quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Prédio Samuel Rochwerger, São Paulo, Brasil

 


Prédio Samuel Rochwerger, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


Localizado na esquina das ruas do Seminário e Capitão Salomão (nº27). Construído entre 1928-1930.

O Início do Futebol em São Paulo e o Campeonato Paulista de 1902 - Artigo

 


Imagem da final do Campeonato Paulista de 1902.



Time do SPAC em 1902.


Time do Paulistano em 1902.



O Início do Futebol em São Paulo e o Campeonato Paulista de 1902 - Artigo
Artigo


Em sua história, o campeonato paulista de futebol abrigou boa parte dos maiores craques do país e também muitos craques estrangeiros. Agora em 2022 o torneio atinge os seus 120 anos de existência com um saldo de pioneirismo, grandeza e passagens inesquecíveis.
Neste artigo abordaremos especificamente o nascimento do futebol em São Paulo, a criação da Liga Paulista de Football (precursora da atual Federação Paulista de Futebol), a fundação dos cinco primeiros clubes e a realização do campeonato paulista de 1902.
O futebol chegou ao Brasil em abril de 1894, mais precisamente na cidade de São Paulo, quando Charles Willian Miller (1874-1953) regressou de seus estudos na Inglaterra e trouxe em sua bagagem dois jogos de uniformes, duas bolas, uma bomba de ar e um livro das regras do esporte. Miller era brasileiro, nascido em São Paulo, no bairro do Brás, filho do engenheiro escocês John Miller com Carlota Joaquina Fox, brasileira filha de ingleses.
Um das primeiras ações de Charles Miller foi se associar ao São Paulo Atheltic Club (clube esportivo para prática do cricket entre os ingleses aqui residentes). Foi ele quem começou a incentivar os associados a praticarem o futebol e, de tanto defender o esporte, Miller finalmente conseguiu reunir, em 1895, 22 pessoas interessadas em realizarem uma partida nos moldes que conhecemos hoje. Este jogo foi realizado na Várzea do Carmo, próximo do atual Parque Dom Pedro II, reunindo os funcionários da São Paulo Railway (companhia ferroviária) contra os funcionários da The San Paulo Gaz Company (companhia de gás).
Após alguns anos apenas com partidas amistosas, foi em 1901 que os principais entusiastas do futebol se reuniram para fundar a primeira liga oficial do esporte, bem como planejar o primeiro campeonato em terras brasileiras. O principal articulador dessa empreitada era o esportista Antônio Casimiro da Costa (*1878 +1975).
Nascido na cidade de Santos, Antônio Casimiro da Costa passou boa parte de sua infância e adolescência estudando na Suíça. Ao retornar ao Brasil, ele constatou que o futebol já dava seus primeiros passos por aqui, inclusive com alguns clubes já fundados (abordaremos a fundação dos primeiros clubes mais adiante). Dessa maneira, Casimiro da Costa se filiou ao Sport Club Internacional, onde demonstrou ser um bom atacante. Ele também deu as principais dicas para um sapateiro da Avenida Ipiranga, chamado Caetano Lizzoni, fabricar a primeira bola brasileira.
Outro nome de destaque para a implantação do campeonato paulista foi o alemão Hans Nobiling (*1877 +1954).
Nascido em Hamburgo, no norte da Alemanha, Nobiling chegou à cidade de São Paulo em maio de 1897. Em sua bagagem ele trouxe uma bola de futebol e uma cópia dos estatutos do Club Germania (time de sua cidade natal). Sua meta, além da vida profissional, era difundir o futebol em nossa terra.

Os cinco primeiros clubes:



São Paulo Athletic Club (SPAC): Também conhecido como Clube Atlético São Paulo ou Clube Inglês, o SPAC foi fundado em 13 de maio de 1888 por um grupo de ingleses residentes em São Paulo que trabalhavam nas empresas britânicas aqui instaladas. Seus fundadores foram: Willian Fox Rule, Willian Snape, Peter Miller, Willian Speers, Charles Walker e Percy Lupton. Seu uniforme era camisa com listras verticais nas cores azul e branca, calção preto e meias pretas.



Associação Athletica Mackenzie College: A Universidade Presbiteriana Mackenzie foi fundada em São Paulo por um grupo de norte-americanos no ano de 1870. O professor Augusto Farinham Shaw chegou ao Brasil em 1897 e trouxe uma bola de basquete. Com tudo, os alunos da instituição, que já haviam ouvido falar do futebol, começaram a chutar a bola o invés de jogar com as mãos.
Dessa maneira, em 1898, foi criada a seção esportiva da universidade que ganhou o nome de Associação Athletica Mackenzie College. No ano seguinte alunos e ex-alunos mackenzistas introduziram de maneira oficial a pratica do futebol na agremiação. Seus principais idealizadores foram: José Sampaio, Mario Eppingaux, Carlos da Silveira, Cássio de Carvalho, Jessy Davi, Reynaldo Ribeiro, Alicio de Carvalho, Belfort Duarte, Manoel Paixão, Roberto Shalders, Paulo de Toledo, Rui Tibiriça, Mario Whately, Benedito Montenegro e Alberto Rufino. O professor August Shaw e René Vanorden eram os diretores esportivos.
O uniforme era camisa vermelha, calção branco e meias listradas na horizontal em vermelho e branco.



Sport Club Internacional: Como mostramos acima, o alemão Hans Nobiling chegou à cidade de São Paulo em 1897 e trouxe em sua bagagem uma bola de futebol e uma cópia do estatuto do Club Germania.
Sua intenção era fundar um clube da colônia alemã e, para isso, ele reuniu no dia 19 de agosto de 1899, na residência do Sr. Leopoldo Vila Real, na Avenida Senador Queiroz, um grupo de pessoas interessadas na prática do futebol. Eram elas: Henrique Vanorden, Antônio Campos, Júlio Vila Real, Ernesto Ey, Carlos Brasche, Christian Holland, Willian Holland, Frank Robboton, Andrew Robboton, Otto Schloembach, Victor Weisskopf, Otto Krischke, Carlos Guimarães, Nikolas Edwards, Alberto Savoy, José Alt, Cláudio Carvalho, Kurt Hartling, Franz Mikolasch, Germano Wahnschaffe e Rudolf Wahnscaffe.
A proposta inicial de Nobiling era que o clube recebesse o nome de “Germânia”. Porém, a maioria decidiu pelo nome Sport Club Internacional, já que nem todos eram descendentes de alemães. Contrariado, Hans Nobiling deixou o clube no mesmo dia da fundação por não aceitar o nome escolhido.
O uniforme do Internacional era camisa com listras verticais nas cores vermelha e preta, calção branco e meias pretas.



Sport Club Germânia: Hans Nobiling não se deu por vencido e trabalhou para ver um clube com as características que ele queria. Dessa maneira, no dia 7 de setembro de 1899, em um prédio na rua da Mooca, residência do senhor Rudolf Wahnschaffe Jr, Nobiling fundou o Sport Club Germânia. Ao seu lado estavam os irmãos Germano e Rudolf Wahnschaffe, Otto Behmer, Guilherme Kawall, Jorge Riether, Jung White, E. Deininger, Arthur Kirschner, Carlos Heniche, Max Engelhardt e Alfredo Lins.
Seu primeiro uniforme era camisa metade preta e metade azul, com calção preto e meias pretas (depois a camisa foi alterada para listras verticais em azul e preto).



Club Athletico Paulistano: O Paulistano nasceu no dia 30 de novembro de 1900, na esquina da rua Libero Badaró com o Viaduto do Chá. Na época existia no local uma rotisseria chamada Sportsman, que foi demolida quando toda área na ponta do viaduto foi comprada a construção da nova sede administrativa das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo (atualmente é a sede da prefeitura de São Paulo). Na Sportsman se reuniram os fundadores do Clube Atlético Paulistano, sob comando do Dr. Bento Pereira Bueno, jornalista e secretário de negócios do estado de São Paulo. Eram eles: Renato Miranda, Plínio da Silva Prado, Martinho da Silva Prado, Clóvis Glicério, Olavo de Barros, Sylvio Penteado, os irmãos Oscar e João da Costa Marques, Sampaio Vianna e Horácio Espíndola.
O uniforme do Paulistano era camisa branca, com os punhos vermelhos e calção branco e meias vermelhas.
 
O surgimento da Liga Paulista de Football:



Foi Antônio Casimiro da Costa (membro do Internacional) quem teve a ideia de fundar uma entidade que organizasse um campeonato oficial. Para isso, ele marcou uma reunião na sede do Internacional, que ficava na esquina das ruas José Bonifácio e São Bento, com representantes dos outros quatro clubes para explicar sua ideia:
“A proposta é criarmos a Liga Paulista de Football e realizarmos os jogos com o publico pagando um valor para assisti-los. Dessa maneira, 50% do valor arrecadado serão divididos igualmente entre os clubes, e os outros 50% ficarão para custear o dia a dia dos trabalhos da Liga”.
Ele se baseou no formato das ligas que conhecera na Europa e ainda prometeu, com dinheiro de seu próprio bolso, a aquisição de um troféu de prata para ser entregue ao vencedor do campeonato. O troféu, que foi batizado com o seu nome, foi obra de um ourives francês.
Participaram da histórica reunião no dia 13 de dezembro de 1901: (Internacional) Antônio Casimiro da Costa, Willian Holland, Antônio Queiroz e Tancredo do Amaral; (São Paulo Athletic) Charles Miller, Herbert Boyes e Richard W. Crome; (Mackenzie) Belfort Duarte, Robert Schols e Alicio de Carvalho; (Paulistano) Renato Miranda, Otávio de Barros e João da Costa Marques; (Germânia) Hans Nobling, Arthur Ravache e Jorge Riether.
Com a aprovação dos assuntos abordados, ficou marcada para o dia 19 de dezembro a eleição da primeira diretoria da Liga Paulista de Football, que ficou assim:
Presidente – Antônio Casimiro da Costa
Vice-Presidente – Hans Nobiling
Secretário geral – Arthur Ravache
Tesoureiro – Tancredo do Amaral

Os estádios:
No mesmo dia em que ficou decidida a composição da diretoria da Liga Paulista, também foram definidos os locais onde jogos aconteceriam:
Velódromo Paulistano – construído em 1896 para a prática do ciclismo, o Velódromo ficava na região da Consolação, entre as ruas Martinho Prado e Olinda, sendo adaptado para o futebol em 1902. Ele foi demolido em 1916 para a reurbanização da região (hoje estão no local a Rua Nestor Pestana e o Teatro Cultura Artística). Suas arquibancadas de madeira foram levadas para a construção de outro estádio chamado Campo da Chácara da Floresta.
Campo da Consolação – existe até hoje e fica dentro da sede do SPAC, na Rua Visconde de Ouro Preto, região central. Porém é preciso relembrar aos leitores que, atualmente, o campo serve apenas para o lazer dos associados do SPAC e não abriga jogos oficiais de clubes profissionais.
Parque Antarctica – situado na zona oeste da cidade, na divisa dos bairros Água Branca e Pompéia, ele foi construído em 1902 pela Cervejaria Antárctica. Parte do terreno era utilizada como depósito. Já o restante foi transformado em um espaço para confraternização dos funcionários da cervejaria e de suas famílias. Como o terreno era realmente muito grande, alguns meses após sua inauguração também fora construído um campo de futebol com arquibancadas de madeira. Nos primeiros anos o campo de futebol era arrendado pelo Germânia. Em 1920 todo o complexo do Parque Antárctica foi comprado pelo Palestra Italia (Sociedade Esportiva Palmeiras).
 
O Campeonato Paulista de 1902:
Os dirigentes decidiram que o campeonato paulista começaria no dia 3 de maio de 1902, com o duelo entre o Mackenzie e o Germânia.
Confira os resultados de todos jogos:
3/05 – Mackenzie 2 X 1 Germânia (jogo inaugural no Parque Antárctica)
8/05 – Paulistano 0 X 4 SPAC (Velódromo)
11/05 – Germânia 2 X 0 Internacional (Parque Antárctica)
13/05 – SPAC 3 X 0 Mackenzie (Velódromo)
29/05 – Internacional 1 X 1 Mackenzie (Velódromo)
7/06 – Paulistano 2 X 2 Mackenzie (Velódromo)
8/06 – SPAC 3 X 0 Internacional (Consolação)
15/06 – Paulistano 3 X 1 Internacional (Parque Antárctica)
29/06 – SPAC 0 X 1 Paulistano (Consolação)
14/07 – Germânia 0 X 2 Mackenzie (Parque Antárctica)
20/07 – Germânia 0 X 4 SPAC (Parque Antárctica)
27/07 – Germânia 0 X 2 Paulistano (Parque Antárctica)
3/08 – SPAC 3 X 0 Germânia (Consolação)
10/08 – Germânia 1 X 1 Internacional (Velódromo)
17/08 – Paulistano 1 X 1 Germânia (Velódromo)
24/08 – SPAC 0 X 0 Internacional (Consolação)
14/09 Paulistano 2 X 0 Internacional (Velódromo)
20/09 – SPAC 4 X 0 Mackenzie (Consolação)
4/10 – Paulistano 3 X 0 Mackenzie (Velódromo)
25/10 – Mackenzie 2 Internacional 1 (Consolação)
O certame chegou ao seu final com SPAC e Paulistano empatados na primeira colocação com apenas 4 pontos perdidos (sim, na época a classificação era por pontos perdidos e não por pontos ganhos).
Dessa maneira, a diretoria da Liga Paulista marcou para o dia 26 de outubro a partida desempate para se definir o campeão. A vitória no jogo e o título do primeiro campeonato paulista ficaram com o São Paulo Athletic Club.
Ficha técnica da final:
SPAC 2 X 1 Paulistano
SPAC: Jefrrey; G. Kenworthy e A. Kenworthy; Biddell, Wucherer e Heyeock; Boyes, Brough, Charles Miller, Mondadon e Blacklock
Paulistano: Jorge de Miranda; Guilherme Rubião e Thiers; Renato Miranda, Olavo Pais de Barros e Geraldo Pacheco; João da Costa Marques, Oscar Matos, Álvaro Rocha, Ibanez Salles e Edgard Barros
Gols: Charles Miller duas vezes no 1º tempo; Álvaro Rocha no 2º tempo
Árbitro: Rócio Egydio de Souza
Local: Campo do Velódromo

O que aconteceu com os clubes pioneiros?
SPAC – venceu quatro campeonatos paulistas: 1902, 1903, 1904 e 1911. Pela conquista dos três primeiros certames, o SPAC ficou com a posse definitiva do troféu Antonio Casimiro da Costa. Contrários às desavenças clubísticas surgidas dentro da Liga Paulista e também fortemente contrários ao movimento a favor do profissionalismo, os diretores do SPAC deliberaram, em 1912, que o clube não disputaria mais campeonatos oficiais e encerraram o departamento de futebol.
Germânia – foi campeão paulista duas vezes: 1906 e 1915. Sua diretoria também rejeitava o movimento para que o esporte se profissionalizasse e fechou o departamento de futebol do clube em 1933 (ano da instituição do profissionalismo no futebol brasileiro). No início dos anos 1940, com a Alemanha envolvida na Segunda Guerra Mundial, a agremiação foi obrigada a mudar de nome. Para quem não faz ideia, hoje o Germânia é o tradicional Esporte Clube Pinheiros.
Mackenzie – não venceu nenhum campeonato paulista principal, mas foi campeão de segundos quadros em 1913 e 1916 (o precursor dos campeonatos sub-20). Em 1920 se uniu à colônia portuguesa de São Paulo na fundação de um novo clube que representasse portugueses e mackenzistas. Dessa maneira nasceu o Mack-Port (Mackenzie + Portuguesa). A parceria se desfez em 1923, onde a Portuguesa continuou sua vida no futebol, e o Mackenzie se retirou definitivamente dos gramados.
Internacional – venceu os campeonatos de 1907 e 1928, sendo o segundo título conquistado na Liga dos Amadores do Futebol (LAF), entidade criada pelos clubes que não aceitavam a profissionalização do futebol. Já no início dos anos 1930, um grupo de novos diretores e sócios mudaram de ideia e aderiram ao profissionalismo. Porém o Internacional estava com problemas administrativos e com muitas dívidas financeiras. Em 1933 o clube se fundiu com o Antárctica Futebol Clube para dar origem ao Clube Atlético Paulista. Este novo clube se fundiu, em 1937, com o Clube Estudantes de São Paulo, então nasceu o Clube Estudantes Paulistas. No ano seguinte, em 1938, este novo time se fundiu com o atual São Paulo Futebol Clube.
Paulistano – venceu os campeonatos paulistas de 1905, 1908, 1913, 1916, 1917, 1918, 1919, 1921, 1926, 1927 e 1929, sendo os três últimos títulos pela Liga dos Amadores do Futebol (LAF). O Paulistano foi maior time da era do amadorismo. Realizou a primeira excursão de um clube brasileiro para a Europa, em 1925. Voltou com nove vitórias, uma derrota e sendo chamado de “Os reis do futebol”. Os membros da família Prado, do prefeito Antônio da Silva Prado, foram os grandes benfeitores do clube. Destaque para Antônio da Silva Prado Júnior, grande presidente e seu maior dirigente. O Paulistano construiu sua sede na região dos Jardins e também abrigou em suas fileiras o primeiro super craque da história do país: Arthur Friedenreich.Contrário ao movimento de profissionalização, o Paulistano criou a Liga dos Amadores em 1926, mas grandes clubes como Corinthians, Palestra Itália e Santos não quiseram participar dessa liga e rumaram para o profissionalismo. Com isso, no dia 8 de janeiro de 1930, a diretoria do Paulistano anunciou o fim do departamento de futebol do clube.
Nota: Devido as divergências entre dirigentes organizadores do campeonato com os dirigentes dos clubes, aconteceu de o futebol paulista possuir duas ligas e dois campeonatos em alguns anos. Estas são as entidades desde 1901:
LPF – Liga Paulista de Foot-Ball (1901 a 1916).
APEA – Associação Paulista de Esportes Atléticos (1913 a 1936).
LAF – Liga dos Amadores de Futebol (1926 a 1929).
LPFP – Liga Paulista de Futebol Profissional (1935 a 1940).
FPF – Federação Paulista de Futebol (a partir de 1941).
Texto de Júlio C. Ragazzi.

Jardim Zoológico, Bairro da Água Funda, São Paulo, Brasil



 

Jardim Zoológico, Bairro da Água Funda, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


Cenas do Jardim Zoológico da Água Funda. Na primeira imagem, o búfalo d'água e na segunda, a anta.

Igreja do Sagrado Coração de Jesus, 1953, São Paulo, Brasil

 


Igreja do Sagrado Coração de Jesus, 1953, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


Fachada da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, situada no largo homônimo. A imagem do Sagrado Coração que fica no alto da torre — visível de grande parte da região — foi ofertada por Dona Veridiana da Silva Prado. A construção da torre foi financiada por sua filha, a Condessa Pereira Pinto, sendo inaugurada em 1901. A cena nos sugere uma intervenção para manutenção ou limpeza.

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Antiga Sede do São Paulo Futebol Clube, Avenida São João, São Paulo, Brasil


 

Antiga Sede do São Paulo Futebol Clube, Avenida São João, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


Avenida São João, 1001 – 1º andar.
Foi sede de março de 1937 até setembro de 1938.
Situado onde hoje é a Praça Júlio Mesquita, nº 105, o pequeno prédio era de posse da firma de Ortiz e Gutierrez, que alugou o 1º andar para o trabalho administrativo do São Paulo Futebol Clube. Foi nesse local que nasceu o Grêmio São-Paulino, a primeira torcida organizada do Brasil.

Banca de Jornais e Revistas, Circa 1953, Centro, São Paulo, Brasil


 

Banca de Jornais e Revistas, Circa 1953, Centro, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
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A Polêmica Sobre o Resgate e Venda da Águia Nazista Recuperada do Naufrágio do Encouraçado Alemão Almirante Graf Spee no Uruguai - Artigo

 


Águia resgatada.


Águia resgatada.


A águia é resgatada no Uruguai.


Encouraçado Almirante Graf Spee.


Na imagem vê-se a águia na popa da embarcação (marcado com asterisco vermelho).


Encouraçado Almirante Graf Spee afunda ao largo da costa uruguaia em 17/12/1939.





A Polêmica Sobre o Resgate e Venda da Águia Nazista Recuperada do Naufrágio do Encouraçado Alemão Almirante Graf Spee no Uruguai - Artigo
Artigo


Texto 1:
O governo do Uruguai deve vender uma imensa águia nazista de bronze, resgatada de um navio de guerra da época da Segunda Guerra Mundial, decidiu um tribunal uruguaio nesta sexta-feira (22/06).
A águia de quase 350 quilos com uma suástica sob suas garras era parte da popa do encouraçado de batalha alemão Almirante Graf Spee, que foi afundado na costa do país sul-americano no começo da Segunda Guerra Mundial.
Por anos, o símbolo do Terceiro Reich tem sido objeto de controvérsia em torno de reivindicações alemãs de propriedade e objeções contra a peça ser exibida em público ou vendida.
A corte do Uruguai decidiu que a águia, que está armazenada em caixa de madeira num depósito naval, deve ser leiloada dentro de 90 dias, e os lucros, divididos entre os investidores do projeto que recuperaram a relíquia do fundo do Rio da Prata.
Segundo o jornal uruguaio El País, no passado, houve ofertas entre 9 milhões e 59 milhões de euros (39 milhões a 256 milhões de reais) pelo objeto histórico.
Anteriormente, a Alemanha já havia dito ser contra a comercialização de quaisquer símbolos do regime nazista, mas apoiaria a apresentação da águia dentro de um contexto histórico apropriado, como num museu.
Investidores privados com o apoio do governo do Uruguai realizaram trabalhos de resgate em 2004 para remover o pesado cruzador do Rio da Prata, já que o naufrágio representava um perigo para as rotas de navegação.
Em 2006, mergulhadores contratados pela família Etchegaray, que está por trás do projeto, descobriram a águia. Ela foi brevemente exposta em Montevidéu após ser restaurada. Posteriormente, foi levada ao depósito depois que a Alemanha protestou contra a exibição de "parafernália nazista".
O Graf Spee afundou vários navios mercantes aliados no Atlântico Sul antes que dois cruzadores britânicos e um da Nova Zelândia o interceptassem e danificassem durante a Batalha do Rio da Prata, que começou em 13 de dezembro de 1939.
Em seguida, o capitão Hans Langsdorff manobrou o navio para o porto de Montevidéu, onde foram lhe concedido três dias para remover marinheiros feridos e mortos. Ele então ordenou que o navio fosse afundado no estuário ao largo da costa, para impedir que os aliados tivessem acesso à sua tecnologia.
Os direitos sobre os destroços foram comprados em 1940 do governo alemão por espiões britânicos usando uma empresa de fachada uruguaia, para avaliar a tecnologia e o design de última geração do navio.
Em 1973, o Uruguai emitiu um decreto reivindicando a propriedade de todos os naufrágios em suas águas.
Texto 2:
O Uruguai enfrenta um delicado problema que evoca os tempos da Segunda Guerra Mundial: como vender uma águia de bronze que pertenceu a um encouraçado nazista?
A questão agora está sendo debatida, depois que a justiça uruguaia ordenou que o Estado se desfaça da peça — que tem uma suástica sob as garras do pássaro —, para pagar a quem a extraiu do fundo do Rio da Prata.
O emblema pertencia ao Admiral Graf Spee, um sofisticado navio de guerra do Terceiro Reich afundado na Baía de Montevidéu após uma batalha com navios britânicos em 1939.
Para o governo uruguaio, a questão tornou-se mais pesada do que as três toneladas que a escultura de bronze e as asas estendidas marcam na balança.
Tanto a Alemanha quanto as organizações judaicas alertam que existe o risco de que o símbolo vá a leilão e contribua para exaltar o nazismo.
"Alemanha e Uruguai compartilham o interesse de que o objeto não seja leiloado e, portanto, não seja usado incorretamente para glorificar o regime nazista", disse uma fonte oficial do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha à BBC Mundo.
Mas, para entender como se chegou a essa situação, é preciso voltar no tempo.
A Batalha do Rio da Prata, que ocorreu no Graf Spee em 13 de dezembro de 1939, foi um dos primeiros duelos navais entre a Alemanha e o Reino Unido na Segunda Guerra Mundial.
Foi também a única batalha daquele conflito bélico em águas latino-americanas.
O veloz navio alemão, um "encouraçado de bolso" com seis canhões de 280 milímetros, cruzava o Atlântico Sul caçando navios aliados quando três cruzadores (navios de guerra) britânicos o avistaram e enfrentaram perto de Punta del Este, no litoral sul do Uruguai.
Após intensos combates que ceifaram mais de cem vidas, o Graf Spee foi afundado na baía de Montevidéu por ordem de seu próprio capitão, Hans Langsdorff, que temia que os britânicos se apoderassem de sua tecnologia.
Dias depois, Langsdorff suicidou-se em Buenos Aires.
O navio, com sua águia de bronze com mais de dois metros de altura ainda na popa, permaneceu no fundo do Rio da Prata por 67 anos, até que uma empresa privada recuperou a escultura em 2006.
A tarefa foi realizada com "visibilidade zero e risco muito alto devido ao ferro retorcido do navio, que se partiu em dois", diz Alfredo Etchegaray, um profissional de relações públicas uruguaio e organizador de eventos, que promoveu a missão com seu irmão após um acordo com o Estado de seu país.
Junto com a águia, porém, surgiram problemas inesperados.
Etchegaray queria leiloar a peça, mas as autoridades uruguaias na época congelaram os planos por suspeitas de que o certame poderia atrair simpatizantes do nazismo.
Após ficar um mês exposta em um hotel em Montevidéu, a águia foi mantida em um complexo militar sob custódia da Marinha uruguaia.
A disputa foi à Justiça e um tribunal de apelações do Uruguai confirmou em 24 de dezembro uma decisão de que o Estado deve vender a escultura e entregar metade do dinheiro obtido aos resgatistas privados, com base no contrato entre as partes.
O governo uruguaio ainda pode levar o assunto ao Supremo Tribunal de Justiça, e o Ministério da Defesa do país antecipa que "certamente se recorrerá" da sentença.
"Ainda há um longo caminho a percorrer", disse uma fonte da pasta à BBC Mundo. "A posição do governo é garantir por todos os meios que isso não leve de forma alguma a qualquer tipo de culto nazista."
Mas Carlos Rodríguez Arralde, advogado de Etchegaray, diz que "chama a atenção" que ninguém do Estado uruguaio tenha se comunicado com eles em busca de uma solução.
"Se [o Estado] não chegar a um acordo conosco, ele tem que vender as peças", diz.
Seu cliente diz que, em um leilão internacional com diferentes licitantes, ele acredita que poderiam ser obtidos cerca de US$ 50 milhões (R$ 270 milhões) pela águia.
Com a confirmação da decisão da Justiça uruguaia, nas últimas semanas ressurgiram as preocupações sobre o que acontecerá com o antigo emblema do Graf Spee.
Objetos desse tipo têm três destinos possíveis, diz Ariel Gelblung, diretor para a América Latina do Simon Wiesenthal Center, uma organização judaica global de direitos humanos que investiga o Holocausto e o ódio em contextos históricos e contemporâneos.
Uma possibilidade é que alguém queira ter a peça trancada em casa, explica. Outra, que sirva para expor os danos causados ​​pelo regime nazista. Segundo o especialista, nenhuma dessas alternativas seria censurável.
"A terceira [opção é que comprem] para reivindicar o que aconteceu. Esse caso acreditamos estar no âmbito criminal e essa é a preocupação", diz Gelblung.
No entanto, um empresário argentino radicado no Uruguai expressou outra motivação para adquirir a águia nazista: destruí-la completamente e evitar que se tornasse objeto de culto.
"Assim que a tiver em meu poder, imediatamente a explodirei em mil pedaços", disse Daniel Sielecki ao jornal Correo de Punta del Este. "Cada peça resultante da explosão será pulverizada."
Etchegaray, por sua vez, traça um "plano B" diferente para a venda: destinar a águia a um memorial pela paz em Punta del Este, com uma tela no lugar da suástica, que exiba imagens dos tempos da guerra.
Mas ele defende que, além de um consenso entre as partes, isso exigiria uma indenização milionária para os indivíduos que recuperaram a escultura, incluindo parentes do falecido mergulhador Héctor Bado.
"Juntando um valor próximo a US$ 10 milhões [R$ 54 milhões], tudo pode ser resolvido", diz Etchegaray. "Tenho três filhos adotivos e dois filhos meus. Tenho a responsabilidade de deixar a eles pelo menos o suficiente para pagar seus estudos."
Texto 3:
Em 2006, o mergulhador uruguaio Héctor Bado encontrou, no fundo do Rio da Prata, os destroços do couraçado alemão Graf Spee, afundado no início da Segunda Guerra Mundial pelo seu próprio comandante, nos arredores do porto de Montevidéu.
Financiado por dois empresários locais, os irmãos Alfredo e Felipe Etchegaray, ele, então, sacou dos restos do naufrágio a parte mais emblemática daquele histórico navio, na época o mais poderoso da Marinha Alemã: uma grande águia feita de bronze, com as asas abertas e a suástica nazista presa em suas garras, perto de 400 quilos de peso, que decorava a proa do casco do couraçado.
Começava ali uma novela, que, até hoje, quase duas décadas depois, ainda não terminou — e que teve um novo capítulo na semana passada, quando o atual presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, anunciou um infeliz projeto, que ele mesmo havia concebido: derreter a águia e transformá-la na escultura de uma pomba, símbolo universal da paz.
O que, aos olhos do presidente uruguaio, pareceu ser uma boa solução para o incômodo objeto, que remete diretamente ao nazismo (e que, há nove anos, repousa dentro de uma caixa, em um depósito da Marinha Uruguaia, após o governo ter confiscado a peça dos seus descobridores, ao cabo de uma longa disputa judicial), caiu feito uma bomba entre historiadores, acadêmicos, museólogos e até membros da própria coalização política que dá apoio ao atual governo do Uruguai — sem falar no empresário Alfredo Etchegaray, que financiou o resgate da polêmica peça, mas que teve que entregá-la ao governo uruguaio, por determinação da justiça, e nunca recebeu um centavo por isso.
"Derreter aquela peça histórica para criar uma imagem artística é um completo absurdo", revoltou-se o empresário, ao saber da proposta do presidente — por quem, no entanto, ele diz ter "muita consideração". "É como retirar um bloco de pedra do Coliseum de Roma para fazer uma estátua de arte moderna".
A gritaria foi tamanha que, apenas dois dias após anunciar o seu plano — que já tinha até um artista plástico contatado para executar a obra —, o presidente do Uruguai voltou atrás.
"Uma esmagadora maioria não concorda com o projeto, e, se queremos a paz, a primeira coisa é buscar a unidade. Reafirmo que era uma boa ideia, mas um presidente precisa saber ouvir e representar o povo", disse Lacalle Pou, visivelmente constrangido com a situação.
Com isso, voltou à estaca zero o destino que será dado à controversa imagem, que, desde que foi retirada do navio afundado, virou uma dor de cabeça para o governo uruguaio, que, aparentemente, não sabe o que fazer com ela.
"Eu sei", diz Alfredo Etchegaray. "O lugar águia do Graf Spee é em um museu, já que é uma peça histórica. Sempre defendi isso, mas nunca fui ouvido pelos governantes do meu país. Temos que instruir, não destruir nossa História. Não podemos mudar o passado, mas podemos melhorar o futuro. As próximas gerações precisam saber o que foi o nazismo, e essa águia simboliza o que foram aqueles anos sombrios", diz o empresário, que garante ter gasto uma pequena fortuna para financiar o resgate da peça e, por isso, exige sua parte.
"O governo do Uruguai tem que honrar o contrato que assinou conosco na época do resgate. Ele previa que a águia seria enviada a um museu ou vendida para uma entidade cultural, e nós teríamos direito a metade do que ela vale", diz Etchegaray, tocando no ponto central da questão: a compensação financeira que ele sempre alegou ter direito de receber — e que o governo uruguaio desconversa, afirmando que o contrato não foi cumprido integralmente, porque apenas as partes do navio que interessavam ao empresário foram removidas, e não todos os escombros, que até hoje atrapalham a navegação nas imediações do porto da capital uruguaia.
E quanto vale a águia de bronze do Graf Spee?
"Difícil dizer, porque é um objeto histórico, com valor incalculável", exagera o empresário. "Mas estimo uns 60 milhões de dólares", diz Etchegaray, que sempre foi contestado pelo governo uruguaio, tanto no direito que alega ter sobre 50% do valor da peça, quanto no que diz que ela vale.
Nove anos atrás, Etchegaray conseguiu uma vitória parcial no caso, quando a justiça uruguaia determinou que a águia fosse leiloada, e parte do dinheiro arrecadado fosse destinado aos financiadores do seu resgate (o mergulhador Héctor Bado, que achou o objeto, morreu anos atrás, também sem nada receber por ele).
Mas, amparado na gritaria de entidade judaicas — e também do governo da Alemanha —, que temiam que a peça fosse arrematada por simpatizantes do regime nazista, o governo uruguaio recorreu da decisão, e a Suprema Corte do país decidiu que a polêmica peça passaria, então, a ficar sob a guarda do Estado, situação que permanece até hoje.
E sem nenhuma solução à vista, a não ser a destrambelhada proposta do presidente Lacalle Pou, de derreter a peça e transformá-la em uma "pomba da paz".
"Se querem fazer um símbolo de paz, que usem qualquer material, não o bronze da águia do Graf Spee, que é um objeto histórico", argumenta Etchegaray, que, enquanto esteve em poder da peça, chegou a colocá-la em exibição em um hotel de Montevidéu, de onde foi retirada, após a decisão da corte uruguaia.
Desde então, a polêmica imagem jaz em uma caixa de madeira, em um depósito, sob custódia da Marinha uruguaia, sem que ninguém do governo saiba o que fazer com ela.
Com sua proposta da semana passada, o presidente Lacalle Pou tentou livrar da batata quente que tem nas mãos, mandando, na prática, destruir o objeto.
Mas o plano fracassou.
Aguarda-se, agora, os próximos capítulos de uma novela que vem se arrastando desde que a imagem símbolo do couraçado Graf Spee foi resgatada do fundo do Rio da Prata, 67 anos após o teatral naufrágio do então principal navio de Hitler na Segunda Guerra Mundial pelo seu próprio comandante, o oficial Hans Langsdorff, que se matou em seguida, para que os segredos do navio não caíssem em mãos inimigas.
Nota do blog: Minha visão é que essa peça tem que ir para um museu, igual milhares de outras peças desse tema. Até porque destruí-la não vai mudar o que aconteceu, penso que deve ser conservada e ser objeto de estudo, para que as próximas gerações saibam o que aconteceu e não repitam os mesmos erros.