sábado, 30 de julho de 2022

Monumento Mãe Preta, Largo do Paissandu, São Paulo, Brasil



 



Monumento Mãe Preta, Largo do Paissandu, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


Dos inúmeros monumentos que estavam espalhados pela cidade de São Paulo na primeira metade do século 20, nenhum deles fazia uma referência direta à cultura e a identidade negra. Sobravam monumentos para homenagear brancos e até indígenas, estes últimos reconhecidos em pelo menos duas esculturas importantes, uma na região central e outra na zona leste.
Nos preparativos para o IV Centenário de São Paulo discutiu-se sobre inaugurar pela cidade diversos monumentos durante o período de comemoração. Das principais obras construídas cito aqui três: uma plenamente conhecida – o Monumento às Bandeiras – obra de Victor Brecheret, a segunda, a escultura do IV Centenário, que infelizmente foi destruída, e uma terceira, a Mãe Preta, no Largo do Paissandu.
O monumento Mãe Preta foi o último alusivo ao IV Centenário de São Paulo a ser inaugurado. A obra foi confeccionada após a escolha de seu projeto através de um concurso público, vencido pelo escultor concorrente sob o pseudônimo de Ibirapuera. Mais tarde, no anúncio da escolha, foi revelado ser o escultor santamarense Júlio Guerra, mesmo artista que alguns anos depois ficaria ainda mais conhecido por outro monumento paulistano, o Borba Gato.
Com a cobertura da Folha da Noite, antecessora da Folha de S. Paulo, a escultura foi apresentada ao público na manhã de 23 de janeiro de 1955 em uma cerimônia concorrida no Largo do Paissandu. A obra foi instalada ao lado da igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, onde está até hoje.
Apesar da homenagem feita à cultura e identidade negra através desta escultura, a obra de Júlio Guerra não ficou livre de críticas. Representando uma Ama de Leite, o projeto modernista desagradou muitos militantes do movimento negro à época, devido ao exagero no tamanho de seus pés e mãos. Entretanto era algo comum em obras de cunho modernista, como pode ser visto na pintura "A Negra" de Tarsila do Amaral e até mesmo na pintura "Café" de Cândido Portinari.
Outra voz que criticou a escolha do estilo modernista para a estátua foi o jornalista e ativista José Correia Leite. Principal nome da imprensa negra paulista e personalidade histórica do movimento negro brasileiro, Leite disse à época que a escultura não representava a mulher negra, bonita e educada que foi a figura da Ama de Leite.
Críticas à parte o monumento aos poucos foi caindo no gosto da comunidade negra e com o passar dos anos se solidificou como uma grande homenagem de São Paulo aos negros do Brasil.
Anos depois da inauguração da estátua, se começou a comemorar o Dia da Mãe Preta, sempre no dia 13 de maio. A iniciativa traz festividades e celebrações religiosas ao redor do monumento.
E o Dia da Mãe Preta foi especialmente celebrado em 1972, ano em que o evento foi agraciado com a importante visita do então Presidente da República, Emílio Garrastazu Médici. A visita presidencial ao local atraiu uma multidão de 10 mil pessoas, que viram o então presidente junto do governador paulista Laudo Natel depositar flores ao pé da estátua. Desde então, tornou-se rotina ver flores e até velas serem depositadas na base do monumento, que não raro é visto com sua base chamuscada.
Uma obra de tamanha importância não poderia deixar de ser um patrimônio paulistano. Em 2004 o município de São Paulo, através do Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) tombou a escultura Mãe Preta como patrimônio histórico da cidade.
A obra é confeccionada em bronze e tem sua base em granito. Em três faces da base da estátua existem gravuras e inscrições. No lado esquerdo há a alegoria de um pelourinho, no lado direito imagens da mãe preta e na parte frontal da base o escultor Júlio Guerra reproduziu o poema "Mãe Preta" do poeta Ciro Costa. Texto de D. Nascimento.

Grupo Escolar Santos Dumont / Atual Escola Estadual Santos Dumont, Penha de França, São Paulo, Brasil
















Grupo Escolar Santos Dumont / Atual Escola Estadual Santos Dumont, Penha de França, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia



Quando se pensa em escola notamos o quão grandioso são os números do ensino nas instituições escolares públicas de São Paulo. De acordo com os dados do Censo Escolar do Governo Paulista, 3.5 milhões de alunos frequentam as mais de cinco mil escolas estaduais. São muitas crianças e adolescentes com pleno acesso à educação, entretanto nem sempre foi assim.
No início do século 20 não havia tantas escolas públicas e o ensino era muito deficiente. Para se ter uma ideia, a taxa de analfabetismo no Brasil em 1910 era de 76,1% da população. E foi nesta década de 1910 que começou aqui em São Paulo uma expansão do ensino, com a construção de inúmeras novas escolas, visando diminuir o triste índice de analfabetismo da época.
Corria o ano de 1913, durante o mandato do então governador Rodrigues Alves (1912-1916), quando se decidiu por instalar a primeira escola pública do tradicional bairro paulistano de Penha de França.
A capital não parava de crescer e seus bairros estavam cada vez mais populosos. Mesmo uma região distante do centro como a Penha, nos então chamados arrabaldes, recebia uma leva muito grande de imigrantes, principalmente pelo fato de na região ainda haver muita terra para plantio e pasto. Se hoje é rápido chegar ao bairro com Metrô ou ônibus e através de largas avenidas como a Radial Leste, naqueles tempos tinhámos apenas o bonde, carroças ou trem a vapor.
Assim se fazia necessário a construção de uma escola pública na região para comportar o volume de alunos novos que por ali estavam chegando e para a já existente população do bairro, carente de um ensino decente.
E foi em 24 de setembro de 1913 que se inaugurou o Grupo Escolar Santos Dumont, cuja existência perdura até os dias atuais. Projetado por Hércules Beccari, arquiteto de várias escolas estaduais, o grupo escolar foi uma verdadeira revolução para a pacata Penha de França, bairro que até hoje tem ares de uma cidade à parte, como um retrato do interior paulista dentro da capital.
O local escolhido para erguer a nova escola não poderia ter sido melhor: o coração do bairro, na então Praça Bernardino de Campos, posteriormente, em 1915, rebatizada para Praça 8 de Setembro em homenagem à padroeira do bairro Nossa Senhora da Penha.
Construída em estilo clássico, tem em seu frontão altas e luminosas janelas que dão vista para a referida praça e para a lateral da escola, tem um pé direito muito alto, característico das construções da época, o que combinado com as amplas janelas permite uma farta iluminação natural, algo fundamental naquela época em que a eletricidade ainda não era tão eficiente longe da região central.
Toda sua construção foi feita em alvenaria de tijolos e o prédio tem uma linguagem arquitetônica própria, pois foi erguido em um período em que as escolas não eram padronizadas, tempo que encontravam escolas estaduais bem diferenciadas uma das outras em estilo. Na lateral da escola, hoje ocupada por um estacionamento de veículos, existia um grande jardim e uma horta mantidos por estudantes e professores. Ao fundo existiam oficinas dedicadas à marcenaria e alvenaria. Outro destaque construtivo da escola são os portões e gradis em estilo art déco.
Falando do ensino, a escola – cujo primeiro diretor foi o normalista Galdino Lopes Chaves – seguia o padrão da época onde mesmo recebendo educação básica iguais, meninos e meninas estudavam em turmas separadas, sem classes mistas e com alguns cursos diferentes entre os gêneros, como carpintaria, alvenaria e horticultura para os meninos, e corte e costura, jardinagem e culinária e para as meninas.
Com capacidade à época para 585 alunos, o Grupo Escolar Santos Dumont operava em dois períodos e com 13 classes.
O prédio por sua relevância arquitetônica na história das escolas paulistas foi tombado como patrimônio histórico em 2010. No alto de seus 109 anos de trajetória a escola permanece funcionando e está muito bem preservada. Seu nome atual é Escola Estadual Santos Dumont e oferece ensino fundamental (da 1ª a 4ª série) e ensino especial.
A relação dos penhenses com o bairro, proporciona um fato que é raro em outras regiões da cidade: são três, quatro gerações da mesma família tendo a oportunidade de estudar na mesma escola, ainda no mesmo prédio de mais de um século. São bisavós, avós, filhos e netos utilizando-se da mesma estrutura educacional. Texto de D. Nascimento.
Nota do blog: O prédio, extremamente bem cuidado conforme as imagens, é uma bela e rara exceção do padrão atual, péssimo estado e degrado, das escolas públicas de São Paulo.

Capela de Santa Cruz de Pirituba, São Paulo, Brasil

 



Capela de Santa Cruz de Pirituba, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


Em todas as regiões desta imensidão que é a cidade de São Paulo podemos encontrar alguma capela, além das tradicionais igrejas de bairro. São pequenas construções geralmente erguidas por populares em regiões outrora carentes de paróquias próximas ou mesmo construídas por pessoas que se consideraram atendidas por alguma graça ou milagre. Hoje apresento aqui uma dessas tantas capelinhas paulistanas.
Localizada na zona norte da capital paulista, na região de Pirituba, a Capela Santa Cruz de Pirituba é uma pequena construção católica construída no século 19 e que mesmo sem muitas atividades, resiste até os dias atuais. Sua localização exata é num vale da região, em uma travessa sem nome da Rua Stéfano Mauser, exatamente em um caminho que liga esta via até a Fundação Casa de Pirituba.
A área pertenceu no passado a grande Fazenda do Anastácio, imensa propriedade rural paulistana que inicialmente pertenceu a Anastácio de Freitas Troncozo, que posteriormente vendeu estas terras em 1856 a Rafael Tobias de Aguiar e sua esposa Domitila de Castro Canto e Mello, a Marquesa de Santos.
A origem da capela não é registrada oficialmente, mas conta-se que teria sido construída em 1894 por imigrantes portugueses que viviam naquela região e que não tinham por perto nenhuma edificação religiosa, já que a área não era ainda muito habitada. Pequena, a capela comporta cerca de vinte pessoas e sempre teve atividades mais secundárias, destinadas a pessoas em viagem pela região ou moradores próximos. A região era muito afastada da área urbana da capital e distante até mesmo da Freguesia do Ó, onde estava a igreja mais próxima. O local só passou a aparecer em mapas da cidade em meados da década de 1940.
Algumas histórias contadas por moradores dos arredores dizem que a real motivação para a construção daquela capela foi em virtude de vários casos relatados de afogamento naquela região nas últimas décadas do século 19, nas lagoas que ali existiam e que já foram aterradas. No passado era bastante comum que se erguesse capelas ou cruzeiros em locais próximos de mortes que ficaram popularmente conhecidas, como atropelamentos, afogamentos ou abalroamento por trens.
A capela recebeu uma reforma em 1922, ocasião que ficou com o desenho arquitetônico que se mantém presente até os dias atuais.
No final do século 20 e primeiros anos do século 21 a capela estava muito degradada e foi alvo de uma excelente iniciativa envolvendo a Fundação Casa de Pirituba – localizada à distância de 200 metros dali – e a Escola Paulista de Restauro.
Em 2009 a entidade convidou internos da Fundação Casa a voluntariamente se candidatarem para trabalhar no restauro da capela, que funcionou como uma espécie de curso prático para que os interessados conhecessem as técnicas usadas na restauração de bens históricos. A iniciativa durou dois anos e foi concluída em 2011, onde os internos receberam certificados de conclusão do trabalho.
Pouco mais de dez anos depois da entrega do restauro em parceria com os internos da Fundação Casa a edificação sofre novamente com o abandono e esquecimento. A iniciativa que poderia ter sido mantida ao longo dos anos para manter a capela sempre conservada e formar novos restauradores entre os internos infelizmente não foi adiante, e hoje o local sofre não só com a deterioração da capela mas também com a degradação do entorno.
Não é raro ver grande acúmulo de lixo ao redor da capela, oferendas com restos de animais apodrecendo e servindo de alimentos para urubus e até mesmo excrementos humanos. O mato, pelo menos, vem sendo cortado com frequência. Pedestres evitam andar por ali, especialmente à noite.
O abandono da região afugenta fiéis e também curiosos em conhecer mais de perto a pequena capela, uma vez que aquela parte da Rua Stéfano Mauser é um tanto quanto deserta. A capela pertence à Paróquia Nossa Senhora da Expectação (Freguesia do Ó) e são raros os eventos realizados nela.
Será que veremos a Capela de Santa Cruz de Pirituba novamente em atividade e restaurada ? Texto de D. Nascimento.

Praça Otávio Rocha, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil


 



Praça Otávio Rocha, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Porto Alegre - RS
Fotografia - Cartão Postal


Praça Otávio Rocha, Circa 1917-1932. 
A Praça Otávio Rocha está localizada em área de especial interesse cultural, conforme o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, e integra os bens inventariados da cidade.
Foi constituída da sobra de desapropriações feitas para abertura e alargamento da Avenida Otávio Rocha (antigo Beco 24 de Maio) e Avenida Alberto Bins (antiga São Rafael), que resultaram em um largo de forma triangular no encontro entre as duas avenidas. Recebeu o atual nome em homenagem a Otávio Rocha, através do decreto 256 de 1932, na administração de Alberto Bins.
No local existe, um monumento constituído por um busto em bronze do homenageado, esculpido por André Arjonas. O monumento foi inaugurado em 28 de fevereiro de 1939.
A praça possui estilo eclético, com passeios pavimentados em pedra portuguesa trabalhada, tendo seu alinhamento definido por balaustrada de alvenaria, típica da urbanização do final do século XIX e início do século XX. Seu entorno é composto por algumas edificações que datam da época de sua urbanização; o restante se consolidou na década de 1950.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Cantareira, São Paulo, Brasil


 

Cantareira, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Edição H. Hosenhain
Fotografia - Cartão Postal

Cantareira, São Paulo, Brasil


 

Cantareira, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Edição H. Hosenhain
Fotografia - Cartão Postal

Propaganda "Chevrolet, Sempre o Primeiro", 1980, Chevrolet Pick-Ups, Chevrolet, Brasil



Propaganda "Chevrolet, Sempre o Primeiro", 1980, Chevrolet Pick-Ups, Chevrolet, Brasil
Propaganda

Propaganda "Que Bom Que É!", 1957, Suco de Tomate Peixe, Indústrias Alimentícias Carlos de Britto S/A, Brasil


 

Propaganda "Que Bom Que É!", 1957, Suco de Tomate Peixe, Indústrias Alimentícias Carlos de Britto S/A, Brasil
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Praça Dom Pedro II, 1939, Teresina, Piauí, Brasil


 

Praça Dom Pedro II, 1939, Teresina, Piauí, Brasil
Teresina - PI
Fotografia


Destaque para o Quartel da Força Pública do Piauí, atual sede da Escola Estadual de Dança Lenir Argento, Centro de Teresina.

Hagar, o Horrível - Dik Browne


 

Hagar, o Horrível - Dik Browne
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