Forte de Santa Maria, Salvador, Bahia, Brasil
Salvador - BA
Fotografia - Cartão Postal
Salvador - BA
Fotografia - Cartão Postal
O Forte de Santa Maria localiza-se ao largo
da praia do Porto da Barra,
no bairro da Barra, primitivo porto da cidade de Salvador,
no litoral do estado da Bahia, no Brasil.
Erguido a partir de 1614 com risco do
engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita (1603-1634).
Constituiu um comando unificado, entre 1624 e 1694, juntamente com
o Forte de Santo Antônio da Barra e
o Forte de São Diogo, com os quais cruzava fogos
na defesa da barra do porto da Vila Velha, local de desembarque do primeiro
donatário da Capitania (Francisco Pereira Coutinho, 1536), do primeiro
governador-geral (Tomé de Sousa, 1549) e da primeira
das Invasões holandesas do Brasil (Johan van
Dorth, 1624).
À época desta última, era comandante das três praças Paulo Coelho de
Vasconcelos.
Após a reconquista portuguesa de Salvador, essa primitiva
estrutura do forte foi reformada entre 1625 e 1627. Esse triângulo defensivo,
rechaçou, nos meses de abril e maio de 1638, o assalto das forças
neerlandesas sob o comando do Conde Maurício de Nassau (1604-1679).
A atual estrutura, em alvenaria de
pedra e cal,
remonta a 1696,
por iniciativa do Governador Geral João de Lencastre (1694-1702), com desenho
atribuído ao engenheiro José Pais Esteves, de
influência arquitetônica italiana.
De acordo com iconografia de José Antônio Caldas, apresenta planta na
forma de um polígono heptagonal, com quatro ângulos salientes
e três reentrantes e parapeitos à barbeta. Sobre o terrapleno ergue-se
edificação de dois pavimentos abrigando as dependências de serviço (Casa de
Comando, Quartel da Tropa e outras), e abaixo dela, a Casa
da Pólvora,
recoberta por abóbada de berço.
Encontra-se representado numa iconografia de Carlos Julião como
"8. Forte de S. Maria", ilustrada com os desenhos de trajes
típicos femininos.
BARRETTO (1958) informa que estava guarnecido por um
Capitão e dois soldados artilheiros, e artilhado com seis peças de ferro (uma de calibre
24 libras, duas de 18, uma de 12 e duas de 8).
Em 1809 estava artilhado com dezoito peças, três das quais
imprestáveis, assim como a fortificação. Acredita-se que o autor tenha se
baseado no "Parecer sobre a fortificação da Capital", do
Brigadeiro José Gonçalves Leão,
presidente da Junta encarregada pelo Governador da Bahia, em 1809, encarregado de propor
as obras necessárias para a defesa da península e do recôncavo. GARRIDO (1940)
segue a informação de SOUZA (1885), porém considerando o ano como 1808.
Ocupado pelos revoltosos durante a Sabinada (1837-1838),
ao abandoná-lo os rebeldes levaram doze de suas peças para combater as tropas
imperiais em outras partes de Salvador. Após o conflito, foi desarmado.
No contexto da Questão Christie (1862-1865), o "Relatório
do Estado das Fortalezas da Bahia" ao Presidente da Província, datado
de 3 de agosto de 1863, dá-o como reparado,
citando:
"(...) É de figura irregular, tendo a figura de um
hectogono com o perímetro de 514 palmos, do qual os dois lados da entrada e
partes dos adjacentes, na extensão de 200 palmos são ocupados pelos quartéis e
mais acomodações do pessoal e material do Forte.
Monta 8 peças do calibre 24 e outras tantas canhoneiras
existentes, e tem banquetas próprias ao emprego da infantaria.
Está convenientemente reparado, sendo somente de notar
que não existem plataformas, pelo que os reparos assentam sobre o mesmo solo do
terrapleno, o qual, não sendo calçado com lajedos, e embora apresente uma
superficie unida e regular, não oferece contudo ao jogo do reparo a necessária
resistência, e nem na declividade da superfície o conveniente modificador do
recuo: entretanto este Forte está bom, e pode prestar os serviços que seus
recursos permitem."
No contexto da Primeira Guerra Mundial (1914-1918),
em 1915 encontrava-se
em ruínas, conservando quatorze peças, inúteis. De propriedade da União, o
imóvel foi tombado pelo Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a partir de 1938. Passou para a
administração do Ministério da Marinha a partir do ano seguinte, abrigando o
Serviço Hidrográfico daquela arma, sendo utilizada atualmente como residência
oficial do Comandante de Sinalização Náutica do Leste.
Uma placa comemorativa, no lado direito do Portão de
Armas, recorda aos visitantes:
"Aqui desembarcaram aos 9 de maio de 1624 os holandeses
comandados por Albert Schonten e
aos 30 de maio de 1625 as primeiras
tropas restauradoras de D. Fadrique de Toledo Osório. IGHB 1938"
O Brasão Imperial, sobre a entrada, sobreviveu à Proclamação da República Brasileira,
sendo digno de nota, assim como a fachada sul da Casa de Comando, recoberta
de telhas,
tratamento impermeabilizante comum, à época colonial, na região soteropolitana.
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