Mostrando postagens com marcador Força Aérea. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Força Aérea. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Quem Lembra do "Sucatão"? / Avião Presidencial do Brasil Virou Mesmo Sucata - Artigo





Quem Lembra do "Sucatão"? / Avião Presidencial do Brasil Virou Mesmo Sucata - Artigo
Artigo


A retroescavadeira levou pouco mais de dois minutos para partir o Boeing 707 KC-137 nº 2401 ao meio. Foi no Parque de Material Aeronáutico do Galeão, no Rio. Mas demorou quase um mês para que o Sucatão definitivamente fizesse jus ao apelido.
Em março de 2014, o antigo avião presidencial virou sucata após seu desmonte completo. A aeronave foi vendida por R$ 13,5 mil num leilão pela internet, valor medido pelo peso de sua estrutura metálica reaproveitável.
Comprado da Varig em 1986, o Boeing serviu a todos os presidentes eleitos após a redemocratização até Luiz Inácio Lula da Silva. Todos se queixavam dele. Até que, em 2005, o petista comprou o Airbus apelidado de AeroLula.
O antigo avião presidencial continuou sendo usado até outubro de 2013, quando foi aposentado junto de outros dois do mesmo modelo (2402 e 2403) que serviam de apoio às viagens internacionais dos chefes de Estado.
O quarto avião já havia sido desmantelado no Haiti em maio daquele ano, quando sofreu um acidente no aeroporto de Porto Príncipe.
Embora fosse possível prolongar a vida útil das aeronaves, o custo para isso foi considerado alto pelo governo.
Destruição:
De acordo com a FAB (Força Aérea Brasileira), a destruição era necessária para preservar segredos militares e evitar a reutilização de equipamentos aeronáuticos.
O comprador foi o empresário Paulo Renato Pires Fernandez, ex-funcionário da Transbrasil. O alumínio aeronáutico foi fundido. Seu mercado potencial são Espanha, Estados Unidos e China. O empresário disse que conseguiu preservar as quatro turbinas do Sucatão. Devem ser doadas para uma escola de aviação. Alguns itens eletrônicos também se salvaram e serão recertificados para uso.
Fernandez afirma que tentou preservar a aeronave: "Tentei junto com o dr. João Amaro (presidente do Museu da TAM) levar para lá. Não conseguimos de jeito nenhum porque eles (FAB) alegavam que tinha segredo militar".
O Museu Aeroespacial, da Aeronáutica, também foi descartado, pois sua pista é imprópria para o pouso do Boeing. O transporte por terra foi considerado inviável.
Destino idêntico do Sucatão teve o Boeing com numeração 2403. Seus restos foram comprados por R$ 10,5 mil, também por Fernandez.
Histórico:
O Boeing 707 ganhou o apelido de Sucatão em 1996, no governo Fernando Henrique Cardoso, quando se cogitou comprar um novo avião.
Em 1999, a turbina do 2403 pegou fogo em pleno voo com o então vice-presidente Marco Maciel. FHC decidiu deixar de usar o modelo e passou a fretar voos da TAM.
Lula o reativou em 2003, mas logo decidiu aposentá-lo. O nível de ruído emitido já não era aceito na maioria dos aeroportos europeus e o consumo de combustível era alto.
Com capacidade de abastecimento em voo, o Boeing 707 KC-137 seguiu sendo usado para deslocamento de tropas, como para o Haiti. Chegou a ser usado para transporte de civis durante o caos nos aeroportos em 2006, em socorro a passageiros da TAM.
Criticado pelos últimos presidentes, o avião sempre foi venerado por militares da Aeronáutica por sua capacidade de reabastecer jatos em pleno voo. A aposentadoria do KC-137 foi marcada com uma cerimônia do esquadrão Corsário, responsável pela aeronave, no Galeão.
"Não lamentamos que o KC-137 se foi e, sim, nos rejubilamos pelos feitos da aeronave", disse o comandante do esquadrão, Rogelio Azevedo Ortiz.

sábado, 12 de agosto de 2023

A História dos Grumman F-14 Tomcat Vendidos ao Irã - Artigo

 






A História dos Grumman F-14 Tomcat Vendidos ao Irã - Artigo
Artigo


Texto 1:
Uma das sequências de combate aéreo mais eletrizantes do recente blockbuster “Top Gun: Maverick” começa quando o capitão Pete “Maverick” Mitchell, interpretado por Tom Cruise, acompanhado do Tenente Bradley “Rooster” Bradshaw, interpretado por Miles Teller, fogem do país que foram atacar, a bordo de um Grumman F-14A Tomcat.
Embora no filme a denominação do tal país tenha permanecido incógnita por várias razões, ao longo da sua exibição fica evidente que se trata do Irã, o que é confirmado quando quando os dois pilotos chegam a uma base aérea que abriga alguns F-14, considerando que o Irã é o único cliente externo do Tomcat e atualmente o seu único operador, depois que a Marinha dos EUA retirou o tipo do serviço ativo, em 2006.
Breve descrição das origens dos F-14 iranianos:
É uma crença comum que a aquisição do Grumman F-14A Tomcat pelos iranianos foi uma reação aos voos de reconhecimento executados pelos Mikoyan Gurevich MiG-25R soviéticos; entretanto, a realidade é inversa, já que desde o final da década de 1950, a então “Nirouyeh Havaiyeh Shahanshahiye Iran” (NHSI, Força Aérea Imperial Iraniana, também conhecida como Iran Imperial Air Force, IIAF), em cooperação com a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), realizava voos de reconhecimento altamente secretos sobre a União Soviética. Inicialmente, aeronaves mais leves (até mesmo transportes) foram usadas, e várias foram abatidas pelos interceptadores soviéticos.
Depois que os seus primeiros caças McDonnel Douglas F-4 Phantom II chegaram, a NHSI/IIAF também recebeu alguns RF-4E de reconhecimento, e as operações foram intensificadas.
Os soviéticos estavam, compreensivelmente, preocupados com o rearmamento maciço do Irã e deram o troco, iniciando suas próprias missões de reconhecimento sobre o território iraniano.
As repetidas missões iranianas de interceptação àqueles voos da IIAF se provaram muito difíceis e mesmo inúteis, pois as rotas voadas pelos ‘Foxbats’ foram cuidadosamente escolhidas, ficando longe das bases dos caças iranianos.
Mas o governo iraniano não estava interessado em um confronto direto com a URSS e, à medida que as violações mútuas do espaço aéreo se intensificavam, se adiantou para impedir os sobrevoos da sua força aérea – e dos americanos – se os soviéticos fizessem o mesmo. Esta oferta foi repetida e recusada várias vezes.
A IIAF foi, portanto, condenada a voar duas ou mais missões sobre a URSS para cada voo ‘Foxbat’, iniciando uma campanha ‘olho por olho’. Ficou evidente a necessidade de um sistema de armas mais poderoso do que os F-4 armados com Sparrow para evitar incursões soviéticas.
Assim, com os planos de desenvolvimento militar massivo do Irã durante a década de 1970, bem como a cooperação futura com os EUA, a IIAF passou a buscar um novo interceptador capaz de enfrentar ameaças previsíveis nos próximos 20 anos. O modelo teria que cobrir enormes áreas do espaço aéreo iraniano usando sensores e armamentos poderosos, com autonomia e capacidade de combate à altura das ameaças.
Já em 1968, a NHSI/IIAF havia manifestado interesse no General Dynamics F-111, mas o Pentágono não estava interessado, preferindo vender ao Irã inicialmente 32 exemplares do já mencionado F-4D Phantom II. Aproximadamente pela mesma época o Departamento de Defesa norte-americano emitiu um requisito para um novo interceptador naval como resultado da inadequação do projetado F-111B para operações de porta-aviões à luz da experiência de combate do Vietnã.
Em resposta, a Grumman Corporation projetou o F-14 Tomcat como um ‘matador de MiG’. Era um interceptor grande, rápido e poderoso, com asas de geometria variável que podiam ser enflechadas automaticamente entre 14 e 68 graus para maior resistência, flexibilidade e manobrabilidade em combate aéreo contra MiGs pequenos e ágeis.
Ele também foi projetado para transportar o enorme radar pulso-doppler AN/AWG-9 e até seis mísseis ar-ar Hughes AIM-54 Phoenix de longo alcance, que foram exigidos pela Marinha dos EUA para interceptar as formações de bombardeiros soviéticos, considerados a maior ameaça à sua frota de porta-aviões.
O radar AWG-9 do Tomcat e o míssil AIM-54 já estavam em desenvolvimento há alguns anos e agora se tornaram altamente eficazes. O radar podia não apenas detectar alvos aéreos em grandes distâncias, mas também rastrear simultaneamente até 24 alvos e guiar seis AIM-54 contra eles. Também permitiu a interceptação de mísseis de cruzeiro de baixa altitude, bem como alvos de voo alto e rápido, como o MiG-25.
Todas essas habilidades foram combinadas em uma única estrutura para produzir o que é amplamente considerado o primeiro ‘supercaça’ do mundo – um interceptador capaz de enfrentar a maioria das ameaças. Foi também o caça mais caro e complexo construído da sua época. Não demorou muito, portanto, para que surgissem controvérsias nos EUA resultantes de problemas de desenvolvimento, custos excessivos (causados pela inflação galopante) e um debate centrado na necessidade de uma aeronave tão cara.
Como resultado, tanto a Grumman quanto a Marinha dos EUA buscavam um cliente adicional para dividir o custo de desenvolvimento e produção adicionais.
Em outubro de 1971, a Grumman estabeleceu os primeiros contatos com o governo iraniano e, em março seguinte, o general Hassan Toufanian foi autorizado a ver informações secretas relativas ao F-14. Toufanian foi conselheiro militar do mandatário do Irã, Mohammad Reza Pahlavi, bem como vice-ministro da Guerra e diretor das Indústrias de Armas e da Organização de Compras Militares.
Logo, o próprio Xá, piloto experiente, estava demonstrando interesse pela aeronave.
De acordo com a liderança da Força Aérea do Irã – que já havia concluído que o F-14 era o interceptador que procurava – foi enviada uma carta ao Pentágono para iniciar o processo de aquisição, embora os iranianos ainda oferecessem à McDonnell Douglas a chance de demonstrar seu F-15A Eagle.
Contudo, vários fatores influenciaram a seleção do F-14. A fronteira norte do Irã com a URSS e as fronteiras a oeste e sudoeste com o Iraque são guardadas por altas montanhas. O Comando de Defesa Aérea estava construindo postos avançados de radar em muitos picos para melhor cobertura de radar, mas isso não poderia ser feito apenas com radares terrestres.
Havia muitos “pontos cegos” nessa cobertura, além de que as grandes cúpulas brancas de tais estações de radar também eram alvos excelentes, visíveis a até 80 quilômetros de distância. As informações de inteligência obtidas na época confirmaram que os soviéticos realmente as atacariam primeiro.
No Sul, ao longo da costa do Golfo Pérsico, existiam apenas radares fornecidos pelos EUA, que não funcionavam adequadamente em condições quentes e úmidas – ou seja, durante dez meses do ano – e apresentavam desempenho ruim, apesar de várias atualizações. Todos os radares fornecidos à IIAF como parte dos projetos do Programa de Assistência Militar estavam longe de ser o estado da arte.
Durante dois anos – entre 1973 e 1974 – um grupo de instrutores de radar iranianos, estudou problemas de cobertura associados ao “Reforço de Locais de Radar”, mas não conseguiu encontrar uma solução. Eventualmente, foi decidido que um “radar voador” eliminaria os problemas de mascaramento do terreno. Esse radar voador também teria que ser capaz de se defender. Não há dúvida de que durante a guerra com o Iraque na década seguinte, o F-14 provou que era exatamente o que precisavam.
Antes que esses estudos fossem conduzidos dentro dos círculos da NHSI/IIAF – que ainda voava caças F-5A/B Freedom Fighter e F-4D Phantom II – iniciou-se a busca por um interceptador moderno.
O resultado desses estudos, foi um requisito para aeronaves F-14 e AEW. Os briefings dos EUA sobre os F-14 e F-15, sem dúvida, os ajudaram a formular a exigência. Foi criado o plano de compra de oito aeronaves AEW – os Boeing E-3A Sentry, inicialmente quatro, seguidos de mais quatro – e os F-14.
Eventualmente, quatro pedidos foram emitidos – o primeiro para 30 Tomcats e o segundo para 50. Houve um para o E-3A Sentry, seguido por um para dois satélites de comunicação, o que permitiria que todas essas aeronaves se comunicassem com segurança entre si.
Sem saber que os iranianos já haviam identificado o F-14 como a aeronave certa para seus requisitos operacionais únicos, a Marinha dos EUA e Grumman iniciaram uma campanha intensiva para ‘vender ao Xá’, que incluiu o envio do Coordenador do Programa F-14, o Chefe de Operações Navais, Capitão Mitchell, a Teerã duas vezes para informar os comandantes do Xá e da NHSI/IIAF sobre as capacidades do Tomcat. Isso culminou em um voo espetacular em julho de 1973 na Base Aérea de Andrews, Maryland, para o xá e um grupo de oficiais iranianos de alto escalão.
Tanto a NHSI/IIAF quanto o Xá estudaram o F-14A e o F-15A desde o início. Em 1972, muito cedo em tais estudos, identificou-se que o F-15A com o míssil AIM-7F seria uma mistura mortal de caça e arma, mas não tão mortal quanto o F-14A armado com AIM-54. Ficou evidente que a combinação F-14/AWG-9/AIM-54 seria inigualável no mundo – até o advento do trinômio MiG-31/Zaslon/R-33. O AWG-9 permitia aos iranianos engajar em distâncias com as quais os pilotos de F-15 só podiam sonhar. E com o F-14A seria possível disparar mísseis AIM-7s e AIM-9s em distâncias maiores do que o Eagle.
Os avaliadores iranianos ficaram impressionados com os dois caças. Eles tinham grande visibilidade de seus espaçosos cockpits, foram construídos especificamente para pilotos de caça e tinham excelente aviônica de última geração, motores potentes e excelente manobrabilidade. Ambos ostentavam rastreamento preciso de alvos durante o combate aéreo e não tinham limites reais de ângulo de ataque, exceto em treinamento.
Como resultado, em 1974 foi assinado o acordo “Persian King”, que envolveu a aquisição inicial de 30 exemplares do F-14AGR Tomcat, seguidos por mais 50 a serem entregues no ano seguinte. Também foram adquiridos 714 mísseis AIM-54 Phoenix, em um contrato no valor de 2 bilhões de dólares, que também incluiu estoque gigantescos de mísseis Sparrow e Sidewinder, peças sobressalentes para dez anos e a construção da base aérea de Khatami.
Comparados com os Tomcat da US Navy, os iranianos não tinham o detector infravermelho sob o radome e o processador do seu radar era milésimos mais lento que o do seu similar norte-americano, assim como o seu alerta radar não estava programado para atuar contra aeronaves norte-americanas.
A IIAF recebeu seus dois primeiros Tomcats na 8ª Base de Caças Táticos (TFB) Khatami Air Base, parte do Aeroporto Internacional de Isfahan em 26 de janeiro de 1976. Nos dois anos seguintes, mais 77 foram recebidos para formar quatro Esquadrões de Caças Táticos. Dois, o 72º e 73º, foram baseados no 7ª Base de Caças Táticos em Shiraz e dois outros, o 81º e 82º TFS em Isfahan. Além disso, o 83º Esquadrão de Treinamento de Voo e Armas do Tomcat foi formado, também em Isfahan, em 1977 para treinar tripulações de voo do F-14A. Até então, os pilotos iranianos, em sua maioria veteranos do F-4, vinham treinando no novo tipo nos EUA desde 1973. A Grumman destacou vários de seus funcionários para o Irã para ajudar no esforço.
Era intenção do Irã comprar mais 70 Tomcats, elevando a frota para 150, para formar dois novos esquadrões na 6ª Base de Caças Táticos em Bushehr e um outro na 1ª Base de Caças Táticos no Aeroporto Internacional Mehrabad de Teerã ou Khatami AB, mas o embargo de armas acabou com essas aspirações.
Embora apenas 79 tenham sido entregues ao Irã (dois lotes, um de 50 e outro de 30 aeronaves encomendados), a 80ª aeronave, número 160377, foi retida nos Estados Unidos para testes e depois não foi entregue após a venda de armas ao Irã ser embargada depois da revolução islâmica.
Na época da revolução em 1979, a escola de treinamento estava em curso para treinar 100 tripulações do Tomcat, tanto pilotos quanto Operadores de Interceptação de Radar (RIOs) em 1981, mas todos os planos de expansão da força aérea foram cancelados pelo novo regime, deixando apenas 60 pilotos e 24 RIOs para as 77 aeronaves totalmente capacitadas para missões do país.
Antes da revolução, o 83º TFS gerava 24 missões de treinamento por dia, mas isso caiu para zero porque o novo governo queria vender a frota de F-14A. Outro problema para as forças armadas foi a eliminação de pessoal experiente; qualquer um que fosse suspeito de discordar da linha oficial estava sujeito a ser aposentado, demitido, preso ou mesmo executado.
O embargo de armas imposto ao Irã após a revolução impediu a entrega de peças de reposição para os equipamentos fabricados principalmente nos Estados Unidos, portanto, em muito pouco tempo, poucas aeronaves foram classificadas como totalmente capazes de missão. Após a revolução, o serviço renasceu como Força Aérea da República Islâmica do Irã (IRIAF).
O F-14 em combate real: a Guerra Irã-Iraque:
A Guerra Irã-Iraque começou às 14h, hora local, em 22 de setembro de 1980, quando caças-bombardeiros iraquianos lançaram ataques contra seis bases aéreas e quatro outras bases militares iranianas. Na época, apenas um punhado de Tomcats estava em condições de voo, a maioria sendo na melhor das hipóteses apenas parcialmente capaz de missão devido à falta de peças para seu radar AN/AWG-9, e pelo menos um terço da frota estava completamente “groundeada”.
No segundo dia da guerra, teve início a Operação contra a Força Aérea do Iraque, também conhecida como programa ‘Alborz’. Uma força de ataque significativa atacou o Iraque, compreendendo 40 F-4E/Ds das 1ª, 3ª e 6ª Base de Caças Táticos e 88 F-5Es das 2ª e 4ª Bases de Caças Táticos, reabastecidos por quatro Boeing 707-3J9Cs da 1ª Base de Transporte em Mehrabad.
Naquela que foi a primeira participação do Tomcat na guerra, 12 F-14As do 71º Esquadrão de Caças Táticos e 81º Esquadrão de Caças Táticos escoltaram os reabastecedores e forneceram Patrulha Aérea de Combate para os F-4 e F-5 que retornavam.
Por causa de sua escassez e também por causa da sensibilidade de seu radar, os F-14 raramente eram usados ​​em um papel ofensivo; mais frequentemente eles foram empregados como mini AWACS para detectar aeronaves iraquianas que chegavam. Como se sabia que os comandantes da força aérea do Iraque haviam dito às suas tripulações para evitar contato com os Tomcats, eles voaram sobre as forças de ataque dos F-4 e F-5. Os Tomcats também protegeram alvos de alto valor, como as refinarias de petróleo do Irã.
As instalações petrolíferas mais importantes do Irã estavam em Mahshahr e na Ilha de Kharg, no Golfo Pérsico, e foi contra esses alvos econômicos vitais que a Força Aérea Iraquiana concentrou seus ataques. Em resposta, os comandantes da agora Força Aérea Revolucionária do Irã planejaram realizar uma patrulha aérea de combate de 24 horas sobre aquela região, usando Tomcats apoiados por aviões-tanque Boeing 707-3J9C do 12º Esquadrão de Transporte Tático.
A maioria dos Tomcats designados para essa tarefa era da Base Aérea de Shiraz; geralmente eles estavam armados com dois AIM-54As, dois AIM-7E-4 Sparrows e um par de mísseis ar-ar AIM-9J Sidewinder. A manutenção daquele esforço exigia 20 Tomcats voando até 20 missões por dia, cada uma com duração média de cinco horas.
A obrigatoriedade de manutenção da patrulha aérea de combate sobrecarregou a frota do Tomcat. Ao longo da guerra, ambos os lados continuaram os ataques aos navios no Golfo Pérsico e a necessidade de combater a ameaça do Iraque em constante melhoria degradou seriamente a capacidade de manutenção da frota de Tomcat, à medida que enfrentavam os helicópteros Aérospatiale SA 321 Super Frelon equipados com mísseis antinavio AM39 Exocet e depois Dassault Super Etendards e finalmente Mirage F1EQ-5s equipados com radares Cyrano IVM.
Mais da metade dos Tomcats estavam atrasados ​​para revisão após quatro anos de serviço, mesmo após duas ou três extensões de vida útil de 100 horas. O Irã estava revisando seus Tomcats desde 1981 usando estoques de peças de reposição, mas esses suprimentos foram rapidamente esgotados e a IACI (Indústria Aeronáutica Iraniana) em Mehrabad e depois a instalação em Khatami AB lutaram para manter uma frota viável. Em 1985 havia cerca de 18 aeronaves em condições plenas de voo e aproximadamente 16 em condições parciais com os quatro esquadrões de Tomcat e dez dos caças aeronavegáveis ​​tinham menos de 200 horas de voo restantes.
Em um esforço para reduzir as horas de voo da frota de Tomcat, em 1985 o comando da IRIAF decidiu destacar alguns Tomcats para a 6ª Base de Caças Táticos em Bushehr para diminuir o tempo de voo para o local da patrulha de combate ou até mesmo substituí-la por alertas de reação rápida de 15 minutos alertas (QRA).
Em 6 de dezembro de 1985, oito FMC F-14As do 81º Esquadrão de Caças Táticos e suas tripulações, mais 100 tripulantes e equipamentos terrestres foram realocados para Bushehr. Quase imediatamente quatro Tomcats decolaram no alerta de defesa aérea. As 20 patrulhas diárias de cinco horas de duração foram reduzidas para cinco missões de uma hora.
A guerra se intensificou no final de 1986 e início de 1987 e os ataques foram intensificados com Sukhoi Su-22s e Mirage F1EQs durante o dia e MiG-25RBTs à noite, mas os Tomcats de Bushehr repeliram a maioria deles. Devido ao aumento da ameaça, as patrulhas aéreas de combate de 24 horas foram reintroduzidas e a IRIAF as manteve por 25 dias. Foram apenas os MiG-25RBTs com suas bombas planadoras FAB-500T que foram capazes de representar uma ameaça à importante infraestrutura de petróleo. Quando a guerra terminou em 20 de agosto de 1988, os Tomcats de Bushehr confirmaram o abate de oito Mirage F1EQs e mais de 57 Su-22, Su-20, MiG-23, Su-7BMK e MiG-21.
À essa altura, apenas 34 Tomcats permaneceram em condições de aeronavegabilidade, a maioria deles FMC. Mais de 20 outras aeronaves estavam sendo revisadas ou aguardando revisão nas instalações da IACI em Mehrabad ou na 8ª Base de Caças Táticos (anteriormente Khatami AB).
No primeiro desfile da Semana Santa da Defesa em 22 de setembro de 1988, 24 F-14As participaram de um sobrevoo. Isso levou os especialistas militares ocidentais a concluir que essas eram as únicas aeronaves sobreviventes disponíveis para o Irã, o restante foi perdido na guerra ou groundeado devido à falta de peças sobressalentes. Esses mesmos especialistas afirmaram que talvez apenas dois jatos tivessem radares operacionais e que o Irã havia gasto todo o seu estoque de mísseis AIM-54A.
Hoje sabe-se que apesar do embargo, o Irã recebeu peças de reposição para seus Tomcats, bem como baterias para seus AIM-54As. Algumas fontes afirmam que suprimentos, incluindo 200 novos AIM-54As, foram entregues à Força Aérea Revolucionária do Irã entre 1985 e 1987 como parte de armas fornecidas ao Irã pelos EUA sob um esquema organizado pelo tenente-coronel Oliver North, no que veio a ser conhecido como o caso Irã-Contras, para garantir a libertação de reféns americanos.
Seis meses após o fim da guerra, a maioria do destacamento de Tomcats em Bushehr retornou à 8ª Base de Caças Táticos, onde toda a frota cada vez menor de F-14s estava agora concentrada com os 81º, 82º e 83º Esquadrões de Caças Táticos; os 71º e 72º Esquadrões de Caças Táticos em Shiraz foram dissolvidos em 1986. Quatro Tomcats foram deixados em Bushehr para manter o alerta de defesa aérea junto com dois F-4E Phantom IIs.
Reconstruindo a Força de F-14:
Em 1991, o comandante da IRIAF, Brigadeiro General Mansur Sattari iniciou um ambicioso plano de expansão, adquirindo equipamentos russos, incluindo 24 MiG-29A/UBs e 12 Su-24MKs. Havia planos para adquirir mais 48 MiG-29 e 24 MiG-31, além de 100 Su-24MK de segunda mão.
O número de Tomcats em condições de aeronavegabilidade dobrou em 1991, após suas revisões. O 83º Esquadrão de Caças Táticos foi dissolvido e todos os seus 16 Tomcats foram realocados para a 6ª Base de Caças Táticos em Bushehr para reformar o 62º Esquadrão de Caças Táticos, anteriormente um esquadrão F-4E. Bushehr tem um clima abafado e úmido e a corrosão sempre foi um problema entre as aeronaves da Força Aérea e da Marinha baseadas lá. Antes da revolução, um departamento anticorrosivo especialmente equipado foi estabelecido neste local para os F-4Es lá baseados e, durante a guerra, os Tomcats destacados foram alternados bimestralmente para evitar problemas de corrosão que afetam peças elétricas e outros componentes.
Em 1991, a maior parte desse equipamento estava desgastada e o pessoal do departamento não estava familiarizado com os procedimentos de controle de corrosão do Tomcat. Quase todos os técnicos do 62º foram escolhidos entre o pessoal inexperiente do grupo de manutenção da 8ª Base de Caças Táticos. Como resultado, a eficiência do esquadrão diminuiu gradualmente à medida que subsistemas delicados sucumbiram às condições hostis.
Bushehr foi significativo por outro motivo. Antes da revolução islâmica, o trabalho começou em um reator nuclear. Durante a guerra com o Iraque foi alvo de numerosos ataques. Com a ajuda da Rússia, foi concluído e ativado em setembro de 2011.
O mau registro de manutenção do tipo levou ao desmantelamento do 62º Esquadrão de Caças Táticos em 2007, a maioria das aeronaves aterradas foram enviadas ao IACI para grande revisão e seus exemplares restantes de aeronavegabilidade foram enviados de volta à 8ª Base de Caças Táticos para reformar o 83º Esquadrão de Caças Táticos, que ainda fornece Tomcats para ficar alerta em Bushehr.
Este esquadrão agora é designado como uma unidade multifuncional, embora sua principal tarefa seja treinar futuros pilotos dos Tomcat para 81º e 82º Esquadrões de Caças Táticos, que geralmente são escolhidos entre pilotos de F-4 e F-5 altamente experientes. O 83º Esquadrão de Caças Táticos tem cerca de dez Tomcats em condições de aeronavegabilidade, além de alguns outros em revisão com a IACI em Mehrabad e nas próprias instalações de revisão da 8ª Base de Caças Táticos. Para as funções de ataque terrestre ar-terra, a aeronave pode usar bombas de queda livre, como as bombas Mk117, e lançadores de foguetes LAU-61 de 2,75 polegadas.
As aeronaves em condições parciais de voo, chamadas ‘Parvazi’ (que significa ‘voável’) são usadas apenas para treinamento de pilotos, e seu sistema de controle de radar e alguns dos sistemas de armamento não estão operacionais, mas podem usar o AIM-9J Sidewinder. Além disso, seu IFF, contramedidas eletrônicas e alguns outros sistemas e subsistemas não são funcionais, embora seus sistemas de navegação inercial estejam funcionando.
As aeronaves em condições totais de voo geralmente são destacadas para Bushehr desde 2008, pois são usadas para alerta de defesa aérea lá junto com F-4Es visando fornecer proteção extra para a instalação nuclear próxima.
Com três esquadrões ainda voando, o Tomcat em serviço iraniano, o tipo ainda é obviamente altamente valorizado pela IRIAF, a julgar pelos esforços que foram feitos para manter a aeronave em condições de voar e operacional.
Assim, a partir de 2009, os Tomcats iranianos receberam atualizações modestas no projeto BABAIEE. Mais de 30 foram restaurados ao status operacional. Os iranianos chegaram ao ponto de construir o míssil superfície-ar MIM-23 Hawk e adaptá-lo ao Tomcat como um AAM, embora a história seja obscura. O original Iranian Hawk era conhecido como o “Sejil (Baked Clay)”, com uma versão lançada do ar emergindo na Guerra Irã-Iraque como o “AIM-23”. Supostamente, a ideia era interceptar Foxbats iraquianos voando alto realizando incursões no espaço aéreo iraniano, quando os AIM-54 Phoenix se tornaram escassos.
Mas o esquema era insuficiente: um Tomcat só podia transportar dois AIM-23, um sob cada asa; e eles produziam forte arrasto aerodinâmico, afetando severamente o desempenho. Uma vez que os iranianos adquiriram SAMs chineses que tinham alcance e velocidade para sobrevoos, a necessidade do AIM-23 diminuiu. Para confundir as coisas, os iranianos introduziram um míssil balístico de alcance intermediário que foi chamado de “Sejil” – embora essa possa ser uma palavra diferente com o mesmo som.
Um Sejil melhorado, com um buscador modernizado, foi introduzido como o “Shahin (Falcão)”, considerando o transporte aéreo dele também. No entanto, os iranianos tiveram a ideia de “reembalar” o Shahin na estrutura do Phoenix, o resultado foi o “Fakkur-90”.
Assemelha-se ao Phoenix externamente, exceto pelos dutos que sobem de cada lado, mas tem o motor foguete e buscador do Shahin, sendo designado “AIM-23B”. Um Tomcat pode carregar seis deles, da mesma forma limpa que carregava seis Phoenix AAMs. Os lançamentos de testes iniciais foram em 2012. A falta de fundos atrasou o programa, mas o AIM-23B finalmente entrou em produção em 2018.
Os Tomcats iranianos agora são pintados em um esquema de cores de superioridade aérea de azul e cinza em um padrão disruptivo.
Texto 2:
No início da década de 1970, o Xá do Irã, Mohammad Reza Pahlavi, estava empenhado em substituir os caças F-4 Phantom em operação na Força Aérea Imperial Iraniana (IIAF – Imperial Iranian Air Force) por aeronaves mais modernas. Após a visita do Presidente americano, Richard Nixon, ao Irã, em 1972, onde ao Xá foi oferecido o que havia de mais moderno em tecnologia militar americana, a IIAF estreitou sua escolha entre duas aeronaves: o Grumman F-14 Tomcat, e McDonnell Douglas F-15 Eagle.
Uma série de reuniões foi realizada no palácio do Xá, em Teerã, com a presença de representantes da USAF e da US Navy, operadores das aeronaves propostas, cada um defendendo o seu equipamento.
Depois de muitas idas e vindas, as autoridades iranianas decidiram que a escolha do seu novo caça se daria através de uma rápida competição de fly-off.
A demonstração de voo ocorreu em julho de 1973, na Base Aérea de Andrews, no Estado de Maryland. Entre os espectadores estava o Xá em pessoa. Pelas regras estipuladas, cada aeronave teria no máximo 15 minutos para efetuar sua apresentação.
O primeiro a se apresentar foi o F-15, com Irv Burrows, piloto de testes da McDonnell Douglas, no comando da aeronave.
Aguardando a sua vez, a bordo do F-14, estavam Don Evans, como piloto, e Dennis Romano, oficial de armas, ambos da equipe de testes da Grumman.
Enquanto o F-15 taxiava na pista, os tripulantes do F-14 deram partida em sua aeronave. Durante toda a apresentação do Eagle, Don e Dennis aproveitaram para aquecer os motores do Tomcat. Eles sabiam que, em comparação ao F-14, o F-15 possuía uma melhor relação peso/potência, e, queimando um pouco de combustível, espertamente, aproveitaram para diminuir essa vantagem.
O plano de voo foi o mesmo para ambas as aeronaves e consistia em uma série de manobras iniciadas com uma decolagem de alta performance, seguido por uma “Curva Immelman”, depois uma descida para uma passagem em alta velocidade, a execução de duas curvas com alto G, seguidas por uma passagem em baixa velocidade já na configuração de pouso, e a aterrissagem em si.
Segundo testemunhas, a apresentação do F-15 foi espetacular, não só devido à força bruta da aeronave, mas também ao expertise do piloto, que demonstrou toda a sua habilidade, tendo puxado 7 G numa curva de 360 graus.
Ao término da apresentação, havia uma sensação de já ganhou, haja vista todos eram bem conscientes que os fracos motores TF-30 do F-14A não proporcionariam ao Tomcat a mesma relação peso/potência que o Eagle.
Cientes do grande desafio que os aguardava, Don e Dennis já haviam queimado bastante combustível, deixando na aeronave apenas uma quantidade mínima, suficiente apenas para realização da apresentação (2.500 lb / aprox. 1.134 kg). Isso equivalia a cerca de 1/8 da capacidade de combustível do F-14. Mais leve, essa condição fez com que o caça ficasse com uma relação peso/potência equivalente ao F-15.
O Tomcat, entretanto, possuía algo que o Eagle não tinha. A beleza da geometria variável de suas asas fariam toda a diferença durante a apresentação.
Com os pós-combustores ao máximo, o F-14 decolou para realizar as mesmas manobras que o seu rival. Durante a passagem em alta velocidade, a tripulação do Tomcat decidiu alterar o posicionamento das asas saindo do enflechamento máximo para a abertura máxima, produzindo uma grande nuvem de vapor por fora da asa, devido à onda de choque.
Na sequência, com as asas enflechadas a 40 graus e os pós-combustores ao máximo, Don Evans puxou 8 ½ G numa curva de 360 graus, acelerando para 400 nós (aprox. 741 km/h). A platéia ficou chocada!
Para terminar a apresentação, Don e Dennis acrescentaram um TGL (manobra de toque e arremetida). Ao contato dos trens de pouso principais com a pista, os pós-combustores foram acionados ao máximo e o Tomcat subiu praticamente na vertical. Nesse momento, eles ficaram praticamente sem combustível.
Na sequência, encerrando com chave de ouro, eles realizaram um pouso embarcado, parando a aeronave com 300 metros de pista, como se estivessem em um porta-aviões.
Àquela altura, o Xá, que nem se lembrava mais da apresentação do F-15, entusiasmado, caminhou em direção ao Tomcat para saudar os seus tripulantes. Estava resolvido. O Grumman F -14 havia sido escolhido como o próximo caça da IIAF.
Em janeiro de 1974 o Irã colocou um pedido inicial para 30 unidades do F-14 e 424 unidades do míssil AIM-54 Phoenix. Poucos meses mais tarde, essa quantidade foi ampliada para um total de 80 aeronaves e 714 mísseis, além de um pacote de armamento completo, peças de reposição e motores sobressalentes, suficientes para 10 anos de operação. Também foi contratado um pacote de apoio logístico que incluiu a construção da Base Aérea de Khatami, perto Esfahan.
Os F-14 adquiridos pelo Irã foram modificados para remoção de componentes aviônicos classificados, e equipados com motores Pratt & Whitney TF-30-414. A entrega das aeronaves foi iniciada em janeiro de 1976. Dos 80 caças produzidos para IIAF (números de série 160.299 ao 160.378), a última não chegou a ser entregue, permanecendo nos EUA após a Revolução Islâmica de 1979.
Após a queda do Xá em 1979, a IIAF foi reestruturada, tendo recebido a designação de IRIAF (Islamic Republic of Iran Air Force). Um ano mais tarde, essas aeronaves foram usadas na guerra Irã-Iraque, mas essa já é uma outra história…

O Sucateamento da Força Aérea de Cuba - Artigo


 

O Sucateamento da Força Aérea de Cuba - Artigo
Artigo


Na início da década de 1960, no auge da Guerra Fria, Cuba assinou importantes acordos comerciais e militares com a antiga União Soviética após a frustrada “Invasão da Baía dos Porcos” em 1961, operação realizada por paramilitares cubanos exilados e treinados pelos CIA nos Estados Unidos a fim de derrubar o governo socialista da ilha. Para evitar novas tentativas de invasão, Fidel Castro montou em menos de uma década a maior e mais poderosa força aérea da América Latina.
O acordo com a URSS trouxe para o país um enorme fluxo de armamentos. A “Defensa Antiaerea y Fuerza Aerea Revolucionaria” (Defesa Antiaérea e Força Aérea Revolucionária-DAAFAR) de Cuba foi uma das partes mais beneficiadas.
A força aérea cubana nos anos 1960, equipada ainda no regime anterior a tomada de Castro, era formada basicamente por aeronaves norte-americanas, como o bombardeiro B-25 e os caça P-51 Mustang e o rústico jato T-33. Com o acordo, que foi oficialmente assinado em 1959, Cuba passou a receber novos jatos e aviões de transportes aos montes da URSS.
O primeiro caça a jato soviético de Cuba foi o lendário MiG-15. O país recebeu 24 aeronaves e os primeiros pilotos, 74 ao todo, foram treinados na URSS, China e Tchecoslováquia. Em 1961, todos já estavam preparados para domar o novo avião soviético. Mas eram tempos de rápidos avanços tecnológicos e o Fidel Castro voltaria a fazer um novo pedido de aeronaves, desta vez por modelos MiG-17.
Entre 1960 até o final dos anos 1980, com a queda da URSS, Cuba recebeu uma invejável quantidade de aeronaves de todos os tipos, que fazia da força aérea não só um meio de defesa, mas também de projeção, que permitia deslocamentos intercontinentais, como viria a acontecer em uma série de conflitos que o país se envolveu.
A “marca favorita” da Força Aérea de Cuba é a Mikoyan-Gurevich, ou simplesmente MiG. Cuba, em seus melhores tempos, chegou a ter em condições de operação uma frota composta por 120 MiG-21, 74 MiG-23 e mais 12 MiG-29. Um total de 206 caças e armados até os dentes. A URSS também enviou a Cuba os seus mísseis mais modernos da época, alguns capazes de abater alvos a até 100 km de distância, como o R-27 (AA-10 Alamo na OTAN) que pode ser lançado a partir dos caças MiG-23 e MiG-29. Os EUA realmente tinham o que temer.
Além dos MiGs, Cuba também recebeu 60 aeronaves de transporte dos mais variados portes. Entraram na frota os Antonov AN-2, AN-24, AN-26 e AN-32 e o Ilyushin IL-76, que é até hoje a maior aeronave em operação no país. Helicópteros também reforçaram a frota em versões de transporte e de ataque, como o temível Mi-24.
Os aviadores cubanos criaram alguns apelidos engraçados para as aeronaves russas. O MiG-21, por exemplo, é o “salsicha”, enquanto o MiG-23 é chamado de “chorizo”. Apesar do humor, os pilotos de Cuba estavam entre os melhores do mundo e voavam até 250 horas por ano.
Entre 1961 e 1980, Cuba se envolveu em uma série de conflitos militares, demonstrando superioridade em todos os embates. O país caribenho foi um dos protagonistas da “Guerra de Ogaden” que envolveu a Somália e Etiópia e que teve apoio dos cubanos. Nesse combate, entre 1977 e 1978, a Fuerza Aerea Revolucionaria usou tudo o que tinha de melhor, transportando material e soldados de Cuba diretamente para o front na África.
Caças MiG-17, MiG-21 e MiG-23 bombardearam diversas posições somalis, realizando mais de 3.000 missões em oito meses de guerra. As forças armadas da Somália, que também possuía aeronaves MiG-21, conseguiu abater duas aeronaves cubanas com disparos de artilharia antiaérea, matando um piloto – o outro foi capturado e depois solto. Ao todo, 400 militares cubanos morreram no conflito de apoio a Etiópia, que conteve a tentativa de invasão de seu vizinho e ainda aniquilou toda sua capacidade militar.
O bloqueio naval imposto a Cuba após a descoberta da instalação de mísseis soviéticos de longo alcance por pouco não levou os EUA e URSS a terceira guerra mundial em 1962. A ilha foi cercada pela Marinha dos EUA e aviões de patrulha passaram a vigiar todos os navios e portos cubanos.
O governo de Cuba não impediu as ações de bloqueio naval, mas ficou de olho no céu. Um avião espião Lockheed U-2 foi abatido por um míssil terra-ar, matando o piloto. Os restos dessa aeronave estão em exposição até hoje no museus das forças armadas em Havana.
A crise dos mísseis foi resolvida em menos de um mês, com os EUA e a URSS chegando a um acordo. Moscou pediu como condição para retirar os artefatos de Cuba que o governo norte-americano fizesse o mesmo com seus mísseis de longo alcance posicionados na Turquia.
Enquanto mantinha uma frente de batalha na Etiópia, Cuba teve de acionar os esquadrões que se encontravam na ilha para conter uma ameaça local. No início de 1977, barcos de pesca cubanos foram confiscados pela marinha da República Dominicana sob a acusação de estarem operando em águas estrangeiras. Fidel Castro pediu os barcos de volta, o que foi negado. Não só isso, aviões dominicanos passaram a vigiar de perto embarcações cubanas em águas estrangeiras, assustando os tripulantes com rasantes.
Para reaver os barcos e “assustar” o governo da República Dominicana, Fidel Castro lançou a “Operacion Pico”, que consistia em enviar 12 caças MiG-21 para um sobrevoo rasante sobre a capital Santo Domingo. A incursão foi realizada na manhã de 9 de setembro, quando a dúzia de aviões partiu para uma viagem de 900 km até a capital dominicana.
Ao chegarem na cidade, os MiG cubanos voaram rasando o telhado das caças, alguns rompendo a velocidade do som. Não só isso, os aviões (desarmados) simularam posições de ataque contra alvos estratégicos sobre Santo Domingo, como a central do governo, o aeroporto e bairros residenciais. A população entrou em pânico e muitos correram para se esconder.
Para o dia seguinte, Cuba pretendia repetir a mesma missão, mas desta vez com os aviões armados para atacar a base aérea das forças armadas de seu vizinho caribenho. Com as aeronaves já preparadas, a missão acabou cancelada após o governo dominicano (avisado pela CIA sobre o plano de ataque cubano) anunciar a devolução das embarcações.
Além desses conflitos, Cuba também ajudou forças revolucionárias na guerra de independência da Angola, entre 1975 até 1989, e também apoiou a Síria e Argélia contra ofensivas do Egito e Israel.
Com a queda do bloco soviético, Cuba caiu em desgraça econômica. Orçamentos foram cortados em todas os gabinetes e a força militar que era a mais poderosa da América Latina, superando países como o Brasil, Chile e Argentina, se tornaria uma unidade limitada e quase que inteiramente sucateada nos tempos atuais.
A força aérea de Cuba não recebe uma nova aeronave desde 1990 e por isso foi forçada a desativar grande parte de seus mais de 200 caças para manter alguma condição de operar. Desta forma, a força que antes tinha poder de projeção, se tornou um meio de defesa deficiente. Muitos aviões foram desmontados para ceder peças a outros em melhores condições, o que reduziu drasticamente o tamanho da frota.
Segundo relatos mais recentes, Cuba tem em condições de operação cerca de 25 caças, sendo apenas quatro MiG-29. E esse número vem caindo a cada ano. Após o fim da URSS, parte dos aviões de transporte e carga foi compartilhada com a companhia aérea estatal “Cubana”. Devido a falta de orçamento, o país ainda utiliza aeronaves “pré-históricas”, como o biplano AN-2, desenvolvido na década 1940.
Nota do blog: Essa matéria é de 2015. Como já se passaram 8 anos, Cuba deve ter, provavelmente, menos de 20 caças em condições de operação.