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sábado, 27 de abril de 2024
Selo "Cinquentenário da Fábrica Presidente Vargas - Piquete", Correios, Brasil
Selo "Cinquentenário da Fábrica Presidente Vargas - Piquete", Correios, Brasil
Selo
A Fábrica Getúlio Vargas foi inaugurada em 15 de março de 1909, no recém criado município de Piquete. A idéia de sua construção foi iniciativa do Ministro da Guerra (1898-1902) Marechal João Nepomuceno Medeiros Mallet, filho do Marechal Emílio Luiz Mallet, patrono da Artilharia do Exército.
Anteriormente, em 1898, o Ministro criou o Estado-Maior do Exército junto com a então Fábrica de Pólvora e Explosivos de Piquete, a primeira de pólvora sem fumaça na América do Sul, constituindo-se pontos de inflexão para a Reforma Militar do Exército (1898-1945). Tal Reforma elevou os baixos índices operacionais do Exército, de 1874-1887, aos elevados índices comprovados pela Força Expedicionária Brasileira durante a 2ª Guerra Mundial nos campos da Itália, onde ela fez muito boa figura, ao lutar contra em aliança com frações dos melhores exércitos do mundo presentes na Europa.
O nome da Fábrica foi mudado, mais tarde, para Fábrica de Piquete e, em 8 de dezembro de 1942, para Fábrica Getúlio Vargas. Um dos valorosos chefes da construção da fábrica de pólvora de base dupla foi o Coronel Luiz Sá Affonseca, que como general chefiou a construção da AMAN.
O próprio Presidente Getúlio Vargas visitou a Fábrica em outubro de 1942, na ocasião em que ocorriam as manobras do Exército no vale do rio Paraíba.
A construção da fábrica teve início em julho de 1905, no governo do Presidente Rodrigues Alves, por determinação de seu Ministro da Guerra, Marechal Francisco Paulo Argolo (1896 e 1902-6) e foi conduzida pela equipe do Tenente-Coronel Augusto Maria Sisson.
O local definido para a fábrica atendia a critérios topográficos, estratégicos e geopolíticos, principalmente, por situar-se entre os dois maiores centros industriais brasileiros, Rio de Janeiro e São Paulo.
Por questões de ordem técnica, o local, inicialmente escolhido, foi substituído pela região das fazendas Estrela do Norte, Limeira e Sertão.
A construção da Fábrica Getúlio Vargas levou três anos e atendia ao objetivo de melhor assegurar a soberania e a integridade do Brasil, cujas forças armadas dependiam da importação de munições e explosivos.
Cabe ressaltar que, em 1908, ocorreu a Grande Reforma do Exército, levada a efeito pelo Marechal Hermes da Fonseca, e marcada pela criação de Brigadas Estratégicas. A Reforma importou fuzis Mauser, metralhadoras Madsen e canhões Krupp e a respectivas fábricas de munições que foram instaladas em Realengo.
O projeto da Fábrica foi elaborado nos Estados Unidos da América, em Nemours, pela Companhia Eleuthère Irénée du Pont que enviou para o Brasil, com a finalidade de acompanhar por quase um ano a instalação, o engenheiro L. W. Burwirth, o químico Theodore Baker e o mecânico T. R. Wright.
Em 25 de maio de 1905, teve início a fabricação de pólvora sem fumaça e, cerca de três meses mais tarde, o Exército recebeu o primeiro lote fabricado no Brasil.
Em 1911, a Fábrica de Piquete conquistou o Grande Prêmio da Exposição de Torino – Itália. Em 1922, na Exposição Internacional do Rio de Janeiro, comemorativa do Centenário da Independência do Brasil, recebeu mais uma vez “O Grande Prêmio”.
O seu primeiro diretor foi o Ten Cel Achilles Veloso Pederneiras, que regressava da missão de Adido Militar nos Estados Unidos, onde discutiu questões para a construção da Fábrica com Eleuthère du Pont, além da compra de materiais a ela destinados. Permaneceu por seis anos na nobre função. Há diversas citações que enaltecem o trabalho do Ten Cel Pederneiras, uma das mais significantes consta no livro de visitas e foi redigida pelo arquiteto Adolpho Morales de Los Rios Filho: “Ao ilustre Coronel Pederneiras, alma de artista, num corpo de aço, fundador e primeiro Diretor da Fábrica, o meu incondicional parabéns!”
O Coronel Pederneiras deixou a Direção da Fábrica em 14 de março de 1915 para dirigir o Arsenal de Guerra do Rio. Veio a falecer dois anos depois.
A partir de 1977, a Fábrica Getúlio Vargas foi incorporada à Indústria de Material Bélico (IMBEL), empresa vinculada ao Comando do Exército.
A Fábrica de Piquete foi um dos grandes feitos do Exército e marcou a presença pioneira do Exército no vale do rio Paraíba. Presença militar resgatada em 1996 no Simpósio de História do Vale do Paraíba, promovido pelo IEV em Resende na AMAN e AEDB e, em Itatiaia, no Centro de Recuperação do Exército, no qual atuamos na direção científica como 2º vice-presidente do IEV. Dela saíram produtos para quartéis, fortalezas, navios e aviões, uma contribuição estratégica expressiva para as Forças Armadas do Brasil.
Ela representou a vanguarda na fabricação de explosivos industriais e deu origem à indústria nacional de explosivos químicos. Seus produtos foram vitais na construção em todo o Brasil, de suas hidroelétricas, túneis, estradas, metrôs, prospecção de petróleo, mineração de carvão, de ferro, ouro, tornando-se conhecido em todo o Brasil, até entre os caçadores como eu fui, com sua célebre pólvora Piquete sem fumaça, muito superior à pólvora com fumaça que lembro era da marca Elefante.
Assim, apresentamos a síntese histórica deste empreendimento do Exército criado com a finalidade de abastecer o Exército e a Armada (Marinha) com seus produtos; entregar as sobras ao mercado, adaptadas no que convier, aos usos correntes, criando assim uma fonte de receita para o Estado e proceder a estudos técnicos relativos a pólvoras e explosivos, como também, mediante indenização, para fins particulares. Texto de Cláudio Moreira Bento.
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