Fúria GT, Brasil
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Esportivos com mecânica Alfa Romeo sempre foram modelos bem-sucedidos… no mercado italiano. No Brasil, a produção da marca nunca alcançou voos longos. Inicialmente os Alfa foram produzidos sob licença pela Fábrica Nacional de Motores (FNM), que colocou seu “cuore sportivo” nas grades dos sedãs como o JK ou o 2300, nos anos 60.
Depois de uma tentativa frustrada de produzir o FNM Onça cinco anos antes, em 1971 surgiu oportunidade de se criar um cupê Alfa nacional. Era o GT da Fúria Auto Esporte, empresa do projetista Toni Bianco e do executivo da FNM Vittorio Massari.
A ideia nasceu por sugestão do engenheiro da FNM que cuidava do braço de competições da marca. “Bati martelo por nove meses para construir o carro”, diz Bianco. O protótipo de aço serviria de molde para as carrocerias definitivas de fibra de vidro, material já usado nos para-choques.
Linhas retas predominavam como num típico edifício de arquitetura Bauhaus. O cupê fastback 2+2 previa o estilo do 2300 e lembrava mais o Lamborghini Jarama que qualquer Alfa italiano – exceto o GTV, que só surgiria em 1974.
Os bancos dianteiros tinham formato de concha e apoio de cabeça, enquanto o volante – esportivo com três raios metálicos – era de madeira. A ignição ficava à esquerda do volante num painel que espelhava os traços externos. “Num almoço no Rio, conseguiram vender 50 unidades”, diz o projetista sobre seu primeiro carro de rua, que usava logotipos da Alfa.
A mecânica era a do FNM 2150. Na época dizia-se que Bianco reduziu o entre-eixos para 2,5 metros – o mesmo da 2000 Spider – e adicionou dois carburadores duplos, além de elevar a taxa de compressão. Ele afirma que a plataforma veio da Itália, de um Alfa de competição. Criado para ser 300 kg mais leve que um sedã FNM 2150, o Fúria produzia 130 cv e tinha máxima estimada em 170 km/h. Previa-se a produção de 12 a 25 unidades por mês.
Em novembro de 1971, Quatro Rodas publicou impressões ao dirigir do protótipo. Os elogios iam para visibilidade, nível de ruído, estabilidade em curvas, freios e posição ao volante, com câmbio e comando bem ao alcance. Já o acelerador e o freio ficavam próximos demais, o que atrapalhava o punta-tacco. A direção era precisa, mas dura. “Aos poucos, a gente vai sentindo seu rodar macio, ajudado pela suspensão original do FNM 2150”, dizia o texto.
Porém nunca haveria outro Fúria. Bianco diz que concluiu quatro carrocerias, mas não sabe por que o interesse pelo GT se perdeu. O protótipo do carro que poderia ter feito companhia para o Puma GTB e o Santa Matilde nos anos 70 era vermelho, cor presente até nas rodas de magnésio de aro 15. Segundo o dono atual, um apaixonado por Alfa Romeo, ele foi comprado vermelho e batido fazia cerca de 20 anos. Mas já havia sido pintado de prata antes na própria FNM para eventos posteriores à avaliação da revista.
“Como é um JK encurtado, trepida muito. Numa viagem ao Rio, os limpadores queriam levantar e forro do teto formava uma bolha”, afirma o dono. “É o carro em que se fica mais longe do painel e direção. O banco tem efeito de mergulho, senta-se no assoalho.” Depois do Fúria GT, os Alfa Romeo brasileiros sempre tiveram quatro portas. Mas Toni Bianco não desistiria: criaria depois os fora de série Bianco S e Dardo nos anos 70.
Outro Fúria criado por Toni Bianco, o Bianco S, ficou até mais conhecido nas pistas do fim da década de 60 e início dos anos 70. Ele em nada parecia o GT de 1971. Usou vários motores, como o do FNM 2150, o seis-cilindros do Opala, o V8 da Chrysler, além de motores de BMW e Lamborghini. Em 1976, ele seria lançado em versão de rua, mais largo e com motor VW.
Ficha técnica:
Motor: 4 cilindros em linha, longitudinal, 2131 cm³, 2 carburadores Solex 42 duplos horizontais, 2 comandos de válvulas no cabeçote, refrigeração a água, a gasolina, diâmetro x curso: 84,5 x 95 mm, taxa de compressão: 9,5:1, potência 130 cv a 5 700 rpm;
Câmbio: manual de 5 marchas, tração traseira;
Carroceria: cupê 2+2;
Suspensão: dianteira independente, molas espirais, barra estabilizadora e amortecedores telescópicos / Traseira eixo rígido, molas helicoidais, barras tensoras, barra estabilizadora e amortecedores telescópicos;
Freios: disco na dianteira e tambor na traseira, servoassistidos;
Rodas e pneus: magnésio, 6×15, pneus 185 RS 15 radiais. Texto de Quatro Rodas.
Nota do blog: A empresa chamava Fúria Auto Esporte Ltda.
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