Ford Fiesta ST200, Estados Unidos - Jeremy Clarkson
Fotografia
Segundo o
jornal britânico Mail
Online, eu tenho estado bem ocupado. Enquanto fazia filmagens para
meu novo programa, The
Grand Tour, usei um drone, e, quando não havia mais
falcões-peregrinos em época de acasalamento para cortar em pedaços, fui a um
hotel de Hampshire para entrar como penetra no casamento de algum ator de
novela.
Ok, mas
algumas coisas têm de ser esclarecidas. Eu não estava fazendo filmagens para o
programa. Eu não estava usando um drone. Não estamos na época de acasalamento
de falcões. Eu não estava em Hampshire. E não entrei de penetra em um
casamento.
Mas eles
acertaram numa coisa: eu realmente estava em um hotel. E como todos os
refúgios/spa rurais chiques, o menu oferecia comida de vanguarda preparada por
um chef que podia fazer maravilhas com matinhos e sementes. Só que tudo o que
eu queria era um coquetel de camarão.
Isso acontece
com frequência. Estou indo para um restaurante, eu sei que eles vão me oferecer
uma seleção de cérebro de ovelha sauté e uma auréola de leitão, e subitamente
me sinto invadido pela necessidade urgente de um ovo pochê na torrada.
E não é só na
comida que gosto de coisas simples. Com carro também. Passei a maior parte da
minha vida pilotando bólidos exóticos feitos de platina, equipados com motores
que uivam, rugem e cospem fogo. E tudo o que eu quero quando estou indo para
casa é um Ford Fiesta ST.
Ao longo dos
últimos 40 anos, houve várias versões nervosas do Fiesta, que no
geral eram coisas sensacionais – foguetinhos baratos, animação típica de
filhote de cachorro e traseiras barulhentas. Então, quatro anos atrás, a Ford
nos trouxe uma versão apimentada do Fiesta. Ele tinha motor 1.6 turbo, bancos
tipo concha e suspensão recalibrada, e todo mundo achava que seria mais do
mesmo.
Mas, na
verdade, foi uma virada de mesa: o mais afetuoso e brilhante hot hatch que o
mundo já viu. Nós todos ficamos embevecidos com o Golf GTI original e o Peugeot
205 1.9 GTI. Eles eram excelentes. Mas o pequeno Ford Fiesta ST? Ele estava em
uma categoria diferente.
No uso
cotidiano, nenhum carro era tão divertido. Ele parecia guiado por telepatia:
você pensava na curva seguinte e ele a fazia, agarrando o piso quando você
queria e escorregando quando você achava melhor que
ele se comportasse assim. Se houvesse algo como um divertidômetro, esse
carrinho ia levá-lo além do fim da escala.
E agora a Ford
tentou torná-lo ainda melhor, lançando o
que chamaram de ST200.
Bem, deixe-me
fazer um resumo. Ele é um pouquinho mais potente que a versão normal, o que
significa que ele é um pouquinho mais rápido. Bem pouquinho. Apenas 0,2 segundo
mais rápido no 0-100 km/h.
Mas ele passa
uma sensação de maior urgência, porque a última marcha é mais curta. O que não
é bom para a economia de combustível. Nem para o meio ambiente. Mas é excelente
para colocar um sorriso no seu rosto.
Digamos que
você precise mudar rapidamente de faixa numa rodovia congestionada. Nenhum
carro faz isso melhor. Em qualquer
marcha. Em qualquer rotação. Num piscar de olhos, a manobra é feita. Eu já vi
mosquitos menos ágeis.
E daí tem o
barulho. Você espera que em um carro desse tipo faça um assobio do tipo
daqueles disparos de fogos de artifício fazem. Mas, em vez disso, você ouve
algo grave e profundo. Tem o som de uma batalha acontecendo ao longe. É
maravilhoso.
Por baixo da
carroceria, a suspensão traseira, autoestabilizante, está mais rígida, e na
frente há uma barra estabilizadora maior. Significa que a plataforma é mais
sólida, e que a Ford pôde amolecer molas e amortecedores. O que significa que
você tem toda a compostura de que precisa, sem um rodar duro demais.
O único
problema é que esses ajustes fizeram tanto sucesso, que a Ford também os
aplicou ao ST normal. O que quer dizer que você paga 4.850 libras (R$ 19.700) a
mais pelo ST200, para ser 0,2 segundo mais rápido que no ST mais barato. Humm.
Ah, sim, você
tem uma pequena placa no console central em que diz ST200. Se ela fosse feita
de ouro ou mirra, talvez a diferença de preço fosse justificável. Mas não é. É
só um ímã de geladeira.
Exceto por
isso, o interior é igual ao do ST comum, o que quer dizer que você tem bancos
Recaro que são tão altos e tão grandes que reduzem o espaço para as pernas no
banco traseiro ao ponto que só um anão caberia. E um painel de complexidade sem
igual.
Quando o usei
pela primeira vez, supus que minha incapacidade de trocar de estação de rádio
ou ativar o GPS (nem vou falar em lê-lo, porque a tela é do tamanho de um selo)
era porque sou velho. Mas não. Recentemente comprei um ST normal para minha
filha mais velha, e como todo jovem ela mergulhou nos comandos, pressionando
botões de um lado para outro, até que disse: “Vou ter de ler o manual”.
Então ligamos
o carro, e. . . desastre. Uma das coisas inteligentes no ST é o recurso MyKey.
Ele permite que você tenha uma chave para você e uma de reserva que você pode
usar quando empresta o carro para, digamos, seus filhos adolescentes ou, no
caso da minha filha, seu irmão.
A ideia é que
você programe a chave de forma que, quando ela for usada para dar partida no
carro, o motor produza menos potência. E o sistema de som permita um volume
máximo de 2 decibéis. Na prática é uma ideia muito boa, mas o painel é tão
complexo que até minha filha especialista em tecnologia conseguiu fazer um
ajuste que fez com que as duas chaves a impedissem de ouvir mais que um
sussurro das músicas tocadas.
Bem, de volta
ao ST200. E… não sei. Exceto pela última marcha mais curta e aquele escapamento
com barulho de gente grande, é basicamente igual à versão normal, só que mais
caro. Por isso, eu compraria o modelo básico. E não estou dizendo em vez do
ST200, ou em vez de qualquer outro hot hatch. Mas sim em vez de qualquer outra
coisa nas ruas.



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