Audi RS2 Avant 1995, Alemanha
Fotografia
O jovem
engenheiro Ferdinand Piëch já era uma das pessoas mais influentes da indústria
em 1972, quando trocou a Porsche pela Audi.
Neto de Ferdinand Porsche, Piëch deixou para trás um legado em Stuttgart e valeu-se dessa
experiência para criar a RS2, perua que elevou o prestígio da Audi ao mesmo
nível do de BMW e Mercedes-Benz.
Apresentada no Salão de Frankfurt de 1993, a RS2 foi uma das
primeiras realizações de Piëch após assumir a presidência mundial da
Volkswagen.
Apesar de inédita, a proposta da perua era inspirada no Audi
Quattro de 1980, outra criação de Piëch, que teve grande popularidade em
campeonatos de rali e estações de esqui.
Derivado do Audi 80, o Quattro trazia um
motor turbo de cinco cilindros e 2,1 litros de 200 cv e tração integral para
alta performance em qualquer condição meteorológica.
Cativou clientes famosos, mas não superou
o carisma de novos rivais como Mercedes 190 E 2.3-16 e BMW M3 E30.
Produzido até 1991, o Quattro foi
substituído pelo cupê S2, o primeiro Audi da linhagem esportiva “S”.
Ainda baseado no Audi 80, a versão S2 logo
foi estendida ao sedã e à perua, em 1993: era a ocasião perfeita para
consolidar a reputação da Audi. Assim, Piëch contatou a Porsche para dar início
ao Projeto
P1.
Ambas já eram parceiras de longa data: a
Audi produziu os Porsches 924 e 944 por 15 anos na fábrica de Neckarsulm.
A sugestão de anabolizar a perua S2 teria
partido da própria Porsche, o que evitaria a concorrência com sua linha de
cupês 911, 928 e 968. Assim, surgiu a Audi Avant RS2, a primeira superperua do
mundo.
Os engenheiros da Porsche se apressaram em
reconfigurar o motor turbo ABY de cinco cilindros, 2,2 litros e 20 válvulas.
Renomeado ADU, ele recebeu comandos de válvulas mais agressivos e um
turbocompressor KKK K24 30% maior que o original, operando com pressão máxima
de 1,4 bar (contra 1,1 bar da S2).
Os sistemas de admissão e escapamento
foram readequados ao maior fluxo e o de lubrificação foi redimensionado. E
ganhou bicos injetores de maior vazão, gerenciados por uma injeção eletrônica
Bosch com novos mapas de injeção e ignição.
Essas alterações fizeram a potência saltar
de 230 para 315 cv e o torque, de 35,7 mkgf a
1.950 rpm para 41,8 mkgf a 3.000 rpm, que chegavam
às quatro rodas pelo mesmo
câmbio manual de seis marchas, em conjunto com o diferencial central Torsen.
Totalmente revista pela Porsche, a
suspensão ficou 40 mm mais baixa sem comprometer a versatilidade da perua.
Explícito, o DNA de Stuttgart saltava aos
olhos nas pinças de freio vermelhas com quatro pistões por dentro das rodas
Porsche Cup aro 17 calçadas em pneus Dunlop 245/40 ZR17.
O Porsche 964 cedeu os retrovisores e o
993 serviu de inspiração para o para-choque dianteiro e para a extensão central
das lanternas traseiras.
Ao marcar o tempo de 4,8 s para ir de 0 a 96 km/h a revista
britânica Autocar cravou um recorde curioso: no 0 a 48 km/h a RS2 foi
0,1s mais rápida que a McLaren da
Fórmula 1 de 1994.
Os números de fábrica eram 0 a 100 km/h em 5,4 s e máxima de
262 km/h, limitada eletronicamente.
Entre os clientes mais famosos, havia o piloto Derek Bell e
Nick Mason, baterista do Pink Floyd: a RS2 de Mason acabou furtada e usada como
carro de fuga dos criminosos em um assalto.
Em 1995, a QUATRO RODAS avaliou a primeira
das 80 RS2 trazidas pela Senna Import. Rodou em São Paulo sem raspar em valetas
e lombadas, mas a pesada embreagem indicava que era melhor curti-la na estrada.
O ronco metálico acima de 3.000 rpm era um convite para
acelerar, mesmo com torque e potência suficientes para rodar sempre em sexta
marcha. A tração integral garantiu a aderência até sob a chuva mais torrencial.
Foram produzidas 2.891 unidades da RS2 entre 1994 e 1995, o
suficiente para finalmente colocar a Audi no mesmo patamar de BMW e Mercedes.
Morto aos 82 anos no último dia 25 de agosto, Piëch ainda teve a satisfação de
ver a Porsche sob a tutela do grupo Volkswagen, ao lado de outras marcas de
prestígio como Bugatti, Bentley e Lamborghini.
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