quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Colégio Brasil, Rua Américo Brasiliense, Centro, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil


 

Colégio Brasil, Rua Américo Brasiliense, Centro, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia

Imagem das instalações do Colégio Brasil, um dos mais tradicionais estabelecimentos de ensino particular de Ribeirão Preto.
Tirei a foto acima em razão de uma lembrança que resolvi resgatar, que trata da diferença de qualidade que existia em um passado não muito distante, entre o ensino público e o ensino particular (ou que pensávamos existir). 
Qualquer pessoa de menos de 25/30 anos, provavelmente vai achar estranho, duvidar do que estou escrevendo, mas quando cursei o primeiro e segundo grau (anos 80 e início dos 90), achávamos que quem estudava em escola particular, era porque não conseguia passar de ano na escola pública. Sério, eu e grande parte de meus amigos, achávamos isso, não havia dúvidas a respeito. Tinhámos até um apelido para nossos amigos que estudavam em escola particular, "PPP", que, maldosamente, significava "papai pagou, passou".
Para nós, o ensino público era muito mais forte que o particular, havia uma verdadeira disputa entre os alunos para conseguir uma vaga e se manter nas escolas públicas mais tradicionais da cidade, especialmente no período da manhã (onde os alunos, em sua maioria, por não trabalharem e terem mais tempo, tiravam as melhores notas).
Além disso, não havia a tal "progressão continuada", se não tirasse boas notas, ou faltasse além do permitido, repetia de ano mesmo, não tinha conversa ou choro. 
Embora isso nunca aconteceu comigo, durantes os anos que cursei o ensino público, tive vários amigos que não conseguiram nota suficiente e "bombaram" (a gíria da época para repetentes). 
E naquela época, ser "repetente" não era algo bonito, os amigos tiravam sarro, os parentes te usavam como mal exemplo para os filhos, os pais ficavam bravos, entre outras coisas ruins.
Costumo dizer que alguém que tivesse entrado em coma naquele período e acordado hoje, ao ver a atual situação do ensino público, não ia entender nada, ia achar o absurdo dos absurdos. Provavelmente até quisesse voltar para o coma, pensando que se as escolas estão assim, imagine o resto...rs.
Infelizmente, o ensino público piorou de forma assustadora, foi sucateado, ficando muito distante das escolas particulares. Ainda que alguns alunos de escolas públicas apresentem bons resultados (alguns por serem extremamente inteligentes, outros por usarem de cotas), a diferença atual é abissal a favor do ensino particular em relação ao público, há casos que falta até água de beber para os alunos...
Feita essa pequena explanação, vamos agora a história que gostaria de relembrar, que tem a ver com o Colégio Brasil, objeto da foto do post.
Eu tenho um amigo que estudou comigo na escola João Rodrigues Guião (avenida Treze de Maio). Na época esse amigo tinha ido mal nos dois bimestres iniciais, tirando um monte de notas "D" e "E" (notas ruins) em matemática, português e outras disciplinas. Em uma situação dessas, ele já estava praticamente reprovado, era muito difícil recuperar, precisaria ter um desempenho irretocável nos bimestres seguintes, o que, para ser sincero, nem ele acreditava.
Diante dessa situação, e não querendo ganhar a alcunha de "repetente", esse amigo conversou com seus pais e pediu transferência para o Colégio Brasil, baseado nesse entendimento de "moleza" que tinhámos do ensino particular à época, o tal "PPP" que fiz referência acima.
Quando eu e a molecada ficamos sabendo, conversamos, segundo sua visão já eram "favas contadas", ele terminaria os dois bimestres faltantes no Colégio Brasil, iria recuperar as notas "facinho", passaria de ano devido o ensino "mais fraco" ("PPP", lembram?), e no ano seguinte voltava para a escola pública com a gente. E toda a molecada que ele contava, achava que ia dar certo, que ele era um "gênio do crime" (lembrei do termo por ser um bom livro para adolescentes que li na época).
Bom, infelizmente a coisa não aconteceu assim. Ele também tirou notas ruins nos dois bimestres faltantes no Colégio Brasil, similares as notas que havia tirado no João Rodrigues Guião, culminando com sua reprovação. E ainda fez os pais gastarem dinheiro com as mensalidades. 
A parte boa, ao menos para ele, é que acabou gostando do Colégio Brasil e terminou seus estudos de primeiro e segundo grau por lá mesmo, nunca mais voltando a escola pública (embora eu não tive essa experiência na escola particular, não devia ser ruim como nós pensávamos, afinal ele acabou ficando por lá...rs).
Quando nos encontramos, sempre lembramos e rimos desse fato, o "plano perfeito" que não funcionou.
Finalizando a memória, ao menos no meu caso, nunca mais falei "PPP" para ensino particular; o negócio era estudar senão repetia mesmo...rs.

      

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