Mapa de São Paulo da Revolução de 1932 "Esta he a Carta Verdadeira da Revolução q Houve no Estado de São Paulo no Ano de MCMXXXII" - J. Wasth Rodrigues
Mapa - 48x68 - Provavelmente 1932
Este é um mapa
clandestino, que poderia ter causado a prisão de seu autor e o fechamento da
tipografia. Isso porque logo após a repressão da tentativa de secessão, em
1932, quem ousasse imprimir um mapa da São Paulo “Constitucionalista” (como se
autoproclamava o movimento separatista), assumia os riscos de represália das
autoridades a serviço do governo central. O exemplar da figura 16 foi
encontrado 45 anos mais tarde no teto de uma tipografia, onde tinha sido
ocultado por temor de que o mesmo fosse encontrado. No original se vê
claramente os exércitos de São Paulo e do resto do Brasil, com suas bandeiras e
os aviões que ameaçavam bombardear a cidade. No canto superior direito, um
brasão de São Paulo é colocado sobre o território mineiro. Já no canto inferior
esquerdo, entre um bandeirante e um soldado constitucionalista, um cartucho
traz as palavras “Esta é a verdadeira carta da revolução que ocorreu em São
Paulo no ano de MCMXXXII”.
Em 1972 as
edições Hamburgo assumiram o controle da Weiss e Companhia Ltda., uma das mais
antigas tipografias do Brasil. Como o edifício fora dilapidado, era necessário
fazer uma grande reforma e quando se removeu o teto falso de uma das salas,
encontrou-se, entre os escombros, um rolo de papéis. Os trabalhadores mais
antigos reconheceram o trabalho de José Wasth Rodrigues (1891-1957),
desenhista, ilustrador e historiador paulista, também conhecido por ilustrar as
obras de Monteiro Lobato e os quadros do Museu Paulista, a pedido de Affonso
d’Escragnolle Taunay. Eles recordaram que, encerrada a Revolução, os soldados
foram procurar a tipografia, pois seu proprietário havia sido denunciado por
haver impresso uma carta “separatista”. As matrizes, pedras que pesavam de 30 a
40 quilos, foram quebradas, mas algumas cartas, verdadeiras obras de arte
impressas em seis cores (ainda hoje se utiliza um máximo de quatro) foram
preservadas e escondidas.
Em sua
representação, Rodrigues emprega recursos característicos da cartografia dos
séculos XV e XVI. No canto inferior direito, por exemplo, o Oceano Atlântico
aparece identificado, em latim, como Mare Oceanus Atl. Das profundezas
desse mar, Netuno emerge em um monstro marinho e conclama os paulistas à
guerra. Além disso, o interior do continente, justamente sobre o território dos
estados vizinhos, é representado apenas com rotas de rumo que saem de três
rosas dos ventos. Usadas nas cartas náuticas para indicarem os rumos a
seguir para se atingir um dado porto, tal representação passa a ideia de que
São Paulo era uma ilha.
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