Vista da Casa do Administrador da Fazenda Dumont, 1900, Na Época Ribeirão Preto, Atualmente Dumont, São Paulo, Brasil - João Passig
Dumont - SP
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No dia em que circula pela primeira vez o jornal "A Cidade", o mesmo registra a presença de importantes visitantes na Fazenda Dumont, já de propriedade da Companhia de Melhoramentos do Brasil. O motivo é mostrar a qualidade do alojamento onde vivem 120 famílias (750 pessoas) chegadas há poucos dias, a maioria italianas.
O bom acolhimento aos colonos é uma maneira de desfazer impressões causadas por telegramas enviados a Roma, denunciando maus-tratos aos italianos domiciliados em Dumont. O jornal alerta que “a campanha de descrédito da nossa lavoura que, fora do Pais e até no porto de Santos se tem estabelecido, de modo a já se tornarem sensíveis os nossos prejuízos, precisa ser desfeita por todos os modos e meios”.
O redator de "A Cidade", Enéas da Silva, registra que “os esforços infatigáveis do Secretário da Agricultura, Carlos Botelho, precisam do concurso dos fazendeiros para que se traduzam em realidade a favor do nosso crédito no estrangeiro”.
A origem do município de Dumont se deve ao tino empresarial do engenheiro Henrique Dumont, que elegeu as terras roxas e férteis da região para desenvolver uma extraordinária plantação de café.
Em 1879, procedente de Minas Gerais, Henrique Dumont comprou da família Silva Prado a grande Fazenda Arindeúa. Ele trouxe a esposa Francisca Santos Dumont e os sete filhos, entre eles Alberto Santos Dumont, então com seis anos de idade.
Os relatos do sucesso de Henrique Dumont estão registrados no Museu Histórico Santos Dumont.
Consta que com o passar dos anos, à medida em que sua fama de grande produtor se espalhava, a fazenda batizada com o sobrenome da família era um dos pontos de referência da lavoura nacional.
“Ele (Henrique) construiu aqui o que chegou a ser a maior propriedade agrícola do Brasil, com cinco milhões de pés de cafés em plena produção, o que lhe valeu o apelido de Rei do Café. Foi neste cenário que Alberto Santos Dumont cresceu. E com ele crescia também a paixão pela mecânica”.
Por volta de 1890 - apenas onze anos depois de sua chegada - seus colonos aravam a terra usando tratores a vapor e utilizavam secadores para o café. A produção aumentava e o escoamento das sacas de 60 quilos precisou ser feita por trem. A Estrada de Ferro Dumont, construída em tempo recorde pela Companhia Mogiana, foi inaugurada no fim de 1890. Com bitola de 60 centímetros, o ramal ligava Ribeirão Preto-Fazenda Dumont. O tronco tinha 25 quilômetros de extensão além de quatro extensões que se espalhavam pelas terras do fazendeiro.
Henrique Dumont ousou mais: comprou o ramal e passou a operá-lo com exclusividade no transporte de passageiros. O problema de escoamento da produção tinha sido resolvido. Os colonos e moradores também tinham bom transporte.
No período de crescimento de sua companha agrícola, Henrique Dumont começou a substituir o braço escravo. “Antiescravagista, Henrique não aceitava esse tipo de imposição. Assim, passou a contratar italianos, alemães, espanhóis e portugueses”, registram textos expostos no museu, em Dumont.
Em 24 de dezembro de 1948, por decreto da Lei nº 223, o povoado de Dumont foi elevado à categoria de Distrito de Ribeirão Preto. Em 1963 a população votou pela independência de Dumont. O município nasceu com área de 111,3 mil km². O primeiro prefeito foi Ernesto Bettiol.
A sede da prefeitura de Dumont é a casa onde morou a família de Henrique Dumont. A sala que serve hoje para reuniões entre o prefeito e seu secretariado tem uma moldura do 14 Bis, o desenho de um dirigível cortando o céu de Paris e um magnífico quadro de óleo sobre tela da Torre Eiffel, pintado pelo belga George Wambach.