Curitiba - PR
Fotografia
Texto 1:
O restaurante Casa dos Arcos funciona em um imóvel construído por imigrantes italianos por volta de 1895, localizado na avenida Manoel Ribas, 5999. É um exemplar de arquitetura italiana urbana: apesar da volumetria semelhante à das casas rurais, possui uma arcada na fachada, a chamada loggia, estrutura muito comum na área central das cidades do Vêneto, onde pipoca o comércio. De acordo com Fábio Domingos Batista, essa disposição da Casa dos Arcos parece chamar outras estruturas iguais a ela, como acontece na Itália, onde elas ficam lado a lado, formando uma verdadeira galeria para pedestres. “Em épocas de calor, elas oferecem sombra. Na chuva, dão abrigo”, comenta.
Além da loggia, a casa também se apresenta como um sobrado com sótão. Na época de sua construção, o térreo era dirigido ao comércio, enquanto o pavimento superior era residencial, provando mais uma vez que o imóvel foi erguido também com o propósito comercial. Trecho de texto de Mariana Domakoski.
Texto 2:
Todos os domingos a conhecida estrada da gastronomia que leva a Santa Felicidade e aos seus incontáveis restaurantes fica fervilhando de automóveis que conduzem famílias curitibanas que se dão ao pequeno luxo de “almoçar fora”. Já é uma tradição.
Tradição, entretanto, que não extrapola o tempo contido em três décadas. No início, lá por 1960, eram ainda poucos os que iam até lá degustar um frango a passarinho com polenta frita sempre molhado com goles de um “vinhote” da própria colônia. Hoje o fluxo de comensais leais e turistas transformou o ambiente, é uma cidade dentro de Curitiba.
Para que houvesse esse progresso foi necessário que uma série de acontecimentos se desencadeassem a principiar pelo asfaltamento da antiga estrada de Santa Felicidade, em 1954, hoje a avenida Manoel Ribas. Outro fator que ajudou a carregar e acostumar o curitibano a frequentar aquelas bandas foi a existência da cascatinha do rio Uvú onde, desde o século passado, se faziam piqueniques em tempo de verão. Ali foi um dos primeiros pontos em que se instalou um bar de banhistas, que se serviam de cervejas, gasosas e sanduíches.
A estrada de Santa Felicidade era o início da chamada estrada do Cerne, que ligava a capital com o Norte velho. Os primeiros carregamentos de café em parte passavam por ali. Dizemos em parte porque muitos caminhões preferiam desviar por Campo Largo, quando chegavam a Bateias. Esse movimento de viajantes já dava para que alguns botecos começassem a sofisticar o seu atendimento.
Entretanto, até chegar o asfalto, a estrada da colônia conservou o bucolismo de quando era, em princípio, de terra batida e depois de macadame, quase que, exclusivamente, transitada pelas suas famosas carrocinhas. A fotografia que apresentamos abaixo foi feita ainda nesta época, 1938, quando a reportagem do Diário da Tarde fez uma visita a Santa Felicidade e o velho Foggiatto registrou belas vistas do local. A imagem escolhida nos mostra o centro urbano da colônia, feita no sentido para o centro da cidade.
O chalé de madeira que aparece em primeiro plano, à direita, era o cartório, cujo titular Angelin das Chagas Lima palmilhava a região atrás de escassos serviços. Em seguida vem a hoje conhecida Casa dos Arcos, mandada construir em 1895 por Marco Mocelin, tendo sido vendida, em 1918, para a família Túlio. Mais adiante vinha a padaria de Agostinho Túlio, a casa de Ignácio Slompo, seguido pela ferraria de Antônio Valente e, lá no fundão, a casa de João Baptista Comparin.
A esquerda, uma típica casa de área coberta, de frente para a rua, que era ocupada na época pela família de Saturnino Miranda e, que pertencia, a Agostinho Túlio.
Sentimos que neste espaço que escrevemos não haja condições de citarmos toda a italianada folgazã que habitou a colônia de Santa Felicidade naqueles tempos. Gente trabalhadora e religiosa que se divertia aos domingos, sem a presença da gente de Curitiba, cantando, bebendo vinho e jogando mora, bocha, escopa ou três-sete.
Hoje esta italianada ainda tem presença forte no local, através de seus descendentes, mas o elemento forasteiro já vem se infiltrando há algum tempo, principalmente no ramo da culinária onde já se servem outros tipos de comida que nada têm a ver com a tradicional da colônia. O valor imobiliário também explodiu. Muitas casas de luxo são construídas, ajudando a aumentar a população local. Segundo o atual titular do cartório, Írio Chagas Lima, existe uma grande procura de imóveis por parte de paulistas que fogem de sua caótica megalópole para morar num dos melhores bairros desta Curitiba, numa das três melhores cidades do mundo para se viver, segundo um forasteiro admirador de Jaime Lerner. Texto da Casa dos Arcos.
Nota do blog 1: Veja abaixo foto citada no texto (circa 1938) / Crédito para Paulo José da Costa.
Nota do blog 2: Localizada na avenida Manoel Ribas, 5999 / Imagens de 2024
Tradição, entretanto, que não extrapola o tempo contido em três décadas. No início, lá por 1960, eram ainda poucos os que iam até lá degustar um frango a passarinho com polenta frita sempre molhado com goles de um “vinhote” da própria colônia. Hoje o fluxo de comensais leais e turistas transformou o ambiente, é uma cidade dentro de Curitiba.
Para que houvesse esse progresso foi necessário que uma série de acontecimentos se desencadeassem a principiar pelo asfaltamento da antiga estrada de Santa Felicidade, em 1954, hoje a avenida Manoel Ribas. Outro fator que ajudou a carregar e acostumar o curitibano a frequentar aquelas bandas foi a existência da cascatinha do rio Uvú onde, desde o século passado, se faziam piqueniques em tempo de verão. Ali foi um dos primeiros pontos em que se instalou um bar de banhistas, que se serviam de cervejas, gasosas e sanduíches.
A estrada de Santa Felicidade era o início da chamada estrada do Cerne, que ligava a capital com o Norte velho. Os primeiros carregamentos de café em parte passavam por ali. Dizemos em parte porque muitos caminhões preferiam desviar por Campo Largo, quando chegavam a Bateias. Esse movimento de viajantes já dava para que alguns botecos começassem a sofisticar o seu atendimento.
Entretanto, até chegar o asfalto, a estrada da colônia conservou o bucolismo de quando era, em princípio, de terra batida e depois de macadame, quase que, exclusivamente, transitada pelas suas famosas carrocinhas. A fotografia que apresentamos abaixo foi feita ainda nesta época, 1938, quando a reportagem do Diário da Tarde fez uma visita a Santa Felicidade e o velho Foggiatto registrou belas vistas do local. A imagem escolhida nos mostra o centro urbano da colônia, feita no sentido para o centro da cidade.
O chalé de madeira que aparece em primeiro plano, à direita, era o cartório, cujo titular Angelin das Chagas Lima palmilhava a região atrás de escassos serviços. Em seguida vem a hoje conhecida Casa dos Arcos, mandada construir em 1895 por Marco Mocelin, tendo sido vendida, em 1918, para a família Túlio. Mais adiante vinha a padaria de Agostinho Túlio, a casa de Ignácio Slompo, seguido pela ferraria de Antônio Valente e, lá no fundão, a casa de João Baptista Comparin.
A esquerda, uma típica casa de área coberta, de frente para a rua, que era ocupada na época pela família de Saturnino Miranda e, que pertencia, a Agostinho Túlio.
Sentimos que neste espaço que escrevemos não haja condições de citarmos toda a italianada folgazã que habitou a colônia de Santa Felicidade naqueles tempos. Gente trabalhadora e religiosa que se divertia aos domingos, sem a presença da gente de Curitiba, cantando, bebendo vinho e jogando mora, bocha, escopa ou três-sete.
Hoje esta italianada ainda tem presença forte no local, através de seus descendentes, mas o elemento forasteiro já vem se infiltrando há algum tempo, principalmente no ramo da culinária onde já se servem outros tipos de comida que nada têm a ver com a tradicional da colônia. O valor imobiliário também explodiu. Muitas casas de luxo são construídas, ajudando a aumentar a população local. Segundo o atual titular do cartório, Írio Chagas Lima, existe uma grande procura de imóveis por parte de paulistas que fogem de sua caótica megalópole para morar num dos melhores bairros desta Curitiba, numa das três melhores cidades do mundo para se viver, segundo um forasteiro admirador de Jaime Lerner. Texto da Casa dos Arcos.
Nota do blog 1: Veja abaixo foto citada no texto (circa 1938) / Crédito para Paulo José da Costa.
Nota do blog 2: Localizada na avenida Manoel Ribas, 5999 / Imagens de 2024
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