Prédio Construído Para Ser Alfândega Federal, Atual Risp, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
Belo Horizonte - MG
Thebas Photo
Fotografia - Cartão Postal
Construído há
95 anos, tombado pelo patrimônio municipal há 25 e restaurado há 15 anos. 2020 marca
a história de um dos prédios mais emblemáticos do Centro de Belo Horizonte – um
monumento em estilo eclético emoldurado por quatro palmeiras imperiais e com
atrativos internos que transportam o visitante para os tempos de uma cidade
mais tranquila. Projetado para ser a alfândega, bem ao lado do antigo e
demolido Mercado Municipal, o edifício é testemunha das mudanças e teve muitas
funções ao longo do século 20 e início do século 21. Foi, a partir de 1935,
Secretaria de Agricultura, Indústria, Comércio e Trabalho, mais tarde
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, depois
Secretaria de Estado de Turismo (2000) até receber, totalmente restaurado, em
dezembro de 2005, os comandos da 1ª Região Integrada de Segurança Pública da
Capital (1ª Risp).
“O prédio
reúne beleza arquitetônica no ponto em que começa a Avenida Afonso Pena, a mais
importante de BH. Além disso, é referência de uma capital moderna, republicana,
e marco na sua vida econômica. De início com sua característica administrativa,
a cidade ganhou força também como polo comercial”, explica a historiadora
Françoise Jean, diretora de Proteção e Memória do Instituto Estadual do Patrimônio
Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). A localização estratégica
permitiria que a alfândega federal, que acabou não entrando em operação,
pudesse controlar as mercadorias que chegavam nos trens da Central do Brasil e
da Oeste de Minas e eram entregues no Mercado Municipal (posteriormente ocupado
pela Feira de Amostras e atual terminal rodoviário) e outros centros de
distribuição.
Com projeto do
arquiteto Luiz Signorelli (1896-1964), o mesmo da antiga Secretaria de
Segurança Pública, hoje Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Circuito
Cultural da Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul, e também da mesma época,
o prédio teria três andares, e não dois como agora, edificado “em estilo
sóbrio, lembrando o estilo renascença francesa”, conforme documentos. “Para a
fachada principal, foi concebido um pórtico monumental; no porão, uma
caixa-forte em concreto armado para a guarda dos valores; e, no centro da
construção, uma escada de mármore para o acesso ao pavimento superior.”
Quem visita a
sede da 1ª Risp não consegue tirar os olhos de um dos ícones do local: um
vitral gigantesco. Segundo as pesquisas, “os medalhões apresentam alegorias
alusivas à indústria, ao comércio e ao meio de transporte ferroviário,
representado por uma locomotiva; imagens, portanto, bem próprias de um prédio
com funções alfandegárias”. E mais: “A sala nobre, destinada à inspetoria,
recebeu atenção especial, com trabalhos em gesso que buscaram se assemelhar a
ornamentos de marfim”.
A aposentada Aglaé Horta Fernandes Rodrigues, de 76 anos, moradora da Pampulha, em BH, trabalhou como secretária dos secretários estaduais de Agricultura, de 1961 a 1986. “Foram 25 anos muito felizes, pois sempre gostei muito de trabalhar. A Praça Rio Branco era tranquila, bem diferente desse movimento de hoje. No fim de ano, quando os secretários tinham que enviar ao governador os relatórios, costumávamos ficar até 1h da madrugada preparando os documentos. Não havia computador, então datilografávamos em quatro vias, com carbono”, conta Aglaé com bom humor. Na hora de ir embora para casa, nada de estresse “Não tinha medo, a cidade era calma”, afirma a aposentada, mãe de três filhos e orgulhosa dos seis netos.
A aposentada Aglaé Horta Fernandes Rodrigues, de 76 anos, moradora da Pampulha, em BH, trabalhou como secretária dos secretários estaduais de Agricultura, de 1961 a 1986. “Foram 25 anos muito felizes, pois sempre gostei muito de trabalhar. A Praça Rio Branco era tranquila, bem diferente desse movimento de hoje. No fim de ano, quando os secretários tinham que enviar ao governador os relatórios, costumávamos ficar até 1h da madrugada preparando os documentos. Não havia computador, então datilografávamos em quatro vias, com carbono”, conta Aglaé com bom humor. Na hora de ir embora para casa, nada de estresse “Não tinha medo, a cidade era calma”, afirma a aposentada, mãe de três filhos e orgulhosa dos seis netos.
Era grande a
expectativa quanto à instalação da alfândega federal em BH, que acabou não se
concretizando. O projeto previa a construção de quatro armazéns para receber os
trens. Com cerca de 100 metros de comprimento cada um, eles ficariam entre o
Ribeirão Arrudas e o Mercado Municipal. O impulso ao desenvolvimento econômico
de Minas na década de 1920 teve como uma de suas marcas a implantação do
prédio, custeado pelo governo do estado, para o funcionamento dos serviços sob
a responsabilidade da União. Na mensagem de 1925, que está com a grafia da
época, o então presidente (não se falava ainda governador) do estado Fernando
de Mello Vianna destacou os propósitos da iniciativa. O entusiasmo
contagiou toda a sociedade. A Associação Comercial de Minas se manifestou
(grafia da época): “...começa a converter-se em realidade um dos idéaes mais
antigos e mais desejados da grande classe, com o lançamento da primeira pedra
da Alfandega Central, alavanca máxima do verdadeiro desenvolvimento mercantil
do povo mineiro, e eixo de todos os progressos de nossas operações futuras”.
“Não pretendemos
importar desde já directamente todas as mercadorias que consome o Estado, nem a
maior parte delas. Tão pouco cogitamos de crear novas correntes commerciaes nem
de desviar as existentes. O que o Estado pretende, com a Alfandega, é suprimir
intermediários dispensáveis entre os importadores desta Capital, que já é um
grande emporio de commercio, e o exportador extrangeiro, permittindo que fiquem
no Estado os lucros da importação das mercadorias de que se vêm abastecer em
Bello- Horizonte grande parte da zona do Oeste, servida pela E.F. Oeste de
Minas, parte do Triangulo Mineiro atravessada pela mesma via-ferrea, a região
do norte cortada pela E.F.Central e seus ramaes de Diamantina e Montes Claros e
parte da Matta”.
Linha do Tempo
1923
Em 20 de julho, é autorizada a criação de uma alfândega em Minas. O local escolhido é a Praça Rio Branco, no Centro da capital, ao lado do Mercado Municipal, já demolido
1925
Em 24 de agosto, começam as obras de construção do prédio da alfândega, com o lançamento da pedra fundamental pelo então presidente do estado Fernando de Mello Vianna
1935
Prédio se torna sede da Secretaria de Agricultura, Indústria, Comércio e Trabalho, que, mais tarde, muda no nome para Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
1988
Em 15 de março, prédio construído pelo governo mineiro é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG)
1995
Em 1º de fevereiro, construção é tombada pelo Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte
2000
Secretaria de Estado de Turismo transfere suas dependências para o prédio
2005
Depois de restaurado, prédio passa a sediar a 1ª Região Integrada de Segurança Pública da Capital (1ª Risp)
Em 20 de julho, é autorizada a criação de uma alfândega em Minas. O local escolhido é a Praça Rio Branco, no Centro da capital, ao lado do Mercado Municipal, já demolido
1925
Em 24 de agosto, começam as obras de construção do prédio da alfândega, com o lançamento da pedra fundamental pelo então presidente do estado Fernando de Mello Vianna
1935
Prédio se torna sede da Secretaria de Agricultura, Indústria, Comércio e Trabalho, que, mais tarde, muda no nome para Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
1988
Em 15 de março, prédio construído pelo governo mineiro é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG)
1995
Em 1º de fevereiro, construção é tombada pelo Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte
2000
Secretaria de Estado de Turismo transfere suas dependências para o prédio
2005
Depois de restaurado, prédio passa a sediar a 1ª Região Integrada de Segurança Pública da Capital (1ª Risp)
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