sexta-feira, 30 de julho de 2021

Estátua do Bandeirante Borba Gato é Incendiada, 24/07/2021, São Paulo, Brasil









Estátua do Bandeirante Borba Gato é Incendiada, 24/07/2021, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

A estátua do bandeirante Borba Gato foi incendiada no início da tarde de 24/07/2021, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. O fogo foi controlado pouco depois.
De acordo com nota da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a polícia busca imagens e outras informações que possam ajudar "na identificação e localização dos autores do ato de vandalismo".
O que se sabe é que, por volta das 13h30, um grupo desembarcou de um caminhão e espalhou pneus na avenida Santo Amaro e em torno do monumento, ateando fogo logo depois. Um movimento chamado "Revolução Periférica" assumiu a autoria do incêndio.
Policiais militares e bombeiros chegaram na sequência, controlaram as chamas e liberaram o tráfego. O ato terminou sem feridos nem detidos.
Após o fogo ser controlado, pessoas favoráveis e contrárias à ação foram até perto do monumento. Carros que passavam pelo local se manifestaram de forma crítica ao vandalismo.
A Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar também foram até o local vigiar a estátua, enquanto agentes da Polícia Civil iniciavam investigações.
O advogado criminalista Conrado Gontijo, doutor em direito penal pela USP, afirma que a atitude de atear fogo ao monumento pode ser reprimida criminalmente, pois há crime de dano contra o bem público praticado por meio de materiais inflamáveis. E essa atitude, diz ele, "não está abrangida pelo direito de liberdade de expressão".
Gontijo afirma que, mesmo considerando inaceitável as homenagens a pessoas que apoiaram e executaram atos que contribuíram para o extermínio indígena e para a escravidão, o monumento é protegido pela lei penal.​
"As motivações são relevantes. Na hipótese de condenação, [as motivações são] pesadas pelo juiz, mas não há uma previsão legal que mitigue a gravidade do fato em razão da sua motivação."
A pena estipulada pelo Código Penal é de seis meses a três anos de detenção, além de multa.
Essa não foi a primeira vez que a estátua se tornou foco de protesto. O monumento, assinado pelo escultor Júlio Guerra e inaugurado em 1962, é alvo frequente de críticas de grupos que defendem a retiradas de homenagens que exaltam pessoas ligadas ao passado brasileiro marcado pela escravidão, a colônia e a ditadura.
No ano passado, a ameaça de uma possível derrubada da estátua, que possui cerca de 13 metros de altura com o pedestal, fez com que a subprefeitura de Santo Amaro solicitasse a instalação de gradis ao redor do bandeirante, além de o monumento ter sido vigiado 24 horas por dia pela Guarda Civil Metropolitana durante o período.
Em 2016, a estátua recebeu um banho de tinta. Na mesma ocasião, os responsáveis também pintaram o Monumento às Bandeiras, localizado em frente ao Parque do Ibirapuera.
A estátua do Borba Gato também é alvo de polêmicas estéticas. Revestida de pedras brasileiras, colorida e grandiosa, ela é critica por aqueles que a consideram uma representação muito distante da realidade vivida pelos bandeirantes.
O autor da escultura, Júlio Guerra, já afirmou que pretendia fazer uma obra que pudesse ser entendida claramente pelo povo.
Apesar das controvérsias, a estátua, até por seu tamanho, é um ponto de referência para quem circula pela avenida Santo Amaro e região. Texto da Folha de S. Paulo.
Nota do blog: O blog rechaça veementemente qualquer tipo de vandalismo contra o patrimônio público, não importando a motivação. E considera quem faz isso, criminoso. Todos tem o direito de protestar, desde que pelas vias legais. Se formos queimar tudo o que não gostamos, não vai sobrar nada no mundo. Hoje um bando de idiotas queima a estátua do Borba Gato porque o consideram criminoso baseado em padrões atuais. Amanhã outro bando de idiotas vai queimar uma outra estátua, talvez uma que os idiotas que queimaram a do Borba Gato gostam, por revanchismo ou outro motivo qualquer. E a coisa não vai acabar nunca. As pessoas tem que ter consciência de que não se pode julgar o passado com os olhos de hoje. Queimar estátuas, livros ou fotos não muda o que foi feito. O que muda (não o passado e sim o futuro) é explicar o acontecido, contextualizando com o que se tem por correto hoje. 

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