terça-feira, 3 de agosto de 2021

Caixa Original do Sabonete Eucalol de Eucalipto, Eucalol, Brasil







Caixa Original do Sabonete Eucalol de Eucalipto, Eucalol, Brasil
Fotografia


A Eucalol foi uma empresa de produtos de higiene pessoal fundada no Rio de Janeiro pelos irmãos alemães Paulo e Ricardo Stern. Era conhecida por seu sabonete que, feito de eucalipto e apresentando uma coloração verde, causou no público da época um certo estranhamento. Isso fez com que os empresários resolvessem inovar e lançar no mercado estampas colecionáveis junto ao sabonete, prática que se tornou um grande sucesso entre os consumidores, transformando o produto em um grande sucesso.
As estampas acompanharam as embalagens do sabonete Eucalol por três décadas. Impressas em cartão formato 6x9, apresentavam na frente desenhos com temas variados e no verso um texto explicativo. Elas participaram do cotidiano de crianças e adolescentes, que ao longo de 54 temas, foram conduzidos por viagens imaginárias entre animais pré-históricos, peixes das profundezas oceânicas, índios, curiosidades e episódios da história brasileira.
História da empresa:
Em 1917, na Rua São Pedro, localizada no centro do Rio de Janeiro, o imigrante judeu alemão Paulo Stern fundou a empresa Correa da Silva & Cia Ltda, destinada a venda de essências, as quais eram produzidas no sobrado em cima da loja. 
Finda a Primeira Guerra Mundial, Ricardo Stern, irmão de Paulo, veio ao Brasil e ingressou na sociedade. Ele deu um novo impulso a empresa, iniciando em 1923 as obras de construção de uma fábrica na Rua Ribeiro Guimarães, nº 15, inaugurada por volta de 1924.
Nas novas instalações, a empresa alterou a sua razão social para Paulo Stern & Cia Ltda e partiu para a ampliação da linha de produtos fabricados, lançando o sabonete Eucalol e, mais tarde, a pasta de dente e o talco. 
Porém houve um problema: os sabonetes fabricados à época eram na cor rosa ou branca. Já o da Eucalol por ser derivado do eucalipto, era na cor verde, o que acabou causando rejeição dos consumidores e, consequentemente, poucas vendas.
Com o intuito de reverter essa situação, os proprietários tentaram inicialmente conquistar o público com um concurso de poemas tendo por tema o sabonete. Os vencedores recebiam prêmios em dinheiro e menções honrosas publicadas na revista Fon-Fon. Mesmo com essa iniciativa, as vendas do Eucalol não decolaram, e os irmãos Stern resolver mudar de tática. Eles lembraram-se das estampas "Liebig" que tanto sucesso faziam na Europa e resolveram lançar as estampas "Eucalol", convidando o público a colecioná-las com um anúncio publicado em suplemento do jornal "A Noite", de 11 de junho de 1930. Foi um sucesso estrondoso, crianças e adultos começaram a colecionar as estampas, impulsionando as vendas do sabonete, fazendo com que a empresa passasse a crescer vertiginosamente.
Em 1932, ingressou na sociedade o terceiro irmão, Erich Stern, e a empresa novamente alterou a razão social, agora para Perfumaria Myrta S/A. No decorrer da década de 30 foram sendo adquiridos terrenos vizinhos e a fábrica ampliada, tendo na década de 40 atingido a numeração de 3 a 99 na Rua Ribeiro Guimarães.
As estampas Eucalol:
As primeiras séries das Estampas Eucalol tiveram temas bem brasileiros: "A Vida de Santos Dumont", "Episódios Nacionais", "Produtos do Brasil", "Cachoeiras do Brasil", "Aves do Brasil", entre outros, intercalados com outros temas de âmbito universal como "Dom Quixote" e "Compositores Célebres" (nesta última incluíram o brasileiro Carlos Gomes). De 1930 a 1957, ano em que foram produzidas as últimas estampas, houveram 54 temas, distribuídos em 2400 estampas. 
Uma das séries, a das "bandeiras dos países" deixou uma questão até não esclarecida, tornando-se verdadeira lenda. A questão foi a seguinte: como várias séries eram republicadas no correr dos anos, o tema das bandeiras estava sendo reimpresso justamente quando o Brasil resolveu entrar na Segunda Guerra Mundial. Na impressão anterior o tema tinha quatro bandeiras (duas da Alemanha, uma do Japão e uma da Itália) de países que agora eram "inimigos" do Brasil. Diante dessa situação, não seria possível utilizar essas estampas citadas. Assim, segunda a lenda, dizem que quando o primeiro carregamento de estampas chegou à fábrica, mandaram separar todas as unidades dessas quatro estampas e se fez uma cerimônia solene de queima no pátio da empresa. Consta, novamente segundo a lenda, que alguns funcionários, que também eram colecionadores, separaram algumas destas estampas para si, queimando o restante. Fato é que, até hoje, não se tem notícia de alguém ter visto estas estampas. Verdade ou não, é uma boa história...rs. Ainda sobre essa questão, alguns colecionadores notando que estas quatro estampas não apareciam no mercado (a queima não foi divulgada), procuraram a empresa, alegando que precisavam das estampas em questão. Como resposta, foi lhes dado cartões (dizendo que essas estampas não haviam sido impressas) para serem colocados no álbum, a fim de não deixar suas coleções com esses espaços em aberto.
Outro fato interessante foi que estampas de algumas séries, como por exemplo "História do Brasil", "Lendas do Brasil" e "Viajando pelo Brasil", foram usadas em escolas como material didático. 
Declínio:
Após a Segunda Guerra Mundial, a primeira geração da família Stern foi se afastando do trabalho, passando o bastão para a segunda geração. Essa nova geração não teve o mesmo sucesso da anterior, além de ter que enfrentar novos desafios e concorrentes mais fortes. 
Assim, visando reduzir custos a fim de enfrentar a concorrência das multinacionais que então se estabeleciam no Brasil, a Perfumaria Myrta decidiu encerrar a impressão das estampas Eucalol em 1957, sendo o escotismo o último tema impresso. 
Mesmo com o fim das impressões das estampas, além de outras medidas de redução de custos que foram tomadas, a empresa não suportou a concorrência, e em 1978 acabou por ser vendida. Infelizmente, mesmo com a venda, não foi possível sanar os problemas financeiros da empresa, acabando por ter sua falência em 1980.



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