Curitiba - PR
Fotografia
Texto 1:
Curitiba completará 316 anos no próximo domingo (24/03/2009). Nas comemorações, talvez se fale sobre o mito da fundação da cidade, transposta de um povoado insalubre nas margens do Rio Atuba até a atual Praça Tiradentes. A mudança de endereço teria sido sugestão da santinha que protegia aqueles pioneiros, uma imagem de Nossa Senhora da Luz que sempre aparecia olhando, ao amanhecer, para onde hoje é o centro da cidade, mesmo que fosse mudada de posição todas as noites.
A orientação divina, conta a história, foi corroborada pelo cacique Tindiquera, da tribo dos Tinguis, amigos do homem branco. Ele é que teria escolhido o exato local para erguer a futura vila. Fincou uma vara no chão e disse: "Coré etuba", ou, em bom português, "muito pinhão", indicando que naquela região havia fartura daquela semente para alimentar a população.
Esse teria sido o batismo da cidade, a terra dos pinheirais. Ao menos essa é a versão que se tornou mais conhecida. Mas, recentemente, pesquisadores como Francisco Filipak e Valério Hoerner Júnior, ambos da Academia Paranaense de Letras, têm questionado essa interpretação, do mesmo modo que a certeza de que o nome da cidade seria uma alusão à abundância de araucárias.
O argumento é de que o termo "coré", em tupi-guarani, significa "porco". E é "curiy" a palavra indígena para "pinhão" ("tuba" ou "tiba" significa "muito"). Portanto, o cacique queria dizer, ao indicar o local ideal para a nova vila, não aquilo o que os pioneiros conseguiam ver a sua volta: os imensos pinheirais. Mas sim que, nas redondezas, havia muitos porcos para fornecer carne. Diversos relatos de viajantes que passaram pelo Primeiro Planalto do Paraná na época, aliás, fazem menção à profusão de catetos na região.
O fato é que, por muito tempo, a cidade inclusive teve dupla grafia: ora aparecia Curityba (terra dos pinheirais) ora Coritiba (terra dos porcos, desculpem-me os torcedores do Coxa que possam desde já se sentir ofendidos, mas isso é etimologia).
A grafia do nome da cidade só veio a ser definida oficialmente em 1919, por uma resolução da Câmara Municipal. A cidade passou a se chamar definitivamente Curityba que, após a reforma ortográfica de 1943, virou Curitiba. Assim, por decreto, a cidade ficou sendo a terra dos pinhões e não a dos porcos abundantes.
PS: A história da denominação de Curitiba é contada com detalhes no ensaio Curitiba e suas variantes toponímicas, de Francisco Filipak, editado em 1999. Texto de Felipe Martins / Gazeta do Povo.
Texto 2:
Não há quem não tenha caminhado pelo centro de Curitiba e não tenha perambulado pela região da Praça Tiradentes. É neste ponto que existe uma estrutura que representa o poder legalmente constituído do governo português e a caracterização de Curitiba como vila, em 29 de março de 1693. Foi ali, portanto, o ponto de início do desenvolvimento da capital paranaense.
Os garimpeiros que vinham até essa região não fixavam residência. Os poucos que optavam por se estabelecer na localidade estabeleciam-se na pequena povoação de nome “Vilinha”, localizada nas margens do rio Atuba. No local foram construídas algumas palhoças.
O historiador Ruy Wachowicz escreve que um membro da família Soares do Valle, tradicional na província de São Paulo, teria se desentendido com o governo local e acabou embrenhando fuga em direção ao atual município de Curitiba. Estabeleceu-se ali com a esposa e filhos, justamente às margens do rio Atuba.
Provavelmente por causa da umidade da região, os moradores da Vilinha resolveram escolher outro ponto para se instalar. Conta uma antiga lenda que para manter uma boa relação com os indígenas que habitavam a região, esses primeiros e incipientes povoadores convidaram um cacique indígena para indicar-lhes o local mais apropriado.
“Depois de procurar demoradamente um bom lugar, fincou uma vara no chão, dizendo: Coré-etuba, isto é, muito pinhão aqui. Desta expressão do cacique Tingui surgiria o nome da futura capital dos paranaenses”, escreve Wachowicz.
Não há comprovação histórica que ateste a veracidade desta lenda. No entanto, o fato é que muitos povoadores começaram a se interessar pela localidade. Motivados, sobretudo, pela exploração de ouro e, também, para prear índios para servirem de escravos. Porém, essas bandeiras passavam sem deixar povoadores.
Apenas um ou outro era atraído – foi o que aconteceu com os primeiros “moradores” portugueses da futura Curitiba, o bandeirante Baltazar Carrasco do Reis e Mateus Leme. O historiador Renato Mocellin faz uma ressalva: não há uma unanimidade quando se fala que Coré-etuba signifique de fato “muito pinhão”.
“Há pesquisadores que discordam dessa versão”. Um desses autores é Francisco Filipak, escritor, linguista e professor brasileiro, membro da Academia Paranaense de Letras, que faleceu em 2010. “A tradução correta de ‘Coré-etuba’ é coré: porco + tuba, duba: bastante; bastante porco… foi este o sentido que o nativo teria dado às suas palavras.
Mocellin atesta que na região proliferavam os catetos, ou seja, porcos-do-mato.
“De qualquer forma, houve a mudança. Se a história contada pela tradição estiver certa, o tal Cacique, cujo nome não sabemos, deu uma indicação preciosa para aqueles desanimados povoadores. Local seco, alto, tendo nas proximidades dois rios: o Belém e o Ivo”, afirma Mocellin.
Foi a partir deste ponto – com um incipiente e irregular núcleo populacional – que se irradiou o início do desenvolvimento de Curitiba. Texto de Diego Antonelli / Tribuna PR.
Nota do blog: Imagens de 2023 / Crédito para Jaf.
Nenhum comentário:
Postar um comentário