Brodowski - SP
Fotografia
Texto 1:
História da construção da Igreja Matriz da cidade, da tela de “Santo Antônio” e da Praça Cândido Portinari:
...Formaram o povoado. Não há rio, nem pedras. De tijolos caiados e telhas antigas são as construções; de taipas e arame farpado, os divisores...lugar arenoso no meio da terra roxa cafeeira. Imenso céu azul circula o areal. Milhares de brancas nuvens viajam. Caravanas luminosas em movimento. O mais solitário, ali deixaria de sê-lo... (Candido Portinari)
Nos primórdios do povoado, muito antes de ser elevado à categoria de município, a Capela de Santo Antônio, outrora Igreja Matriz da cidade, foi construída; era o ano de 1905.
Situada em um largo, Humaitá, foi erguida por um gesto de gratidão e devoção do Capitão Américo José Ferreira, que em cumprimento a um Voto feito à Imaculada Conceição, ofertou o terreno e edificou a Igreja; trouxe ainda uma imagem, ficando assim o povoado consagrado à sua Padroeira, Nossa Senhora Aparecida.
Também por doação, o Capitão, ofertou os terrenos para a construção da atual Matriz e do Cemitério Municipal.
No chão duro de terra vermelha do primitivo largo, desde sempre...a bola rolou; de bexiga de boi, de meia, de capotão ou cobertão, o futebol de rua, era praticado diariamente pelos meninos de Brodowski, e entre eles, Candido Portinari.
No alvorecer de um novo dia, quando os primeiros raios de Sol iluminam a cidade de Brodowski, das janelas e portas da Casa da família Portinari, é possível avistar esse local, uma pracinha, com uma igrejinha, emoldurada por um horizonte azul.
...a pracinha de Santo Antônio.... (Candido Portinari)
Durante as horas do dia os matizes se alteram. Na essência do olhar do menino artista são sinônimos de formas, cores e versos.
A Igreja de Santo Antônio era o ninho das andorinhas. Às tardes, era um prazer vê-las em grande quantidade chilreando e dando espetáculo com suas acrobacias. Iam e vinham dos fios da luz elétrica, fora da igreja. Com suas reviravoltas, todas ao mesmo tempo, sem se esbarrarem. Às vezes paravam no ar. Ninguém atirava pedras (Candido Portinari).
O tempo passou...
As memórias ganharam forma, ganharam cor.
A pracinha, os casamentos, as brincadeiras, o futebol.
As bandas, as festas, as procissões, os Santos, e entre eles, Santo Antônio.
... Que ventos jogaram pó no Santo Antônio do Candinho.... (Saulo Ramos)
Obra executada para decorar o altar da igrejinha e para pagar uma promessa do artista, por motivos de saúde.
Pintada em 1942, serviu de modelo, o amigo José Moraes.
“A inauguração do quadro “Santo Antonio”, na referida Igreja da Praça Humaitá, realizou-se domingo passado (dia 12.4.1942), às 9 horas da manhã, com a presença de grande número de pessoas, tendo, por essa ocasião, o vigário desta paróquia, pe. Francisco Siino, rezado uma missa e falado sobre o ato, e da valiosa oferta que Portinari fez à antiga Igreja de sua terra natal”.
A cerimônia, como se observa, revestiu-se de exclusivo sentido religioso. Portinari não esteve presente. Fugiu de ser alvo de qualquer homenagem. Era uma criatura simples. Disso podemos dar testemunho pelo que dele, pessoalmente, conhecemos. Um glorioso que não quis acreditar na glória. E viveu boa parte da existência, nos últimos anos, como ele próprio dizia, “com saudade de Deus” (Ariovaldo Correa).
O tempo passou...
...e voa para nunca mais a mão infinita, a mão-de-olhos-azuis de Candido Portinari. (Carlos Drummond de Andrade).
Em sua homenagem, em 1969, o largo foi transformado na Praça Candido Portinari. De pedra portuguesa, nos passeios sinuosos dos espaços brancos com círculos pretos e nos espaços pretos com círculos brancos, servem de brincadeiras para a imaginação das crianças que sempre frequentaram o lugar. Pulando de círculo em círculo, muitos foram os meninos que cresceram nesta praça.
E o tempo passa...
Texto 2:
Certa ocasião, o Capitão Américo José Ferreira um dos fundadores de Brodowski juntamente com os empregados de sua fazenda viajaram para a cidade de Campinas quando a noite vinha caindo ameaçava violento temporal procuram um lugar para se abrigarem da melhor maneira possível e encontram um cercado. Ali soltaram seus animais que se acomodaram para passar a noite e esperar a chuva passar.
Quando amanheceu, já podiam continuar viagem, mas assustados, perceberam que tinham passado a noite em um cemitério de leprosos.
Como o Capitão Américo José Ferreira era profundamente devoto de Nossa Senhora Aparecida fez um voto, se ninguém da comitiva contraísse a doença ele traria uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e construiria sua capela em um dos terrenos que ele mesmo havia doado.
Foi então com um gesto de gratidão a Nossa Senhora Aparecida que os protegeu que ele a trouxe para nossa cidade de Brodowski, ficando instituída a padroeira da nossa cidade.
A 20 de Dezembro de 1905, já se lavrava no cartório local livro 2, fls 69 a 71 V a escritura referente à doação feita pelo Capitão Américo José Ferreira, das duas praças onde hoje se localizam respectivamente a Matriz e a Capela de Santo Antônio.
E na mesma data lavram-se as fl 9 68 do livro 2 do cartório de Brodowski, a escritura de doação da primeira casa paroquial e seu terreno.
Nota do blog 1: O altar é decorado com a pintura "Santo Antônio", um óleo sobre tela de Cândido Portinari, medindo 200x78, realizada em 1942.
Nota do blog 2: Imagens de 2024.
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