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quarta-feira, 21 de julho de 2021
Placa de Inauguração das “Ruas de Pedestres”, São Paulo, Brasil
Placa de Inauguração das “Ruas de Pedestres”, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
São Paulo é uma cidade repleta de curiosidades e muitas delas passam despercebidas das pessoas mesmo estando bem diante de seus olhos, ou melhor, nesse caso, bem aos seus pés. Como o caso desta placa de ferro em pleno calçadão do centro histórico. Mas que placa misteriosa seria essa?
Localizada na Praça Ouvidor Pacheco e Silva, mais precisamente no encontro das Ruas São Bento e José Bonifácio, repousa desde 1976 essa placa de ferro já bastante desgastada por mais de quatro décadas de pessoas pisando sobre ela.
Trata-se da placa de inauguração das “Ruas de Pedestres”, projeto ousado para a capital paulista desenvolvido e executado durante a gestão do então prefeito Olavo Setúbal (1975 a 1979) que fechou diversas ruas do centro ao trânsito de veículos e destinando-as exclusivamente para os pedestres, através da instalação de calçadões.
Ruas como Direita, José Bonifácio, São Bento, Quintino Bocaiúva, Barão de Paranapiacaba e diversas outras receberam o calçamento com mosaico português intercalados com placas de granito. Outras como a Praça Ramos de Azevedo e Barão de Itapetininga seriam fechadas ao público no primeiro semestre do ano seguinte. A novidade foi acompanhada da instalação de diversos outros objetos de mobiliário urbano, como bancos de praça, vasos, postes de iluminação e orelhões telefônicos.
De acordo com o depoimento do então presidente da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) Ernest Mange ao jornal O Estado de S. Paulo, essa mudança nas ruas do centro representava “um freio e uma inversão no processo de deterioração física , sujeira, agressão e insegurança, com a consequente mudança de comportamento da população em relação ao seu meio ambiente”.
A medida seria rapidamente estendida a outras regiões, inicialmente instalando calçadões no centro de bairros bastante movimentados como Santo Amaro e São Miguel Paulista.
Até hoje o fechamento para veículos de um grande número de ruas da região central de São Paulo divide a opinião pública. Apesar da maioria ter achado que a iniciativa melhorou a situação para os pedestres, especialmente no quesito de acidentes, como atropelamentos, além de uma sensível redução da poluição, muitos acham que a iniciativa foi responsável por acelerar a deterioração do centro paulistano, especialmente a região do triângulo histórico e República, causando fuga de negócios e escritórios.
Para estas pessoas contrárias ao fechamento das ruas, muitos clientes de lojas do centro migraram para outros destinos que eram mais receptíveis aos automóveis, como os novos shopping centers que surgiam em São Paulo. Donos de escritórios também migraram para outras regiões, como a Paulista e Faria Lima.
Agora, 45 anos depois desta iniciativa, uma nova oportunidade de mudança do centro histórico surge com o Programa Requalifica Centro, que promete renovar os ares da região. Ficamos no aguardo dos próximos capítulos...
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