Biquinha do Pacaembu, Estádio Municipal / Estádio Paulo Machado de Carvalho, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
O Estádio do Pacaembu foi construído no final dos anos 30 em uma área doada à prefeitura pela Companhia City. Mas isso todo mundo sabe. O que pouca gente sabe é que, antes do estádio, havia no local uma bucólica fonte. Era a “Biquinha do Pacaembu”.
A peça era simples: um bloco de granito não muito grande, com duas cabeças de leão (uma de cada lado) que cuspiam água do córrego Pacaembu, que até hoje passa por lá. Instalada pela Companhia City em 1926, ficava no meio de um jardim e era rodeada por uma pérgula semi-circular que aparece em foto acima.
Ficou em funcionamento até o início da construção do estádio, quando desapareceu. E durante mais de 60 anos não se teve mais notícias dela, até que foi acidentalmente encontrada por operários, durante uma reforma no estádio no final dos anos 1990. Estava intacta em um vão entre duas paredes. Ninguém sabia, mas ela nunca tinha saído dali: fora simplesmente emparedada e esquecida.
E a fonte também tem outras histórias. Uma delas aconteceu em janeiro de 1929, quando foi cenário de um crime “em circumstancias mysteriosas”, amplamente noticiado pela imprensa (os trechos entre aspas são de reportagens publicadas na Folha da Manhã nas semanas seguintes). Um casal de namorados – uma viúva de 26 anos e um rapaz solteiro de 20 – passeava pelo vale do Pacaembu em um automóvel Ford. Era ela quem guiava, pois “se aperfeiçoava na arte cinesifora” (isto é, aprendia a dirigir). Ao passarem pela Biquinha, resolveram parar para se refrescar. Mas quando chegaram nela, foram abordados por um ladrão que matou o rapaz com um tiro no peito para roubar a bolsa da namorada. Ou pelo menos essa foi a primeira versão da história.
É claro que a versão não se sustentou, afinal “um ladrão não procuraria a bolsa de uma mulher, onde se sabe perfeitamente existirem apenas niquéis, pó de arroz, carmim e coisas sem importancia”. Com base nesse impecável raciocínio e depois de interrogar a moça, a polícia mudou a linha de investigação: o crime era passional, e a mandante era ela!
A fonte continua até hoje dentro do estádio, mas voltou ao esquecimento. Está se deteriorando, maltratada em um canto, sem que ninguém dê a mínima pra ela.
Nota do blog: É certo que tudo que já está ruim, pode piorar: com a recente concessão/privatização do Estádio do Pacaembu, o mesmo sofreu uma quase completa destruição de como o conheciámos (segundo os autores desse crime, vai ficar "muito melhor do que era"). Dito isso, provavelmente, foi o fim da "Biquinha do Pacaembu"...
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