quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Jardim da Aclimação, 1910, São Paulo, Brasil


Jardim da Aclimação, 1910, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

Imagem do Jardim da Aclimação em 1910, quando ainda não era público e pertencia ao Dr. Carlos Botelho, médico e primeiro diretor clínico da Santa Casa de São Paulo.
Breve histórico do local, de sua formação até os dias atuais:
Após anos de estudos em Paris frequentando o "Jardin d'Acclimatation", Carlos Botelho volta para o Brasil em 1880 com o desejo de construir um logradouro semelhante na cidade de São Paulo. Fundou o Jardim da Aclimação em 1892 e o local escolhido foi o Sítio do Tapanhoin, o qual conseguiu por preços baixos e onde construiu uma granja leiteiria, um bosque, uma parquinho que de diversões e um zoológico. Em pouco tempo o parque se tornou um ponto turístico para todas as famílias paulistanas. Mais tarde, Carlos Botelho passava tudo para os filhos que começam a dividir e vender parte das terras próximas ao Parque que eram privadas e, dessa maneira, obras começavam a contornar o grande jardim e seu brilho foi se perdendo.
Em 1939, o Prefeito de São Paulo Francisco Prestes Maia inconformado com o loteamento do Parque da Aclimação pelos herdeiros de Carlos Botelho procurou a família para apresentar uma proposta de compra por parte da Prefeitura de São Paulo e foi aceita. Infelizmente o declínio do Parque que já ocorria na década de 30 se acentuou, o zoológico que ali existia foi retirado, o parque de diversões, depredado, o lago acabou sendo poluído pelo acumulo de lodo, e o mato tomou conta do que antes era um gramado. Após 16 anos em 1955, surgiu a ideia de um projeto ambicioso que prometia uma granja leiteira, um novo parquinho, uma pista de ciclismo, um restaurante-abrigo, charretes e animais como cabras e ovelhas espalhadas pelo parque. Esse projeto teve que ser deixado de lado e foi substituída por algumas reformas, iniciadas por Jânio Quadros e concluídas na administração de William Salem, como as alamedas que receberam asfalto, postes de iluminação que foram instalados e a construção da concha acústica utilizada até hoje para shows. Em 1956, o local ganhou também um campo de futebol.
Menos de dez anos depois, na década de 1960, as reclamações da comunidade recomeçaram. Desta vez, no entanto, além de resíduos, buracos e mato, a preocupação era com ladrões e usuários de drogas que haviam se deslocado de pontos mais centrais e visados pela polícia, como o Jardim da Luz, para os bairros. A situação chegou a tal ponto que em 1969, o jornal O Estado de S. Paulo publicou um alerta à população, para que não fosse ao parque nem mesmo durante o dia: “... as más intenções se escondem por detrás da vegetação espessa ou da escuridão quase total que marcam o Parque da Aclimação”.
Em 1972, já na administração Figueiredo Ferraz, o parque passou por sua última grande reforma. Uma das providências, estendida a muitas praças da cidade, foi a colocação de grades em volta da área, com o objetivo de controlar a entrada pelos seus quatro portões. Foram restauradas benfeitorias já existentes, como o antigo ancoradouro, a concha acústica, as pistas de bocha, as alamedas e canteiros, a praça esportiva, que recebeu novos alambrados e arquibancadas. Um novo playground também foi construído, aproveitando os desníveis do terreno.
O Parque da Aclimação já teve até zoológico, o primeiro da cidade aliás, jardim com alamedas e lago para lazer dos paulistanos. Além também de uma leiteria com posto zootécnico e botânico.
O zoológico do Parque já foi uma grande sensação da cidade de São Paulo. Tinha peixe elétrico da Amazônia, hienas africanas e camelos, nos quais era possível montar. Graças à uma parceria com o grupo da cervejaria Antárctica, que fornecia o gelo, o Parque teve até um urso polar com habitat climatizado.
Desde aquela época, o Parque vivia frequentando as manchetes dos jornais, mas por outros motivos diferentes dos de hoje. Certa vez um tratador foi atacado por um leão e uma sucuri gigante fugiu do local e teve que ser carregada por cinco homens, após sua captura. Os dois fatos ganharam ampla cobertura da imprensa paulistana na época.
O Parque hoje é frequentado por moradores do bairro da Aclimação e de bairros ao redor, como Vila Mariana, Cambuci e Centro. Sua vegetação nativa, lago e aparelhos de ginástica e culturais são alguns de seus atrativos.

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