quinta-feira, 13 de junho de 2024

Demolição do Casarão de Bento Munhoz da Rocha, Curitiba, Paraná, Brasil


Vista antiga do imóvel, inaugurado em 23/09/1940, conforme informação constante na presente fotografia de data desconhecida.


Vista do imóvel em 2017.


Vista do imóvel em 2017.


Vista do imóvel em 2017.


Vista do imóvel já demolido em 2024.


Vista do imóvel já demolido em 2024.


Vista do imóvel já demolido em 2024.


Vista do imóvel já demolido em 2024.


Vista aérea do imóvel já demolido em 2024.


Vista aérea do imóvel já demolido em 2024.




Demolição do Casarão de Bento Munhoz da Rocha, Curitiba, Paraná, Brasil
Curitiba - PR
Fotografia


Texto 1 (ano 2024):
Em menos de doze horas após a venda, um casarão histórico sumiu da capital paranaense. Na esquina da alameda Carlos de Carvalho com rua Brigadeiro Franco, no Batel, a casa que um dia pertenceu ao ex-governador Bento Munhoz da Rocha Neto foi demolida depois que o terreno foi vendido pelos herdeiros.
A casa foi construída na década de 1940 pelo político. Ele se mudou para a capital paranaense com a esposa, Flora, e os cinco filhos do casal. Devido ao fim das importações durante a Segunda Guerra Mundial, a obra atrasou. Ainda em vida, Bento comprou um apartamento para a mulher. Ele chamava o espaço de “apartamento da viúva”. Quando ele faleceu, em 1973, Flora se mudou e a casa foi alugada.
Primeiramente, o terreno foi ocupado pelos empresários italianos que fundaram a ICAB Chocolates. Anos mais tarde, um escritório de advocacia alugou o local. Durante a pandemia, os advogados mudaram de endereço. Foi quando os herdeiros decidiram colocar a casa à venda. Assim que o contrato foi firmado, na última semana, a demolição foi quase instantânea.
“O doutor Bento era professor universitário. Ele não deixava retirar os livros da biblioteca, mas sempre recebia os alunos. Deixava eles lendo pelo tempo que quisessem. A casa estava sempre viva, sempre cheia de gente. Nunca trancada”, relata Gilda Munhoz da Rocha, nora do ex-governador.
A família fez uma única exigência: o grupo que comprou o terreno terá que reproduzir a biblioteca de Bento quando a obra estiver pronta. Para isso, foram guardados livros e alguns móveis da estrutura, preservados ao longo do tempo.
“O bem material vai, mas o doutor Bento deixou uma memória inesquecível, sempre uma mente maravilhosa. Ele deixou o espírito como legado. Então a casa era parte dele, mas com o tempo essas coisas vão se deteriorando. O legado dele era ele mesmo e tudo que ele fez pelo Paraná”, complementa Gilda.
Quem foi Bento Munhoz da Rocha:
Bento Munhoz da Rocha Neto foi engenheiro, professor, escritor e sociólogo. Depois de ocupar uma cadeira de deputado federal, de 1946 a 1950, ele foi eleito governador do Paraná, de janeiro de 1951 a abril de 1955. Ele é lembrado por ter promovido mudanças no estado no agronegócio, na energia e na educação. Em uma época em que os alunos eram enviados ao estado de São Paulo para estudar, Bento trouxe colégios para o Paraná.
A demolição repentina causou surpresa na memorialista Karin Romanó. Na véspera da mudança, ela passou em frente ao casarão antes de assistir uma orquestra no Teatro Guaíra, no auditório que leva o nome do ex-governador. No caminho de volta para casa, deparou-se com o maquinário no local. Em dúvida, ela chegou a ligar no IPPUC e descobriu que a casa não era uma unidade de interesse de preservação.
“É uma pena. Eu fiquei muito triste. A gente não pode exigir que alguém mantenha a cidade com a aparência que ela já teve um dia, mas quando um espaço assim é demolido, parte da história de Curitiba é demolida junto. Se essa casa não era tombada pelo patrimônio histórico, penso em quantas outras deixam de ser”, afirma Karin.
A memorialista desenvolve um projeto de registro das casas antigas da cidade. No momento, ela pesquisa as estruturas feitas por volta de 1915.
“Apesar disso, a gente entende a família também. O imóvel fica amarrado. É difícil alugar uma casa tão grande, quem aluga altera a estrutura. Com o tempo, pode ser um transtorno. A família pagou IPTU todos esses anos, eles estão no direito de vender”, pondera. Texto de Larissa Biscaia / Tribuna PR.
Texto 2 (ano 2022) Um pouco da história do Casarão demolido:
Uma exuberante casa situada na esquina da Alameda Carlos de Carvalho com a Rua Brigadeiro Franco, em Curitiba, guarda memórias de um dos principais políticos da história do Paraná: Bento Munhoz da Rocha Netto.Bento foi governador do Paraná de janeiro de 1951 a abril de 1955. Sua gestão deu início à pavimentação de rodovias no estado, foi responsável pela criação da Copel e da Biblioteca Pública do Paraná, bem como pela construção do Teatro Guaíra e do complexo arquitetônico do Centro Cívico, em Curitiba.
A casa de Bento e Flora, inaugurada em 23 de setembro de 1940, foi moradia do casal até 1973, quando Bento morreu. 
A arquitetura da casa é inspirada em uma residência que eles visitaram na Suíça, entre os anos 1930 e 1940.
Foi também nessa casa que o então governador despachou por alguns meses, em 1953, enquanto a sede do Poder Executivo se mudava para o novo endereço no Palácio Iguaçu.
Também foi lá que o então presidente Getúlio Vargas jantou ao lado da família de Flora e Bento – e Café Filho, então vice-presidente, foi recebido na deslumbrante biblioteca do imóvel.
Apesar de guardar tanta história, a casa não é tombada pelo governo estadual – e ainda hoje, pertence à mesma família.
Restauração: 
Depois da morte de Bento, Flora se mudou e a casa foi alugada. Desde 1995, ela abriga o escritório do advogado Peregrino Neto, cuja família era amiga da de Bento.Um dos pedidos de Flora ao alugar a casa era que o espaço da Biblioteca fosse preservado. Não só foi preservado, como totalmente restaurado, bem como os demais espaços da casa – que ainda guarda lareira na sala de estar e outra lareira onde era a suíte do casal.
Características: 
A casa possui dois pavimentos e mantém praticamente todas as características originais. O piso de parquet de madeira acompanha todo o segundo pavimento, bem como os armários embutidos em um dos cômodos, construídos sob medida a pedido de Flora.Na antiga suíte, curiosamente, há uma parede falsa, onde ficava escondido o cofre de Bento. Texto de Diego Antonelli / O Expresso.
Texto 3 (ano 2024):
É uma situação complicada, entendo os dois lados, tanto o das pessoas que querem preservar, como o dos herdeiros que querem fazer dinheiro diante de uma boa oferta. 
Embora eu seja uma pessoa que sempre defende a preservação de bens imóveis e coisas antigas, pessoalmente, tenho que dizer que acho injusto a maneira atual de tombar um patrimônio privado, obrigando o dono a gastar para mantê-lo, sem posssibilidade (de forma célere) de obter recursos para ressarcimento. 
Para quem não conhece o processo, embora o poder público faculte algumas possibilidades de ajuda/ressarcimento, elas não cobrem os gastos, além de serem extremamente complicadas de conseguir, o que desestimula o proprietário a cuidar do bem, deixando-o degradar/desmoronar para resolver a situação. 
É muita burocracia e requisitos a serem cumpridos por algo que, em última análise, é seu, não do poder público (e são eles, não o dono, que julgam se está certo ou errado).
E também é muito fácil um grupo de historiadores, arquitetos, urbanistas, ativistas e outros "istas", em uma sala com ar condicionado, recebendo seus salários, decidirem impor um tombamento de imóvel a um particular. Não custa nada para eles fazer isso, ao contrário, ainda posam de "bonitos" para a população.
Tal situação acaba, invariavelmente, por aumentar ainda mais o degrado da região central.
E ainda temos a questão das invasões desses imóveis tombados, um tormento nas grandes cidades.
Penso que se o poder público quer preservar um bem privado, deve comprá-lo. 
É o correto a se fazer, sem contar que isso vai acabar/diminuir com a situação de deixar o bem tombado abandonado, esperando cair ou sendo invadido. 
Concluindo, vida que segue, especialmente em uma capital como Curitiba, onde a especulação imobiliária é gigante e não vai acabar nunca. Provavelmente vão construir no local um novo edifício com trocentas "casinhas de cachorro", vendidas a peso de ouro e/ou uma farmácia. 
Menos mal que ficam as imagens, a história e a memória de quem conheceu. Texto do blog.
Nota do blog 2: Imagem 1, data e autoria não obtidas / Imagens 2, 3 e 4, data 2017, crédito Google Maps / Imagens 5, 6, 7 e 8, data 2024, crédito Tribuna PR / Imagens 9 e 10, data 2024, autoria não obtida.

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