaugurou a versão a
diesel, reconhecível pela grade do radiador ressaltada entre os faróis. Era a
única opção refrigerada a água na época.
Para os
passageiros de trás da cabine dupla, a divisória metálica junto ao encosto
dianteiro restringia o espaço das pernas.
Em janeiro de
1982, seria a vez de a QUATRO RODAS comprovar o maior mérito do motor a diesel:
seu baixo consumo. “A começar pelo uso urbano, onde fez 15,23 km/l (…) rodando
sem carga”, dizia a reportagem. “Para passar ao consumo rodoviário onde, a 80
km/h reais, fez 15,52 km/l vazio e 13,65 km/l carregado com 1 tonelada.”
Em 1982 surgiu
o modelo a álcool e, um ano depois, ela recebeu novos painel e volante. O freio
de mão foi do assoalho para baixo do painel, o cinto de segurança era de três
pontos e o freio a disco estreou na dianteira.
Foi a versão a
álcool, a mais vendida, que QUATRO RODAS testou em julho de 1983. Parecia outro
carro. Foram 5,61 km/l na cidade e 7,07 km/l na estrada, levando 1 tonelada.
O conforto
ganhou pontos com o volante mais vertical, o que diminuiu a sensação de dirigir
um ônibus. O apoio de cabeça era opcional, mas ainda faltava a inclinação do
encosto do banco e uma alavanca de câmbio mais alta para melhorar a posição de
dirigir.
O exemplar
1984 a álcool das fotos foi comprado novo pelo pai do atual dono, que diz
tratar-se de um modelo de exportação, caracterizado por carpete, bancos de
veludo, encosto de cabeça, ar quente e pintura saia e blusa. “Ela foi usada por
um ano para ir ao sítio da família ou à praia e costumava levar uma moto na
caçamba. Depois de 35.000 km, ficou dez anos parada. Desde então, só rodou 5
000 km.”
Curiosamente,
sua aposentadoria veio na mesma época em que as versões a diesel e cabine dupla
saíram de linha, em 1985.



























