Volkswagen Brasilia LS, Brasil
Fotografia
Quem tem mais
de 50 anos sabe que é impossível recordar os anos 70 sem trazer uma lembrança
da Brasilia.
Pequeno por
fora e grande por dentro, o “modelo 102” foi uma ideia do alemão Rudolf
Leiding, executivo responsável pela filial de São Bernardo do Campo até 1971.
Aliando a
confiabilidade do Fusca ao estilo avançado de Marcio Piancastelli e José
Vicente Martins, a Brasilia dominou o segmento da sua apresentação, em junho
1973, até o lançamento da caprichada versão LS, em 1979.
Até o auge da
produção, em 1978 (157.700 unidades), o popular VW recebeu discretas melhorias
técnicas e cosméticas, como dupla carburação, reforços estruturais, freios com
duplo circuito e lanternas caneladas inspiradas nos Mercedes-Benz.
A Brasilia LS
acabou sendo uma resposta à oferta de modelos muito mais modernos e
requintados, como o Chevrolet Chevette Super Luxo e o Fiat 147 GLS.
“Para quem foi
bem acostumado”, dizia a publicidade que orgulhosamente ostentava detalhes
prosaicos como o exclusivo friso lateral, as borrachas de proteção nos
para-choques e a pintura cinza-grafite das rodas e molduras dos faróis.
O interior
oferecia um requinte incomum: forração interna em carpete e bancos dianteiros
semelhantes aos do Passat, com apoios de cabeça integrados e regulagem do
encosto em três posições.
Monocromático,
o interior poderia ser encomendado em três cores: preto, marrom ou azul, em
combinações preestabelecidas entre as 14 opções de pintura da carroceria.
Destas, quatro
eram metálicas: azul Mônaco, castanho Barroco, cinza-grafite e o popularíssimo
verde Mantiqueira. Vidros verdes, console central, desembaçador traseiro e
rádio AM/FM com dois alto-falantes eram de série.
Parece pouco
hoje, mas era um diferencial enorme para um veículo desenvolvido para
substituir o igualmente rústico Fusca.
Custava menos
que os principais concorrentes e era imbatível no espaço interno, transportando
até cinco adultos em seus 4,01 metros de comprimento.
Difícil mesmo
era conversar: pouco se escutava com os dois carburadores, quatro cilindros e
oito válvulas trabalhando atrás do banco traseiro.
Quanto maior a
pressa, maior o barulho: o velho boxer 1.6 de 65 cv exigia 22,32 s para
acelerar os 908 kg da Brasilia de 0 a 100 km/h. O consumo médio de 12,28 km/l
era apenas adequado à sua proposta.
A riqueza do
acabamento contrastava com a pobreza do painel, dotado de luzes-espia, marcador
do nível de combustível e velocímetro otimista marcando 160 km/h – ela não
passaria dos 132 km/h nem na melhor das hipóteses.
E, quanto
maior a velocidade, maior o perigo: sensível a ventos laterais, a arcaica
suspensão traseira por eixos oscilantes era notória pela tendência ao
sobre-esterço, o que era acentuado pelos pneus diagonais.
Mesmo sem
assistência, a direção era leve e os freios tinham boa modulação. Eficientes,
os discos dianteiros ajudavam a parar sem desvios de trajetória.
Custando 8% a
mais que o modelo básico, a Brasilia LS 1980 recebeu novos bancos com apoios de
cabeça ajustáveis e retrovisor interno dia/noite.
Todo revisto,
o painel de instrumentos trazia relógio, velocímetro com hodômetros total e
parcial, marcador de combustível e um vacuômetro opcional.
Entre as cores
metálicas, o castanho Barroco e o verde Mantiqueira foram substituídos pelo
marrom Avelã e verde Turmalina.
Mas o capricho
no acabamento não manteve o interesse do público. As vendas foram seriamente
afetadas pela chegada de novidades, como o Chevette Hatch e o VW Gol, e tiveram
uma queda de 40% em 1980.
Afastada da
publicidade oficial, apenas 20.144 foram comercializadas em 1981 e a produção
foi encerrada em março de 1982. A Brasilia LS das fotos é um exemplar 1979, do
primeiro ano, e pertence ao colecionador Alexandre Arruda Pires.







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