Carro de Boi - Artigo
Artigo
Texto 1:
Elementos constitutivos do carro de boi:
*Uma grande mesa de madeira;
*Eixo que liga as duas rodas e sustenta a grande mesa de madeira;
*Fueiro, que são peças de madeira, que são acopladas à mesa de madeira e serve para colocar mais carga no carro;
*Duas rodas grandes de madeira, que possuem um anel de ferro que visa a resistências das rodas;
*Cabeçalho que liga a mesa de madeira à canga que prende os bois junto ao carro;
*Canga, peça de madeira, com aproximadamente um metro de comprimento, que possui forma anatômica para encaixar no pescoço do boi;
*Canzil, peças que aos pares atravessam a canga para fixá-la ao pescoço de cada boi;
*Brocha, correia de couro que prende a canga ao pescoço do boi;
*Grade que se apoia no eixo;
*Tamoeiro, peça em tiras de couro trançadas, no centro da canga, para ligá-la ao cabeçalho ou cambão;
*Ajoujo, tira de couro presa em argolas nos chifres dos bois emparelhados nas cangas para manter a distância entre eles;
*Fueiro, estacas de madeira colocadas sobre as chedas para amparar as esteiras laterais ao carro;
*Construído com madeiras resistentes, como por exemplo, o pau d'arco, a aroeira, a sucupira e a carnaubeira.
Texto 2:
Na história da humanidade, desde as primeiras civilizações, o carro de boi era indispensável na lavoura, na lavragem da terra atrelado à charrua, bem como no transporte de materiais pesados.
O carro de boi foi trazido pelos portugueses, sendo o primeiro veículo que rodou no Brasil Colônia. Carreava materiais de construção para o levantamento das primeiras vilas, para edificação de moradias, capelas e fazendas. Transportava madeiras longas e pesadas e grandes blocos de pedra. Conduzia do litoral para os povoados as mercadorias que vinham de além-mar e igualmente carregavam para os portos de embarque toras de pau-brasil e caixas de açúcar.
Não se pode pensar em cultura canavieira ou na indústria do açúcar no Brasil sem associar a presença dos veículos tirados por bois. Traziam a cana dos canaviais para os picadeiros dos engenhos e para as moendas. Transportavam a lenha das florestas para as suas fornalhas e igualmente levavam as caixas de açúcar dos tendais para os mercados ou portos de embarque.
O carro de duas rodas, tirado por bois, abriria com suas rodas maciças os primeiros caminhos, desde as matas litorâneas até o sertão. Na paisagem rural, ouvia-se a cantiga dolente do ranger do carro, o apeiramento da boiada mansa e resignada, o velho e fiel companheiro de trabalho. Rústico, pesado, vagaroso, mas seguro e resistente, o carro de boi ocupa lugar preeminente entre os instrumentos de trabalho no Brasil, transportando, ligando, aproximando e servindo ao progresso da colônia.
Missas, novenas, romarias, casamentos, batizados, crismas, enterramentos, folguedos populares, em tudo esteve presente o carro de boi, servindo no transporte de pessoas. Foi utilizado na Guerra do Paraguai transportando armas, apetrechos, munições, alimentos e transformando-se, às vezes, em ambulâncias improvisadas para doentes e feridos nas batalhas.
No Brasil aparecem vários tipos de carros de bois, distintos entre si por certas peculiaridades regionais de construção, como os carros do tipo mineiro, paulista e nordestino. Quanto à rodagem, podem ser classificados pelo número de rodas, pela sua estrutura e pelo eixo. Os carros de duas rodas são os mais comuns. Quanto ao tiro, ou seja, quanto ao número de animais que puxam os carros, há no Brasil carros puxados por um só boi, chamados de carroça de bois; carros puxados por dois bois, formando uma junta ou parelha; e, finalmente, carros puxados por quatro ou mais bois, formando duas, três, quatro ou mais juntas.
No Rio de Janeiro a boiada do carro compõe-se normalmente de três ou quatro juntas. O canto dos carros, carro-gemente, carro-cantante é uma de suas particularidades. Os carros cantam, chiam, gemem, estridulam, guincham, rangem, rechinam, retinem, rincham e zunem. O boi de carro é um touro castrado. Na paisagem do Brasil Colonial, trotando à frente dos bois, era comum avistar o carreiro de pés no chão, calças de algodão arregaçadas pelas canelas, a camisa entreaberta, o chapéu de palha ou couro e vez em quando ferretoando com a ponta de ferro das aguilhadas as juntas de boi.
Amansar bois de carro é uma das tarefas mais árduas dos carreiros, exigindo perícia e paciência. O trabalho de dirigir, guiar e manobrar o carro de boi é executado pelo carreiro. Já o ajudante, geralmente um menino, é chamado de candeeiro. Na lida com os animais é importante destacar a maneira pela qual os carreiros se comunicam com as juntas de bois para obter obediência. Para tanto, usam uma linguagem ou gestos típicos que os animais entendem como que por encanto.
O carreiro precisa ser permanente para conhecer os bois e estes a ele. Não se pode lidar com bois tendo cada mês um carreiro diferente. Basta a voz do carreiro chamando os bois pelos nomes e a junta obedece. Apesar do progresso no campo dos transportes e da campanha contra o velho e moroso carro puxado por bovinos, representante de uma época atrasada, do passado colonial, as juntas de bois ainda são utilizadas nas atividades agrícolas de pequenos produtores rurais na aração da terra, principalmente nos morros onde os tratores são proibidos.
Na segunda metade do século 18, passou a ter a concorrência das tropas de mulas que seria o principal meio de transporte de mercadorias nos séculos seguintes. Em algumas partes do país, em razão da falta ou precariedade dos caminhos, notadamente nas serras, adotou-se o transporte por mulas, burros e jumentos. E assim, os carreiros foram sendo substituídos pela figura estoica do tropeiro.
Não se pode pensar em cultura canavieira ou na indústria do açúcar no Brasil sem associar a presença dos veículos tirados por bois. Traziam a cana dos canaviais para os picadeiros dos engenhos e para as moendas. Transportavam a lenha das florestas para as suas fornalhas e igualmente levavam as caixas de açúcar dos tendais para os mercados ou portos de embarque.
O carro de duas rodas, tirado por bois, abriria com suas rodas maciças os primeiros caminhos, desde as matas litorâneas até o sertão. Na paisagem rural, ouvia-se a cantiga dolente do ranger do carro, o apeiramento da boiada mansa e resignada, o velho e fiel companheiro de trabalho. Rústico, pesado, vagaroso, mas seguro e resistente, o carro de boi ocupa lugar preeminente entre os instrumentos de trabalho no Brasil, transportando, ligando, aproximando e servindo ao progresso da colônia.
Missas, novenas, romarias, casamentos, batizados, crismas, enterramentos, folguedos populares, em tudo esteve presente o carro de boi, servindo no transporte de pessoas. Foi utilizado na Guerra do Paraguai transportando armas, apetrechos, munições, alimentos e transformando-se, às vezes, em ambulâncias improvisadas para doentes e feridos nas batalhas.
No Brasil aparecem vários tipos de carros de bois, distintos entre si por certas peculiaridades regionais de construção, como os carros do tipo mineiro, paulista e nordestino. Quanto à rodagem, podem ser classificados pelo número de rodas, pela sua estrutura e pelo eixo. Os carros de duas rodas são os mais comuns. Quanto ao tiro, ou seja, quanto ao número de animais que puxam os carros, há no Brasil carros puxados por um só boi, chamados de carroça de bois; carros puxados por dois bois, formando uma junta ou parelha; e, finalmente, carros puxados por quatro ou mais bois, formando duas, três, quatro ou mais juntas.
No Rio de Janeiro a boiada do carro compõe-se normalmente de três ou quatro juntas. O canto dos carros, carro-gemente, carro-cantante é uma de suas particularidades. Os carros cantam, chiam, gemem, estridulam, guincham, rangem, rechinam, retinem, rincham e zunem. O boi de carro é um touro castrado. Na paisagem do Brasil Colonial, trotando à frente dos bois, era comum avistar o carreiro de pés no chão, calças de algodão arregaçadas pelas canelas, a camisa entreaberta, o chapéu de palha ou couro e vez em quando ferretoando com a ponta de ferro das aguilhadas as juntas de boi.
Amansar bois de carro é uma das tarefas mais árduas dos carreiros, exigindo perícia e paciência. O trabalho de dirigir, guiar e manobrar o carro de boi é executado pelo carreiro. Já o ajudante, geralmente um menino, é chamado de candeeiro. Na lida com os animais é importante destacar a maneira pela qual os carreiros se comunicam com as juntas de bois para obter obediência. Para tanto, usam uma linguagem ou gestos típicos que os animais entendem como que por encanto.
O carreiro precisa ser permanente para conhecer os bois e estes a ele. Não se pode lidar com bois tendo cada mês um carreiro diferente. Basta a voz do carreiro chamando os bois pelos nomes e a junta obedece. Apesar do progresso no campo dos transportes e da campanha contra o velho e moroso carro puxado por bovinos, representante de uma época atrasada, do passado colonial, as juntas de bois ainda são utilizadas nas atividades agrícolas de pequenos produtores rurais na aração da terra, principalmente nos morros onde os tratores são proibidos.
Na segunda metade do século 18, passou a ter a concorrência das tropas de mulas que seria o principal meio de transporte de mercadorias nos séculos seguintes. Em algumas partes do país, em razão da falta ou precariedade dos caminhos, notadamente nas serras, adotou-se o transporte por mulas, burros e jumentos. E assim, os carreiros foram sendo substituídos pela figura estoica do tropeiro.
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