Mostrando postagens com marcador Nazismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Nazismo. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Propaganda "Deutsche Lufthansa", 1938, Lufthansa, Alemanha





 



Propaganda "Deutsche Lufthansa", 1938, Lufthansa, Alemanha
Propaganda


Original vintage travel poster advertising Deutsche Lufthansa featuring a dynamic Art Deco style illustration of a propeller plane marked with the Lufthansa crane logo and German Nazi swastika flag (*) on the tail, flying at speed in front of an image of a lady shooting a bow and arrow in red on the green and yellow shaded background, the bird logo in white with the stylised text below reading: Hurtigt til Maalet Deutsche Lufthansa Generalrepraesentant for Danmark Det Danske Luftfartselskab AS / Fast to the Goal Deutsche Lufthansa General Representative for Denmark Det Danske Luftfartselskab AS. (*Note: the 1935-1945 flag of Germany featuring the swastika has been covered in the image but appears as originally printed on the poster itself.) Formed in 1926, Deutsche Luft Hansa A.G. became Deutsche Lufthansa in 1933; the company's crane logo was designed by Otto Firle in 1918.
Nota do blog: Posteriormente encontrei um poster que mostra a suástica (imagem 2 do post), Por mais que a Lufthansa tente dizer o contrário, a empresa teve, sim, relações com o regime nazista.

Propaganda "Junkers Ju 52", Circa Anos 30, Lufthansa, Alemanha


 

Propaganda "Junkers Ju 52", Circa Anos 30, Lufthansa, Alemanha
Propaganda


Original vintage aviation poster depicting a cutout cutof of Lufthansa Junkers Ju 52 airplane named Bolcke. The posters was published in Nazi Germany and the plane bears a swastika on it's tale. The Junkers Ju 52/3m, nicknamed Tante Ju ("Aunt Ju") and Iron Annie is a German trimotor transport aircraft manufactured from 1931 to 1952. Initially designed with a single engine but subsequently produced as a trimotor, it saw both civilian and military service during the 1930s and 1940s. In a civilian role, it flew with over twelve air carriers including Swissair and Deutsche Luft Hansa as an airliner and freight hauler. In a military role, it flew with the Luftwaffe as a troop and cargo transport and briefly as a medium bomber. The Ju 52 continued in postwar service with military and civilian air fleets well into the 1980s.

Lufthansa e o Nazismo - Artigo







Lufthansa e o Nazismo - Artigo
Artigo


A Lufthansa colaborou com o regime nazista e fez amplo uso de trabalhadores forçados, afirma o historiador alemão Lutz Budrass.
Budrass lançou o livro Adler und Kranich. Die Lufthansa und ihre Geschichte 1926 – 1955 (A águia e o grou. A Lufthansa e a sua história de 1926 a 1955), no qual conta a história da primeira Lufthansa, que foi liquidada pelos Aliados depois da Segunda Guerra Mundial. O grou é a ave-símbolo da empresa.
A atual Lufthansa, apesar de não ser sucessora de direito da antiga empresa, assumiu vários símbolos da primeira, como o nome, as cores e o grou, e foi refundada por pessoas que tiveram uma participação decisiva na primeira Lufthansa.
Segundo Budrass, a primeira Lufthansa era parte do regime nazista e colaborou para erguê-lo. "Ela se uniu aos nazistas já nas primeiras horas, mais especificamente a Hermann Göring", afirmou.
O historiador afirma que a primeira Lufthansa, fundada em 1926, serviu de fachada para o rearmamento aéreo da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial. Esse rearmamento aconteceu de forma sigilosa de 1933, quando os nazistas chegaram ao poder, até 1935. "Ela era uma força aérea disfarçada."
"O grande objetivo, traçado em 1925 e 1926, era em algum momento voltar a ter uma força aérea armada, que havia sido proibida depois da Primeira Guerra Mundial", disse Budrass.
No livro, o historiador aborda também o uso de trabalhadores forçados pela empresa área. Segundo ele, a Lufthansa arranjava, ela mesma, os seus trabalhadores forçados. "Com as oficinas de conserto no Leste, ela está em condições de capturar ela mesma trabalhadores forçados, que depois eram transportados para a Alemanha. E entre elas havia, em grande parte, crianças."
No final dos anos 1990, a Lufthansa lhe deu acesso aos arquivos da empresa e o contratou como historiador para um estudo sobre trabalhos forçados durante o regime nazista. Agora o senhor publicou o livro Adler und Kranich. Die Lufthansa und ihre Geschichte 1926 – 1955 (A águia e o grou. A Lufthansa e a sua história de 1926 a 1955). O que aconteceu?
Budrass: Eu escrevi, entre 2000 e 2001, um estudo sobre trabalhos forçados para a Lufthansa. Na época, ele não foi publicado. Desde então eu refleti sobre o porquê de a Lufthansa lidar dessa maneira com a sua história. O resultado é o livro Adler und Kranich, no qual eu conto a história de 1926 a 1955.
Se, para fins comparativos, você pegar o livro oficial da Lufthansa sobre a sua história, com o título Sob o signo do grou, verá que nele o todo se divide em duas partes: numa parte, uma história maravilhosa da primeira Lufthansa, com inúmeras fotos, e aí, bem atrás, dentro de uma pequena folha de plástico, o meu estudo – num papel que é provavelmente o mais fino disponível no mercado alemão.
Eu considero essa divisão errada. Não há uma história boa e uma história má. É necessário ver os dois lados para compreender uma empresa. Ao que parece, ainda hoje a Lufthansa não está disposta a isso.
Até hoje, a Lufthansa argumenta que não é a sucessora de direito da antiga empresa Deutsche Lufthansa e, por isso, não tem nada que ver com a história antes da refundação, em 1953. Como o senhor vê isso?
Há uma primeira e há uma segunda Lufthansa. Sobre isso não há o que discutir. A primeira Lufthansa foi fundada em 6 de janeiro de 1926, a segunda, em 6 de janeiro de 1953. Por um lado, a empresa quer se distanciar dos crimes de que participou, na época do nazismo. Mas, por outro lado, quer usar as fotos da aviação dos anos 1920: essas belas imagens do ressurgimento da Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial, do entendimento entre os povos, de paz, de aventura.
Que tipo de empresa a Lufthansa era nos anos de 1920 e 1930?
Em primeira linha, uma empresa estatal. O grande objetivo, traçado em 1925 e 1926 no Ministério da Aviação do Reich e na Reichwehr (Forças Armadas), era em algum momento voltar a ter uma força aérea, que havia sido proibida depois da Primeira Guerra Mundial. A Lufthansa era um veículo importante para se alcançar isso. Ela deveria ser um cliente seguro dos produtos da indústria da aviação civil alemã. Esse é o real começo da Lufthansa, envernizado com a ideia da aviação como símbolo do ressurgimento da Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial, uma nação com reconhecimento internacional.
"Reconhecimento internacional" – isso era algo que sobretudo os nazistas queriam. Em que medida a Lufthansa se tornou parte do regime entre 1933 e 1945?
A Lufthansa se tornou, com certeza, parte do regime. Ela até mesmo colaborou para erguer esse regime. Ela se uniu aos nazistas já nas primeiras horas, mais especificamente a Hermann Göring. Em fins de janeiro de 1933, Göring nomeou o chefe da Lufthansa, Erhard Milch, vice no Comissariado da Aviação, mais tarde Ministério da Aviação. A partir desse momento, a Lufthansa passou a servir de fachada para o rearmamento aéreo, que aconteceu de forma sigilosa até 1935. Ela era uma força aérea disfarçada.
Em que medida a Lufthansa se torna culpada por crimes de guerra?
Durante a guerra, a Lufthansa não tinha de fato uma função, já que a Força Aérea havia assumido as tarefas dela. Ela precisava achar uma função substituta e a encontrou no conserto de aviões. Como todas as outras empresas, a partir de um determinado momento ela passa a depender de trabalhadores forçados. Havia cerca de 7 milhões deles na Alemanha. O que diferenciava a Lufthansa de outras empresas é que ela regularmente explorava os trabalhadores forçados para acumular meios para, depois da Guerra, poder retornar à aviação civil. A Lufthansa lucrou com seus trabalhadores forçados.
O senhor escreve no seu livro que, desde o começo, judeus foram forçados a trabalhar em Tempelhof e, mais tarde, transportados para campos de concentração sem que a Lufthansa fizesse algo para impedir isso. E que a empresa recrutava trabalhadores forçados no front, nas chamadas oficinas de conserto.
O aspecto interessante aqui é que a Lufthansa, ao contrário de outras empresas, arranjava ela mesma os seus trabalhadores forçados. Com as oficinas de conserto no Leste, ela está em condições de capturar ela mesma trabalhadores forçados, que depois eram transportados para a Alemanha. E entre eles havia, em grande parte, crianças.
Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, a Lufthansa foi chamada a prestar contas pelos crimes que cometeu?
Não, como a maioria das empresas, a Lufthansa não foi chamada a prestar contas. Mas, ao contrário de outras empresas, ela teve um destino bem amargo: foi declarada parte da Luftwaffe (Força Aérea) e teve que ser dissolvida. A liquidação foi executada em 1951. Até então, um ressurgimento da aviação civil na Alemanha era impensável, já que os Aliados, depois da experiência da Primeira Guerra Mundial, queriam proibir os alemães de qualquer participação na aviação para sempre. Essa proibição durou até 1955.
Aqui alguém poderia dizer: mas a Lufthansa tem razão, houve uma ruptura depois de 1945. Em 1953, a empresa foi refundada. Por que o senhor afirma que isso não é verdade?
Em parte, a Lufthansa foi refundada em 1953 pelas mesmas pessoas que a haviam fundado em 1926. Elas são Kurt Weigelt, que, na condição de vice-presidente do conselho de administração, teve um papel dominante na primeira Lufthansa, e Kurt Knipfer, que, como antigo funcionário prussiano, participou da liderança da Lufthansa até 1945. Ele virou um dos principais fundadores da segunda Lufthansa, como autoridade no Ministério dos Transportes. Há uma grande continuidade de pessoal.
Nos últimos anos, outras empresas alemãs – mesmo as famílias Quandt e Dr. Oetker – permitiram que o passado nazista de suas famílias e empresas fosse elucidado. Por que justamente a Lufthansa não desenvolveu até hoje essa consciência?
Acredito que ainda há muitos setores da economia alemã que lucram com determinadas imagens históricas, na medida em que fazem publicidade com elas. Justamente a aviação civil nunca colocou isso em questão – apesar de essas imagens serem dos anos 1920 (os tempos da primeira aviação) e do nazismo. Como a Lufthansa quer continuar usando essas imagens para o seu marketing, ela não está disposta a colocar em questão toda a época.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

A Polêmica Sobre o Resgate e Venda da Águia Nazista Recuperada do Naufrágio do Encouraçado Alemão Almirante Graf Spee no Uruguai - Artigo

 


Águia resgatada.


Águia resgatada.


A águia é resgatada no Uruguai.


Encouraçado Almirante Graf Spee.


Na imagem vê-se a águia na popa da embarcação (marcado com asterisco vermelho).


Encouraçado Almirante Graf Spee afunda ao largo da costa uruguaia em 17/12/1939.





A Polêmica Sobre o Resgate e Venda da Águia Nazista Recuperada do Naufrágio do Encouraçado Alemão Almirante Graf Spee no Uruguai - Artigo
Artigo


Texto 1:
O governo do Uruguai deve vender uma imensa águia nazista de bronze, resgatada de um navio de guerra da época da Segunda Guerra Mundial, decidiu um tribunal uruguaio nesta sexta-feira (22/06).
A águia de quase 350 quilos com uma suástica sob suas garras era parte da popa do encouraçado de batalha alemão Almirante Graf Spee, que foi afundado na costa do país sul-americano no começo da Segunda Guerra Mundial.
Por anos, o símbolo do Terceiro Reich tem sido objeto de controvérsia em torno de reivindicações alemãs de propriedade e objeções contra a peça ser exibida em público ou vendida.
A corte do Uruguai decidiu que a águia, que está armazenada em caixa de madeira num depósito naval, deve ser leiloada dentro de 90 dias, e os lucros, divididos entre os investidores do projeto que recuperaram a relíquia do fundo do Rio da Prata.
Segundo o jornal uruguaio El País, no passado, houve ofertas entre 9 milhões e 59 milhões de euros (39 milhões a 256 milhões de reais) pelo objeto histórico.
Anteriormente, a Alemanha já havia dito ser contra a comercialização de quaisquer símbolos do regime nazista, mas apoiaria a apresentação da águia dentro de um contexto histórico apropriado, como num museu.
Investidores privados com o apoio do governo do Uruguai realizaram trabalhos de resgate em 2004 para remover o pesado cruzador do Rio da Prata, já que o naufrágio representava um perigo para as rotas de navegação.
Em 2006, mergulhadores contratados pela família Etchegaray, que está por trás do projeto, descobriram a águia. Ela foi brevemente exposta em Montevidéu após ser restaurada. Posteriormente, foi levada ao depósito depois que a Alemanha protestou contra a exibição de "parafernália nazista".
O Graf Spee afundou vários navios mercantes aliados no Atlântico Sul antes que dois cruzadores britânicos e um da Nova Zelândia o interceptassem e danificassem durante a Batalha do Rio da Prata, que começou em 13 de dezembro de 1939.
Em seguida, o capitão Hans Langsdorff manobrou o navio para o porto de Montevidéu, onde foram lhe concedido três dias para remover marinheiros feridos e mortos. Ele então ordenou que o navio fosse afundado no estuário ao largo da costa, para impedir que os aliados tivessem acesso à sua tecnologia.
Os direitos sobre os destroços foram comprados em 1940 do governo alemão por espiões britânicos usando uma empresa de fachada uruguaia, para avaliar a tecnologia e o design de última geração do navio.
Em 1973, o Uruguai emitiu um decreto reivindicando a propriedade de todos os naufrágios em suas águas.
Texto 2:
O Uruguai enfrenta um delicado problema que evoca os tempos da Segunda Guerra Mundial: como vender uma águia de bronze que pertenceu a um encouraçado nazista?
A questão agora está sendo debatida, depois que a justiça uruguaia ordenou que o Estado se desfaça da peça — que tem uma suástica sob as garras do pássaro —, para pagar a quem a extraiu do fundo do Rio da Prata.
O emblema pertencia ao Admiral Graf Spee, um sofisticado navio de guerra do Terceiro Reich afundado na Baía de Montevidéu após uma batalha com navios britânicos em 1939.
Para o governo uruguaio, a questão tornou-se mais pesada do que as três toneladas que a escultura de bronze e as asas estendidas marcam na balança.
Tanto a Alemanha quanto as organizações judaicas alertam que existe o risco de que o símbolo vá a leilão e contribua para exaltar o nazismo.
"Alemanha e Uruguai compartilham o interesse de que o objeto não seja leiloado e, portanto, não seja usado incorretamente para glorificar o regime nazista", disse uma fonte oficial do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha à BBC Mundo.
Mas, para entender como se chegou a essa situação, é preciso voltar no tempo.
A Batalha do Rio da Prata, que ocorreu no Graf Spee em 13 de dezembro de 1939, foi um dos primeiros duelos navais entre a Alemanha e o Reino Unido na Segunda Guerra Mundial.
Foi também a única batalha daquele conflito bélico em águas latino-americanas.
O veloz navio alemão, um "encouraçado de bolso" com seis canhões de 280 milímetros, cruzava o Atlântico Sul caçando navios aliados quando três cruzadores (navios de guerra) britânicos o avistaram e enfrentaram perto de Punta del Este, no litoral sul do Uruguai.
Após intensos combates que ceifaram mais de cem vidas, o Graf Spee foi afundado na baía de Montevidéu por ordem de seu próprio capitão, Hans Langsdorff, que temia que os britânicos se apoderassem de sua tecnologia.
Dias depois, Langsdorff suicidou-se em Buenos Aires.
O navio, com sua águia de bronze com mais de dois metros de altura ainda na popa, permaneceu no fundo do Rio da Prata por 67 anos, até que uma empresa privada recuperou a escultura em 2006.
A tarefa foi realizada com "visibilidade zero e risco muito alto devido ao ferro retorcido do navio, que se partiu em dois", diz Alfredo Etchegaray, um profissional de relações públicas uruguaio e organizador de eventos, que promoveu a missão com seu irmão após um acordo com o Estado de seu país.
Junto com a águia, porém, surgiram problemas inesperados.
Etchegaray queria leiloar a peça, mas as autoridades uruguaias na época congelaram os planos por suspeitas de que o certame poderia atrair simpatizantes do nazismo.
Após ficar um mês exposta em um hotel em Montevidéu, a águia foi mantida em um complexo militar sob custódia da Marinha uruguaia.
A disputa foi à Justiça e um tribunal de apelações do Uruguai confirmou em 24 de dezembro uma decisão de que o Estado deve vender a escultura e entregar metade do dinheiro obtido aos resgatistas privados, com base no contrato entre as partes.
O governo uruguaio ainda pode levar o assunto ao Supremo Tribunal de Justiça, e o Ministério da Defesa do país antecipa que "certamente se recorrerá" da sentença.
"Ainda há um longo caminho a percorrer", disse uma fonte da pasta à BBC Mundo. "A posição do governo é garantir por todos os meios que isso não leve de forma alguma a qualquer tipo de culto nazista."
Mas Carlos Rodríguez Arralde, advogado de Etchegaray, diz que "chama a atenção" que ninguém do Estado uruguaio tenha se comunicado com eles em busca de uma solução.
"Se [o Estado] não chegar a um acordo conosco, ele tem que vender as peças", diz.
Seu cliente diz que, em um leilão internacional com diferentes licitantes, ele acredita que poderiam ser obtidos cerca de US$ 50 milhões (R$ 270 milhões) pela águia.
Com a confirmação da decisão da Justiça uruguaia, nas últimas semanas ressurgiram as preocupações sobre o que acontecerá com o antigo emblema do Graf Spee.
Objetos desse tipo têm três destinos possíveis, diz Ariel Gelblung, diretor para a América Latina do Simon Wiesenthal Center, uma organização judaica global de direitos humanos que investiga o Holocausto e o ódio em contextos históricos e contemporâneos.
Uma possibilidade é que alguém queira ter a peça trancada em casa, explica. Outra, que sirva para expor os danos causados ​​pelo regime nazista. Segundo o especialista, nenhuma dessas alternativas seria censurável.
"A terceira [opção é que comprem] para reivindicar o que aconteceu. Esse caso acreditamos estar no âmbito criminal e essa é a preocupação", diz Gelblung.
No entanto, um empresário argentino radicado no Uruguai expressou outra motivação para adquirir a águia nazista: destruí-la completamente e evitar que se tornasse objeto de culto.
"Assim que a tiver em meu poder, imediatamente a explodirei em mil pedaços", disse Daniel Sielecki ao jornal Correo de Punta del Este. "Cada peça resultante da explosão será pulverizada."
Etchegaray, por sua vez, traça um "plano B" diferente para a venda: destinar a águia a um memorial pela paz em Punta del Este, com uma tela no lugar da suástica, que exiba imagens dos tempos da guerra.
Mas ele defende que, além de um consenso entre as partes, isso exigiria uma indenização milionária para os indivíduos que recuperaram a escultura, incluindo parentes do falecido mergulhador Héctor Bado.
"Juntando um valor próximo a US$ 10 milhões [R$ 54 milhões], tudo pode ser resolvido", diz Etchegaray. "Tenho três filhos adotivos e dois filhos meus. Tenho a responsabilidade de deixar a eles pelo menos o suficiente para pagar seus estudos."
Texto 3:
Em 2006, o mergulhador uruguaio Héctor Bado encontrou, no fundo do Rio da Prata, os destroços do couraçado alemão Graf Spee, afundado no início da Segunda Guerra Mundial pelo seu próprio comandante, nos arredores do porto de Montevidéu.
Financiado por dois empresários locais, os irmãos Alfredo e Felipe Etchegaray, ele, então, sacou dos restos do naufrágio a parte mais emblemática daquele histórico navio, na época o mais poderoso da Marinha Alemã: uma grande águia feita de bronze, com as asas abertas e a suástica nazista presa em suas garras, perto de 400 quilos de peso, que decorava a proa do casco do couraçado.
Começava ali uma novela, que, até hoje, quase duas décadas depois, ainda não terminou — e que teve um novo capítulo na semana passada, quando o atual presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, anunciou um infeliz projeto, que ele mesmo havia concebido: derreter a águia e transformá-la na escultura de uma pomba, símbolo universal da paz.
O que, aos olhos do presidente uruguaio, pareceu ser uma boa solução para o incômodo objeto, que remete diretamente ao nazismo (e que, há nove anos, repousa dentro de uma caixa, em um depósito da Marinha Uruguaia, após o governo ter confiscado a peça dos seus descobridores, ao cabo de uma longa disputa judicial), caiu feito uma bomba entre historiadores, acadêmicos, museólogos e até membros da própria coalização política que dá apoio ao atual governo do Uruguai — sem falar no empresário Alfredo Etchegaray, que financiou o resgate da polêmica peça, mas que teve que entregá-la ao governo uruguaio, por determinação da justiça, e nunca recebeu um centavo por isso.
"Derreter aquela peça histórica para criar uma imagem artística é um completo absurdo", revoltou-se o empresário, ao saber da proposta do presidente — por quem, no entanto, ele diz ter "muita consideração". "É como retirar um bloco de pedra do Coliseum de Roma para fazer uma estátua de arte moderna".
A gritaria foi tamanha que, apenas dois dias após anunciar o seu plano — que já tinha até um artista plástico contatado para executar a obra —, o presidente do Uruguai voltou atrás.
"Uma esmagadora maioria não concorda com o projeto, e, se queremos a paz, a primeira coisa é buscar a unidade. Reafirmo que era uma boa ideia, mas um presidente precisa saber ouvir e representar o povo", disse Lacalle Pou, visivelmente constrangido com a situação.
Com isso, voltou à estaca zero o destino que será dado à controversa imagem, que, desde que foi retirada do navio afundado, virou uma dor de cabeça para o governo uruguaio, que, aparentemente, não sabe o que fazer com ela.
"Eu sei", diz Alfredo Etchegaray. "O lugar águia do Graf Spee é em um museu, já que é uma peça histórica. Sempre defendi isso, mas nunca fui ouvido pelos governantes do meu país. Temos que instruir, não destruir nossa História. Não podemos mudar o passado, mas podemos melhorar o futuro. As próximas gerações precisam saber o que foi o nazismo, e essa águia simboliza o que foram aqueles anos sombrios", diz o empresário, que garante ter gasto uma pequena fortuna para financiar o resgate da peça e, por isso, exige sua parte.
"O governo do Uruguai tem que honrar o contrato que assinou conosco na época do resgate. Ele previa que a águia seria enviada a um museu ou vendida para uma entidade cultural, e nós teríamos direito a metade do que ela vale", diz Etchegaray, tocando no ponto central da questão: a compensação financeira que ele sempre alegou ter direito de receber — e que o governo uruguaio desconversa, afirmando que o contrato não foi cumprido integralmente, porque apenas as partes do navio que interessavam ao empresário foram removidas, e não todos os escombros, que até hoje atrapalham a navegação nas imediações do porto da capital uruguaia.
E quanto vale a águia de bronze do Graf Spee?
"Difícil dizer, porque é um objeto histórico, com valor incalculável", exagera o empresário. "Mas estimo uns 60 milhões de dólares", diz Etchegaray, que sempre foi contestado pelo governo uruguaio, tanto no direito que alega ter sobre 50% do valor da peça, quanto no que diz que ela vale.
Nove anos atrás, Etchegaray conseguiu uma vitória parcial no caso, quando a justiça uruguaia determinou que a águia fosse leiloada, e parte do dinheiro arrecadado fosse destinado aos financiadores do seu resgate (o mergulhador Héctor Bado, que achou o objeto, morreu anos atrás, também sem nada receber por ele).
Mas, amparado na gritaria de entidade judaicas — e também do governo da Alemanha —, que temiam que a peça fosse arrematada por simpatizantes do regime nazista, o governo uruguaio recorreu da decisão, e a Suprema Corte do país decidiu que a polêmica peça passaria, então, a ficar sob a guarda do Estado, situação que permanece até hoje.
E sem nenhuma solução à vista, a não ser a destrambelhada proposta do presidente Lacalle Pou, de derreter a peça e transformá-la em uma "pomba da paz".
"Se querem fazer um símbolo de paz, que usem qualquer material, não o bronze da águia do Graf Spee, que é um objeto histórico", argumenta Etchegaray, que, enquanto esteve em poder da peça, chegou a colocá-la em exibição em um hotel de Montevidéu, de onde foi retirada, após a decisão da corte uruguaia.
Desde então, a polêmica imagem jaz em uma caixa de madeira, em um depósito, sob custódia da Marinha uruguaia, sem que ninguém do governo saiba o que fazer com ela.
Com sua proposta da semana passada, o presidente Lacalle Pou tentou livrar da batata quente que tem nas mãos, mandando, na prática, destruir o objeto.
Mas o plano fracassou.
Aguarda-se, agora, os próximos capítulos de uma novela que vem se arrastando desde que a imagem símbolo do couraçado Graf Spee foi resgatada do fundo do Rio da Prata, 67 anos após o teatral naufrágio do então principal navio de Hitler na Segunda Guerra Mundial pelo seu próprio comandante, o oficial Hans Langsdorff, que se matou em seguida, para que os segredos do navio não caíssem em mãos inimigas.
Nota do blog: Minha visão é que essa peça tem que ir para um museu, igual milhares de outras peças desse tema. Até porque destruí-la não vai mudar o que aconteceu, penso que deve ser conservada e ser objeto de estudo, para que as próximas gerações saibam o que aconteceu e não repitam os mesmos erros.