Chevrolet Chevette País Tropical, Brasil
Fotografia
A GM não poderia ter sido mais feliz
quando anunciou o Opala como “o carro certo”: estrela do Salão do Automóvel de
1968, o Chevrolet consolidou-se na preferência do público com sua variedade de
versões, carrocerias e motores.
Essa boa impressão pavimentou o sucesso do
Chevette, primeiro compacto do fabricante norte-americano no Brasil.
O pequeno Chevrolet era o resultado do projeto 909,
desenvolvido em conjunto com a alemã Opel, com a japonesa Isuzu e com a
colaboração de engenheiros brasileiros.
Apresentado em abril de 1973, o Chevette chegou ao nosso
mercado quatro meses antes do Opel Kadett C alemão e um ano e meio antes do
Isuzu Gemini.
“Os protótipos do Chevette foram testados
em estradas sem pavimentação para submetê-lo a uma severidade maior”, conta Pedro
Manuchakian, engenheiro com 41 anos dedicados à General Motors.
“Superconfidenciais, os testes eram
realizados na inóspita localidade de São Simão, em Goiás, onde não fomos
visitados pelos caçadores de segredos de QUATRO RODAS.”
Produzido na fábrica de São José dos Campos (SP), o Chevette
era o que havia de mais moderno no mercado nacional.
A preocupação com a segurança era evidente: o pequeno sedã de
duas portas inovou com zonas de deformação programada na carroceria, coluna de
direção retrátil e tanque de combustível isolado logo atrás do encosto do banco
de trás.
Sua concepção era clássica, com tração
traseira e motor dianteiro de quatro cilindros, 1,4 litro e 68 cv. Ainda em
ferro fundido, o cabeçote tinha fluxo cruzado de gases e comando de válvulas
acionado por correia dentada, primazia na época.
A direção era rápida e precisa e o câmbio
manual de quatro marchas tornou-se referência pelos engates curtos e secos.
“Quem tem prazer em dirigir vai gostar do Chevette”, escreveu
na época o jornalista Expedito Marazzi, cativado pelas arrancadas violentas e
pela facilidade com que o motor chegava aos 6.000 rpm.
O já bicampeão de F-1 Emerson Fittipaldi elogiou os freios a
disco e a estabilidade: “Pode-se entrar forte nas curvas que ele se mantém
equilibrado”.
O desempenho era muito bom para a época: 0 a 100 km/h em cerca
de 19 segundos e máxima em torno dos 140 km/h.
Nenhum concorrente tinha uma dirigibilidade tão apurada: o Ford
Corcel era totalmente voltado ao conforto, enquanto a Volkswagen Brasília não escondia
as limitações do Fusca, projeto com mais de 40 anos.
Mas o Chevette tinha seus defeitos: a suspensão era considerada
dura demais para nosso piso e o largo túnel da transmissão deslocava os pedais
e a direção para a esquerda, comprometendo a ergonomia.
O banco traseiro era adequado apenas para crianças e o
isolamento precário de ruído e vibrações do motor dificultavam qualquer
conversa a bordo.
A versão esportiva GP surgiu em 1975 em
comemoração ao Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. Recebeu faróis de neblina,
enormes faixas pretas, rodas com 6 polegadas de largura e sobrearos de aço
inox.
O volante esportivo aumentava e a
empolgação frente ao inexpressivo acréscimo na performance: a taxa de
compressão aumentada de 7,8:1 para 8,5:1 fez o motor chegar a 72 cv.
As mesmas rodas de tala larga seriam
usadas na série especial País Tropical, vendida apenas em 1976. O exemplar das
fotos é um dos raros remanescentes e integra o acervo do colecionador Luiz
Martins.
“Era o único automóvel nacional a oferecer
rádio/toca-fitas como item de série, um caríssimo Nissei. Trazia até uma fita
cassete com o hit de Jorge Ben Jor”, diz Martins.
A primeira reestilização do Chevette
ocorreu em 1978, adotando as mesmas linhas básicas do Chevette americano de
1976. A família logo cresceu com a versão quatro portas e com o hatch no modelo
1980.
A primeira geração despediu-se em 1982,
pouco depois da chegada da perua Marajó e da versão esportiva S/R.
O Chevette ainda viveria mais dez anos de
sucesso: tornou-se campeão de vendas em 1983, deu origem à picape Chevy 500,
recebeu câmbio manual de cinco marchas, ar-condicionado e até um câmbio
automático de três marchas.
As versões populares Júnior (motor 1
litro) e “L” (motor 1.6 litro) encerraram uma história de 20 anos e 1,6 milhão
de unidades vendidas.
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