terça-feira, 10 de outubro de 2023

Monumento a Manoel Fernandes do Nascimento, Praça Manoel Fernandes do Nascimento, Vila Seixas, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil

 








Monumento a Manoel Fernandes do Nascimento, Praça Manoel Fernandes do Nascimento, Vila Seixas, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia

Nota do blog 1: O monumento consistia em uma placa de bronze em um pedestal de concreto com os dizeres "Manoel Fernandes do Nascimento, um dos fundadores desta cidade, foi o 1º fabriqueiro do patrimônio de São Sebastião. Foi assassinado neste local em 07/12/1866 por questões de abertura de uma rua."
Nota do blog 2: Eu escrevi "consistia", porque, infelizmente, a placa foi furtada, só restando o pedestal, que está tomado pelo mato alto (não, não é em um "sítio" ou "fazenda", é em plena avenida Portugal).
Nota do blog 3: Anteriormente no local (fim da rua Prudente de Morais e início da avenida Portugal) existia uma pequena capela, onde Manoel foi assassinado. Também havia uma cruz de madeira que foi substituída pela placa e pedestal do monumento.
Nota do blog 4: Manoel Fernandes do Nascimento já estava na região, pelo menos, em 1857. Foi fabriqueiro da capela de São Sebastião do Ribeirão Preto, nomeado pelo bispo de São Paulo, Dom Antônio Joaquim de Melo, em 23/08/1859. Em certo sentido, pode ser considerado o primeiro urbanista de Ribeirão Preto, foi quem abriu as primeiras ruas e travessas do arraial, demarcou seu largo central, mesmo antes da construção da capela.
Sobre o crime, Manoel Fernandes do Nascimento foi baleado em 07/12/1866, na porteira de sua propriedade rural, por Manoel Félix de Campos. Em virtude dos ferimentos, acabou morrendo em 10/02/1867. A polícia de Casa Branca tomou depoimentos e, perante um júri popular, o réu confessou que praticara o crime a mando da mulher do rico comerciante Manoel Soares de Castilho, em troca de 10$000 e uma garrafa cheia de cachaça. O motivo alegado para o crime foi o fato de Fernandes, como fabriqueiro da Igreja, pretender abrir uma rua bem no quintal de Manoel de Castilho. Houve uma discussão entre a sua mulher e o fabriqueiro. E ela, desejando se vingar, contratou o réu para que lhe desse um tiro e lhe quebrasse um braço.
Embora esse não tenha sido o primeiro crime que aconteceu em Ribeirão Preto, foi o de maior repercussão naqueles tempos. É importante lembrar que o fabriqueiro era, de certa forma, uma autoridade no lugar, representava a Igreja e o Estado naquela comunidade nascente.
Sobre o julgamento, o réu foi condenado à prisão perpétua e os mandantes até chegaram a ser presos, mas nem sequer foram a julgamento, sendo logo libertados, apesar das acusações irrefutáveis contra eles.
Nota do blog 5: Não se sabe a data correta de instalação do monumento, acredita-se que foi durante o prolongamento da avenida Portugal.
Nota do blog 6: Finalizando, o pedestal em concreto do monumento, que estava vandalizado, foi repintado por cima das pichações com as cores da bandeira da Argentina (provavelmente por algum particular, não acredito que tenha sido coisa da Prefeitura), o mesmo acontecendo com os bancos dessa praça (também pintaram os de uma praça próxima da mesma forma). É no mínimo estranho que um monumento destinado a homenagear uma pessoa importante do passado da cidade (além de documentar um assassinato) tenha um grafismo nada a ver com o assunto. Esperava-se, ao menos, sobriedade e respeito.
Nota do blog 7: Caso alguém tenha interesse em saber o significado dos termos "fábrica" e "fabriqueiro", a seguir um breve resumo. "Fábrica" da igreja é a pessoa jurídica não colegial a que pertencem todos os bens e direitos destinados à conservação, reparação e manutenção duma igreja, e ao exercício do culto nela. Na catedral o administrador é o bispo com o cabido, e na igreja paroquial é o pároco, ajudado pelo conselho para os assuntos econômicos, tam­bém denominado comissão fabriqueira. No caso das igrejas não paroquiais, o administrador é o reitor.
Compete ao administrador da fábrica, o "fabriqueiro", administrar de acordo com a lei ca­nô­ni­ca e civil, e em particular manter em dia o inventário dos bens e prestar anual­mente contas ao bispo. 
As atribuições do fabriqueiro variaram conforme a época e o local e conforme o tipo de bens envolvidos. Podia ser encarregado do gerenciamento de propriedades rurais, de obras de reparo, construção e manutenção de edifícios religiosos como mosteiros, capelas, cemitérios, escolas e igrejas, controle de fundos e doações, organização e supervisão de festividades, ritos, procissões e solenidades, servindo também como conselheiro do clero. Muitas vezes o cargo era compartilhado em colegiados permanentes, especialmente no caso das grandes igrejas (matrizes e catedrais), cujo patrimônio costumava ser considerável, exigindo esforços combinados em equipes para sua boa administração. Em comunidades pobres podia substituir um padre ausente na condução de ritos básicos como as novenas e batismos. Os fabriqueiros geralmente eram eleitos pela comunidade entre os cidadãos mais respeitáveis do lugar, e devido às responsabilidades assumidas, seu prestígio era alto, tornando-os incontestáveis lideranças.
Nota do blog 8: Imagens de 2023.

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