domingo, 20 de março de 2022

Cidade Nova, 1967, Rio de Janeiro, Brasil


 

Cidade Nova, 1967, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia

Aeronave Lockheed Constellation 049, 1946, Panair do Brasil


 

Aeronave Lockheed Constellation 049, 1946, Panair do Brasil
Fotografia

"Cabeça de Leão", Alambrado do Estádio Dr. Francisco de Palma Travassos, Comercial Futebol Clube, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil




 



"Cabeça de Leão", Alambrado do Estádio Dr. Francisco de Palma Travassos, Comercial Futebol Clube, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia

Para quem não é de Ribeirão Preto e/ou não conhece a história do Comercial Futebol Clube, o "Leão" é o mascote e também o apelido pelo qual o time é conhecido. No alambrado do estádio existem essas cabeças de leão alusivas ao mascote/apelido do time, um adorno visualmente muito bonito. 
Quando é disputado o clássico entre os times da cidade (o chamado "Come-Fogo") temos o duelo entre o "Leão" (Comercial) e a "Pantera" (Botafogo).
Nota do blog: Data não obtida / Crédito para Jaf.

Estação Alto da Serra, Estação de Paranapiacaba, SPR, Santo André, São Paulo, Brasil


 

Estação Alto da Serra, Estação de Paranapiacaba, SPR, Santo André, São Paulo, Brasil
Santo André - SP
Fotografia - Cartão Postal

Crônica do Jogo Comercial 4 x 2 São Bernardo, Campeonato Paulista de Futebol da Série A3, 19/03/2022, Estádio Francisco de Palma Travassos, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil






Crônica do Jogo Comercial 4 x 2 São Bernardo, Campeonato Paulista de Futebol da Série A3, 19/03/2022, Estádio Francisco de Palma Travassos, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia


E lá vamos nós com outro post sentimental...rs.
Um dos meus escritores prediletos é Nelson Rodrigues. Suas crônicas, textos e peças me encantavam, porque, entre outras coisas, a objetividade do fato, a realidade da situação, não eram o mais importante. Ao contrário, seus textos exaltavam o inusitado, o fora de controle, a obra do acaso, o imponderável, o sobrenatural, o que não tinha explicação científica ou era improvável de acontecer. Ele abominava os chamados (por ele) "idiotas da objetividade".
E eis que um jogo da terceira divisão do Campeonato Paulista me dá a oportunidade de (perdoem a heresia) "sentir-me um pouco Nelson".
Vamos aos fatos:
Eu gosto muito de assistir jogos de futebol, mas confesso que detesto assistir na TV. Desde pequeno sempre preferi assistir a jogos de futebol pelo rádio, acho um meio de comunicação muito mais democrático (especialmente por dar espaço aos times médios e pequenos que não encontram abrigo na TV, onde vigora o monopólio dos grandes) e divertido (os narradores e comentaristas não ficam presos a fórmula narrativa "engessada" e politicamente correta da TV, além de, na minha opinião, serem infinitamente melhores na narração e comentários). Além disso, no rádio não existem os chamados "comentaristas de arbitragem", uma das invenções mais horrendas da TV (não passam de ex-juízes que cansaram de cometer erros clamorosos nos jogos que apitaram antes da chegada do VAR, sempre prejudicando times menores e beneficiando times grandes).
Dito isso, tenho que dizer que além do rádio, também tenho preferência em assistir futebol no estádio, local que considero que se tem a melhor experiência com o esporte. Só no estádio você sente o jogo, experimenta nos noventa minutos de partida sensações de alegria, tristeza, medo, raiva, alívio, ansiedade, agonia, companherismo, ódio, pertencimento, diversão, ânimo, desânimo, etc (sempre sem violência física, sou totalmente contra brigas entre torcedores e torcidas organizadas violentas, acho um completo absurdo e prova de nossa falência como ser humano, que torcedores adversários não possam sentar-se lado a lado para assistir a uma partida sem agressão mútua, inclusive penso que se isso não é possível, nem deveria ser permitido a realização de jogos). Resumindo, ninguém consegue ficar ou manter-se indiferente em um estádio de futebol! (com exceção óbvia da "grã-fina de narinas de cadáver", apontada por quem? Nelson Rodrigues, mas isso é assunto para outro post)
Seguindo, outro fato a ser citado é que no estádio de futebol você consome alguns tipos de alimentos que remetem a sua infância ou passado, como pipoca, amendoim, espetinho de carne, cachorro-quente, pipoca doce de saquinho rosa, coquinho queimado, refrigerante e cerveja de marca barata, entre outros. É uma verdadeira festa!
Continuando a história, outro ponto que gostaria de citar, é que prefiro sempre ver jogos de times médios e pequenos, com jogadores que tem que suar a camisa, que jogam pelo salário, pelo "bicho" ou prato de comida (em sentido figurado, é claro que não quero que ninguém passe fome), a ver jogos de times grandes com jogadores milionários, que parecem executivos engravatados ao invés de futebolistas. Eu gosto do estilo de futebol do passado, com estádios acanhados, tipo "caldeirões", com alambrado, banheiros simples, arquibancada de concreto, com as crianças jogando sua bolinha durante a partida, com ingresso acessível que permita torcedores pobres, classe média e ricos (não o que acontece atualmente, onde só torcidas organizadas subsidiadas por clubes e ricos tem acesso aos jogos dos times em razão do preço) e bares que sirvam os alimentos que citei acima (diferente dos existentes nessas arenas milionárias, onde servem pizza ou hamburger de microondas a preços estratosféricos). Meu estilo de estádio é muito mais arquibancada de concreto do que cadeira acolchoada. 
Gosto de estádios com história, que foram construídos com rifas e doações de apaixonados pelo time, algo bem diferente das atuais arenas esportivas, construídas, na maioria das vezes, com dinheiro público (que jamais deveria ser colocado no futebol) e objetos de interesses escusos e corrupção. E, cumpre dizer, mesmo as privadas também se aproveitam de benesses públicas para abater os custos.
Antes de encerrar essa introdução, gostaria de citar uma inscrição de uma camiseta de um torcedor que vi no estádio do Juventus da Mooca (outro "templo" do futebol), na rua Javari, que dizia que eles são "contra o futebol moderno", esse que está destruindo os times pequenos e médios. Acho que sou, mais ou menos, como eles. E se você não acredita nisso, basta notar o que vem acontecendo com os times médios e pequenos do Brasil: a imensa maioria está em situação pré-falimentar, sofrendo com péssimas administrações, queda de receita, enorme dependência do dinheiro das federações estaduais, uma lesiva "Lei Pelé" que acabou com a principal fonte de recursos (que era o passe do jogador), penhora de rendas por dívidas, além de inúmeras ações trabalhistas e de cobrança em geral. A conjunção de todos esses fatores faz com que ainda estejam abertos por obra de verdadeiro milagre. Até quando irão resistir, não sabemos, mas ninguém consegue continuar fazendo milagre para sempre. O futuro é virarem SAFs ou clubes de empresários, tornando-se algo completamente diferente do que eram originalmente, acabando por afastar seus torcedores, que passam a enxergar aquilo não com o amor que viam, e sim como uma empresa, um negócio como outro qualquer.
Bom, mas e o jogo Comercial 4 x 2 São Bernardo? Você não vai falar?
Calma, pessoal. Prometo que agora vou começar a tratar do jogo. Lembrem-se que este é mais um post "sentimental", tem que ter lembranças e impressões. Senão não tem graça...rs.
Introdução feita, gostaria de dizer que desde 2019 (início da pandemia da COVID-19), eu não ia ao estádio do Comercial (estádio Dr. Francisco de Palma Travassos). Como parecia à época que estávamos chegando nos "finalmentes" dessa tragédia, criei coragem e resolvi ir ao estádio com minha esposa, assistir ao jogo Comercial x São Bernardo, válido pelo Campeonato Paulista da série A3 de futebol (a terceira divisão do futebol paulista). Para quem gosta de saber os apelidos dos times de futebol, era o jogo do "Leão" (Comercial) contra o "Cachorrão" (São Bernardo).
O Comercial, para minha surpresa (e provavelmente de todos), vinha liderando a competição, jogando bem, pondo o coração na ponta da chuteira, dando alegrias a sua sofrida e fanática torcida.
Uma vez decidido a ir ao estádio, como de costume, gosto de chegar cedo, para escolher um bom lugar, comer e beber as porcarias que vendem no entorno e dentro do estádio, acompanhar o aquecimento dos jogadores, ver a torcida enchendo o saco dos adversários, enfim, todo o teatro que acontece nessas ocasiões. Não sei porque, desta vez, um fato me chamou a atenção durante o aquecimento do Comercial: a enorme quantidade de chutes para fora do gol. Parecia que a cada cinco chutes, apenas um acertava o gol. Achei meio estranho, mas reputei o fato aos jogadores estarem frios, no jogo, uma vez aquecidos, provavelmente seria diferente.
Passada essa fase, começa o jogo, e o Comercial vai para cima do adversário. Ataca mas sofre com o problema que notei no aquecimento: péssima pontaria, a maioria das finalizações vai para fora.
Por outro lado, o São Bernardo tinha um atacante chamado "Chuck", um baixinho liso e invocado, que estava aterrorizando os enormes zagueiros do Comercial, inclusive já tinhámos escapado de levar um ou dois gols dele. Acho que só o técnico do Comercial não via o estrago que ele estava fazendo e não melhorava a marcação naquele setor. E como essa falha defensiva continuou, o Comercial em uma bola mal dividida, tomou o primeiro gol do jogo, marcado justamente pelo "Chuck". 
Foi um balde de água fria na torcida!
O Comercial não se abalou muito e partiu em busca do empate, ainda que esbarrasse nas próprias limitações e pontaria ruim, deixando espaços para os sempre perigosos contra-ataques do São Bernardo, a maioria protagonizados pelo "Chuck", que a essa hora já tinha sido "eleito" como o vilão do dia da torcida comercialina, sendo xingado de inúmeros nomes (confesso que ri muito de um aposentado que não parava de chamá-lo de "Playmobil dos infernos").
E num desses contra-ataques, no último minuto do primeiro tempo, foi marcada uma falta para o São Bernardo, que numa bobeira incrível da defesa do Comercial, fez 2x0. 
Dessa vez não foi um balde água fria, foi uma piscina inteira! A torcida deu uma desanimada monstro, o que acredito que aconteceu com o time também. Sorte que o primeiro tempo acabou ali, senão teria ficado pior.
Quem acompanha futebol sabe que quando o time da casa termina o primeiro tempo perdendo de 0x2, a coisa fica feia. Não tem torcedor que entenda, que não fique bravo e revoltado, diante da pequena possibilidade de virar o jogo. É muito difícil fazer três gols em um só tempo, partindo de 0x2. O adversário vai amarrar o jogo, fazer cera, discutir, irritar, entre outras artimanhas para tentar impedir a reação. Na maioria das vezes não ocorre a reação e o time da casa acaba amargando a derrota.
No momento do fim do primeiro tempo, eu estava sentado na arquibancada, bem lá em cima (gosto de ter uma visão ampla do campo). Resolvi descer e comprar refrigerantes para mim e esposa. E no caminho falei para ela: "Venho aqui desde 1987, são 35 anos, nunca vi o Comercial virar um jogo que perdia por 0x2 no intervalo. Já vi empatar, ganhar nunca. Pode até ter acontecido mas nunca vi. Se conseguirmos empatar, é como uma vitória".
Mas falei sem entusiasmo algum, eu não acreditava nem no empate. Estava meio revoltado com essa quase certa derrota em minha volta ao estádio depois de tanto tempo. Achei até que era "pé-frio"...rs.
De qualquer forma, comprei os refrigerantes e, não sei porque, lembrei de uma frase que gosto de repetir sempre: "Se você faz sempre a mesma coisa, o resultado será sempre igual".
Pensando nisso, resolvi não voltar para a arquibancada e assistir o jogo no alambrado, bem em frente a dois policiais que estavam de serviço com um cachorro (que não parou de latir um só minuto...rs).
Os times voltaram do intervalo e o jogo recomeça. O Comercial, não sei o que aconteceu durante o intervalo, vem com uma vontade fora do normal, passam a correr e disputar a bola como se fosse um prato de comida, o time demostra uma vontade fora do normal, parecia que jogaram os caras em uma piscina de energético...rs.
E assim, com dois minutos do segundo tempo, o Comercial fazia seu primeiro gol, com o zagueiro Thiago, em uma cabeçada improvável no meio de dois zagueiros e o goleiro do São Bernardo.
A torcida enlonqueceu, o alambrado quase caiu na comemoração...rs.
Nova saída de bola, o Comercial continuava amassando o adversário, e aos cinco minutos, de novo o zagueiro Thiago, novamente de cabeça, em um frangaço do goleiro do São Bernardo, empatava o jogo! A torcida enlouqueceu de vez, o alambrando balançava sem parar...rs.
O clima do estádio tinha mudado completamente, a coisa virou um "caldeirão", todo mundo gritando e apoiando o Comercial, pedindo a virada, uma coisa linda!
E ela veio, aos 21 minutos, com o atacante Adriano, que mesmo errando o chute, a bola acabou batendo na sua outra perna e entrando! Era a virada! E ainda com um gol de sorte!
Foi um momento sublime, a torcida cantava, vibrava, comemorava, gritava, ria, chorava, uma coisa louca! O time tinha virado um 0x2 para 3x2 em apenas 21 minutos de jogo, algo inacreditável!
Após conseguir a virada, o Comercial deu uma arrefecida no ritmo, ninguém consegue manter aquela intensidade o tempo todo, e o São Bernardo deu uma equilibrada no jogo, e por pouco, não empatou em duas ocasiões. O jogo continuava com o Comercial tentando controlar a partida e esbarrando em finalizações ruins, e o São Bernardo, por outro lado, buscando empatar, mas sem a inspiração necessária (um time que vira o primeiro tempo ganhando de 2x0 na casa do adversário e leva a virada em pouco mais de 20 minutos, não consegue evitar o desânimo, a coisa sai dos trilhos, o jogo para de fluir, a perna pesa).
E assim foi até os 43 minutos, quando o atacante Túlio, também de cabeça, marcou o quarto gol do Comercial (sim, o quarto!) decretando os números finais da partida, com o Comercial vencendo por 4x2 e se consolidando na liderança do campeonato, deixando sua torcida em êxtase, vibrando de felicidade!
Após o encerramento da partida, os jogadores do Comercial foram até o alambrado (que mais uma vez resistiu bravamente) comemorar o resultado com a torcida e tudo terminou em uma linda festa!
Concluindo, agradeço a paciência de quem chegou até aqui, abraços comercialinos a todos!
Nota do blog 1: Em 33 anos nunca tinha visto o Comercial reverter um resultado após terminar o primeiro tempo perdendo de 0x2. Agora eu vi!
Nota do blog 2: Vou morrer acreditando que o fato de não ter voltado com minha esposa para a arquibancada e assistido o segundo tempo do jogo em pé no alambrado, com o cachorro da Polícia latindo sem parar, foi "determinante" para a reversão do resultado do jogo. Sem isso o Comercial jamais teria virado. De alguma forma, na minha cabeça, meu humilde ato mudou a realidade, quebrou uma sequência, alterou o que estava previsto para aquele momento. Tenho absoluta certeza que Nelson Rodrigues concordaria comigo...rs.
Nota do blog 3: Quem resiste ao charme de um estádio onde os adversários ainda são tratados como "visitantes" no placar? Vida eterna ao futebol do interior e de antigamente!

sábado, 19 de março de 2022

Passarela Interna, Estação da Luz, São Paulo, Brasil


 

Passarela Interna, Estação da Luz, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

Estação da Luz, São Paulo, Brasil


 

Estação da Luz, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Prugner 
Fotografia - Cartão Postal

Rua Barroso, 1906, Centro, Manaus, Amazonas, Brasil


 

Rua Barroso, 1906, Centro, Manaus, Amazonas, Brasil
Manaus - AM
Fotografia

Bolsa Oficial de Café, Década de 30, Santos, São Paulo, Brasil


 

Bolsa Oficial de Café, Década de 30, Santos, São Paulo, Brasil
Santos - SP
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Tudo Sobre o Funcionamento do "Torrent" - Artigo





 Tudo Sobre o Funcionamento do "Torrent" - Artigo
Artigo

O compartilhamento livre de arquivos na internet sempre rendeu discussões acaloradas em várias esferas do mundo globalizado. O ponto de vista legal dessa troca de arquivos já rendeu processos judiciais, multas, indenizações e até mesmo suspensão da conexão de alguns usuários pelo mundo afora. Alguns países até já tomaram medidas extremamente drásticas em relação ao torrent e suas variantes.
Os administradores do site The Pirate Bay enfrentaram em 2009 uma batalha pela democratização da troca de conteúdos nos tribunais. Porém, as alegações do lado acusador foram extremamente mais poderosas. Isso porque do lado adversário estavam donos de gravadoras, estúdios cinematográficos e outras entidades protegidas pelas leis de direito autoral. Assim, Frederik Neij, Gottfrid Svartholm Warg, Peter Sunde e Carl Lundström foram condenados a pagar 2,7 milhões de euros em indenizações pela perda dos royalties das maiores empresas de entretenimento e música do mundo, entre elas Sony, Warner, EMI, Columbia Pictures e outras.
Mas o que esses rapazes fizeram de tão grave? Ou melhor, por que os torrents se tornaram os principais inimigos dos direitos autorais? Isso está ligado a uma série de conceitos e termos que definem melhor o que é este tipo de arquivo e quais são as técnicas de difusão dos arquivos de origens extremamente difusas. Pois bem, como quase tudo no mundo, os torrents começam com uma semente.
Sim, uma semente, isto é, um “seeder”. Semeador, em bom português. O processo de compartilhamento de arquivos é iniciado por um usuário que envia um arquivo de extensão .torrent em um site da internet, como o The Pirate Bay, por exemplo. Feito isso, todos os usuários que tiverem interesse naquele conteúdo devem fazer o download. Até aí tudo bem, conhecemos uma estrutura bastante parecida com esta – o P2P. A sigla significa peer-to-peer, ou seja, par a par, que designa a comunicação unilateral entre o usuário e o servidor. Desta maneira, forma-se a conexão entre eles. Assim, tem-se uma estrutura binária de compartilhamento de arquivos – um servidor e um usuário.
O seeder das mudanças:
A diferença do torrent para o P2P tradicional é que ele liberta o usuário da sua atuação passiva nesta troca de arquivos. A forma de envio e download de arquivos em torrent segue uma estrutura completamente diferente do que estávamos habituados até o ano de 2003, quando os primeiros compartilhamentos deste tipo começaram a surgir. Esta rede permite que o usuário torne-se ativo e também um seeder, ou seja, ele também detém o poder de enviar os arquivos, assim como o era o papel do servidor no P2P clássico.
As comparações com o modelo “mão única” de compartilhamento de dados não ficam por aí. Os seeders recebem esta denominação justamente pela função que desempenham nesta rede. Como os arquivos são partidos em partes menores de 256 kilobytes (em geral), o processo de download fica cada vez mais veloz por que cada um dos semeadores possui um pedaço distribuído em ordem aleatória. Portanto, quanto mais seeders para um torrent, mais rápido será o descarregamento do arquivo como um todo no seu computador. Assim, não existem as temidas e demoradas filas de espera que tanto assustavam os usuários de sistemas como o SoulSeek e outros do gênero. Ao somar tudo isso, pode-se concluir que desta maneira dificilmente haverá sobrecarga. Afinal, quanto mais gente, melhor.
Quando um download termina e os fragmentos do arquivo foram unidos automaticamente, o usuário tem a opção de tornar-se um seeder também. Basta que ele permita a continuidade do upload iniciado logo depois do término do download. Assim, aquele arquivo terá uma boa rotatividade e estará disponível sempre que alguém precisar dele. Ao observar a rede de troca de documentos via torrent, nota-se que há um lado bastante “social”. Algo como uma política de boa vizinhança; se eu já fui ajudado, ajudarei o outro. Aí se tem o início da relação seeder-leecher.
Os semeadores e as sanguessugas:
Enquanto se baixa um torrent, se assume o papel de leecher (sanguessuga), aquele que aproveita. Porém, este é um papel um tanto ambíguo. Enquanto você baixa, pode também se tornar um seeder, pois partes do arquivo já terão sido concluídas e já vieram para o seu computador e automaticamente se tornam disponíveis para outros leechers interessados neste arquivo. Portanto, você pode ter papéis únicos (seeder ou leecher) ou então optar pelos dois simultaneamente.
Trackers:
Entretanto, a comunicação entre estes dois (ou mais) computadores precisa ser mediada por um servidor. Neste caso específico, o servidor se chama tracker. Ao contrário do que muitos podem pensar, este servidor não é como os outros. Os trackers não armazenam nenhum dos arquivos compartilhados via torrent. “Então para que eles servem?” – simples, estes servidores têm a função de conectar os usuários para que estes possam executar seus papéis de seeder ou leecher.
Porém, esta ligação tripla (peer1 – tracker – peer2) não é tão duradoura. Assim que o download é iniciado, a conexão passa a ser direta, ou seja, peer to peer (peer 2 peer, logo, P2P). Entretanto, não se deve confundir tracker com indexer. Os indexers de torrent funcionam como listas de arquivos e não como servidores. Apesar de indicar o caminho entre o peer1 até o peer2, as listas não executam a função de servidor (tracker), que é facilitar a comunicação entre os seeders e os leechers.
Estes servidores também estão disponíveis para consulta de listas, caso seja do interesse do usuário consultá-las no próprio site do servidor. Porém, isso não fará dele um indexer para que deixe de ser um tracker. Ainda sobre servidores, existem aqueles que exigem que o usuário que em um primeiro momento foi um leecher, seja seeder também. Vale lembrar que não são todos que usam desta prática. Por isso, é importante pesquisar a respeito do servidor.
Hashs (MD5):
Estes hashs que confundem com tantos números e letras em uma ordem estranha têm uma razão de ser. Sempre que você termina de fazer o download de um pedaço do arquivo, o seu cliente torrent vai criptografá-lo, ou seja, fazer o hash. Isso é feito para que você tenha garantias de que não vai fazer o download de algo que não ordenou. Assim, o seu torrent é transformado em uma sequência alfanumérica de 128 bits muito semelhante ao exemplo abaixo:
9e107d9d372bb6826bd81d3542a419d6
As sequências são produzidas através do algoritmo MD5, ou seja, o modelo de criptografia unidirecional que não permite o retorno à frase (string) que lhe deu origem. Esse formato é muito comum em trocas do tipo P2P e até mesmo em verificações de login e outras formas de uso. Tudo isso serve para garantir que você não está baixando algo corrompido e que existe preocupação com a segurança nos downloads e uploads.
DHT (Distributed Hash Table):
As DHTs, ou seja, as tabelas de hash distribuído, são uma das peças-chave na hora de fazer downloads de arquivos torrent. Elas são uma espécie de sistema distribuído descentralizado que trabalha com pares de informações. As chaves e os valores são armazenados nesta tabela e, assim, qualquer nó – normalmente os leechers – é capaz de recuperar esse valor associado a uma chave para fazer o download de blocos de um arquivo maior. As DHTs ficam guardadas nos trackers. Por isso, quando você for procurar por um arquivo, a tabela deverá estar bem arquivada e atualizada para gerar o mínimo de desordem.
O surgimento das DHTs estão intrinsecamente ligados ao nascimento das redes P2P e aos sistemas como o Gnutella, Napster e o Freenet. Além de serem eficientes, as tabelas são bastante maleáveis, permitindo a adaptação ao sistema no qual ela é utilizada. No Napster, por exemplo, a adição dos dados aconteciam no momento em que o usuário fazia o seu cadastro. A partir deste ponto, as informações de arquivos a serem compartilhados no computador seriam armazenadas no servidor.
Os hashs são pontos cruciais neste caso, porque são os meios de mapeamento das chaves para os nós desta rede. São essas DHTs que promovem o encontro entre o seeder e o arquivo que ele quer baixar.
PEX (Peer Exchange):
O Peer Exchange é um dos pontos de destaque da relação usuário-tracker, já que permite que esta aconteça de uma forma diferenciada. O grande trunfo do PEX é o fato de ele permitir que um indivíduo pertencente à swarm (algo como um “enxame”) possa trocar informações sobre o próprio grupo diretamente, sem que seja necessário pedir a autorização do tracker. A vantagem desta função é justamente poupar este servidor de algumas tarefas. Assim, percebe-se que existe autonomia na hora de encontrar arquivos via torrent.
Porém, ao contrário do que pode vir à mente com este conceito, os Peer Exchange não podem inserir um novo indivíduo no swarm independentemente. Para incluir novos peers é preciso que eles procurem pelo arquivo e sua hash. Assim, as tabelas DHT encontram o requerimento e assim o processo é iniciado. Para a maioria dos usuários de torrent, o PEX e as tabelas DHT são ativados logo que um download começar. Por isso, não há necessidade de preocupação com processos manuais – tudo acontece automaticamente.
Ratio:
Como foi comentado acima, alguns trackers têm regras que exigem que seus leechers também sejam seeders frequentes. Isso é medido pelo ratio, também chamado de ratio credit. O processo pode ser tratado como um tipo de moeda de troca; você só baixa, se permitir que outros baixem. Esse é o incentivo ao compartilhamento de arquivos que deve ser feito para que aquele torrent seja encontrado por quem estiver precisando no momento. Normalmente, os usuários com uma boa capacidade de armazenamento nos seus discos rígidos também trabalham com uma taxa de conexão bastante elevada.
Passkey:
Normalmente, servidores que usam a prática do ratio também pedem passkeys. Trata-se de algo muito comum entre trackers privados, que exigem o registro dos seus usuários. Caso você não tenha feito o seu cadastro em um destes, não será possível baixar o torrent. Isso se faz necessário porque o servidor privado trabalha apenas com IPs registrados. Então, se você não possui cadastro nestes sites, não adianta tentar baixar por ali. Procure outra fonte.
Agora que você já conhece alguns termos importantes a respeito dos torrents, é importante salientar outros pontos. Veja abaixo alguns procedimentos e ações indispensáveis para colecionar boas experiências com seus downloads.
Clientes:
Sem eles é impossível fazer o download de torrents. Você pode até baixar o arquivo .torrent que vai redirecioná-lo ao arquivo original. Porém, se não houver um cliente como o BitTorrent, BitComet, µTorrent, Vuze e outros, não é possível dar continuidade ao processo. Estes programas têm interfaces bem divididas e podem organizar muito bem os seus torrents entre aqueles que ainda estão sendo baixados, os que já foram concluídos e os outros dos quais você se tornou um seeder. O µTorrent é um dos programas mais utilizados para o download destes arquivos justamente por consumir poucos recursos do computador e ainda ser compatível com o protocolo BitTorrent.
Um fato curioso sobre o BitTorrent é um dos easter eggs que podem ser encontrados ao clicar em “Help” (Ajuda) e em seguida em “About µTorrent”. Quando a janela estiver aberta, pressione a tecla “T” no seu teclado. Isso faz com que um jogo no estilo Tetris seja aberto. Ele se chama µTris. Ele também permite fazer limitações e outros tipos de controle de taxas de transferência para não deixar o seu computador e a sua internet lentos.
Existem, também, os clientes que trabalham com o sistema de broadcatching. Este sistema é muito simples e, se você já assinou algum RSS Feed na sua vida, vai entender muito bem do que se trata. Quando alguém faz a assinatura de um Feed, diz, automaticamente, que está disposto a receber os conteúdos daquele site ou blog. Porém, ao assinar um RSS Feed de uma lista de torrent, você recebe os arquivos, sempre que forem atualizados.
Onde encontrar os torrents?
The Pirate Bay, Lime Torrents, YTS, RARBG, 1337X, Kickass, Rutracker, etc.
Como baixar:
Baixar torrents é muito fácil. Depois de ter acessado algum dos sites listados acima, você deve escolher um arquivo. Baixe-o de acordo com os seguintes padrões: número alto de seeders, número menor de leechers e claro, o tamanho do arquivo final a ser baixado. Lembre-se de que o arquivo .torrent não é o arquivo final que você procura. Depois, abra o arquivo . torrent no seu cliente (µTorrent, Vuze, BitTorrent e outros). O programa pergunta qual o local em que você quer salvar o seu torrent; determine-o e aguarde o download terminar.
Depois, se você quiser – ou o servidor assim exigir – pode se tornar um seeder daquele arquivo que você baixou. Lembre-se: para ser um semeador de torrents, basta deixar o seu cliente aberto e o upload ativo. Mas se muitos deles estiverem enviando para outros leechers, a sua velocidade de internet começa a cair e em alguns casos, pode-se encontrar a lentidão no computador, já que muitos processos de envio de arquivo estarão abertos. Mas não se desespere, existe uma saída!
Aprenda a limitar uploads:
Uma das maiores queixas quanto ao upload de torrents, e assim tornar-se um seeder, é o fato de permitir que os usuários baixem o bloco de arquivo que você tem e por isso sofrer com a lentidão tanto do computador quanto da internet. Isso porque se não houver a limitação da taxa de upload, o arquivo vai ser transferido com toda a velocidade que a sua banda permite. E isso faz com que a rapidez da sua internet seja drasticamente reduzida.
Para impor limites à taxa de transferência, clique com o botão direito sobre o ícone da Barra de Tarefas do seu Windows e pouse o cursor do mouse sobre a opção “Limite de Upload”. Um menu de opções de taxa de upload aparece ao lado do primeiro menu. Clique sobre a velocidade que você achar adequada. Pronto. Os uploads já estão limitados! Lembro que este procedimento é válido para o µTorrent.
Então baixar torrent é crime?
Com esta pergunta acabamos de entrar em um terreno bastante delicado. Baixar torrents pode ou não ser um crime. Tudo depende exatamente do que você está baixando. Se por um acaso você decidiu fazer o download de um álbum cujos direitos o artista tornou livres, não há o menor problema em compartilhar esses arquivos de música. Entretanto, não é exatamente isso que vemos no cenário fonográfico e de entretenimento.
Existe muita confusão nesse meio justamente pela existência de dois termos cruciais para o entendimento do que são os direitos autorais e seus derivados. O Direito de Uso e o Direito de Distribuição são conflitantes, especialmente na internet. Um exemplo bastante claro são os CDs e DVDs. Quando você compra um CD ou um DVD de um filme ou show, tem garantidos os seus direitos de uso daquela obra. Entretanto, isso não lhe confere o direito de distribuição dessas mídias. Isso significa que você não pode exibi-lo em locais públicos ou passá-los adiante.
Entenda este “passar a diante” a distribuição através de arquivos compartilháveis pela internet. Portanto, crucificar torrents não é a melhor saída para dar um basta na pirataria. Estes tipos de arquivo são apenas os meios de compartilhar conteúdos e não barcos piratas. O problema está nos direitos dos materiais distribuídos através dos torrents. A grande prova de que os torrents e as redes P2P podem ser coisas positivas: muitos artistas usam estas mesmas redes para distribuir livremente as suas músicas, livros e outros tipos de conteúdo de entretenimento.
Esta tecnologia de troca de arquivos também tem grande aceitação no exterior para a distribuição de softwares livres, e uma grande variedade de formas de entretenimento gratuito produzido e liberado pelos próprios autores. Pode-se dizer que o maior empecilho para que os torrents sejam vistos como algo positivo é a própria instituição dos conteúdos livres, que batem de frente com as questões de produtos midiáticos comercializados pelas grandes empresas. Atualmente, a quantidade de mídias compartilháveis ainda não são expressivas o suficiente para causar uma “inversão” no jeito de vender cultura e entretenimento.
Quem sabe, em um futuro não tão distante, a noção de que filmes, livros, álbuns e tantos outros são patrimônios de todo o mundo não consiga trazer ao menos os preços mais acessíveis. Afinal, a cultura e os meios de diversão e lazer são um direito de todos. Entretanto, os autores das obras também têm seus méritos, já que não se trata de um trabalho tão simples. Compor músicas, dirigir filmes ou escrever livros são tarefas árduas e que exigem muito esforço e conhecimento de quem as produz. O mesmo é válido para os softwares que as empresas desenvolvem.
Por isso, ainda temos muito terreno para discussão e descobertas neste assunto tão delicado que trata dos direitos autorais. Contudo, não se deve esquecer que a internet é um meio bastante democrático e permite os mais diversos tipos de comunicação e trocas de informação. E como tal, sempre estará um passo a frente da legislação. Muitos autores e pesquisadores do assunto dizem que a tecnologia sempre vai ter influências e fornecer os meios dos quais os piratas se aproveitam para disseminar as cópias de conteúdos legalizados.
Como já é sabido, a tecnologia não é desenvolvida para o crime. É tudo uma questão de como a utilizamos e para que fins. O CD não foi inventado para gravar álbuns piratas; os DVDs não chegaram ao consumidor para comportar filmes, jogos e outros arquivos protegidos por lei. Portanto, o suporte que os torrents oferecem também não foi desenvolvido com a intenção de piratear seja lá qual for o conteúdo. Entretanto, as pessoas que viram esta função em todas essas plataformas tornaram seu uso ilegal e podem ser responsáveis pela origem do preconceito que se formou sobre esses tipos de compartilhamento.
Agora que você já está instruído sobre esses aspectos técnicos e legais a respeito do download de torrents é importante ressaltar mais um ponto. Não pense que a internet proverá a “capa de invisibilidade” que tantos vestem por aí. As autoridades responsáveis pelo rastreamento de atos criminosos na web podem rastrear seu IP e descobrir que tipo de material foi baixado. Portanto existem riscos sim. Mas, se você não quer entrar para os grupos de risco destes downloads de materiais protegidos por copyright, verifique se existe alguma menção sobre esta polícia de legalidade.
Bom, pessoal, é isto que tinha para hoje. Espero ter sanado as principais dúvidas que vocês tinham sobre este assunto. Afinal de contas é muito fácil cair em um site de conteúdos ilegais ou então enganar-se quando o assunto é encontrar o melhor arquivo torrent para ser baixado. Esteja atento às nomenclaturas e aos direitos autorais de uso e distribuição daquilo que você baixa. Abraços!